(Comentário do 3º tópico da Lição 02: A escolha entre a porta estreita e a porta larga).
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, veremos três condições para entrar pela porta e pelo caminho estreito, com base na pregação de João Batista que são: o arrependimento dos pecados, a confissão de pecados e a produção de frutos de arrependimento. No registro de Lucas sobre a pregação de João Batista, ele registra exemplos destes frutos: misericórdia, honestidade e respeito às autoridades e às leis.
1. Arrependimento de pecados. A base da mensagem pregada por João Batista, no deserto da Judéia, era o arrependimento dos pecados. João começou a pregar dizendo: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus”. (Mt 3.1). O arrependimento aparece também logo no início da mensagem pregada por Jesus. Quando Ele iniciou o seu ministério, logo após o seu batismo no Rio Jordão, começou a pregar dizendo: "O tempo está cumprido, o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho". (Mc 1.15).
Da mesma forma, o apóstolo Pedro, após o seu longo discurso, no Dia de Pentecostes, ao ser indagado pela multidão sobre o que deveriam fazer, ele prontamente respondeu: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” (At 2.38). Em outro discurso, após a cura do coxo na porta do templo, Pedro repetiu a mesma mensagem de arrependimento: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor.” (At 3.19). A base da mensagem do Reino de Deus, portanto, está no arrependimento dos pecados e retorno para Deus.
Muitas pessoas não sabem o que é arrependimento. Pensam que apenas o fato de confessar que errou e pedir perdão significa que se arrependeu. É comum, quando assassinos são presos, os jornalistas perguntarem se estão arrependidos. Os mais cruéis dizem que não e que fariam tudo de novo. Mas há os fingidos, que choram e se dizem arrependidos. Entretanto, se fossem soltos naquele momento, continuariam fazendo a mesma coisa ou até pior.
Muitos confundem arrependimento com remorso. Mas são coisas diferentes. O remorso acontece quando a pessoa pratica algo errado e teme as consequências dos seus atos, mas se pudesse faria tudo de novo. O arrependimento acontece quando a pessoa é convencida pelo Espírito Santo e passa a pensar e agir diferente, por convicção. A palavra grega traduzida por arrependimento é "metanoia". O verbo é “metanoeo”. Esta palavra é formada de dois vocábulos gregos: "meta" (que vai além, depois, ou mudança) e "nous" (pensamento). Portanto, metanoia significa literalmente "mudança de pensamento". Esta mudança inclui o abandono do pecado e a volta para Deus.
2. Confissão de pecados. A confissão nacional dos pecados em Israel fazia parte do Dia da Expiação (Yom Kippur): “E confessará o seu pecado que cometeu; pela sua culpa, fará plena restituição, segundo a soma total, e lhe acrescentará a sua quinta parte, e a dará àquele contra quem se fez culpado.” (Nm 5.7). Havia também a confissão pessoal dos pecados, como no caso de Davi, que orou a Deus, confessando o seu pecado e pediu perdão (Sl 51). Os profetas também, ao intercederem pelo povo faziam a confissão dos pecados, como no caso de Neemias: “...E faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, que pecamos contra ti, também e a casa de meu pai pecamos”. (Ne 1.6b). Daniel também orou confessando os seus pecados e os do povo: “Estando eu ainda falando e orando, e confessando o meu pecado, e o pecado do meu povo Israel…” (Dn 9.20a).
No Novo Testamento vemos que, após João Batista pregar a mensagem de arrependimento, as pessoas iam ter com ele para serem batizados e confessavam os seus pecados: “Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão; E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.” (Mt 3.5,6). O batismo, em si, não tem nenhum poder salvífico. Ele deve estar acompanhado do arrependimento e confissão dos pecados.
É importante esclarecer que confessar pecados significa admitir a culpa e não contar os pecados a um sacerdote, ou torná-los públicos. No grego a palavra confessar é “omologomen”. Esta palavra deriva de “omos” (a mesma coisa) e “lego” (dizer). Portanto, significa “dizer a mesma coisa que outra pessoa”, ou “admitir que uma acusação é verdadeira”. A Igreja Católica ensina a prática da confissão dos pecados aos sacerdotes, como condição para obter o perdão. Seguindo esta tradição, muitas Igrejas evangélicas também ensinam que o crente deve confessar publicamente os seus pecados ao pastor e até à Igreja.
Não há nenhum fundamento bíblico para isso. Na Nova Aliança não existem sacerdotes ou mediadores entre Deus e os homens, além de Jesus (1Tm 2.5). Devemos confessar os nossos pecados a Deus, se pecarmos contra Ele e aos irmãos que ofendemos. Ou seja, se eu pecar somente contra Deus, devo pedir perdão somente a Ele. Se pecar contra a minha esposa, devo pedir perdão a ela. Caso ofenda a algum irmão, devo procurá-lo pessoalmente, reconhecer o meu pecado e pedir-lhe perdão. Falaremos mais sobre este assunto na lição 08, quando estudaremos o tema “confessando e abandonando o pecado.”
3. Produzindo frutos de arrependimento. Alguns dos fariseus e dos saduceus, vendo que João batizava, também pegaram a fila para o batismo. Mas João os repreendeu dizendo: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mt 3.7). No registro de Lucas sobre a pregação de João Batista, ele registra exemplos destes frutos.
A multidão o interrogou sobre o que deveriam fazer para produzir tais frutos. João, então, recomendou a misericórdia para com os necessitados: “Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira.” (Lc 3.11). Os publicanos, que eram cobras de impostos e eram odiados por cobrarem mais do que era devido, também perguntaram o que deveriam fazer. João lhes recomendou a honestidade: “Não peçais mais do que o que vos está ordenado.”(Lc 3.13). Por último, os soldados, indagaram a João o que lhes seria recomendado fazer e ele lhes recomendou o respeito às autoridades e às leis: “A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo.” (Lc 3.14).
Com este ensino de João Batista, aprendemos que o problema não está em nossa profissão e sim na forma como a executamos. As Testemunhas de Jeová, por exemplo, dizem que um cristão não pode ser policial ou político. Proíbem os seus membros de fazerem parte das forças armadas e até de votar. Mas a Bíblia não proíbe isso. O cristão pode ser um policial, desde que seja cumpridor das leis. Pode também ser um político, mas tem que ser honesto e honrar o Nome do Senhor em tudo o que fizer. Claro que há profissões que são incompatíveis com o Evangelho, como por exemplo, ser proprietário de bares, casas de prostituições e cassinos, que levam as pessoas à destruição.
REFERÊNCIAS:
GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 36, 2º Trimestre de 2024.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento: Mateus — Atos. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.61
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 1ª Ed. 2023, p.400.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.1576
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