31 maio 2024

RESISTINDO À TENTAÇÃO

(Comentário do 3º tópico da Lição 09: Resistindo à tentação no caminho).

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da resistência à tentação. Veremos que todos nós, sem exceção, seremos tentados, mesmo que observemos as disciplinas da vida cristã. Na sequência, veremos que a melhor estratégia para vencer a tentação é rejeitá-la e fugir dela. Por último, veremos que, se não conseguirmos vencer a tentação e pecarmos, jamais devemos culpar os outros, ou tentar justificar o nosso pecado. O caminho é a confissão do pecado e o arrependimento.

1. Todos somos tentados. A tentação não é exclusividade de alguns e não é possível evitar a tentação. A questão não é se nós seremos tentados, mas quando e de que forma, seremos tentados. Em alguns casos, há a possibilidade de evitarmos algumas situações que nos deixam vulneráveis e expostos ao pecado. Mas, de uma forma ou de outra, seremos tentados a pecar, ou a desviar o nosso foco daquilo que Deus traçou para a nossa vida. 

É importante sabermos que o inimigo tem uma multidão de demônios a seu serviço para fazer o trabalho sujo da tentação. Evidentemente, ele não é onisciente como Deus, para conhecer os nossos pensamentos e intenções. Também não é onipresente para estar presente em todos os lugares ao mesmo tempo. Mas, como vimos na lição 06, quando falamos das armas do cristão, o inimigo tem um reino organizado com servos, emissários e potestades (Lc 11.17-22). Ao contrário de muitos cristãos, o reino das trevas não luta contra o seu próprio grupo, o chamado “fogo amigo”. 

Conforme colocou o comentarista, uma das principais características da sociedade pós-moderna é o relativismo, ou seja, dizem que não há valores e regras absolutas, tudo é relativo. O multiculturalismo, predominante no mundo atual, prega a tolerância a todo tipo de cultura e comportamentos. Isso faz com que filósofos, artistas e até teólogos, minimizem ou naturalizem o pecado. Práticas que até pouco tempo atrás eram abominadas até pelas pessoas que não serviam a Deus, hoje são vistas como normais até por certos cristãos. 

Valendo-se deste relativismo da sociedade pós-moderna, o inimigo tenta moldar os cristãos valores deste mundo, fazendo-os pensar que certos comportamentos são normais e “não tem nada a ver”. Quando são confrontados por alguém, chamam tal pessoa de radical e fundamentalista religioso. Mas a orientação bíblica continua sendo a mesma: “Não vos conformeis com este mundo”. (Rm 12.2). O verbo “conformeis”, neste texto de Romanos 12, no grego é “schmatizo”, que significa “tomar a forma” “amoldar-se”. Portanto, não se conformar com este mundo (sistema maligno) é não se adaptar ao estilo de vida dele. 

2. Rejeite a tentação! Com todo o seu exército organizado, o inimigo tem condições de vigiar a nossa vida, investigar os nossos pontos fracos e preparar a dose de tentação adequada para cada um de nós. Por exemplo, se você sempre detestou cigarro, mesmo quando não era crente, evidentemente, o tentador não perder tempo oferecendo cigarro para fazer você pecar. Ele pode colocar uma linda mulher para se insinuar para você. Ou quem sabe, oferecer vantagens financeiras por meios ilícitos. 

Conforme falamos acima, todos nós seremos tentados de alguma forma e não há como evitar ou impedir que a tentação aconteça. Entretanto, podemos impedir que a tentação nos domine. Conforme vimos no primeiro tópico existem tentações que se originam dentro do ser humano, em sua natureza que foi corrompida pelo pecado. Esse tipo de tentação pode ser evitada, e nós podemos fugir dela. 

Temos na Bíblia, exemplos de pessoas que se desviavam do mal, como por exemplo, o patriarca Jó (Jó 1.1). Temos também o caso de José, que foi assediado sexualmente pela sua patroa, e fugiu para não pecar (Gn 39.12). Daniel, por sua vez, decidiu em seu coração, não comer do cardápio do Palácio de Nabucodonosor, pois sabia que ali havia comidas oferecidas aos ídolos (Dn 1.8). O apóstolo Paulo recomendou que devemos “fugir de toda a aparência do mal”. (1 Ts 5.22). 

Por outro lado, temos também os casos de pessoas que não fugiram da tentação, ou brincaram com o pecado e acabaram sendo tragados por ele. Sansão, por exemplo, era nazireu de Deus desde o seu nascimento e tinha regras a seguir (Jz 13.7). Mas, mesmo sendo alertado pelos pais, ele se envolveu com mulheres estrangeiras (Jz 14.1-3) e o seu fim foi trágico(Jz 16.21-31). Davi também, mesmo sendo um homem segundo o coração de Deus, ficou ocioso no palácio e viu a mulher do seu soldado se banhando. Ele poderia simplesmente ter fugido daquele local, ou ter ordenado que a mulher fosse se banhar em outro local. Entretanto, ele mandou perguntar quem era aquela mulher e, mesmo descobrindo que era casada, mandou buscá-la para si (2 Sm 11.1-5).

