13 março 2025

SOTERIOLOGIAS INADEQUADAS NA ANTIGUIDADE

(Comentário do 2° tópico da Lição 11: A Salvação não é obra humana). 

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos de algumas soteriologias inadequadas da antiguidade. A primeira delas é a doutrina da reencarnação, tão antiga quanto a humanidade, que originou-se no Hinduísmo e está presente em vários grupos religiosos. Na sequência, falaremos dos galacionistas que é outro nome dado aos legalistas judaizantes opositores do apóstolo Paulo na província da Galácia. Por último falaremos dos gnósticos, que tinham uma visão dualista do universo, o maniqueísmo.

1. Os reencarnacionistas. A reencarnação é a crença no retorno da alma ou da essência humana à vida em outro corpo. Esta crença é tão antiga quanto a humanidade e está presente em várias religiões milenares como Hinduísmo, Budismo, Jainismo e Sikhismo. Na atualidade, vários grupos religiosos têm esta doutrina como base dos seus ensinos. Segundo os adeptos da reencarnação, o ser humano retorna à vida em outro corpo para o aperfeiçoamento moral, espiritual e físico, que eles chamam de “evolução espiritual”. 


Há vários tipos de reencarnação nas religiões orientais. Algumas religiões crêem até que o ser humano pode se reencarnar em corpos de animais, como os insetos. Baseando-se nisso, os adeptos dos Hare Krishna não matam baratas, para não correr o risco de matar um antepassado que morreu. Aqui no Ocidente, a religião reencarnacionista mais conhecida é o Espiritismo Kardecista, mas estes não crêem na possibilidade de reencarnação do ser humano em animais. 


O Espiritismo se apresenta como cristão e distorce alguns textos bíblicos e negam outros, segundo as suas conveniências. Os espíritas costumam usar textos bíblicos como Mateus 17.10-13, querendo dar base bíblica à reencarnação. Com base neste texto, dizem que João Batista seria a reencarnação de Elias. Ora, Moisés morreu há cerca de 1.400 anos a.C., mas reapareceu sendo o mesmo Moisés no episódio da Transfiguração e não como uma reencarnação de Moisés. No caso de Elias, ele não morreu e, portanto, não poderia reencarnar  (2 Rs 2.11). Se tivesse morrido e reencarnasse, teria que aparecer como João Batista que seria a sua última reencarnação e não como Elias. 


O que Jesus disse neste texto é que João Batista veio na virtude e no espírito de Elias (Lc 1.1-17), pois ele se vestia como Elias: vestes de pelo e cinto de couro (2 Rs 1.8 e Mt 3.4) e ambos viveram no deserto (l Rs 19.9-10 e Lc 1.80); As pregações de ambos eram contundentes contra reis ímpios (l Rs 21.20-27 e Mt 14.1-4). O próprio João Batista, quando perguntado se era Elias, disse que não era (João 1.21). 


Os reencarnacionistas não aceitam a idéia de um salvador e não crêem que o sacrifício de Cristo tenha efeito salvífico. Acreditam que há um processo de sucessivas reencarnações até que a Lei da causa e efeito, que eles chamam de carma, seja completamente quitada, por meio das boas obras praticadas. Se não praticar boas obras em uma vida, a pessoa terá que regredir ao processo anterior para o devido aperfeiçoamento.  


São doutrinas de demônios, contrárias à Palavra de Deus, com o objetivo de negar o sacrifício vicário de Cristo e manter as pessoas na escravidão do pecado. A Bíblia ensina claramente que aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo (Hb 9.27). Além disso, a Bíblia ensina que a única forma de se obter a salvação é pela Graça de Deus, mediante a fé em Cristo. É dom de Deus e não vem de obras humanas (Ef 2.8-10). 


2. Os galacionistas. Estudamos sobre esta heresia na Lição 02. A palavra galacionista deriva do termo Galácia e se refere aos judaizantes da Galácia, que pregavam a necessidade de se guardar a Lei Mosaica para obter a salvação. Entretanto, este termo não é muito adequado, pois não eram apenas os gálatas que eram judaizantes. Os primeiros legalistas surgiram em Jerusalém. A maioria dos judeus convertidos ao cristianismo eram legalistas e precisaram ser orientados pelos apóstolos, principalmente por Paulo. Até mesmo o apóstolo Pedro tinha esse pensamento e precisou ser orientado por Deus no caso do Centurião Cornélio e depois foi repreendido por Paulo. 


Nas Epístolas aos Romanos, aos Gálatas e aos Colossenses, Paulo sempre trouxe orientações sobre isso. Em Romanos 14, Paulo dedicou todo o capítulo para falar daqueles que proibiam certos alimentos como a carne. Aos Gálatas, o apóstolo falou sobre os judaizantes que queriam impor as obras da Lei como forma de justificação e disse: “Eu protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei.  Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído”. (Gl 5.3,4). Da mesma forma, aos Colossenses, Paulo falou contra os legalistas dizendo: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”. (Cl 2.18).


