(Comentário do 3º tópico da Lição 10: O plano de livramento e o papel de Ester)
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, falaremos do plano de Ester para falar com o rei. Falaremos da prudência, preparação e ação de Ester, antes de se apresentar diante do rei. Veremos também que o rei estendeu o cetro para Ester, que significava a autorização para que ela falasse, mesmo sem ter sido chamada. Por último, veremos que Ester agiu em sintonia com Deus. Mesmo tendo a autorização do rei para fazer a sua petição e denunciar o plano assassino de Hamã, Ester apenas o convidou para um banquete e esperou o momento certo para falar.
1- Prudência, preparação e ação. Ester foi convencida por Mardoqueu que teria que agir, urgentemente, para salvar o seu povo, como vimos no tópico anterior. Ela estava decidida a falar com o rei, mesmo sabendo que corria o risco de morrer, dependendo da reação dele. Depois de pedir a Mardoqueu e aos judeus que jejuassem por ela, ela estava decidida a falar com o rei e enfrentar as consequências: “... assim irei ter com o rei, ainda que não é segundo a lei; e, perecendo, pereço.” (Et 4.16). Entretanto, ela não se precipitou e não foi de qualquer maneira. O comentarista colocou a sequência de três atitudes que Ester teve, antes de falar com o rei: prudência, preparo e ação.
a. Prudência. A prudência é a virtude que faz a pessoa agir com cautela, discernimento e precaução, para evitar os perigos e, na medida do possível, fugir deles. No Livro de Provérbios, a prudência é amplamente destacada, contrapondo-se à insensatez. Por exemplo, em Provérbios 8.12, a prudência aparece como companheira da sabedoria: “Eu, a sabedoria, habito com a prudência, e acho a ciência dos conselhos”.
Quando enviou os doze apóstolos em missão, Jesus disse que estava enviando-os como ovelhas para o meio dos Lobos, que são os seus predadores. Por isso, recomendou-lhes que fossem “prudentes como as serpentes” (Mt 10.16). As serpentes andam cuidadosamente e, ao primeiro sinal de perigo, recuam e se preparam para a autodefesa. Algumas espécies fogem rapidamente.
Ester agiu com prudência, pois ela não foi de imediato à sala do rei, entrando sem ser convidada, mesmo sendo uma situação de emergência. Se fizesse isso, ela seria executada imediatamente. Ela analisou a situação com calma e esperou o momento certo para se aproximar do rei. O comentarista citou os casos de Ester e Abigail, como exemplos de mulheres sábias que impediram que tragédias acontecessem, agindo com sabedoria. Ester, com sabedoria, conseguiu evitar que todo o seu povo fosse exterminado. Abigail, por sua vez, humilhou-se diante de Davi e, com palavras sábias, conseguiu fazê-lo desistir de exterminar toda a família de Nabal, esposo dela (1 Sm 25.18-35).
Em Provérbios 14.1, lemos: “Toda mulher sábia edifica a sua casa, mas a tola derriba-a com as suas mãos”. A força de uma mulher não está no enfrentamento, mas no seu poder de convencimento, até sem palavras, através do bom procedimento, como disse o apóstolo Pedro (1 Pe 3.1-6). No enfrentamento ao rei, Vasti foi deposta do posto de rainha. Mas Ester, com prudência e sabedoria, conseguiu fazer o rei mudar de ideia em relação aos judeus.
b) Preparação. Depois da prudência de Ester, veio a fase do preparo. Não se pode entrar em ação em situações delicadas sem haver um preparo espiritual, físico e emocional. Ester se preparou espiritualmente, em oração e jejum. Ela não apenas pediu que os outros jejuassem por ela, mas jejuou também. Existem batalhas que são impossíveis de se vencer sem oração e jejum: “E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum.” (Mc 9.29).
Depois do preparo espiritual, Ester se alimentou e se preparou emocionalmente para falar com o rei. Uma pessoa desequilibrada emocionalmente pode piorar as coisas, em situações delicadas. “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” (Pv 15.1). Quando a pessoa está nervosa é melhor se acalmar primeiro, antes de tentar resolver alguma coisa. Alguém já disse sabiamente: “Não faça promessas quando estiver feliz. Não discuta quando estiver com raiva. E não tome decisões quando estiver triste.”