Existem muitos pecados que podem ser evitados com um pouco de prudência, vigilância e fuga. Um dos pecados que mais tem derrubado crentes na atualidade, inclusive obreiros, é o adultério. Isso acontece muitas vezes, porque as pessoas não fecham as brechas. O inimigo se aproveita de momentos de vulnerabilidade, quando a pessoa enfrenta algum tipo de crise no casamento, para induzir a pessoa ao adultério. 

O homem ou a mulher que for casado, na medida do possível, deve sempre andar com o seu cônjuge. Deve também usar a aliança e jamais ficar a sós, conversando com pessoas do sexo oposto, principalmente pessoas que lhe são atraentes. Até os que não são atraentes, podem oferecer perigo. Eu já vi casos de pessoas que traíram os seus cônjuges com outra pessoa, desprovida de beleza. 

Uma mulher, cujo marido não a trata bem, pode ser tentada ao ser bem tratada e elogiada por outro homem. Isso pode levá-la a se apaixonar. Da mesma forma, um homem, cuja mulher não se arruma e não o satisfaz sexualmente, pode ser tentado por mulheres atraentes. Portanto, casais, fechem as brechas e fujam de qualquer situação de perigo. 

Eu citei o caso do pecado do adultério, pois é obra da carne que tem levado muitos crentes à ruína, principalmente por causa da imoralidade e erotização da sociedade pós-moderna. Mas há muitos outros tipos de tentação, das quais podemos fugir e evitar o pecado. Por exemplo, o crente nordestino que era viciado em forró, nos primeiros anos de fé, quando ouve um barulho de sanfona, mesmo em um hino, começa a se balançar, lembrando do Luiz Gonzaga. O ex-pagodeiro, quando ouve o barulho do pandeiro. Alguém que foi viciado em jogos e loterias, quando passa em frente a uma lotérica, é tentado, quando vê o anúncio da Mega Sena acumulada. O mesmo acontece com ex-drogados, ex-alcoólatras, etc. Cabe a cada um identificar os seus pontos de fraqueza e fugir do perigo. 

E se acontecer de não vigiarmos, não fugirmos da aparência do mal, ou não sermos fortes o suficiente para vencer a tentação? Pequei, e agora? Será que tudo está perdido para mim? Bem, esta é outra arma do inimigo para nos afastar totalmente de Deus. Primeiro, ele faz de tudo para convencer a pecar. Depois que pecamos, ele passa a nos acusar, a dizer que somos indignos de servir a Deus, e que a melhor coisa a fazer, é mergulhar de vez no pecado. 

Se acontecer de pecarmos contra o Senhor, devemos voltar ao assunto da lição passada: Confessar e abandonar o pecado. O apóstolo João, em sua primeira Epístola, falando sobre isso, disse: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” (1 Jo 1.9). No capítulo seguinte, ele escreveu: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” (1 Jo 2.1,2). Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal, disse Paulo (1Tm 1.15).

Infelizmente, há crentes que querem ser mais rigorosos contra o pecado que o próprio Deus. Este rigor, no entanto, é apenas contra o pecado dos outros. Quando é ele, ou alguém da sua família que peca, ele fala em amor e compaixão. É evidente que Deus é absolutamente santo e não tolera o pecado. Mas, Ele é também misericordioso e se compadece do pecador arrependido, e está pronto a perdoá-lo. No Salmo 103, o salmista diz: “Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade. Não repreenderá perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniquidades.” (Salmo 103.8-10). Portanto, se você pecou, confesse o seu pecado, arrependa-se e busque o perdão de Deus.

REFERÊNCIAS: 

GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 40.

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.1908. 

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento — Mateus-Atos. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.31,32. 

29 maio 2024

O SENHOR JESUS E A TENTAÇÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 09: Resistindo à tentação no caminho).


Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico falaremos da tentação do Senhor Jesus. Ele foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, para ser tentado pelo adversário. Jesus estava debilitado fisicamente, por conta do longo período de jejum, mas estava espiritualmente forte.  Falaremos também das três áreas em que o inimigo tentou o Senhor Jesus: na área física, em sua natureza divina e na área espiritual. Por último, veremos como o Senhor venceu as investidas do inimigo. 


1. A provação do Senhor Jesus. O Senhor Jesus foi provado ou foi tentado? As duas coisas, pois a tentação está contida na provação. Ele foi provado, sendo submetido à tentação. Todo o processo da tentação de Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo. O texto bíblico nos mostra que Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo diabo. “E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto.” (Lc 4.1). 


