19 setembro 2024

A FÚRIA DO REI CONTRA A INJUSTIÇA

(COMENTÁRIO DO 2° TÓPICO DA LIÇÃO 12: O BANQUETE DE ESTER – DENÚNCIA E LIVRAMENTO). 


Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da fúria do rei contra a injustiça. Ester denunciou todo o plano maligno para eliminar ela própria e o seu povo. O rei, então, quis saber quem teria feito tal coisa, sem saber que se tratava do povo judeu, pois até aquele momento, ninguém sabia que Ester era uma judia. Ester, então, revelou ao rei que era Hamã o protagonista deste plano. O rei ficou furioso e levantou-se imediatamente do banquete. Hamã lançou-se aos pés de Ester para pedir misericórdia e a sua situação se agravou, pois o rei interpretou que ele estaria tentando forçar a rainha. 


1- A revelação do plano. Até este momento, o rei não sabia qual era a petição de Ester e já havia lhe perguntado três vezes. Entretanto, ele sabia que algo muito sério estava acontecendo, porque ela foi à entrada do palácio, correndo risco de morte, pois não tinha autorização para se apresentar perante o rei. Quando o rei lhe estendeu o cetro de ouro, garantindo-lhe que ela poderia falar, e lhe perguntou qual era a sua petição, ela apenas convidou o rei e Hamã para o primeiro banquete. 


Neste banquete, de novo o rei perguntou qual era a sua petição, garantindo que ela seria atendida, com a frase “até metade do reino se te dará”. Ester, por sua vez, não fez o pedido ainda, mas convidou o rei e Hamã para outro banquete que é o do vinho. No intervalo entre estes dois banquetes aconteceu o que vimos na lição passada: a exaltação de Mardoqueu e a humilhação de Hamã. 


Finalmente, chegou a hora de Ester revelar todo o plano de extermínio dos judeus ao rei. Certamente, o rei sabia deste decreto, pois ele havia autorizado Hamã a fazer isso, enviando cópias a todas as províncias em nome do rei. O que o rei não sabia é que aquele povo era o povo da rainha Ester. Ela foi conduzindo a conversa com prudência e sem citar os nomes, com o objetivo de fazer o rei entender que era um absurdo exterminar toda uma etnia do Império, sem terem cometido crime algum contra o rei. Pior ainda, este povo era a família da rainha, que o rei não conhecia.


Antes de falar que se tratava do povo judeu e sem mencionar Hamã, Ester falou que ela e o seu povo estavam condenados à morte, sem terem cometido crime algum contra o rei. Não havia nenhum caso de rebelião desse povo contra o Império Persa. Mesmo assim, foi autorizado um genocídio contra eles. Em seguida, Ester falou humildemente ao rei, que se tivessem sido vendidos como escravos, ela não iria incomodar o rei, por causa disso. A escravidão, embora seja algo desumano, era comum naquela época. 


2- Quem fez isso? Ao ouvir este relato de Ester, e sem saber de qual povo se tratava, o rei ficou surpreso que aquele absurdo estivesse acontecendo em seu reino e perguntou quem teria feito uma coisa dessa contra o povo da rainha. Como disse o comentarista, parece estranho o rei não saber do teor do decreto assinado por ele, autorizando o extermínio de todo o povo judeu, sem ao menos querer saber o motivo. O que fica evidente, é que ele se surpreendeu com o fato de ser o povo da rainha, a quem ele amava. 


É perfeitamente possível que o rei não soubesse os detalhes de tudo o que acontecia no Império, até porque ele era muito grande e, por isso, era dividido entre várias províncias, chamadas de satrapias,  que tinham os seus sátrapas ou governadores. Entretanto, este decreto contra os judeus foi assinado no Palácio de Susã pelo próprio Assuero, seguindo cegamente a sugestão de Hamã, sem ao menos questionar, por que decretar a morte de um povo, e quais os crimes que teriam cometido para serem exterminados daquela forma. 


