18 setembro 2024

O BANQUETE E A DENÚNCIA

(COMENTÁRIO DO 1° TÓPICO DA LIÇÃO 12: O BANQUETE DE ESTER – DENÚNCIA E LIVRAMENTO) 

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos do banquete de Ester e da denúncia que ela fez ao rei. Inicialmente, falaremos da instabilidade de Hamã, após a exaltação de Mardoqueu, o seu maior inimigo. Na sequência, falaremos sobre o “banquete do vinho”, como é chamado este segundo banquete de Ester. Aqui, o comentarista abre um parêntese para falar dos terríveis males que o vinho causa na vida das pessoas que fazem uso dele. Por último, falaremos da pergunta do rei a Ester, pela segunda vez, sobre qual seria a sua petição. 


1- A instabilidade de Hamã. Se um astrólogo fosse analisar o dia deste banquete para Hamã, diria que o seu mapa astral não estava nada bom naquele dia. Um supersticioso diria que Hamã teria levantado com o pé esquerdo, ou que estaria em um dia de azar. Mesmo que estas explicações sejam bizarras e sem fundamento, o fato é que aquele foi um péssimo dia para Hamã. Ele saiu de casa e deixou uma forca preparada para enforcar o seu pior inimigo. Faltava apenas a autorização do rei. Entretanto, como vimos na lição passada, a situação se inverteu no palácio e ele teve que sair pelas ruas de Susã, puxando o cavalo do rei com Mardoqueu, que era o seu pior inimigo, vestindo as vestes reais e usando a coroa do rei. Para piorar, Hamã ainda teve que repetir a frase: “Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada”. 


Toda a euforia de Hamã por ter sido o único, além do rei, a ser convidado para este banquete, se perdeu. Depois de tudo o que lhe  aconteceu neste dia, ele não tinha mais nenhuma motivação para estar neste banquete. Até a sua esposa e amigos já haviam percebido que ele já começara a cair perante Mardoqueu. Por causa disso, ele demorou a comparecer ao banquete e foi preciso os funcionários do palácio o apressarem, para que fosse ao banquete da rainha. Hamã foi a este banquete, praticamente conduzido pelos oficiais do rei.


Toda esta instabilidade foi construída por ele mesmo, devido à sua soberba e presunção. Hamã saiu de uma posição inferior e foi promovido ao cargo mais importante do Império Persa, ficando subordinado apenas ao rei, que tinha plena confiança nele. Poderia ter usado esta posição privilegiada para fazer coisas boas e criar amizades. Mas ele estava mais preocupado em ser reverenciado e adulado. Por causa de um judeu que não se curvava diante dele, tomado de um ódio de várias gerações, Hamã induziu o rei Assuero a autorizar um genocídio contra o povo judeu, sem nenhuma causa. 


Mesmo após ter sido obrigado a honrar Mardoqueu publicamente e ver que aquele era um homem que salvou a vida do rei, Hamã continuou com o seu ódio mortal. Poderia ter se humilhado, pedido perdão a Mardoqueu e ter falado com o rei para revogar aquele decreto contra os judeus. Se ele tivesse feito isso, a rainha Ester poderia não denunciá-lo e apenas interceder pela vida dos judeus. Precisamos ter cuidado ao exercer um cargo elevado, para não dar lugar ao orgulho e pisar nas pessoas que estão por baixo, pois colhemos aquilo que plantamos (Gl 6.7). 


2- O banquete do vinho. O Livro de Ester pode ser considerado “o livro dos banquetes”, devido à quantidade de banquetes que o Livro menciona. Logo no primeiro capítulo, vemos três banquetes. O primeiro deles foi oferecido por Assuero a todas as autoridades do império e durou cento e oitenta dias (Et 1.3,4). O segundo banquete foi oferecido também por Assuero a todo o povo e durou sete dias (Et 1.5) O terceiro banquete foi oferecido pela rainha Vasti exclusivamente para as mulheres (Et 1.9). No capítulo 2, temos o quarto banquete, que foi oferecido por Assuero, na coroação de Ester (Et 2.18). O quinto banquete foi oferecido por Ester ao rei e a Hamã (Et 5.5). O sexto banquete, também conhecido como “Banquete do vinho”, foi o segundo banquete oferecido por Ester ao rei Assuero e a Hamã. O sétimo banquete foi realizado pelos judeus após a sua vitória sobre os seus inimigos (Et 8.17).