No deserto, em jejum, oração e íntima comunhão com o Pai, Jesus foi tentado por um espaço de quarenta dias. O relato da tentação de Jesus nos ensina que Ele não foi tentado motivado por concupiscência interior, ou quaisquer resquício de soberba e cobiça, oriundo da natureza humana decaída, pois, Ele não tinha pecado e a sua natureza não era corrompida. Jesus também não foi tentado por iniciativa do diabo. A tentação de Jesus fazia parte do plano de Deus. Por isso, Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo a esse processo. Na tentação, o diabo tentou fazer com que Jesus desviasse o foco da sua missão, e tentou fazê-lo ter dúvidas de que Ele era o Filho de Deus. Mas, Jesus fortalecido no Espírito, venceu as investidas do inimigo com a poderosa Palavra de Deus.


Da mesma forma, quando somos tentados, nunca devemos enfrentar as forças espirituais da maldade e do pecado, com as nossas próprias forças, sem o poder do Espírito. Precisamos nos equipar com toda a armadura de Deus para vencer e, depois da vitória, ficar firmes. (Ef 6.10-18).

 

2. As áreas que Jesus foi tentado. Jesus foi tentado em três áreas que são comuns nas tentações em geral: a concupiscência dos carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Na primeira área, o inimigo colocou em dúvidas a divindade de Jesus (se tu és o Filho de Deus), e tentou fazer com que Jesus colocasse à prova o Seu poder e mostrasse que realmente era o Filho de Deus. Aproveitando-se do momento de fragilidade física de Jesus, devido ao longo período de jejum, o tentador lançou dúvidas de que Jesus fosse o Filho de Deus, desafiando-o a provar isso, fazendo um milagre em proveito próprio.


A segunda área, diz respeito à soberba da vida. O diabo levou-o ao ponto mais alto do templo e desafiou-o a lançar-se de lá, para testar a proteção angelical prometida por Deus a respeito dele, no Salmo 91. Entretanto, ele estava distorcendo o texto bíblico, e sugerindo que Jesus colocasse Deus à prova. O texto bíblico diz que “Deus daria ordens aos anjos para que o guardasse em todos os seus caminhos”. Ou seja, os anjos o guardariam em circunstâncias normais, não em situações provocadas por irresponsabilidade, ou por espetáculo. Isso é o que muitos pregadores fazem na atualidade, quando dizem: Se eu sou homem de Deus, Deus fará isso e aquilo agora! 


Na terceira área, o inimigo mostrou a Jesus todos os reinos do mundo e prometeu que lhe daria tudo aquilo, com a condição de que Jesus o adorasse. O inimigo tentou fazer com que Jesus seguisse o caminho rápido para o sucesso pessoal, mediante a apostasia, adorando a outros deuses. É exatamente isso que ele continua fazendo, inclusive com muitos crentes, oferecendo-lhes sucesso e prosperidade, exigindo em troca, que abandonem os princípios da Palavra de Deus. 


3. Como Jesus venceu a tentação? Da mesma forma que as estratégias do inimigo contra Jesus seguiram um padrão comum das demais tentações, a forma com que Jesus o venceu continua sendo a mesma: a Palavra de Deus, a oração e o jejum, conforme estudamos na lição 06, quando falamos das armas do cristão. 


Nas três tentativas do inimigo, Jesus o venceu usando a Palavra de Deus, dizendo: Está escrito! (Mt 4.4,7,10). Jesus não apenas demonstrou profundo conhecimento das Escrituras, como interpretou-a corretamente. Muitos crentes se tornam presas fáceis do inimigo porque desconhecem a Palavra de Deus, ou por terem conhecimento distorcido dos textos bíblicos. Com isso, são levados pelo engano, ou criam falsas expectativas sem fundamento bíblico. 


Um crente que está alicerçado na Palavra de Deus não se deixa levar por ventos de doutrinas e sabe identificar as artimanhas do inimigo, inclusive quando ele vem citando a Palavra de Deus fora de contexto. A Palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho. Ela testifica de Jesus e nos oferece segurança em todas as circunstâncias. Quem segue os princípios da Palavra de Deus não se embaraça com as investidas do inimigo. 


REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 40.

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.1908. 

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento — Mateus-Atos. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.31,32. 

28 maio 2024

A TENTAÇÃO E SUA ESFERA HUMANA

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: Resistindo à tentação no caminho).

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos da tentação e da sua esfera humana. Veremos o conceito bíblico de tentação, trazendo o significado das palavras hebraicas e gregas traduzidas por tentação. Na sequência, falaremos das duas vias da tentação: uma que vem do diabo, com o objetivo de nos afastar dos planos de Deus; e a outra que advém do ser humano, através da sua natureza corrompida pelo pecado. Por último, veremos que a tentação é um fenômeno humano e nunca provém de Deus. 