Aqui, o comentarista nos alerta para o risco de conceder poderes ilimitados a uma pessoa e confiar demais. Por mais que confiemos em um subordinado, jamais devemos dar carta branca para fazer tudo o que quiser. Muitos governantes enfrentam terríveis problemas, por confiarem demais em ministros, secretários e assessores, que fazem coisas erradas, sem o chefe do governo saber. Quando descobrem, se dizem surpresos, pois não sabiam de nada. Entretanto, um governante responde por todos os seus subordinados e tem a obrigação de saber o que acontece em sua gestão. Para isso, deve nomear pessoas competentes, limitar os seus poderes e exigir prestação de contas. 


Isso vale também para a liderança da Igreja. Os pastores presidentes e pastores setoriais devem ficar atentos ao que os seus subordinados fazem na sua ausência. Não podem dar carta branca para eles fazerem o que quiserem. Claro que cada um é responsável por seus atos e quando delegamos responsabilidades, as pessoas respondem pelos seus atos. Mas, a liderança de um campo ou setor precisa ficar atenta às ações dos seus liderados e investigar toda e qualquer denúncia ou crítica contra eles, principalmente se estas denúncias partirem de pessoas idôneas. Não se deve confundir, no entanto, denúncias e críticas de pessoas idôneas, que querem preservar a Igreja, com fofocas e rebeldia de pessoas invejosas e insubordinadas, que querem destruir reputações e puxar tapetes dos outros. 


De igual modo, os pais devem estar atentos ao comportamento dos seus filhos, principalmente em sua ausência. Muitos filhos aprontam na ausência dos pais e, quando alguém reclama com os pais, eles simplesmente dizem que “confiam em seus filhos” e que eles “jamais fariam aquilo”. Ora, não podemos confiar cegamente em ninguém. Muitos pais confiaram demais em seus filhos adolescentes e, quando se deram conta, eles estavam envolvidos nas drogas e na criminalidade, e os pais só ficaram sabendo depois que eles foram presos ou assassinados. Tem umas mães que até discutem com os policiais, jurando que os seus filhos não cometeram crimes, sendo que a polícia os prendeu em flagrante. 


3- A terrível reação do rei. Depois de denunciar o plano assassino contra ela e o seu povo, diante da pergunta do rei, indagando quem seria a pessoa que estava atentando contra a rainha e o seu povo, Ester corajosamente denunciou Hamã ao rei, na frente dele: O homem, o opressor e o inimigo é este mau Hamã” (Et 7.6). Esta coragem e determinação vieram de Deus, pois ela havia se dedicado à oração e ao jejum, antes de falar com o rei e com Hamã. Em todo o tempo ela agiu em sintonia com Deus, confiando em sua providência e esperou o momento oportuno para fazer a sua denúncia. 


Ao ouvir a denúncia contra Hamã, o rei se enfureceu, saiu imediatamente da sala e foi ao jardim do palácio, provavelmente para pensar no que faria a Hamã. Toda a confiança incondicional que o rei tinha nele se transformou em decepção, pois ele percebeu que Hamã agiu com astúcia e oportunismo para induzi-lo a cometer um ato monstruoso daquele. Claro que o rei deveria ter investigado melhor a situação, antes de assinar um decreto desta magnitude. Mas o excesso de confiança o levou a agir sem pensar nas consequências. 


Diante da saída do rei, Hamã percebeu que a sua sentença seria decretada ali mesmo. No desespero para salvar a própria vida, Hamã prostrou-se na cama da rainha Ester, a fim de implorar pela própria vida, mas a situação piorou, pois o rei voltou ao local e, ao ver Hamã caído sobre a cama da rainha, entendeu que ele estava querendo forçar a rainha em sua própria casa, na frente do rei (Et 7.8). Ouvindo as declarações do rei contra Hamã, os oficiais do palácio cobriram o rosto de Hamã. Esta prática demonstrava que o rei não queria mais olhar para o rosto do indivíduo e ele seria executado. Era o fim da linha para a soberba, ódio e maldade de Hamã. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 42.

Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. RIO DE JANEIRO, CPAD, VOL.2. p.554.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.694-95.

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