Em todos estes banquetes havia muito vinho, pois isso fazia parte da cultura persa e era comum as festas serem regadas a muito vinho, entre os povos pagãos do Oriente. É importante mencionar que o vinho daqueles tempos não era alcoólico como os de hoje. Era um suco de uva puro, que era consumido como os refrigerantes nos dias atuais. Por ser um suco de uva puro, evidentemente, se consumido em excesso a pessoa se embriagaria. Entretanto, para alguém ficar embriagado teria que beber o dia inteiro. 


O comentarista abriu um parêntese neste subtópico, para fazer um alerta sobre os males do consumo de bebidas alcoólicas. Mesmo no contexto do  Antigo Testamento, quando o consumo de vinho era cultural, a Bíblia relata dois episódios envolvendo homens tementes a Deus, que cometeram atos insanos sob o efeito do vinho. O primeiro deles foi Noé, que se embriagou e saiu pela casa totalmente despido na frente dos filhos (Gn 9.20-27). O segundo foi Ló, que sob o efeito do vinho, engravidou as duas filhas, sem saber quem era (Gn 19.31-38. Claro que isso foi planejado por elas, porque queriam ter filhos e não havia mais homens onde eles estavam, além do pai delas, depois da destruição de Sodoma e Gomorra. 


O vinho não era recomendado para autoridades, para não perderem a sensatez nos julgamentos. Em Provérbios 31.4,5, o rei Lemuel escreveu o conselho que recebera da sua mãe: “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes o desejar bebida forte; Para que bebendo, se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos”. Os sacerdotes também não podiam beber vinho ou bebida forte. (Lv 10, 8-10; Is 28.7). O comentarista citou também o exemplo dos recabitas, que nos dias do profeta Jeremias foram convidados a beber vinho, mas eles disseram que não bebiam vinho, em obediência a Jonadabe, filho de Recabe, que o era o ancestral daquela tribo. Deus os citou como exemplo de obediência (Jr 35.6-19). O apóstolo Paulo colocou como requisito para o episcopado e diaconato, que os candidatos “não sejam dados ao vinho”. (1 Tm 3.3,8). 


O alcoolismo traz muitos prejuízos, não apenas financeiros e à saúde, mas também prejuízos morais, como insensatez, agressividade e descontrole. Muitas famílias já foram destruídas por causa de pais embriagados, que perdem os empregos, ou gastam tudo o que tem com bebidas. Mulheres já foram espancadas e mortas, por maridos embriagados. Acidentes terríveis já aconteceram por causa de motoristas irresponsáveis que insistem em dirigir embriagados. Felizmente foi aprovada a lei seca (Lei nº 11.705) que pune com prisão o motorista que for flagrado dirigindo embriagado. Acontecem também muitas brigas que terminam em tragédias, envolvendo pessoas embriagadas. Portanto, não convém ao cristão consumir bebidas alcoólicas, de forma alguma, pois a pessoa começa bebendo socialmente e acaba caído na sarjeta. 


3- “Qual é a tua petição?” O rei aguardava o pedido de Ester, desde o convite para o primeiro banquete, mas Ester vinha adiando a sua petição. Isso levou o rei a suspeitar de que havia algo grave acontecendo. Chegou o tão esperado momento de Ester abrir o seu coração para o rei e fazer a sua petição. Naquele momento, Hamã já estava instável, como vimos acima, e Mardoqueu já havia sido honrado pelo rei. Mesmo correndo risco de morte e sabendo da urgência da sua intervenção perante o rei, Ester esperou o momento adequado para falar. 


Diante de uma situação extremamente delicada e ao mesmo tempo urgente, Ester se mostrou uma mulher forte e equilibrada. Se ela se acovardasse, todo o povo judeu, inclusive ela, seriam mortos, impiedosamente. Por outro lado, se ela tivesse se precipitado, Hamã, com a sua astúcia, poderia ter convencido o rei de que ela era uma traidora por não ter revelado a sua identidade antes. Entretanto, agora com a honra de Mardoqueu e a instabilidade de Hamã, o rei certamente ficaria ao lado de Ester. A mulher virtuosa fala palavras de sabedoria, no momento adequado (Pv 32.26). A mulher tola, no entanto, perde as estribeiras, faz escândalos e piora a situação. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 42.

Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. RIO DE JANEIRO, CPAD, VOL.2. p.554.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.694-95.

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