1. Conceito bíblico de tentação. O que significa tentação, do ponto de vista bíblico? Quem é que nos tenta? Será que a palavra tentação significa a mesma coisa em todos os textos bíblicos? Vejamos, por exemplo, estes dois textos bíblicos a seguir, na Versão Almeida Revista e Corrigida: “E aconteceu, depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.” (Gn 22.1). “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta.” (Tg 1.13). 

Já pensou se um ateu lesse estes textos para você? Eles costumam fazer isso. Há uma aparente contradição nestes dois textos e os inimigos da Bíblia usam isso para tirar a sua credibilidade. Mas como a Bíblia é inerrante e jamais se contradiz, a explicação para isso é que estas palavras não significam a mesma coisa em todos os textos bíblicos, como veremos abaixo. 

Muitos crentes acham desnecessário estudar o sentido das palavras em hebraico e grego e, quando alguém faz referência a isso, dizem que a pessoa está querendo se exibir. Mas, isso é necessário para interpretarmos corretamente alguns textos bíblicos. O pastor Osiel Gomes, que é professor de hebraico e grego, apresenta-nos neste subtópico, os significados das  palavras em  hebraico e grego, que foram traduzidas por tentação e tentar, na Versão Almeida Revista e Corrigida. 


a) O verbo hebraico Massáh. Significa provar, testar, fazer tentativa, duvidar ou provocar a ira: Em Gênesis 22.1, esta palavra aparece com o sentido de colocar à prova. Neste caso, veio de Deus e não tem o sentido de tentação como nessa lição, que é induzir ao pecado. No texto de Êxodo de 17.7, o sentido é colocar à prova, duvidar, ou provocar a ira. O mesmo acontece em Deuteronômio 9.22, onde a Palavra também tem o sentido de provocar a ira. No texto de Salmo 95.8,9, há a citação de Deuteronômio 9.22, com o mesmo sentido de provocar a ira de Deus. Já no texto de Deuteronômio 4.34, fala que jamais um deus “tentou” tomar um povo para si, com tantos milagres, como Deus fizera com Israel. Neste texto, o sentido não é provocar a ira ou colocar a prova. Neste contexto, significa intentar ou fazer tentativa de realizar algo. 


b) O substantivo grego Peirasmós. Esta palavra aparece 25 vezes no Novo Testamento e significa teste, tentação ou prova. Porém, os significados são diferentes de acordo com o contexto: No texto de Atos 20.19, em seu discurso aos obreiros de Éfeso, o apóstolo Paulo falou que “serviu ao Senhor com toda humildade, com muitas lágrimas e tentações”. Aqui, o substantivo peirasmós tem o sentido de provação, numa referência às perseguições e ciladas dos judeus contra Paulo.  Já no texto de 1 Coríntios 10.13, a palavra peirasmós tem o sentido de uma provação ou um sofrimento para provar a nossa fé, permitido por Deus, que Ele mesmo concede o escape para a suportamos. Na Epístola de Tiago 1.2,12, a palavra peirasmós também tem o sentido de provação, permitida por Deus para o nosso aperfeiçoamento. Entretanto, no mesmo capítulo 1 de Tiago, nos versículos 13 e 14, a palavra tem o sentido de atração pelo pecado, que vem da própria natureza humana corrompida pelo pecado. 


c) O verbo grego Peirádzó. Significa tentar, submeter à prova. No texto de João 6.6, este verbo é usado com o sentido de experimentar ou fazer um teste. O mesmo acontece no texto de Apocalipse 2.2, onde o pastor da Igreja de Éfeso colocou os falsos apóstolos à prova e comprovou que eram mentirosos. Já no texto de Gálatas 6.1, peirádzó tem o sentido de ser atraído e seduzido pelo pecado. No texto de Apocalipse 2.10, na Carta a Igreja de Esmirna, a palavra tentar tem o sentido de submeter ao sofrimento. Neste caso, é uma permissão de Deus para provar a fé e não uma tentativa de induzir o crente a pecar. 


2. Duas vias da tentação. Conforme as definições apresentadas acima, a palavra tentação na Bíblia tem vários significados. Neste subtópico, o comentarista está falando da tentação no sentido de induzir a pessoa à prática do pecado ou desviar o crente da missão que Deus lhe entregou. Neste sentido, a tentação tem duas vias, ou duas origens: pode vir do diabo ou da nossa natureza humana, que foi corrompida pelo pecado. 

No caso do Senhor Jesus, evidentemente, o diabo não tentou fazê-lo pecar, como muitos dizem, pois ele sabia perfeitamente que o Senhor Jesus é Deus e, como tal, é incorruptível. O que o inimigo tentou, foi fazê-lo desviar da Sua missão, distorcendo textos bíblicos, para que Ele usasse o Seu poder para satisfazer as suas necessidades humanas. 

