13 julho 2025

UMA IGREJA MODELO

(Comentário da Lição 2: A Igreja de Jerusalém, um modelo a ser seguido)

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos da Igreja de Jerusalém como uma Igreja modelo. Inicialmente, veremos que era uma Igreja reverente e cheia de dons do Espírito Santo. Lucas descreve que “em cada alma havia temor” e que “muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.43). Na sequência, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja acolhedora, pois “estavam sempre juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja adoradora, pois estavam sempre “Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo” (At 2.47).

1. Uma igreja reverente e cheia de dons. É dito da igreja de Jerusalém: “Em cada alma havia temor” (At 2.43). A palavra grega traduzida como “temor” é phóbos, que também significa “reverência, respeito pelo sagrado”. Havia um forte sentimento da presença de Deus! Havia um clima da presença do sagrado, do que é santo, o mesmo sentido que teve Moisés quando o Senhor o mandou tirar os sapatos dos pés porque o lugar “é terra santa” (Êx 3.5). Precisamos aprender com a primeira igreja! Não podemos perder o respeito pelo sagrado. Lucas destaca que “muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.43). “Sinais (gr. Téras) e maravilhas (gr. Sémeion)” são as mesmas palavras usadas pelo apóstolo Paulo para se referir aos dons do Espírito Santo que se manifestavam em suas ações missionárias (Rm 15.19). Os dons espirituais ornamentavam a igreja cristã primitiva.

Em Atos 2.43, Lucas descreve duas características muito importantes da Igreja de Jerusalém, que não podem faltar à nenhuma Igreja Cristã: o temor a Deus e os sinais e maravilhas do Espírito Santo: “Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos’. A palavra grega traduzida aqui por temor é phobos, que deu origem à palavra portuguesa fobia. Quando a Bíblia fala de temor a Deus, não se refere a ter medo ou pavor. Significa ter reverência e respeito por Deus e por tudo o que está relacionado a Ele. O temor a Deus é o princípio da sabedoria. 

Nesta Igreja bem doutrinada, que vivia em constante oração e tinha temor a Deus, o Senhor realizada muitas maravilhas e sinais através dos apóstolos. Conforme explicou o comentarista, as palavras maravilhas (tēras) e sinais (semeíon) foram usadas pelo apóstolo Paulo para se referir às operações do Espírito Santo: “Pelo poder dos sinais [semeíon] e prodígios [tēras], e pelo poder do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Cristo”. (Rm 15.19). Em uma Igreja genuinamente cristã, o  Espírito Santo conduz os trabalhos e opera coisas sobrenaturais. 

2. Uma igreja acolhedora. Dentre as muitas marcas de uma igreja relevante, o acolhimento aparece como uma das suas principais. Uma igreja, para se tornar relevante, necessariamente deve ser acolhedora. A igreja de Jerusalém é um modelo de igreja acolhedora. Além de estarem juntos, o texto bíblico diz que naquela igreja “todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). Não é fácil partilhar, muito menos acolher. A nossa tendência é nos fechar em nosso mundo e deixar de fora quem achamos ser inconveniente. Numa igreja acolhedora, os membros se sentem acolhidos e parte do grupo.

Outra característica marcante da Igreja em Jerusalém é que ela era uma Igreja acolhedora: “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). No primeiro tópico, vimos que esta Igreja perseverava na comunhão e no partir do pão. Entretanto, esta comunhão ia muito além de apenas estarem juntos em algumas ocasiões. Voluntariamente, os crentes que tinham mais de uma propriedade decidiram vender uma e trazer o dinheiro aos apóstolos para dividir com aqueles que não tinham. 

Muitas pessoas na atualidade, equivocadamente, interpretam este texto como se fosse uma prática comunista. Mas são coisas absolutamente diferentes. No comunismo, as pessoas não decidem voluntariamente socorrer os necessitados. O governo, simplesmente extingue a propriedade privada, os meios de produção se tornam propriedade estatal e todos passam a depender do governo. Não foi este o caso da Igreja de Jerusalém. O próprio Pedro disse a Ananias, que ele vendendo a propriedade dele, o dinheiro continuava sendo dele 

O que a Igreja de Jerusalém praticou e deve ser seguido pela Igreja atual, é a filantropia e acolhimento aos membros da Igreja. Isso pode ser feito não apenas fazendo doações financeiras. Em alguns casos, a necessidade da pessoa não é financeira. Há pessoas que precisam de um trabalho para sustentar a sua família com dignidade. Outros precisam de um curso para obter uma boa colocação profissional. Outros precisam de um tratamento médico, uma visita, uma carona, uma ajuda nos afazeres domésticos, uma orientação jurídica ou de outro profissional, etc. O importante é a Igreja identificar a necessidade dos seus membros e procurar ajudá-los. 

3. Uma igreja adoradora. A igreja de Jerusalém era também uma igreja adoradora: “louvando a Deus” (At 2.47). “Louvando”, traduz o verbo grego aineo. É o mesmo termo usado para se referir aos anjos e pastores que louvavam a Deus por ocasião do nascimento de Jesus (Lc 2.13,20); é usado também para descrever o paralítico que louvava a Deus depois que foi curado junto à Porta Formosa do Templo (At 3.8). É, portanto, uma expressão de júbilo e de gratidão. Louvar é muito mais que simplesmente “cantar”; é uma expressão de rendição e total entrega! É o reconhecimento da grandeza de Deus e de seus poderosos feitos.

Por fim, e não menos importante, a Igreja de Jerusalém tinha a característica de ser uma Igreja adoradora. O texto de Atos 2.47 diz que a Igreja a Igreja perseverava “louvando a Deus”. O comentarista nos explicou que o verbo louvar aqui é “aineo”, que significa “louvar, exaltar, cantar louvores em honra a Deus”. Este louvor não significa apenas cantar louvores a Deus. É uma expressão de rendição e entrega total a Deus, reconhecendo a sua grandeza e os feitos. 

Lamentavelmente em nossos dias vemos muitos crentes que vão aos templos com o objetivo de melhorar as condições de vida e receber [e até exigir] alguma coisa de Deus. Poucos são os que se aproximam de Deus com o coração contrito, rendendo-lhe graças por tudo o que Ele é, por tudo o que que já fez por nós e por tudo o que Ele fará. Deus sem a nossa adoração, continua sendo Deus e não precisa de nada. Nós, porém, nada somos diante dele. Façamos como o hino 124: 

Adorai ao Rei do Universo 
Terra e Céu, cantai o Seu louvor 
Todo ser no grande mar submerso
Louve ao dominador!

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