Por último, Ester se preparou fisicamente. No capítulo 5 e versículo 1 do Livro de Ester, lemos o seguinte: “Sucedeu, pois, que, ao terceiro dia, Ester se vestiu de suas vestes reais e se pôs no pátio interior da casa do rei, defronte do aposento do rei; e o rei estava assentado sobre o seu trono real, na casa real, defronte da porta do aposento.” Antes de se aproximar do rei, Ester se embelezou, vestindo as vestes reais, certamente se perfumou e ficou defronte ao trono do rei, a fim de que ele a avistasse. Evidentemente, o rei Assuero não imaginaria que Ester daquela forma representava um perigo à sua segurança.
c) Ação. A ação de Ester foi o último estágio, depois da sua prudência e preparo. Muitas pessoas até praticam a ação correta, mas no momento errado e sem o devido preparo. Em Provérbios 25.11 está escrito: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” Então, mesmo a palavra correta pode ser inconveniente se for dita fora de hora. Ester já havia conquistado o rei com a sua beleza e educação, no processo seletivo para escolher a nova rainha. Agora, quando ele a viu naqueles trajes, bela e amável, novamente ela achou graça aos seus olhos (Et 5.2). Era o momento certo para agir e fazer a sua petição.
2- Estendendo o cetro. Ester fez tudo corretamente, como vimos acima, e agora aguardava a reação do rei, que era imprevisível. Ele tanto poderia recebê-la, como poderia mandar executá-la, por descumprir a lei. Mas, o rei vendo-a serena e bem vestida, estendeu-lhe o cetro de ouro, que era o sinal do favor do rei para que ela pudesse entrar sem correr nenhum risco. Após o rei estender-lhe o cetro, ela deveria tocar a ponta do cetro e aceitar o favor do rei. Ester respirou aliviada, pois estava salva e poderia falar ao rei tranquilamente.
A resposta do rei foi: “Que é o que tens, rainha Ester, ou qual é a tua petição? Até metade do reino se te dará” (Et 5.3). Conforme explicou o comentarista, esta frase não deve ser entendida literalmente e não significa que o rei estava oferecendo a metade do reino a Ester. Era uma frase comum na antiguidade, que indicava que o rei atenderia ao pedido da pessoa, como aconteceu com Herodes, no episódio da execução de João Batista (Mc 6.21-23).
Naquela situação inusitada, em que a rainha Ester comparece em trajes reais defronte ao trono do rei, sem ser convidada e espera ser chamada, coisa que ela nunca havia feito antes, certamente, o rei deduziu que algo de muito grave estava acontecendo. Ester tinha a confiança do rei, pois já era rainha havia cinco anos, e tinha demonstrado a sua lealdade e respeito para com ele, ao contrário de Vasti. Ester havia trazido a denúncia de Mardoqueu que salvou a vida do rei. O seu comportamento no palácio também era exemplar e conquistava todos à sua volta.
3- Em sintonia com Deus. Ester já estava praticamente com a vitória nas mãos, pois o rei além de lhe estender o cetro, deu-lhe carta branca para fazer a sua petição. Entretanto, Ester continuou agindo com prudência e de acordo com a vontade de Deus. Se ela fosse precipitada, já teria denunciado Hamã imediatamente e poderia ter colocado tudo a perder. Mas, ela soube esperar e não fez nenhuma denúncia naquele momento, apenas convidou o rei e Hamã para um banquete, que será o tema da Lição 12.
Em situações adversas, não podemos nos deixar levar pelas emoções. Devemos sempre agir com prudência e de acordo com a vontade de Deus. Jesus quando ensinou os seus discípulos a orar, disse que eles deveriam pedir para que a “Vontade de Deus seja feita assim na terra como no Céu.” (Mt 6.10). Na mesma direção, Tiago escreveu: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.” (Tg 4.4).
Antes de agir em qualquer situação, precisamos sempre pedir a direção do Senhor, pois Ele sabe o que é melhor. Até mesmo os nossos pais, se não forem servos de Deus, podem nos orientar errado. A filha de Herodias, por exemplo, teve a oportunidade de pedir o que quisesse ao rei Herodes e a sua mãe lhe orientou a pedir a cabeça de João Batista num prato. Que pedido mais insano! Poderia pedir tantas coisas boas, mas desperdiçou a oportunidade pedindo a morte de um profeta!
Deus falou através do profeta Isaías: “Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” (Is 55.9). Portanto, devemos sempre agir em sintonia com Deus, pois Ele é bom e nos orienta a fazer a coisa certa em qualquer circunstância.
REFERÊNCIAS:
QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 41.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.691
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 692-93.
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