Muitos pregadores, por desconhecerem a Bíblia, pregam que Jesus foi tentado no sentido de ser atraído pelo pecado ou ter pensamentos impuros. Mas isso não tem fundamento bíblico e chega a ser uma ofensa ao Seu caráter Santo. Jesus tornou-se homem, no sentido de se tornar mortal, limitado fisicamente e sentir as nossas dores. Mas, Ele nunca deixou de ser Deus e a sua natureza humana nunca foi corrompida pelo pecado.

A tentação que nasce dentro do ser humano é movida pela sua natureza humana, que foi corrompida pelo pecado original. Nós já nascemos com esta tendência de pecar. Na lição 5, quando falamos dos inimigos do cristão, falamos dos três vícios inerentes ao mundo, mencionados em 1 João 2.15, que são: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. É por meio destes vícios que o ser humano é tentado em sua natureza. Jesus jamais poderia ser tentado dessa forma, pois Ele é perfeito e absolutamente santo. 


3. Tentação: um fenômeno humano. Aqui temos a explicação da diferença entre tentação e provação, conforme falamos no início deste tópico. Tiago falou sobre tentação e provação no primeiro capítulo da sua Epístola. Na Versão Almeida Revista e Corrigida, as duas palavras foram traduzidas por tentação e isso acaba gerando confusão. No versículo 2, Tiago diz:  “Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações”. No mesmo sentido, no versículo 12, ele diz: “Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam”. 

Nestes dois textos, tentação não se refere à ação do diabo para nos fazer pecar, ou aos vícios da nossa natureza humana que tem tendência ao pecado. Aqui, Tiago se refere às provações, que são permitidas por Deus para nos aperfeiçoar. É assim, que a Versão Nova Almeida Atualizada traduz: “Meus irmãos, tenham por motivo de grande alegria o fato de passarem por várias provações.(Tg 1.2); “Bem-aventurado é aquele que suporta com perseverança a provação. Porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.” (Tg 1.12).

A tentação que ocorre na esfera da natureza humana, seja produzida pelo diabo, ou pela própria natureza humana decaída nunca provém de Deus, conforme o próprio Tiago esclarece no mesmo capítulo: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.” (Tg 1.1314). Deus jamais poderia enganar e induzir os seus servos ao pecado, ou tornar o pecado atrativo, para nos fazer pecar. Quem faz isso é o diabo, utilizando-se da concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida. 


REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 40.

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.1908. 

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento — Mateus-Atos. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.31,32.

27 maio 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 09: RESISTINDO À TENTAÇÃO NO CAMINHO


Ev. WELIANO PIRES


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA 


Na lição passada, estudamos o tema: Confessando e abandonando o Pecado. Mesmo tendo nascido de novo, ainda estamos sujeitos a pecar, porém, o pecado na vida do cristão sempre será um acidente. Caso aconteça, devemos reconhecê-lo, pedir perdão a Deus e abandonar a prática.


TÓPICOS DA LIÇÃO 


No primeiro tópico, falamos da definição bíblica de confissão, trazendo os significados das palavras hebraica e gregas, traduzidas por confessar. Vimos também que a confissão bíblica de pecados significa reconhecimento do pecado e que o perdão depende da confissão. Por último, vimos que no ato da confissão, o pecador reconhece a sua culpa e sente-se indigno da presença de Deus.


No segundo tópico, falamos  do perigo do pecado não confessado. Vimos que os pecados não confessados trazem muitos males e graves consequências, tanto para quem os comete, como para outras pessoas. Falamos também das consequências do pecado de Adão e Eva, para eles e para toda a raça humana. Por último, falamos das consequências dos pecados de Davi, que vieram sobre a sua família.


No terceiro tópico, falamos da confissão dos pecados como o caminho para a cura e a restauração do pecador. Vimos que a confissão deve ser dirigida primeiro a Deus, por intermédio de Jesus Cristo. Vimos também que a confissão de pecados traz cura e restauração. Basta deixar o orgulho de lado e reconhecer que pecou, pois Deus está pronto a nos perdoar.


LIÇÃO 09: RESISTINDO À TENTAÇÃO NO CAMINHO 


INTRODUÇÃO 


Nesta lição estudaremos sobre a resistência do cristão à tentação. Em nossa jornada, somos constantemente seduzidos pelo inimigo a pecar e a abandonar a fé. A tentação é o marketing do diabo para nos fazer pecar. O inimigo faz de tudo para tornar o pecado atraente e inofensivo. Ser tentado não é pecado, mas ceder a tentação é. Até Jesus foi tentado pelo diabo no deserto, mas nunca pecou.  


