09 abril 2024

PORTAS E CAMINHOS

(Comentário do 1º tópico da LIÇÃO 02: A ESCOLHA ENTRE A PORTA ESTREITA E A PORTA LARGA) 

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos sobre os dois tipos de porta e caminho: o estreito e apertado, e o largo e espaçoso. Veremos que a porta estreita e o caminho apertado ilustram a maneira de viver do cristão, que vai na contramão deste mundo. A porta larga e o caminho apertado, por sua vez, apontam para uma vida sem compromisso com Deus, com a aprovação do mundo.


1. A porta estreita. Em seus ensinos, Jesus usava muitas figuras que faziam parte do cotidiano dos seus ouvintes, como o semeador e a semente, os pescadores e os peixes, o pastor e as ovelhas, e muitas outras. No capítulo 7 de Mateus, que é o assunto do nosso estudo, Jesus usou as figuras da porta e do caminho, para falar, respectivamente, da entrada na vida cristã e do estilo de vida do cristão neste mundo. 


As cidades antigas eram cercadas por muros de grande espessura para evitar invasões de inimigos. Para o acesso dos moradores da cidade havia a porta de entrada. Não havia saídas de emergência como hoje e todos entravam e saíam pelo mesmo local. Na vida espiritual, existem apenas duas portas: uma que conduz à vida eterna e outra que conduz à perdição eterna. 


A porta que conduz à salvação é Jesus (Jo 10.9). Jesus não é uma das portas ou uma das opções para se chegar ao Céu. Ele é a única porta de entrada do Céu. A ideia de que todos os caminhos levam a Deus e todas as religiões são boas, não tem apoio nas Escrituras. 


Quando falou da porta que conduz à vida eterna, Jesus falou que ela é estreita. O adjetivo grego traduzido por estreita é “stenês”, que significa “apertado”, onde só passa uma pessoa por vez e não cabe bagagens. Isto significa que para entrar pela porta estreita, precisamos renunciar à velha natureza e deixar a vida de pecado. 


Jesus, de fato, recebe a qualquer um que crer nele e recebê-lo como Salvador, independente do estilo da vida de pecado que a pessoa levava antes de conhecê-lo. Costumamos dizer para pessoas que ainda não conhecem a Cristo: Venha como está. Isto é correto, pois Jesus não veio chamar os justos e sim, os pecadores. Entretanto, a pessoa vem como está, mas não pode permanecer como quiser. “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lc 9.23).


2. O caminho apertado. O Caminho é usado na Bíblia, tanto em sentido literal como em sentido figurado. Em sentido literal, caminho é uma referência a uma estrada, uma trilha, etc. O Antigo Testamento também a palavra caminho para se referir aos processos da natureza, como o caminho do relâmpago e do trovão (Jó 28.26); o trabalho da formiga (Pv 6.6); ou aos comportamentos de animais como a águia e a cobra (Pv 30.19). Em sentido figurado, a palavra é usada para se referir ao curso de vida do ser humano (Jó 3.23), ou à sua conduta moral: o caminho dos justos e o caminho dos ímpios (Sl 1).


Neste ensino de Jesus, o caminho é uma referência ao estilo de vida. Jesus disse que o caminho que conduz à vida é apertado. Conforme explicou o comentarista, a palavra grega traduzida por apertado é thlíbō, que tem o sentido prensar ou espremer, como se faz com as uvas. Em sentido figurado, a palavra  thlíbō é usada com o sentido de aborrecer, afligir ou angustiar. Portanto, quando Jesus diz que o caminho é apertado, significa que para seguir a Jesus, precisamos aborrecer, afligir e angustiar a nossa própria natureza e viver o estilo de vida proposto por Jesus. 


O ensino de que seguir a Cristo é sinônimo de uma vida de vitórias e sucessos neste mundo, não tem apoio nos ensinos de Jesus. Ele chamou os seus discípulos para deixarem tudo e segui-lo, e disse que no mundo eles teriam aflições e seriam odiados por todos por causa do Seu Nome (Mt 10.22; Jo 16.33). Falou também que chegaria o tempo aqueles em que os matassem, o fariam achando que estariam prestando um serviço a Deus (Jo 16.2). Na mesma direção, o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo e disse: “Todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus, padecerão perseguições.” (2Tm 3.12). 


Além das lutas e perseguições, o caminho que conduz à vida eterna é apertado, porque os ensinos de Cristo são contrários aos valores deste mundo e à nossa própria natureza humana, que foi corrompida pelo pecado. Não é próprio do ser humano amar os inimigos, abençoar os que lhe maldizem, orar pelos que lhe perseguem, ajuntar tesouros no Céu e outros preceitos expostos por Jesus no Sermão do Monte. 


3. Porta larga e caminho espaçoso. A porta larga e o caminho espaçoso são o oposto da porta estreita e do caminho apertado. Simbolizam a vida sem compromisso com Deus e de acordo com os padrões deste mundo, que jaz no maligno. 


A primeira característica da porta larga é que não há nenhuma exigência para entrar por ela. Basta ignorar Deus e já estará entrando pela porta larga. Também não é preciso renunciar a nada, é só seguir os próprios pensamentos.


Para prosseguir no caminho largo, também não há perseguições, pois ele é muito popular. No caminho largo, as pessoas seguem a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, ignorando os princípios bíblicos, criando os seus próprios critérios e vivendo como se Deus não existisse. 


O primeiro casal, Adão e Eva, seguindo a sugestão do diabo, fizeram esta escolha e as consequências foram terríveis para eles e para toda a humanidade. Na atualidade também, a maioria das pessoas escolhem o caminho largo, ignoram as exigências de Deus e, em busca de uma suposta felicidade, caminham a passos largos para o abismo. Este caminho parece sedutor, mas ele conduz à perdição.


REFERÊNCIAS:
GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 36, 2º Trimestre de 2024.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento: Mateus — Atos. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.61
Dicionário Bíblico Baker.  Rio de Janeiro: CPAD, 1ª Ed. 2023, p.400.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.1576

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