28 setembro 2024

A MULHER É CHAMADA POR DEUS PARA SER RELEVANTE NO MUNDO

(Comentário do 3º tópico da Lição 13: Ester, a portadora de boas novas) 


Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, veremos que a mulher é chamada por Deus para ser relevante neste mundo. Ester foi uma mulher que se notabilizou primeiro por sua obediência a Mardoqueu. Depois, pela sua humildade, prudência, equilíbrio e honra ao rei. Veremos também que Deus não apoia a famigerada guerra dos sexos, promovida pelo feminismo. Por último, falaremos de algumas mulheres  notáveis na história da Igreja, que exerceram papéis importantes na Obra de Deus sem, no entanto, desonrar a liderança concedida por Deus ao homem. 


1- Uma mulher notável. A parceria de Ester e Mardoqueu foi fundamental para a sobrevivência dos judeus no Império Persa. Evidentemente, tudo isso aconteceu pela providência divina, que sempre preservou o povo de Israel em todas as circunstâncias adversas, pois havia a promessa incondicional de Deus de, através deste povo, trazer o Messias ao mundo. Se olharmos para o Livro de Ester, fica a dúvida sobre quem seria o personagem principal, Mardoqueu ou Ester. Isto porque, logo após a deposição de Vasti do posto de rainha, o Livro de Ester menciona primeiro Mardoqueu, dizendo que ele criara a sua prima Hadassa, que era Órfã. Depois, menciona que foi dele todo o protagonismo para que ela se tornasse a rainha da Pérsia. Por fim, o Livro de Ester termina falando da exaltação de Mardoqueu. 


Ester também teve papel fundamental em todo o processo de livramento dos judeus. Foi ela quem arriscou a própria vida para falar com o rei, no momento mais crítico, quando saiu o decreto com a sentença de morte de todos os judeus. Foi Ester também que teve toda a habilidade e coragem para denunciar Hamã ao rei no momento certo, com palavras sábias e total reverência ao rei. Por último, foi Ester quem falou ao rei para revogar o decreto após a morte de Hamã e conseguiu o direito de defesa para os judeus. Enfim, as atitudes e qualidades de Ester são muitas. 


Ambos, como vimos, foram muito importantes para a preservação dos judeus. Os dois foram usados por Deus, cada um em sua posição. Mas, o mais importante é que, em momento algum, houve inversão dos papéis de homem e mulher, nem tampouco disputa entre eles. Mardoqueu, mesmo sendo homem e pai adotivo de Ester, nunca se impôs sobre ela e a respeitou como rainha em todo o tempo. Ester, por sua vez, depois que se tornou rainha, manteve a humildade e a amabilidade para com todos. Ela conquistava a todos por onde passava e não deixava que o poder lhe subisse à cabeça. Como rainha, ela respeitou e honrou o rei. Respeitava também a Mardoqueu e nunca esqueceu as suas origens judaicas. Por isso, com humildade e reverência para com o rei, ela sempre conseguiu o que precisava da parte dele. A Bíblia diz que “a mulher sábia edifica a sua casa, mas a tola a derruba com as próprias mãos.” (Pv 14.1). Ester era o oposto de Vasti, que em sua arrogância e insubmissão ao rei, foi deposta do cargo de rainha. 


2- A banal “guerra dos sexos”. Quando falamos de guerra dos sexos é uma referência às disputas tolas entre homens e mulheres. Neste aspecto, há dois movimentos antagônicos que instigam esta disputa, ao longo da história e ambos contrariam a vontade de Deus: o machismo e o feminismo. O machismo surgiu desde os primórdios da humanidade. Este movimento defende que o homem é superior à mulher, que a mulher é um ser humano de uma categoria inferior e pode inclusive ser agredida pelo homem. O feminismo surgiu como reação a esta opressão. Inicialmente, era  um movimento em defesa dos direitos das mulheres, mas se transformou em um movimento de extrema esquerda, que  é totalmente contrário aos padrões familiares bíblicos, ataca ferozmente a família, os homens e o Cristianismo.


Estes dois pensamentos contrariam o padrão de Deus. O homem não é superior à mulher e vice-versa. Deus criou o homem e a mulher, à sua imagem, conforme a sua semelhança. Ambos são iguais em valor, honra e respeito. Entretanto, são diferentes na estrutura física, emocional e nos papéis na família. Homem e mulher não foram criados para serem competidores entre si e sim para se completarem. Deus confiou ao homem a liderança da família e deu à mulher o papel de auxiliadora nesta missão. Isso, no entanto, não faz do homem um ser superior, pois o modelo bíblico de liderança é caracterizado pelo servir e pelo sacrificar-se. O pastor, por exemplo, é um líder da Igreja. Mas em lugar algum a Bíblia diz que ele é superior à Igreja. 