No primeiro tópico, falaremos da tentação e da sua esfera humana. Veremos o conceito bíblico de tentação, trazendo o significado das palavras hebraicas e gregas traduzidas por tentação. Na sequência, falaremos das duas vias da tentação: uma que vem do diabo, com o objetivo de nos afastar dos planos de Deus; e a outra que advém do ser humano, através da sua natureza corrompida pelo pecado. Por último, veremos que a tentação é um fenômeno humano e nunca provém de Deus. 


No segundo tópico falaremos da tentação do Senhor Jesus. Ele foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, para ser tentado pelo adversário. Jesus estava debilitado fisicamente, por conta do longo período de jejum, mas estava espiritualmente forte.  Falaremos também das três áreas em que o inimigo tentou o Senhor Jesus: na área física, em sua natureza divina e na área espiritual. Por último, veremos como o Senhor venceu as investidas do inimigo. 


No terceiro tópico, falaremos da resistência à tentação. Veremos que todos nós, sem exceção, seremos tentados, mesmo que observemos as disciplinas da vida cristã. Na sequência, veremos que a melhor estratégia para vencer a tentação é rejeitá-la e fugir dela. Por último, veremos que, se não conseguirmos vencer a tentação e pecarmos, jamais devemos culpar os outros, ou tentar justificar o nosso pecado. O caminho é a confissão do pecado e o arrependimento.


REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 40.

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.1908. 

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento — Mateus-Atos. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.31,32. 

24 maio 2024

CONFISSÃO DE PECADO: UM CAMINHO DE CURA E RESTAURAÇÃO

(Comentário do 3º tópico da Lição 08: Confessando e abandonando o pecado)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da confissão dos pecados como o caminho para a cura e a restauração do pecador. Veremos que a confissão deve ser dirigida primeiro a Deus, por intermédio de Jesus Cristo, pois somente Ele pode perdoar pecados. Na sequência, veremos que a confissão de pecados traz cura e restauração. O caminho para isso, é deixar o orgulho de lado e reconhecer diante de Deus que pecou, pois Ele está pronto a nos perdoar. 

1. Confessando o pecado a Deus. Conforme já vimos, nos tópicos anteriores, o pecado é a transgressão das leis divinas. Logo, em qualquer tipo de pecado, o primeiro ofendido é Deus. Mesmo se pecarmos contra o nosso próximo, estamos pecando contra Deus. Por isso, todo e qualquer pecado deve ser confessado, primeiramente a Deus. Se além de pecarmos contra Deus, o nosso pecado for também contra alguém, devemos confessar e pedir perdão também à parte ofendida.

Somente Deus pode perdoar pecados. Porém, nós como pecadores, não poderíamos ir diretamente a Ele, pois o pecado faz separação entre o ser humano e Deus. Como  Deus é riquíssimo em misericórdia, Ele enviou o Seu Filho Jesus, que tomou a forma humana, para nos reconciliar com Deus, através do seu sacrifício. Portanto, o único mediador entre Deus e os homens, pelo qual os nossos pecados podem ser perdoados, é Jesus Cristo, o Filho de Deus (1Tm 2.5). 

Outro ponto importante que muitas vezes gera dúvidas, é que mesmo pecando contra o nosso próximo, o perdão de Deus não depende da parte ofendida concedê-lo. Se eu pecar contra o meu próximo, evidentemente devo ir a ele, pedir-lhe perdão e buscar a reconciliação. Entretanto, se ele não me perdoar, ou não quiser a reconciliação comigo, eu estarei perdoado por Deus. 

2. Alcançando cura e restauração. O texto áureo desta lição diz: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” (Pv 28.13). Isto significa que ocultar o pecado é escolher o caminho do fracasso espiritual. É como esconder uma doença e não tratá-la. A situação só irá se agravar e poderá levar a pessoa a óbito. 

O pecado representa um peso em nossa vida, que nos adoece espiritual, moral e até fisicamente. Um crente que pecou e não buscou o perdão de Deus, entristeceu o Espírito Santo de Deus e perdeu a alegria da Salvação. Somente a confissão e o abandono do pecado são capazes de curá-lo e restaurá-lo. Estas duas coisas precisam andar juntas. Não adianta apenas reconhecer que pecou e pedir perdão, se não abandonar a prática. 

Enquanto Davi se calou, ele perdeu a alegria da Salvação e adoeceu. Mas após a confissão, ele sentiu-se perdoado e aliviado, conforme podemos ver em sua confissão: “Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. [...] Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado”. (Sl 51.3,5). Muitas pessoas estão doentes e até mortos espiritualmente, porque o orgulho não lhes deixa confessar que pecaram e buscar o perdão de Deus. 

Tiago também falou sobre isso em sua Epístola dizendo: “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”. (Tg 5.16). Infelizmente, muitas pessoas lêem apenas esta última parte e pensam que basta orar e a oração resolverá tudo. Não é bem assim. Se orarmos por uma pessoa que está na prática do pecado, mas não reconhece o pecado nem o abandona, a oração será em vão. Para sarar, é preciso confessar as culpas e depois orar. 

REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 40.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.856

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal: RIO DE JANEIRO, CPAD, 2003, p.856. 

23 maio 2024

O PERIGO DO PECADO NÃO CONFESSADO

(Comentário do 2º tópico da Lição 08: Confessando e abandonando o pecado)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos  do perigo do pecado não confessado. Falaremos dos males dos pecados não confessados. O pecado sempre terá graves consequências, tanto para quem o comete, como para outras pessoas. Falaremos também do pecado de Adão e Eva,  que trouxe consequências, não apenas para eles, mas para toda a raça humana. Por último, falaremos das consequências dos pecados de Davi, que cometeu pecados gravíssimos e, mesmo sendo perdoado por Deus, as consequências vieram sobre a sua família. 

1. Os males dos pecados não confessados. O texto de Provérbios 28.13, que está em nosso texto áureo e foi citado aqui pelo comentarista, diz o seguinte: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” (Pv 28.13). Concluímos, por este texto bíblico, que a confissão dos pecados é uma condição para se alcançar a misericórdia e o perdão de Deus. 

Alguém pode alegar que, pelo fato do texto estar no Livro de Provérbios, não é normativo para a Igreja, pois estamos na Nova Aliança. Entretanto, este ensino é ratificado pelo apóstolo João, no Novo Testamento, quando ele diz: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” A palavra “se” neste texto é uma conjunção subordinativa condicional, que “indica uma hipótese ou uma condição necessária para que seja realizado ou não o fato principal”. 

A falta de confissão dos pecados, impede o perdão de Deus e leva o ser humano a viver uma vida dupla, de aparências e de mentira, fazendo transparecer para os que o cercam, um estilo de vida que não corresponde à realidade. Evidentemente, isso o leva à morte espiritual, pois o pecado não perdoado faz divisão entre o ser humano e Deus (Is 59.2). Veremos nos dois subtópicos a seguir, dois exemplos de pecados não confessados e as suas respectivas consequências. 

2. As consequências do pecado de Adão e Eva. Antes de falar das consequências do pecado, é importante esclarecer o que é pecado. A principal palavra traduzida por pecado na Bíblia é “chata’th” em hebraico e o seu correspondente grego, “Hamartia”. Ambas significam literalmente “errar o alvo”. Há outras palavras traduzidas por iniquidade, injustiça, ilegalidade, insubordinação à autoridade de Deus e falta de integridade, que também são referências a vários tipos de pecado. 

Em resumo, o pecado é a transgressão da Lei de Deus, não a Lei Mosaica, como querem os judaizantes, pois não estamos mais debaixo da Lei. O que é normativo para a Igreja, na atual dispensação são os ensinos de Jesus Cristo e dos seus apóstolos. Aquilo que está no Antigo Testamento e continuou sendo mandamento para o cristão na Nova Aliança, foi ratificado no Novo Testamento, como por exemplo, as proibições da idolatria, homicídio, adultério, mentira, furto, falso testemunho, etc. 

Quando falamos de pecado, precisamos ter em mente que ele contaminou toda a raça humana, sem exceção, (Rm 3.23). É importante saber também que todo pecado tem consequências e a principal delas é a morte espiritual, ou a separação imediata de Deus, pois Ele é absolutamente Santo e não pode conviver com o pecado. O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos disse que “... o salário do pecado é a morte…”.  Portanto, ninguém pense que pode pecar livremente e não será punido, nem sofrerá as consequências. 

O primeiro casal, Adão e Eva, vivia feliz no Jardim do Éden, tendo de tudo, principalmente a visitação diária de Deus. Eles receberam a advertência de Deus de que no dia em que comessem do fruto proibido, certamente morreriam. Entretanto, preferiram dar ouvidos à voz do inimigo que, distorcendo a Palavra de Deus, disse que não era bem assim, e que eles não morreriam. 

Depois que desobedeceram a Deus, imediatamente perceberam que estavam nus e foram confrontados por Deus. Diante do questionamento de Deus, ambos procuraram desculpas e não assumiram a culpa, ou seja, não confessaram o seu pecado. Adão, colocou a culpa mulher diretamente e, indiretamente, culpou a Deus: “a mulher que deste, me enganou e eu comi.” Eva, por sua vez, culpou a serpente: “A serpente me enganou e eu comi”. Nenhum dos dois disse: “Pequei, me perdoe!”

Conforme colocou o comentarista, eles colheram amargas consequências do seu pecado, não apenas para si, mas também para a sua posteridade. A primeira delas veio sobre os seus corpos, que tiveram a sua condição alterada e passaram a adoecer e envelhecer. A segunda é que eles passaram a ser mortais. A morte física veio não apenas para eles, mas também para as futuras gerações. Por último, a corrupção da natureza humana, que originou a maldade e diversas tensões no gênero humano. Eles mesmos experimentaram a dor de ter um filho assassinado pelo próprio irmão. 

