(Comentário do 2º tópico da Lição 10: O pecado corrompeu a natureza humana)
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico, falaremos da heresia que nega o advento do pecado. Discorreremos sobre o Pelagianismo, uma heresia que surgiu no Século IV da Era Cristã e negava a universalidade do pecado, ensinando que o pecado de Adão e Eva atingiu apenas a eles próprios. Mostraremos também a refutação bíblica a esta heresia. Por último, falaremos da morte de Jesus em favor dos pecadores, mostrando a heresia do Islamismo que rejeita o necessidade do sacrifício de Cristo pelos pecados da humanidade.
1. O Pelagianismo. O Pelagianismo foi a primeira heresia em relação à doutrina do pecado na história da Igreja. Esta heresia recebeu este nome por ter sido difundida por um monge britânico, chamado Pelágio, que viveu entre os anos 360 e 420 d.C e por volta do ano 405 d.C. mudou-se para Roma. Pouco se sabe sobre Pelágio, além destes dados mencionados pelo comentarista. Sabemos que ele foi contemporâneo do bispo Agostinho de Hipona e do seu amigo Jerônimo, o tradutor da Vulgata Latina, os quais fizeram muitas críticas aos ensinos de Pelágio.
a) Conteúdo doutrinário. Conforme mencionou o comentarista, não temos escritos originais de Pelágio com os seus ensinos. Tudo o que sabemos sobre os seus ensinos vem dos seus oponentes, principalmente de Agostinho e Jerônimo. Além disso, as controvérsias com o Pelagianismo não se deram com o próprio Pelágio e sim com um jurista romano chamado Celéstio, que era um dos principais porta-vozes dos seus ensinos.
Pelágio ensinava que o ser humano nasce neutro e não herda a natureza pecaminosa de Adão. Segundo ele, Deus criava individualmente cada alma humana, livre do pecado, da mesma forma que criou Adão. Pelágio não negava a realidade do pecado, mas, segundo ele, o pecado seria uma escolha pessoal, que cada ser humano por sua própria conta, poderia praticar ou evitar.
Segundo Pelágio, a única coisa que Adão transferiu aos seus descendentes foi o mau exemplo. Os seus descendentes pecam por livre escolha e não por terem uma natureza corrompida pelo pecado. Por fim, Pelágio defendia ainda que para ser salvo, o ser humano poderia alcançar a salvação crendo em Deus por iniciativa própria e evitando o pecado.
O Pelagianismo foi condenado nos Concílios de Cartago em 397 d.C, de Éfeso em 431 d.C, de Mileve em 416 d.C e de Lião em 475 d.C. Como tentativa de conciliar os ensinos de Agostinho e o Pelagianismo, um monge chamado João Cassiano, que viveu entre 360 e 465 d.C. formulou um meio termo que ficou conhecido como Semipelagianismo e também foi considerado heresia.
O Semipelagianismo não negava o pecado original, mas ensinava que este não corrompeu totalmente o ser humano. Segundo este ensino, o homem poderia usar o seu livre arbítrio e iniciar o processo de salvação. O Semipelagianismo foi considerado heresia e condenado no Concílio de Orange em 529 d.C. Por crer no livre arbítrio, nós da Assembléia de Deus somos acusados pelos calvinistas de sermos semipelagianos. Mas não tem nada a ver, pois nós acreditamos na depravação total do ser humano e cremos que nenhum ser humano pode ser salvo por iniciativa própria.
b) Resposta bíblica. A resposta bíblica tanto ao Pelagianismo como ao Semipelagianismo foi amplamente exposta no primeiro tópico desta lição. Deixamos claro com ampla fundamentação bíblica, que a natureza pecaminosa de Adão foi transmitida aos seus descendentes, de forma que todos os seres humanos já nascem com a natureza corrompida pelo pecado. Esta verdade é um fato incontestável nas Escrituras (Sl 51.5; Is 1.5,6; Rm 3.10-12).
Diferente do que afirma o Semipelagianismo, a natureza humana não foi parcialmente corrompida. O apóstolo Paulo escreveu o seguinte aos Efésios: “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência; entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Ef 2.1-3).
O ser humano nasce totalmente corrompido pelo pecado, sem nenhuma condição de ir a Deus por seus próprios esforços. Foi necessário Deus tomar a iniciativa de enviar o Seu Filho, o Cordeiro Imaculado, para padecer pelos nossos pecados. Feito isso, enviou o Espírito Santo que comunica a mensagem de salvação ao coração do pecador e com a sua graça preveniente, possibilita ao ser humano responder a Deus. Entretanto, a escolha continua sendo do ser humano. O mesmo Deus que busca o homem perdido e quer salvá-lo, permite que ele o rejeite. Precisamos, no entanto, tomar cuidado com pregações do tipo: “Dê um passo para Jesus e Ele dará dez em sua direção”. Isso é Semipelagianismo, pois coloca no homem a iniciativa para a salvação e não em Deus.
2. A morte de Jesus em favor dos pecadores. Infelizmente em algumas lições deste trimestre há alguns pontos totalmente desconexos. Não sei se é a equipe de edição da CPAD, que ao resumir o livro de apoio no texto da revista, acaba deixando alguns pontos sem contexto. Este subtópico começa dizendo: “Por esta razão, o Alcorão nega a crucificação e a morte de Jesus.” Um professor ou aluno ao ler este texto, inevitavelmente fica se perguntando: Por qual razão?
No Livro de apoio o comentarista explica e diz que não existe na religião islâmica a ideia de corrupção total do gênero humano. O Islã condena a doutrina do pecado original e diz que o pecado não é herdado, mas é algo que cada um decide fazer ou não. Segundo o Islamismo, a prática das más obras são suplantadas pelas boas obras. Por esta razão, negam a necessidade da morte de Jesus pelos pecados da humanidade. Então, dentro do Islamismo há resquícios das idéias pelagianas. Infelizmente, há muitos professores e principalmente alunos, que não dispõem do livro de apoio e ficam totalmente perdidos em um ponto desconexo como este.
REFERÊNCIAS:
SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 100, 2025, p. 41.
Bíblia de Estudo Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1995, pp.34-36
GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, p.312
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