01 agosto 2025

A MANIFESTAÇÃO DO AMOR NA SOLIDARIEDADE CRISTÃ

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 05: Uma Igreja cheia de amor).

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos da manifestação do amor através da solidariedade cristã. Inicialmente falaremos da busca pela equidade, que é diferente de igualdade, pois não busca nivelar a todos, mas reconhecer o direito de cada um. Na sequência, falaremos de propriedade e compartilhamento. Diferente da ideologia comunista, a Igreja de Jerusalém não abolia o direito à propriedade, mas compartilhavam parte dos seus bens para socorrer aos necessitados. Por fim, esta atitude dos crentes de Jerusalém foi um exemplo de voluntariedade e ninguém foi constrangido a entregar as suas propriedades. 

1. A busca pela equidade. O amor ao próximo se manifesta na equidade, ou seja no reconhecimento do direito de cada um, considerando as dificuldades particulares. Aqui, o comentarista fez questão de estabelecer a diferença entre igualdade e equidade. Embora sejam parecidas, são coisas diferentes. Há uma adágio popular, usado em tom de crítica aos privilégios concedidos aos poderosos, que diz: “Todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que os outros”. 

Todos devem ser considerados iguais, no sentido de dignidade, respeito, direitos e deveres. Qualquer coisa fora disso seria acepção de pessoas e a Bíblia condena isso. Entretanto, antes de considerar todos iguais, é preciso corrigir as desigualdades entre as partes. Na matemática estudamos sobre valor absoluto e valor relativo. No valor absoluto, o valor de um algarismo é exatamente o seu valor real. No valor relativo, no entanto, o valor deste mesmo número é de acordo com a posição dele. Por exemplo, no numeral 333, o primeiro três vale 300, o segundo vale 30 e o terceiro, vale 3. 

Na Igreja de Jerusalém e na sociedade da época havia muita desigualdade social. Havia escravos, cobradores de impostos, soldados, pecadores, viúvas e órfãos que não tinham previdência social e havia também pessoas abastadas, que tinham mais de uma propriedade. Não se deve tratar a todos da mesma forma em ambiente assim, pois as neves são diferentes. Como acontece em todo o mundo em qualquer época, o número de pobres era maior. Sendo assim, os cristãos que tinham mais condições financeiras, vendo a necessidade dos mais pobres, decidiram voluntariamente vender uma das suas propriedades e doar o valor para que os apóstolos socorressem aos mais necessitados.

2. Propriedade e compartilhamento. Neste ponto, o comentarista faz um esclarecimento necessário sobre a questão da propriedade. Isto é importante porque os adeptos da chamada Teologia da Libertação usam este texto do Livro de Atos, para dizer que a Igreja Cristã era comunista e defende que as propriedades dos ricos sejam divididas. Este movimento surgiu após o Concílio Vaticano II, dentro da Igreja Católica, como oposição aos regimes ditatoriais na América Latina e ao capitalismo. Em 1971, um padre peruano chamado Gustavo Gutiérrez publicou um livro denominado "A Teologia da Libertação”. 

A partir desta publicação teve início um movimento ecumênico, que interpretava os ensinos de Cristo, aplicando-os não à libertação do pecado no aspecto moral, mas a uma suposta libertação de injustas condições econômicas, políticas ou sociais. Além de Gustavo Gutiérrez, os brasileiros Leonardo Boff e Frei Beto, e os Jesuítas Juan Luis Segundo e Jon Sobrino, também foram expoentes desta teologia na América Latina. Foram criadas dentro das igrejas católicas da América Latina, pequenos grupos chamados de Comunidades Eclesiais de Base, que para promover campanhas da fraternidade voltadas para os temas da distribuição de renda, reforma agrária, entre outros. Foi através da Teologia da Libertação que surgiram movimentos políticos de esquerda como o PT, Liga dos Camponeses, Via Campesina, MST, MTST e outros.