3. As consequências do pecado de Davi. Davi era o filho mais novo dos oito filhos de Jessé, o belemita, que era filho  de Obede e neto de Rute e Boaz (Rt 4.18-21). Sendo ainda um adolescente ruivo e destemido, Davi era o responsável por pastorear as ovelhas do seu pai nas montanhas de Belém de Judá. Este moço tinha habilidade no manuseio da funda, uma espécie de estilingue que os antigos usavam como arma arremessando pedras. 

Davi aparece pela primeira vez na narrativa bíblica, no capítulo 16, de 1 Samuel, durante o reinado de Saul, quando Deus rejeitou a Saul e ordenou que Samuel fosse à casa de Jessé e ungisse um dos seus filhos como rei de Israel. Samuel relutou, pois temia que Saul o matasse por estar ungindo outra pessoa como rei. Mas Deus lhe deu a estratégia, mandando-o convidar Jessé e os seus filhos para um sacrifício ao Senhor. 

Jessé fez passar os seus sete filhos adultos perante Samuel e Deus não escolheu nenhum deles. Indagado se não tinha mais filhos, Jessé respondeu que ainda tinha o menor, que estava no campo com as ovelhas. Samuel mandou chamá-lo e disse que não se assentaria para comer, antes que ele chegasse. Quando Davi chegou, Deus ordenou que Samuel o ungisse como rei. 

Desde a sua escolha até ele assumir o trono, passaram-se cerca de dez anos. Ele venceu o gigante Golias, um valente filisteu que desafiou o exército de Israel por quarenta dias. Foi ovacionado por todo o Israel, mas isso provou a inveja de Saul que passou a persegui-lo pelo resto da sua vida. 

Davi passou pela escola de Deus nas perseguições, lutas, humilhações e fugas por desertos e cavernas. Ele aprendeu a ser dependente de Deus e, neste período, ele compôs muitos salmos, nas suas angústias e aflições. 

Não restam dúvidas de que Davi foi um homem temente a Deus, desde a sua infância. Era um adorador, poeta e habilidoso tocador de harpa, que temia a Deus e louvava ao Senhor com alegria. Setenta e três dos  Salmos da Bíblia atribuídos a ele. O próprio Deus deu testemunho de Davi, dizendo que era um homem segundo o coração de Deus (At 13.22). 

Como rei de Israel, Davi foi um homem de Deus. Davi nunca adorou outros deuses e sempre consultava a Deus, antes de tomar decisões importantes no reino. Desejou construir um templo para o Senhor, mas Deus não permitiu. Ele derrotou muitos inimigos do povo de Deus, conquistou Jerusalém e a estabeleceu como a capital do seu reino. Entretanto, isso não significa que Davi foi perfeito e não cometeu erros. 

Quando já estava consolidado no reino de Israel, sendo muito amado pelo seu povo, Davi, cometeu adultério com Batseba, esposa de Urias, um dos soldados mais fiéis do seu exército, e ainda orquestrou o assassinato dele, de forma covarde por meio de Joabe, que o colocou na frente da batalha dele propósito para que fosse morto. 

Depois que Urias foi morto, Davi casou-se com a viúva e calou-se, como se nada de errado tivesse acontecido. Passaram-se dois anos e Deus enviou o profeta Natã para confrontá-lo através de uma parábola. Sem saber que o personagem da parábola era ele próprio, Davi levantou-se irado e proclamou a sentença: 

– Digno de morte é o homem que fez tal coisa! 

O Profeta, então respondeu:

– Este homem és tu, ó rei. 

Após ser confrontado por Deus, Davi confessou o seu pecado e não culpou ninguém por ele, como fizeram Adão e Eva. Entretanto, conforme está escrito em 2 Samuel 12.11,12, Davi iria colher as consequências amargas do seu pecado e dos crimes covardes contra o seu soldado Urias: “Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.”

Depois disto, o seu filho Amnom estuprou a irmã Tamar e depois foi morto por outro filho de Davi chamado Absalão. Absalão fugiu e passou dois anos no exílio. Quando voltou, usurpou o trono do pai e acabou sendo assassinado por Joabe. Quando Davi envelheceu, na sua sucessão, Adonias, o quarto filho, nascido em Hebrom e filho de Hagite (2 Sm 3.4), usurpou o trono e se declarou rei (1 Rs 1.3), mas acabou sendo morto por ordem de Salomão. 

REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 40.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.856

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal: RIO DE JANEIRO, CPAD, 2003, p.856. 

DIANA, Daniela. Conjunções Subordinativas. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/conjuncoes-subordinativas/. Acesso em: 23 mai. 2024




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