3- O contexto cristão. Neste subtópico, o comentarista destaca o papel da mulher no contexto cristão e menciona várias mulheres que foram importantes na história da Igreja de modo geral e na história da Assembleia de Deus. Na história da Igreja ele menciona cinco mulheres, que tiveram papéis relevantes em seu tempo:


a) Catarina von Bora. Foi uma freira alemã, que se casou com o reformador Martinho Lutero e ficou conhecida como a primeira dama da Reforma Protestante. Ela não foi simplesmente a esposa de um teólogo. Foi uma corajosa mulher que estudou os escritos de Lutero e se convenceu dos princípios da Reforma Protestante. Ela fugiu do convento e poderia ter acabado na fogueira como muitos da sua época. 


b) Susannah Wesley. Esposa de um pastor anglicano, criou 19 filhos, entre eles os irmãos Charles e John Wesley. Susannah exerceu grande influência na educação cristã dos seus filhos e é considerada a mãe do metodismo. John Wesley chegou a dizer que aprendeu muito mais com a sua mãe, que com os teólogos. Não era um elogio exagerado. Ela, de fato, era uma grande educadora e teóloga, muito à frente do seu tempo. 


c) Sarah Kalley. Missionária inglesa no Brasil, casada com o Dr. Robert Kalley, Sarah foi uma mulher de Deus, dedicada à obra missionária e ao ensino bíblico. Sarah ministrou a primeira aula bíblica para crianças no Brasil e criou a primeira Escola Dominical em nosso país, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. 


d) Corrie ten Boom. Era uma missionária holandesa, a caçula de quatro filhos de uma família que pertencia à Igreja Reformada. Corrie estudou teologia e escreveu a sua tese sobre antisemitismo racial. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela construiu uma parede falsa em sua casa, para abrigar clandestinamente judeus, e salvou centenas deles dos nazistas. Ela foi traída por um cidadão holandês e a família inteira acabou sendo presa pelos nazistas. Corrie sobreviveu ao Nazismo e depois iniciou um ministério mundial. 


e) Ruth Graham. Filha de um casal de médicos missionários americanos, que fazia missão na China, Ruth esteve também com a família no campo missionário em Xangai, que na época enfrentava uma guerra civil e depois foi à Coreia do Norte, completar os estudos. De volta aos Estados Unidos, casou-se com o jovem evangelista Billy Graham, tornando-se o grande suporte de seu ministério evangelístico por mais de cem países. 


Na história da Assembleia de Deus, foram mencionadas dez mulheres que tiveram grande relevância na história da nossa denominação no Brasil:


a) Celina Martins Albuquerque. Era membro da Igreja Batista de Belém e professora da Escola Dominical. Celina creu na Doutrina Pentecostal pregada pelos missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren. Ela foi curada de uma enfermidade incurável e depois disso, começou a orar em sua casa com a amiga Maria de Nazaré, para ser batizada no Espírito Santo. Foi a primeira brasileira a receber o revestimento de poder. Por causa disso, foi expulsa da Igreja Batista com 19 irmãos, inclusive os missionários. Em sua casa começou a Missão da Fé Apostólica, que depois se tornou a Assembleia de Deus. 


b) Lina Nyström. Carolina Josefina Berggren, conhecida como Lina Nyström, era missionária sueca e esposa do pastor Samuel Nyström. Era enfermeira e depois de ser batizada no Espírito Santo, recebeu a chamada de Deus para a obra missionária. Após o casamento foi enviada com o marido pela Igreja Batista da Suécia ao Brasil. Trabalharam muito na evangelização da Amazônia e depois em outros estados do Brasil. 


c) Zélia Brito Macalão. Esposa do pastor Paulo Leivas Macalão, foi missionária, musicista e trabalhou na evangelização de casas de detenção junto com a missionária Frida Vingren. Escreveu também vários artigos para o Jornal Mensageiro da Paz. 


d) Frida Vingren. Frida Strandberg, era enfermeira, jornalista, poetisa, musicista, compositora, tradutora e missionária sueca. Veio ao Brasil e casou-se com o missionário Gunnar Vingren. Aqui, foi acometida de várias enfermidades e sofreu muitas tribulações. Em situações muito dolorosas escreveu belíssimos hinos da Harpa Cristã e traduziu outros. Trabalhou muito na evangelização, ensino bíblico, na produção de literatura e nos órgãos de imprensa da Assembléia de Deus. 


e) Signe Carlson. Recém casada com o jovem pastor Joel Carlson, o casal foi enviado pela Igreja Batista da Suécia para apoiar o trabalho missionário no Brasil. Depois de nove meses no Brasil, foram enviados pelo missionário Gunnar Vingren para dar continuidade ao trabalho em Recife/PE, iniciado por Adriano Nobre. Este casal enfrentou muitas dificuldades em Pernambuco, mas fizeram um grande trabalho naquele estado, onde foram pioneiros da Assembleia de Deus e eram muito queridos. 


f) Elisabeth Nordlund. Missionária sueca, veio ao Brasil com o esposo Gustav Nordlund. Permaneceram por nove meses em Belém/PA aperfeiçoando o conhecimento do nosso idioma, recebendo instruções culturais e sobre a evangelização. Foram enviados ao Rio Grande do Sul e foram os pioneiros da Assembleia de Deus gaúcha, permanecendo por 30 anos na liderança da Igreja. 


