(Comentário do 2º tópico da Lição 12)
Jesus falou de dois destinos que o ser humano pode escolher. Para explicar isso, o mestre usou duas figuras de linguagem: a porta e o caminho. A porta apertada e o caminho estreito, que representam respectivamente, um novo acesso a Deus e uma nova conduta neste mundo. O destino dos que entram pela porta estreita e andam pelo caminho apertado é a vida eterna com Deus. A porta larga e o caminho espaçoso, por sua vez, representam o estilo de vida alheio a Deus, onde tudo é permitido. O destino da porta larga e do caminho espaçoso é a condenação eterna. Jesus deixou claro que a escolha é nossa: porfiai por entrar pela porta estreita. (Lc 13.24).
1- A porta e o caminho no aspecto bíblico. A ordem em que aparecem as palavras “porta” e “caminho”, indicam que a porta é um acesso para o caminho. No contexto em que Jesus viveu neste mundo, as cidades eram cercadas por muros, com acessos controlados nas portas, devido ao perigo de invasões de inimigos. A cidade de Jerusalém possuía doze portas de acesso: Porta do Gado, Porta do Peixe (Porta de Damasco), Porta Velha (Porta de Jafa), Porta do Vale, Porta do Monturo, Porta da Fonte, Porta do Cárcere, Porta das Águas, Porta dos Cavalos, Porta Oriental, Porta de Mifcade (da Atribuição), Porta de Efraim.
Algumas dessas portas eram largas e outras estreitas. Durante a noite, as portas grandes eram fechadas e apenas as portas estreitas ficavam abertas. Quem desejasse passar por uma porta estreita, principalmente se levasse bagagem, teria de fazer muito sacrifício. No aspecto metafórico, quer dizer o acesso ou entrada num estado. No aspecto espiritual, fala da entrada para o caminho a fim de viver uma experiência nova com Cristo Jesus.
A figura do caminho também era bem conhecida dos ouvintes de Jesus. No Antigo Testamento, a palavra caminho é um substantivo masculino, que no hebraico é derek. Literalmente, significa estrada, distância, jornada, maneira, vereda, direção. No sentido figurado significa um hábito, o curso da vida, ou o estilo de vida. No Salmo 1, por exemplo, temos a referência a dois caminhos: o caminho dos pecadores e o caminho dos justos. No Salmo 30, o salmista diz: “O caminho de Deus é perfeito”. No Novo Testamento, os discípulos são descritos como “os do Caminho” no Livro de Atos. ( Atos 9.2). Isso demonstra que nos primórdios da Igreja Cristã, a palavra Caminho era uma referência ao próprio Cristianismo. Somente a em Atos 11 é que os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos, de forma pejorativa (At 11.26). Há também referências que nos mostram que o “caminho do Senhor” (At 18.25), “o caminho de Deus” (At 25.26) e “caminho da salvação” (At 16.17), indicam o modo de vida que os homens devem seguir, se desejam ser salvos. Entretanto, Jesus deixou claro que Ele é o único caminho que conduz ao Pai (Jo 14.6). Sendo assim, o caminho como estilo de vida, só terá algum valor se a pessoa estiver em Cristo, pois as boas obras ou estilo de vida correto, não salvam ninguém.
2- O que as duas portas e os dois caminhos ilustram para nós? As duas portas, a estreita e a porta larga, representam respectivamente, o acesso ao caminho do céu e ao caminho da perdição. Em João 10, Jesus usou a parábola do curral das ovelhas e do pastor, para falar da salvação. No primeiro versículo, Ele diz: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.” (Jo 10.1). Como os seus ouvintes não entenderam o que Ele queria dizer, a partir do versículo 7, Jesus explica: “Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.” (Jo 10.7-9). Esta parábola de Jesus deixa claro que Jesus é a única porta, ou o único acesso ao Pai. Não existe outro mediador entre Deus e a humanidade (1 Tm 2.5).
No texto de Mateus 7.13,14, Jesus está falando dos caminhos que conduzem ao céu e ao inferno. O primeiro, o caminho estreito, conduz à vida eterna. Poucos são os que entram por ele. O segundo, o caminho espaçoso, conduz à perdição e muitos são os que entram por ele. Esse ensino de Jesus desmonta algumas teorias equivocadas das falsas religiões e até de igrejas evangélicas. A primeira delas é a falsa ideia de que todos os caminhos levam a Deus. Jesus deixou claro que só existe um caminho para Deus e este caminho é Ele (Jo 14.6). O apóstolo Pedro também falou que “em nenhum outro há salvação” (At 4.12). A segunda, é a ideia de que há um terceiro caminho, que seria o purgatório, como ensinam os católicos. Jesus não disse que há um desvio do caminho largo, passando pelo purgatório para chegar ao céu. Ele falou que o caminho largo conduz à perdição. Tem ainda uma terceira ideia equivocada que a das estatísticas. Muitos acham que se a maioria está em um caminho é porque ele é correto. Jesus disse o contrário: poucos são os que entram pelo caminho que conduz à vida eterna.
3- A escolha entre os dois caminhos. Em Lucas 13.24, Jesus disse: “Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.” O verbo porfiar, no grego, significa “esforçar-se com zelo extremo, empenhar-se em obter algo”. Nas palavras de Jesus, é uma alusão ao desejo de andar no caminho estreito e ter uma nova vida com Deus, vivendo de acordo com os padrões dele e na contramão do sistema maligno que impera no mundo.
Evidentemente, Jesus não está falando de salvação por meio do sofrimento e boas obras, como pregam os católicos. Jesus está falando que estes dois caminhos têm consequências diferentes e contrárias. O caminho largo é popular e isento de perseguições. Entretanto, o final dele é a condenação eterna. O caminho estreito, por sua vez, é difícil de andar por ele, pois há muitas dificuldades, renúncias e perseguições. Mas o final dele é a vida eterna.
Em nossos dias, infelizmente, temos visto ensinos em algumas Igrejas que são contrários ao de Jesus. Ensinam que o justo não sofre, não fica doente e se ficar exige a cura, toma posse de todas as coisas, prospera financeiramente e é só vitória. Ora, quem ofereceu prosperidade e poder em troca de adoração foi o diabo e não Deus. Nas últimas instruções de Jesus aos seus discípulos, Ele os alertou dizendo: Sereis perseguidos e odiados por todas as gentes por causa do meu Nome. Matar-vos-ão e qualquer que vos matar, pensará que estará prestando um serviço a Deus. No mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo, pois Eu venci o mundo.
REFERÊNCIAS:
GOMES, Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 227-232.
PFEIZER, Charles F. Comentário Bíblico Moody. Mateus. Editora Batista Regular. pág. 33.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. 1 Ed 2006. Editora Central Gospel. pag. 36.
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Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 53.
BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Mateus. págs. 300-303.
CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3053.
HARRISON, K. Leviticos. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 92.
ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.61
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Pb. Weliano Pires