Na atualidade, o grupo religioso que mais pratica o legalismo como forma de se alcançar a Salvação é a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Curiosamente, o comentarista não mencionou esta seita em nenhuma das lições deste trimestre. Os adventistas pregam abertamente a necessidade de se guardar o sábado e abster-se de vários alimentos como condição para a salvação. Além disso, crêem nas profecias de Ellen Gould White como Palavra inspirada por Deus, igual às Escrituras. Vejamos o que dizem os adventistas: 


“CREMOS QUE:… Ellen White foi inspirada pelo Espírito Santo, e seus escritos, o produto dessa inspiração, têm aplicação para os Adventistas do Sétimo Dia … NEGAMOS QUE: A qualidade ou grau de inspiração dos escritos de Ellen White sejam diferentes dos encontrados nas Escrituras Sagradas. (Revista Adventista, Fevereiro de 1984, pág. 37).


Há, infelizmente, no meio evangélico, Igrejas que são legalistas e colocam vários costumes e doutrinas humanas como condição para a salvação. A nossa Igreja no passado foi muito legalista, principalmente contra as mulheres. Não podiam passar nada nas unhas ou no cabelo, apenas lavar. Não podiam usar nenhum tipo de joias, além de relógio e aliança. Os cabelos e sobrancelhas teriam que ser absolutamente naturais. Não era permitido cortar as pontas dos cabelos ou depilar nada. Televisão, cinema, futebol, praia, etc. eram terminantemente proibidos. Em algumas Igrejas ainda é assim ou é parecido. Há conjuntos de regras, sem nenhum fundamento bíblico, que se forem descumpridas geram disciplina e exclui a pessoa do Céu. 


3. Os gnósticos. O gnosticismo teve origem em várias seitas religiosas anteriores ao Cristianismo, mas nos primeiros séculos da era cristã, misturou-se ao Cristianismo. Posteriormente, foi declarado como pensamento herético. A palavra gnóstico deriva do termo grego “gnoses”, que significa conhecimento. É daí que vem as palavras portuguesas prognóstico e diagnóstico. Gnóstico, portanto, é a pessoa que adquire um suposto conhecimento especial e vive segundo esse conhecimento.


O Gnosticismo baseia-se, essencialmente, em duas premissas falsas: 


a. Dualismo em relação ao espírito e à matéria. Acreditam que a matéria é inerentemente má e que o espírito é bom. Partindo dessa premissa, acreditam que qualquer coisa feita no corpo, até mesmo o pior dos pecados, não tem valor algum, pois a vida verdadeira existe no reino espiritual apenas. Por causa desse entendimento equivocado, negam a encarnação de Cristo. Dizem que o corpo de Jesus era apenas aparente e que Ele não foi crucificado. Para combater esta heresia, o apóstolo João escreveu que "qualquer espírito que não confessa que Jesus veio em carne não é de Deus". (1 Jo 4.1). 

b. Conhecimento elevado ou uma “verdade superior", conhecida apenas por poucos.  Os gnósticos se consideravam pensadores com conhecimento profundo e tentavam explicar os mistérios relacionados à criação  e o mal. Este suposto conhecimento, que alegavam possuir, não vinha da Bíblia ou de estudos filosóficos, mas de um suposto plano místico e superior de existência. Por causa desta suposta profundidade de conhecimento, eles se opunham à simplicidade da fé cristã.


Para os gnósticos havia três tipos de pessoas no mundo:

a. Os instruídos, ou espirituais, que naturalmente eram eles mesmos;

b. Os cristãos comuns, em quem se equilibram matéria e espírito;

c. Os pagãos, ou materiais, nos quais o espírito é subjugado pela matéria.


Sobre a pessoa de Jesus, os gnósticos ensinavam que ao ser batizado, Jesus teria recebido um "eon", que eles consideravam ser uma entidade superior, que fez dele um enviado de Deus, capaz de levar os homens à verdadeira “gnose”, o evangelho da redenção através do conhecimento. Alguns defendem que há um gnosticismo pagão e um gnosticismo cristão. O fato é que o pensamento gnóstico é absolutamente incompatível com a fé cristã, sob qualquer aspecto. 


O único conhecimento que o ser humano precisa para ser salvo é a Palavra de Deus, pois é ela que testifica de Jesus Cristo, o único Salvador (Jo 5.39). Entretanto, o conhecimento da Palavra de Deus por si só, não salva ninguém do pecado. O conhecimento bíblico apenas apresenta o salvador que é Jesus Cristo, o Filho de Deus. O homem pode conhecer a Bíblia de Gênesis a Apocalipse e interpretá-la corretamente; conhecer profundamente os idiomas originais da Bíblia: hebraico, amamaico e grego; conhecer toda a patrística, os credos, confissões, tratados teológicos e ter pós doutorado em teologia. Se não crer em Jesus com e não nascer de novo não será salvo. 


REFERÊNCIAS: 

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 41.

Bíblia de Estudo Apologia Cristã. 1ª Edição.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2017, pp.1878, 1866.

JUNÍOR: André Luiz Alves. Reencarnação: aspectos históricos e científicos. Publicado em: https://www.oconsolador.com.br/ano9/419/especial.html

SOARES, Esequias. Teoria da reencarnação reduzida a cinzas. Publicado em: https://www.cacp.app.br/teoria-da-reencarnacao-reduzida-a-cinzas/.

MARTINEZ, João Flávio. Adventismo: Por que alguns evangélicos consideram o Adventismo uma seita não cristã? Publicado em: https://www.cacp.app.br/category/seitas/adventismo/page/2/

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