Do lado protestante também surgiu uma versão desta teologia, que é chamada Teologia da Missão Integral (TMI). O pioneiro desta teologia foi o pastor Renê Padilha nascido no Equador e radicado na Argentina, onde desenvolveu o seu ministério pastoral. Em 1984, Padilha publicou o livro: O Reino de Deus e a Igreja, que é uma coleção de artigos e palestras dele. Renê Padilha se empenhou em associar o Evangelho às ações sociais e tinha proximidade com os movimentos políticos de esquerda da América Latina. Ele ensinava que Jesus não veio salvar apenas a alma, mas também transformar a sociedade. No Brasil, os pastores Caio Fábio, Ariovaldo Ramos, Ed Renê Kivitz, Ricardo Gondim e outros são expoentes dessa teologia. Alguns destes pastores, posteriormente aderiram também à teologia liberal e ao teísmo aberto. Ed Renê Kivitz chegou a dizer que a Bíblia precisa ser “ressignificada” e “atualizada”. Ricardo Gondim perdeu completamente o rumo. Declarou publicamente que rompeu com os evangélicos e pediu perdão aos homossexuais pelas críticas que fez no passado ao homossexualismo. 

Estas teologias, no entanto, não tem nada a ver com o que aconteceu na Igreja de Jerusalém. Primeiro, porque em lugar algum, a Bíblia condena a propriedade privada. Ao contrário, no Antigo Testamento, as leis protegiam a propriedade e havia duras penas para quem se apropriasse dos bens alheios. No Novo Testamento, nem Jesus nem os seus apóstolos jamais falaram contra o direito de propriedade. Além disso, as propriedades não foram confiscadas pelo governo como se faz no comunismo. As pessoas que tinham mais de uma propriedade, vendia apenas uma e trazia o dinheiro aos apóstolos. Mas continuavam com outras propriedades. 

3. Um exemplo da voluntariedade. Não houve nenhuma exigência dos apóstolos para que os cristãos vendessem as suas propriedades. O apóstolo Pedro ao repreender Ananias, disse: “Vendendo, o dinheiro não era teu?”. O que foi condenado em Ananias e Safira, sua esposa, não foi o fato de não entregarem o dinheiro todo da propriedade, pois o dinheiro era deles. O problema deles foi a mentira ao Espírito Santo, fingindo ser o que não eram, como veremos na próxima lição. 

O que devemos destacar aqui é a voluntariedade dos crentes em ajudar os seus irmãos necessitados. Não se trata de dividir propriedades com os pobres para que todos se tornem iguais. Os ricos continuaram ricos e os pobres continuaram pobres. Houve apenas uma disposição voluntária de alguns irmãos para ajudar, que era fruto da manifestação do amor de Deus. Esta forma de ajuda não foi uma regra estabelecida para as igrejas em todas as épocas. As outras igrejas mencionadas no Novo Testamento não fizeram isso, embora também tenham ajudado aos pobres.

Esta não foi, necessariamente, a melhor forma de ajuda a ser adotada mesmo naquela época e não diminuiu a pobreza. A Igreja de Jerusalém também passou por sérias dificuldades econômicas e precisou ser socorrida por outras Igrejas gentílicas. Por que estou dizendo isso? Porque na atualidade, algumas pessoas dizem que os cristãos devem vender as suas propriedades e distribuir o dinheiro com os mais pobres. Outros dizem que os pastores devem pegar o dinheiro dos dízimos e ofertas e construir casas populares. 

Claro que devemos socorrer os irmãos necessitados, mas a Igreja não pode assumir as obrigações do poder público, deixando a missão de pregar o Evangelho para fazer obras sociais. Alguém já disse sabiamente que “o melhor programa social é um emprego”. Portanto, podemos ajudar as pessoas pobres, promovendo cursos profissionalizantes, abrindo empresas em áreas crentes, divulgando os seus trabalhos, comprando os seus produtos, para que possam ter independência financeira e viver com dignidade.

A MANIFESTAÇÃO DO AMOR NA SOLIDARIEDADE CRISTÃ

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