03 maio 2024

O TERCEIRO INIMIGO DO CRISTÃO: O MUNDO

(Comentário do 3º Tópico da Lição 5 - Os Inimigos do Cristão) 

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos do terceiro grande inimigo do cristão que é o mundo. Falaremos das perspectivas bíblicas da palavra mundo. Há pelo menos cinco significados para a palavra mundo na Bíblia. Na sequência falaremos dos três vícios inerentes ao mundo: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Por último, veremos que, para vencer o mundo e os seus vícios infames, precisamos andar no Espírito, viver em Cristo e fazer a vontade do Pai. 


1. Perspectivas bíblicas da palavra “mundo”. O que significa a palavra mundo na Bíblia? No Salmo 24.1, o salmista diz: “Do Senhor é a terra, o mundo e os que nele habitam”. Em João 3.16, Jesus disse a Nicodemos que “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas, tenha a vida eterna”. Já em 1 João 2.15, o apóstolo João escreveu: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” O mesmo João escreveu em 1 João 5.19: “Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno.” 

Resumindo: a Bíblia diz que o mundo e os que nele habitam pertencem a Deus. Diz também que Deus amou o mundo e enviou o Seu Filho ao mundo. Por outro lado, ordena que não devemos amar o mundo e que o mundo jaz no maligno. Estes textos que falam sobre o mundo parecem contraditórios, por isso, muitas pessoas fazem confusão e até proíbem algumas coisas, dizendo que “são coisas do mundo” e, portanto, o crente não deve praticar. 

O fato é que a palavra mundo na Bíblia, assim como a palavra carne, é um termo polissêmico, ou seja, possui vários significados, que são determinados pelo contexto. Na Bíblia há cinco significados para a palavra mundo: a terra (Sl 24.1), o conjunto das nações (1 Rs 19.23), as pessoas (Jo 3.16), o universo (Rm 1.23) e o sistema maligno, formado por aqueles que se opõem a Deus (Jo 12.31). 

O mundo, que é o grande inimigo do cristão, é o sistema maligno formado por aqueles que se opõem a Deus. É este mundo que o apóstolo João diz para não amarmos e que jaz no maligno. Sendo assim, quando a Bíblia para não amar o mundo e que o mundo jaz no maligno, não está se referindo ao planeta terra ou às pessoas e sim ao sistema maligno que opera no mundo e se opõe a Deus. 


2. Três níveis de vícios infames. O apóstolo João disse em 1 João 2.15 para não amarmos o mundo, na sequência desse texto ele descreve o que há no mundo e não procede de Deus: “Porque tudo o que há no mundo a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” Neste subtópico, o comentarista trouxe uma explicação minuciosa destes três níveis de vícios infames que estão presentes nas  tentações. 

a) A Concupiscência da carne. Algumas palavras que aparecem na Bíblia, na Versão Almeida Revista e Corrigida, estão em desuso na atualidade e dificultam muitas vezes o entendimento de alguns textos. Este é o caso da palavra concupiscência. A palavra concupiscência no grego é “epithumia". Significa um desejo descontrolado de fazer aquilo que a natureza pecaminosa deseja e que é contrário à vontade de Deus. As versões mais atualizadas da Bíblia, como a Nova Versão Internacional (NVI), Nova Almeida Atualizada (NAA) e Nova Versão Transformadora (NVT) traduzem por “cobiça” ou “desejo intenso”. A concupiscência da carne, portanto, é a cobiça descontrolada por praticar as obras da carne (natureza pecaminosa), conforme vimos no tópico anterior.

b) Concupiscência dos olhos. A Concupiscência dos olhos é o desejo de possuir coisas ilícitas que os olhos vêem, ou são criadas na imaginação. Uma das maiores facetas desta cobiça é a pornografia. A pessoa olha para o corpo do outro e cria em sua mente desejos impuros. O patriarca Jó, ao se defender das acusações dos seus amigos de que havia pecado, disse: “Fiz um concerto com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem?...” (Jó 31.1). No Salmo 101.3, o salmista diz: “Não porei coisa má diante dos meus olhos…” Jesus também falou sobre a concupiscência dos olhos e disse: Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” (Mt 6.23). Tem um corinho antigo que as crianças cantavam que dizia: “Cuidado olhinho o que vê”. Precisamos estar sempre atentos às imagens que aparecem diante dos nossos olhos, para não pecar através do olhar. 

c) A soberba da vida. A soberba é sinônimo de orgulho, arrogância e sentimento de superioridade. A soberba da vida consiste na autoglorificação, autoexaltação e no desprezo pelo próximo e pelo próprio Deus. O soberbo se acha importante demais para sujeitar-se a alguém, inclusive a Deus.  Este foi o pecado do querubim que se transformou no diabo e foi expulso das regiões celestiais. Ele se achou tão importante, que desejou fazer a sua morada acima das estrelas e ser semelhante ao Altíssimo. Deus abomina a soberba e ama a humildade. Tiago disse que Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4.6). A soberba da vida tem várias facetas: o narcisismo, o hedonismo, a avareza, a ostentação, a obsessão pelo poder, o egoísmo, etc. 

3. Vencendo o mundo. O que fazer para vencer o mundo e suas concupiscências? O apóstolo João deixou-nos a receita: “Porque todo que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5.4). A palavra traduzida por fé na Bíblia não significa apenas acreditar na existência de Deus e nas verdades bíblicas. 

Tiago falou que os demônios também crêem e estremecem, mas não obedecem (Tg 2.19). Então, a fé que vence o mundo não é apenas a crença vazia na existência de Deus, mas é a convicção, confiança e fidelidade absoluta a Deus, que suplanta a própria vida. Existem muitos que crêem que Deus existe e têm uma confissão de fé ortodoxa. Mas, o estilo de vida deles é absolutamente contrário à sua confissão de fé. 

O apóstolo Paulo também recomendou que o cristão deve encher-se do Espírito (Ef 5.18) e revestir-se de toda a armadura de Deus (Ef 6.10-18). Não há como vencer as concupiscências da nossa velha natureza com as nossas próprias forças. Se o crente não nasceu de novo e não andar no Espírito, inevitavelmente, ele será vencido pela sua natureza pecaminosa. 


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 39, 2º Trimestre de 2024.

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs.1707; 2166.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, pp.208-210.


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