g) Florência Silva Pereira. Devido à escassez de obreiros, em 1943, o missionário Aldo Petterson enviou a irmã Florência, que era zeladora da Igreja, para a cidade de Alagoinhas/BA, para dar suporte ao trabalho naquele local. Além de dirigir o trabalho por um tempo, a irmã Florência construiu o primeiro templo daquela cidade. Depois dirigiu um campo com seis igrejas no estado de Sergipe, onde abriu trabalhos e construiu outros dois templos. 


h) Albertina Bezerra Barreto.  A irmã Albertina foi a fundadora do Círculo de Oração no Brasil. A sua filha Zuleide não andava nem falava e, segundo os médicos, não passaria dos oito anos de vida. Ela reuniu um grupo de irmãs em sua casa para orar pela filha. Durante o período de oração, ela recebeu uma profecia de que a filha seria curada. A menina recebeu a cura e viveu até aos 49 anos. Este acontecimento deu origem ao Círculo de Oração em nossas Igrejas. 


i) Ruth Doris Lemos. A missionária norte-americana Ruth Doris Lemos era casada com o pastor João Kolenda Lemos. Ele era gaúcho e foi aos Estados Unidos estudar teologia. Lá conheceu a irmã Doris, casaram-se e depois retornaram ao Brasil. Ela era formada em pedagogia, música e teologia. A irmã Doris e o esposo João Kolenda foram pioneiros do ensino teológico pentecostal no Brasil e fundaram o renomado Instituto Bíblico da Assembléia de Deus (IBAD) em Pindamonhangaba/SP, que é uma referência no ensino teológico no Brasil. 


J) Wanda Freire Costa. Esposa do Pr. José Wellington Bezerra da Costa, acompanhou o marido em vários trabalhos que ele exerceu no Ministério do Belém em São Paulo, como pastor local, pastor setorial, secretário do Ministério, vice-presidente e presidente do Ministério do Belém, Presidente da Convenção estadual, vice-presidente e presidente da Convenção Geral. O casal criou e educou quatro filhos, que são todos pastores, e duas filhas, uma é coordenadora geral do Departamento infantil da Igreja e deputada estadual, e a outra é vereadora da capital paulista. A irmã Wanda coordenou o Círculo de Oração do Ministério do Belém por muitos anos e criou a UMADEB (União de Esposas de Ministros das Assembleias de Deus). 


Estas são apenas algumas das mulheres notáveis que se destacaram na história da Igreja. Mas, há muitas outras que trabalharam e trabalham incansavelmente na Obra do Senhor e não são muito conhecidas, cujos trabalhos serão conhecidos na eternidade. Quem de nós não conheceu mulheres do círculo de oração e esposas de obreiros que deram suporte à Igreja na oração? E as inúmeras professoras da Escola Dominical, começando pelas classes infantis e depois adolescentes e juvenis? Falta-nos espaço e tempo para fazer referência a tantas mulheres de Deus que dedicam às suas vidas a obra de Deus.


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 42.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.843; 846. 

2 comentários:

  1. Wanda Freire da Costa não chega , em sentido de trabalho, nem aos pés das outras mulheres, acho que é mais um ato político de agradar, colocar essa irmã, com todo respeito pela sua pessoa e como cristã, mas seu trabalho não chega ao n´vel de irmãs e muitas desconhecidas que trabalharam e enfrentaram diversas dificuldades. Ela já pegou uma igreja pronta, aí é mais fácil.

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    1. A Paz do Senhor. O comentarista não pretendeu aqui avaliar o grau de importância do trabalho destas mulheres de Deus, mas citou apenas algumas mais conhecidas. Observe o que eu coloquei no final do meu comentário: "...há muitas outras que trabalharam e trabalham incansavelmente na Obra do Senhor e não são muito conhecidas, cujos trabalhos serão conhecidos na eternidade." É evidente que há muitas servas de Deus que trabalharam incansavelmente na Obra de Deus com muitas dificuldades. Eu mesmo conheci e conheço muitas delas. Entretanto, isso não diminui em nada o árduo trabalho da saudosa irmã Wanda Freire da Costa, que eu tive o prazer de conhecer e sei da história dela no Ministério do Belém. Dizer que ela pegou uma Igreja pronta, demonstra um total desconhecimento da história do Ministério do Belém. A irmã Wanda não caiu de paraquedas como esposa de um pastor presidente. O Pr. José Wellington foi consagrado a presbítero em 1958 e a pastor em 1962. Nessa época, ele já era casado e ela estava ao lado dele. Ele foi dirigente de congregação, quando o Belém ainda era pequeno. Foi pastor setorial, secretário do Ministério, vice-presidente e, finalmente, presidente. A irmã Wanda esteve ao lado dele em toda esta trajetória, trabalhando incansavelmente. Foi coordenadora geral do Círculo de Oração do Ministério do Belém por muitos anos e líder da União de esposas de ministros da Assembléias de Deus (UNEMAD). Não entendi porque desmerecer a história desta mulher de Deus que dedicou a sua vida ao Ministério do Belém, do qual faço parte com muita honra.

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