14 setembro 2024

A SÍNDROME DE IMPERADOR

(Comentário do 3º tópico da lição 11: A humilhação de Hamã e a honra de Mardoqueu)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da síndrome do imperador. A soberba do coração de Hamã, demonstrada em sua sugestão ao rei, evidencia que ele tinha a chamada síndrome do imperador, que é comum em muitas crianças e adolescentes dos nossos dias. Falaremos também do mau prenúncio que veio a Hamã. Ao saber que o honrado seria Mardoqueu e não ele, Hamã foi para casa arrasado e ouviu da esposa e dos amigos que aquilo era o prenúncio da sua iminente derrota humilhante. 


1- A soberba de Hamã. Conforme já falamos no tópico anterior, Hamã tinha todos os traços de um megalomaníaco. Ele era extremamente soberbo, tinha mania de grandeza e uma grande obsessão pelo poder. Ele não se contentava em ser rico e ser o homem mais importante do império, depois do rei. Ele exigia que todos se curvassem diante dele, como se fosse uma divindade. Se alguém não o fizesse, ele ficava possesso de ódio. 

O comentarista nos explica que a  sugestão de Hamã ao rei, para honrar o homem de cuja honra o rei se agrada, imaginando que o tal homem seria ele, demonstra que ele tinha um desvio de comportamento, que os psicólogos chamam de “síndrome do imperador”. Este é o título de um livro do psicoterapeuta Leo Fraiman, que trata a respeito de crianças egocêntricas, que ditam regras em casa, na escola e onde chegam. São crianças mimadas e birrentas, que não conheceram limites em casa. Pensam que o mundo gira em torno delas e que todos têm a obrigação de satisfazer as suas vontades e caprichos. 

Se as crianças crescerem assim, na idade adulta irão reproduzir o comportamento de Hamã. Infelizmente, terão sérios problemas, pois irão aprender da pior forma, que na vida existem limites e irão ouvir muitos “não”, com os quais não estão acostumados a conviver. Em todos os lugares, encontrarão normas e leis que terão que respeitar. Terão que respeitar o direito dos outros e nem sempre conseguirão aquilo que desejam. 

As crianças não nascem sabendo como devem se comportar. É obrigação dos pais educar os seus filhos e impor-lhes os limites necessários. Evidentemente, os filhos não vão gostar de serem contrariados, mas se faz necessário, para o próprio bem deles. Lamentavelmente, em nossos dias, muitos pais dizem que querem dar aos seus filhos aquilo que não tiveram. Com isso, acabam sendo permissivos demais e criando filhos com a síndrome do imperador. Outros dizem que querem ser amigos dos seus filhos. Ora, os pais não são amigos dos filhos e não estão no mesmo patamar deles, mas exercem autoridade sobre eles. 

A correria dos tempos pós-modernos, onde o pai e a mãe trabalham fora, acaba distanciando-os dos seus filhos. Quando chegam em casa, estão exaustos e preferem entreter os filhos com celulares, tablets, videogames, etc. Para compensar a ausência, tentam fazer tudo o que os filhos querem, sem pensar nas consequências. Isso acaba gerando neles este comportamento egocêntrico, soberbo, autoritário e agressivo.

Os nossos filhos são herança do Senhor. Ele nos confiou os nossos filhos e iremos prestar contas a Deus por eles. Se nós os ensinarmos a fazer o certo e eles não fizerem, a culpa será deles. Mas se nos omitirmos, a culpa será nossa. É importante saber que as nossas atitudes ensinam mais do que as nossas palavras. Sendo assim, se agirmos com egoísmo, soberba e desrespeito para com as pessoas, os nossos filhos irão reproduzir este comportamento.


2- Um mau prenúncio. “A soberba precede a ruína e a altivez de espírito precede a queda.” (Pv 16.18). Foi extremamente isso que aconteceu com Hamã. Ele havia saído de casa e deixado a ordem para prepararem um forca para enforcar Mardoqueu. Foi ao palácio, a fim de obter a autorização do rei para executar o seu plano. Entretanto, os fatos que ocorreram lá o obrigaram a sair pelas ruas com Mardoqueu montado no cavalo do rei, vestidos na roupa real e com a coroa do rei. Tudo isso aconteceu por sugestão dele que, em sua presunção, deduziu que o homem de quem o rei se agrada só poderia ser ele. 

Hamã chegou em casa com a cabeça coberta de tanta vergonha, pela humilhação que havia passado. Ao contar à sua esposa e aos amigos tudo o que acontecera no palácio, não ouviu deles palavras de conforto e incentivo, como aconteceu antes, quando eles o orientaram a construir a forca para Mardoqueu. Agora, eles lhe jogaram na cara a triste realidade que ele não queria enxergar: “Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da semente dos judeus, não prevalecerás contra ele; antes, certamente cairás perante ele” (Et 6.13). 

Eles mostraram a Hamã, que tudo o que acontecera no palácio, indicava que a sua derrota perante Mardoqueu e o seu povo era certa. Isso era apenas um prenúncio ou um sinal da derrota de Hamã. Mas, o pior ainda estava por vir contra Hamã, pois eles ainda não sabiam da denúncia de Ester contra ele, que seria feita no próximo banquete, que será o assunto da nossa próxima lição. 

O povo de Israel foi escolhido por Deus para ser uma nação sacerdotal e, através desta nação, Deus enviaria o Seu Filho ao mundo. Nenhuma ferramenta contra este povo iria prevalecer (Is 54.17), exceto quando pecavam contra Deus e Ele permitia a punição. Deus já havia feito esta promessa Abraão: “E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem…” (Gn 12.3). Ao longo da história temos visto isto. Todos aqueles que se levantaram contra Israel para destruí-lo, foram reduzidos a nada. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 41. 

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.693-94.


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