05 setembro 2024

MARDOQUEU CONVENCE ESTER

(Comentário do 2º tópico da Lição 10: O plano de livramento e o papel de Ester)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, veremos que Mardoqueu convenceu Ester da gravidade da situação. Inicialmente, Ester confiou na providência divina e mandou dizer a Mardoqueu que não tinha permissão para falar com o rei nos próximos trinta dias. Mardoqueu não se contentou com a resposta e mandou avisá-la de que ela não escaparia por estar no palácio, mas que o socorro viria de outra parte. Ester se convenceu de que teria que se arriscar e agir. Mas, buscou a Deus em primeiro lugar, através de jejum e oração. Depois apelou para o socorro humano e foi falar com o rei. Por último, veremos que Ester confiou em Deus, mas não o tentou. Ela sabia que não tinha permissão para entrar na presença do rei naquele momento e, se desobedecesse, poderia ser executada. 


1- Confiando na providência divina. Ao receber a resposta de Ester, com a informação de que havia este obstáculo para ela falar com o rei, e que ela não tinha permissão para entrar na presença do rei nos próximos trinta dias, Mardoqueu, mais uma vez, expôs a gravidade da situação e lembrou-a de que ela também era uma judia. Até aquele momento, ninguém no palácio sabia das origens de Ester, mas certamente iriam descobrir. Mardoqueu a alertou de que ela e os seus parentes não escapariam, pelo fato dela estar no palácio. 


Em sua resposta a Ester, Mardoqueu disse que se ela resolvesse se calar, o socorro viria de outra parte para os judeus. Isso nos leva a crer que ele tinha plena confiança na providência de Deus para salvar o seu povo. Embora não haja nenhuma referência explícita a Deus no Livro de Ester, fica implícita a sua providência e a fé que Mardoqueu tinha em Deus. A confiança na providência divina consiste exatamente em saber que Ele agirá em nosso socorro, independente do tempo que passar e do seu modo de ação. Deus age quando quer, como quer e se quiser, pois Ele não deve satisfação a ninguém. 


Aqui, o comentarista alerta para a supervalorização de pessoas importantes, em busca de socorro. Isto constitui-se em um tipo de idolatria, conforme nos diz  profeta Jeremias: “Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!” (Jr 17.5). O que o Senhor fala através do profeta Jeremias não é para não confiarmos em ninguém, como muitas pessoas interpretam erroneamente este texto. É para não fazer do ser humano o nosso escudo e instrumento de defesa. Isso vale também para o nosso emprego, o nosso dinheiro, os pais, os filhos, os amigos, os políticos, etc. Estas coisas, evidentemente, podem nos socorrer em determinadas situações. Se temos um bom emprego, uma empresa e dinheiro, teremos como bancar as nossas despesas; os nossos pais, filhos e amigos também podem nos ajudar em momentos de crise; os parlamentares, por sua vez, podem nos representar e defender as nossas causas, nas casas legislativas. 


Entretanto, jamais podemos depositar a nossa confiança nestas coisas, pois elas falham e haverá momentos, nos quais, somente Deus poderá nos socorrer. Daniel, por exemplo, era uma das três principais autoridades da Babilônia, no governo de Dario, o medo. O rei, inclusive, pensava em colocá-lo sobre todo o reino (Dn 6.3). Entretanto, os seus inimigos conseguiram aprovar um decreto para lançá-lo na cova dos leões (Dn 6.4-9). Neste caso, somente Deus poderia salvá-lo e o salvou (Dn 6.21). Quando Deus fecha as portas, ninguém abre e quando Ele abre, ninguém fecha (Ap 3.7). 


2- Primeiro Deus, depois o homem. Diante dos argumentos de Mardoqueu, Ester se convenceu da gravidade da situação e que ela precisaria agir. Mas, conforme vimos no tópico anterior, havia um obstáculo real que não dependia dela. Ela decidiu agir, mas antes de falar com o rei, entrou em um período de jejum e, certamente, de oração, pois o jejum sempre aparece na Bíblia junto com a oração. Ester conclamou também todo o povo judeu a fazerem o mesmo (Et 4.16). Antes de falar com o rei, Ester buscou a Deus. 


Esta deve ser a sequência correta das nossas ações. Primeiro buscamos a Deus, depois colocamos em prática os nossos planos. A nossa vida depende de Deus em todos os aspectos. Não temos controle sobre ela e os minutos seguintes da nossa vida, estão nas mãos de Deus. Nós fazemos planos, mas precisamos submetê-los à vontade de Deus. Isto porque podemos estar em uma direção diferente dos planos de Deus. Além de orarmos para saber a vontade de Deus, devemos orar em situações difíceis, para que Ele vá em nossa frente. Existem situações em que precisamos que Deus trabalhe nos corações das pessoas, antes de falarmos com elas. 


Neste subtópico, o comentarista chama a atenção para duas características do nosso tempo que são o secularismo e o materialismo. O secularismo é a ideia de laicidade ou separação da vida pessoal da vida religiosa, limitando a vida religiosa aos espaços de culto. O materialismo, por sua vez, consiste na limitação da vida à realidade da matéria. Estas duas crenças, por incrível que pareça, não estão presentes apenas nas pessoas que não servem a Deus. Há pessoas se dizem cristãs e vivem, como se fossem donas da própria vida e como se Deus não existisse. Confiam apenas em suas próprias aptidões e recursos, tomando decisões sérias sem buscar a Deus. 


3- Confiar em Deus não é tentá-lo. Ester confiou em Deus, mas não o tentou. Ela sabia que corria o risco de morrer e, por isso, buscou a Deus em oração e jejum. Ester ofereceu-se para salvar o seu povo, correndo o risco de ser morta, mas ela não tinha escolha. Se não fosse falar com o rei, como disse Mardoqueu, ela também não escaparia. Entretanto, ela foi prudente antes de falar com o rei e não se apresentou diretamente ao rei. Depois do período de oração e jejum, ela se aproximou do rei e aguardou ele estender o cetro, como veremos no próximo tópico. 


Infelizmente, há pessoas que tentam a Deus, agindo de forma imprudente e correndo riscos desnecessários. Eu já vi casos de pessoas que deixaram de tomar remédios, porque alguém disse que seriam curados, e tiveram sérios problemas de saúde. Outros, andam em alta velocidade, crendo que Deus irá protegê-los. Há ainda, os que exigem que Deus realize as vontades deles querendo dar ordens a Ele. Isso afronta a Soberania de Deus. Quando Deus cura alguém, não precisa parar de tomar remédios por conta própria, pois o próprio médico irá constatar a cura e suspender os medicamentos. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 41. 

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.691

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 692-93.

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