(Comentário do 2º tópico da lição 11: A humilhação de Hamã e a honra de Mardoqueu).
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico veremos que Hamã foi chamado para exaltar Mardoqueu. Esta exaltação foi um ato de justiça, pois Mardoqueu não havia recebido nenhuma honra por ter salvado a vida do rei. Na sequência, falaremos da presunção e autoconfiança de Hamã. Ele imaginava que o rei não poderia se agradar de alguém mais do que dele. Por último, falaremos do devido lugar da honra. Entristecer-se com a honra de alguém é sinal de orgulho. Se formos honrados, devemos sempre manter a humildade.
1- Um ato de justiça. Conforme já falamos no tópico anterior e em lições anteriores, Mardoqueu era um homem íntegro, que cumpria as funções no palácio de Susã, sem se preocupar em ser visto ou honrado pelo rei. Ao descobrir um plano para assassinar o rei, ele não se omitiu e levou a informação à rainha Ester. A rainha, por sua vez, comunicou imediatamente o caso ao rei, mencionando que a informação viera de Mardoqueu. O rei mandou investigar se a informação era verdadeira e, após confirmar, mandou executar os dois conspiradores.
Mesmo com a confirmação de que a denúncia de Mardoqueu era verdadeira, e que aquilo evitou o assassinato do rei, não lhe fizeram nenhuma menção honrosa. Cinco anos se passaram e o caso caiu no esquecimento. Mardoqueu, porém continuou fazendo o seu trabalho normalmente. Não vemos nenhum registro de que ele tenha reclamado porque não foi honrado.
Com a leitura das crônicas, o rei foi lembrado do feito heróico de Mardoqueu. Evidentemente, ele soube disso na época em que o fato aconteceu, pois Ester trouxe a denúncia ao rei em nome de Mardoqueu. Como disse o comentarista, pela forma direta com que o rei se referiu a ele, “que honra e distinção se deu por isso a Mardoqueu?”, podemos concluir que o rei o conhecia muito bem. Sendo assim, é possível que a sua própria consciência tenha pesado, pois além de não ter feito nada para recompensar Mardoqueu, ainda assinou um decreto insano para exterminar todo o seu povo.
Agora o rei se interessou em corrigir esta injustiça e queria honrar a Mardoqueu, mas não sabia como faria isso. Perguntou, então, aos seus servos quem estava no pátio externo do palácio. Ao ser informado de que era Hamã, o rei mandou chamá-lo e perguntou-lhe que tipo de honra deveria ser dada ao homem, de cuja honra o rei se agrada.
Mais uma vez, a providência de Deus entra em ação, para que a honra viesse exatamente daquele que queria matar Mardoqueu e o seu povo. Aliás, ele estava ali, justamente para pedir autorização ao rei para enforcar Mardoqueu. Deus é especialista em transformar o mal que planejam contra os seus servos, em bênção, como fez com José (Gn 50.20). Os irmãos dele tentaram matá-lo injustamente e o venderam como escravo. Mas Deus, transformou este mal em bênção e o fez governador do Egito.
2- Presunção e autoconfiança. Hamã era um sujeito megalomaníaco, que é a pessoa que tem obsessão pelo poder e por ser extremamente relevante. Um megalomaníaco tem a autoestima muito elevada e sente a necessidade de ser reverenciado e elogiado por todos. Tem também delírios de grandeza, não aceita críticas ou ameaças ao seu ego e exige que todos exaltem as suas ideias.
O primeiro ser que tinha estas características foi Satanás. Ele era um querubim ungido que estava no Céu. Ele andava entre pedras preciosas, era perfeito em seus caminhos, até que superestimou a sua beleza, supervalorizou a sua importância e quis ser maior do que o próprio Deus. Por causa disso, ele foi expulso do Céu, com uma terça parte dos anjos que o seguiram nesta rebelião. Todos os que se comportam dessa forma, estão imitando a personalidade do diabo e serão humilhados por Deus, pois Ele resiste aos soberbos e dá graça aos humildes.
Depois de ouvir a pergunta do rei, Hamã concluiu que o rei só poderia está falando dele, pois na sua mente, o rei não poderia se agradar de alguém mais do que dele. Aqui está a presunção e autossuficiência de Hamã, que se achava o mais importante do Império Persa e o único que poderia agradar ao rei. O presunçoso se acha muito superior aos outros em todos os aspectos. Por isso, sempre se acha injustiçado, pois pensa que recebeu menos do que merecia. Isso, evidentemente, leva a pessoa à frustração, à murmuração e ao ódio. Precisamos ter em mente que sempre haverá alguém superior a nós em vários aspectos: beleza, talento, riquezas, poder, etc. O único que é insuperável é Deus.
3- O devido lugar da honra. Hamã sugeriu que fossem feitas honrarias especiais pelas ruas, ao homem de cuja honra o rei se agrada, imaginando que seria ele próprio o tal homem. Ele sugeriu ao rei que o homem a quem o rei pretendia honrar, fosse vestido com as vestes reais, montasse no cavalo do rei, usasse a coroa real e fosse conduzido por um dos príncipes do rei, com a seguinte proclamação: “Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!” (Et 6.6.7-9). Para surpresa dele, o rei mandou que fizessem como ele sugeriu ao judeu Mardoqueu e que ele, que era o principal príncipe, saísse pelas ruas puxando o cavalo do rei com Mardoqueu montado nele. Ora, isso foi uma grande humilhação para um megalomaníaco como Hamã.
Qual deve ser a nossa postura diante da honra? Se o honrado for outra pessoa, devemos nos alegrar por isso. Como disse o comentarista, ficar triste porque alguém foi honrado é sinal de orgulho. Este foi o comportamento de Caim, que ficou tão irritado porque Deus recebeu a oferta do seu irmão Abel, que o matou. Ele ficou irritado não apenas porque Deus rejeitou a ele e à sua oferta. Se fosse esse o caso, ele ficaria chateado apenas com Deus, mas não mataria o seu irmão, que não tinha nada a ver com aquilo. Saul também se comportou dessa forma e quis matar Davi, porque as mulheres elogiaram Davi mais do que a ele (1 Sm 18.7-11). Este comportamento, além de ser um sinal de soberba, é também inveja, que é o descontentamento com o sucesso e as posses do outro.
Se o honrado formos nós, precisamos também ter cuidado, para não incorrermos no erro de Hamã. Quando foi exaltado pelo rei, Hamã elevou o seu coração e exigia que todos se curvassem diante dele. Honra é algo que recebemos por merecimento, ou por graça de alguém. Por isso, jamais deve ser exigida. Sempre que recebermos algum tipo de honra devemos lembrar de agradecer a Deus, pois tudo vem dele, e nunca dar lugar à vaidade, ou se achar melhor do que os outros. Mardoqueu foi honrado pelo rei, mas depois disso voltou ao seu trabalho normalmente.
Depois disso, outra honra ainda maior viria para ele, como veremos na última lição deste trimestre. “Pois todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado". (Lc 14.11). É importante esclarecer que este texto não diz que aqueles que forem humilhados serão exaltados, como muitas pessoas dizem por aí, falando em revanche, esperando a humilhação dos seus desafetos. Jesus disse que aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado, não disse que aquele que for humilhado pelos outros será exaltado. Portanto, em qualquer circunstância da nossa vida devemos aprender com Jesus e manter a humildade.
REFERÊNCIAS:
QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 41.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.693-94.
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