30 abril 2024

O PRIMEIRO INIMIGO DO CRISTÃO: O DIABO

(COMENTÁRIO DO 1º TÓPICO DA LIÇÃO 5 - OS INIMIGOS DO CRISTÃO) 

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos do primeiro grande inimigo do cristão, que é o diabo. Veremos que a Bíblia nos apresenta o diabo como um ser real. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento nos mostram várias ações dele como uma pessoa. Veremos também a descrição bíblica de Satanás. A Bíblia o descreve como um querubim que se rebelou contra Deus e foi expulso do Céu. Por último, falaremos da identidade do inimigo. A Bíblia nos apresenta alguns nomes do inimigo que revelam a sua natureza má, cruel e destruidora. 


1. O Diabo é real. Muitas pessoas no mundo atual negam a existência do diabo. Os secularistas e os ateus, que são naturalistas, dizem que ele é apenas uma fantasia ou mito criado por pessoas que não querem assumir as suas culpas pelos próprios erros e os atribuem ao diabo. Por outro lado, os filósofos e psicólogos dizem que a figura do diabo faz parte do subconsciente do ser humano e está relacionado aos impulsos e desejos egoístas de pessoas que querem fugir das próprias responsabilidades e criam uma figura mitológica a quem atribuem a origem de todos os males. 


Mas esta negação não se restringe aos ateus, naturalistas, filósofos e psicólogos. Os teólogos liberais, que negam a inerrância e inspiração divina das Escrituras, negam a existência do diabo como uma pessoa e dizem que trata-se apenas de uma metáfora, ou uma representação do mal. No Livro de apoio, o comentarista se estende mais sobre este assunto e diz o seguinte, sobre a posição dos teólogos liberais em relação ao diabo:


“... [Os teólogos liberais] afirmam que Satanás nada mais é do que uma metáfora para o mal, uma representação de oposição entre o bem e o mal, jamais um ser ou entidade real, apenas uma personificação do mal. Afirmam que se trata apenas de uma força negativa presente na sociedade e que altera o comportamento humano. Quanto aos textos bíblicos que fazem alusão a Satanás, interpretam afirmando que são apenas histórias simbólicas, alegorias, mas nunca fatos realmente literais. Por meio dessas histórias, segundo eles, a pessoa pode aproveitar para tirar lições para a vida moral e espiritual.”


Além dos que negam a existência do diabo como uma pessoa, há também os que reconhecem que ele é uma pessoa, mas dizem que ele não é um ser autônomo, inimigo de Deus e do seu povo. Dizem que ele é, na verdade, um agente de Deus, criado exatamente para exercer o papel de acusador diante de Deus. Esta é a posição do Judaísmo. 


Os Calvinistas têm posição semelhante. Embora creiam que o diabo é um ser maligno, inimigo do povo de Deus e que é já está condenado, ensinam que o diabo está a serviço de Deus e só faz aquilo que Deus decretou. Ora, embora as ações do diabo estejam sujeitas à permissão de Deus, como tudo o que acontece no universo, não podemos dizer que ele está a serviço de Deus, ou que faz a vontade de Deus. Isso é uma blasfêmia, pois afronta o caráter santo de Deus. 


Do ponto de vista bíblico, nenhuma destas teses se sustentam. Tanto no Antigo como no Novo Testamento, a Bíblia mostra Satanás como um ser real, maligno, cruel, que se opõe a Deus e ao seu povo desde o princípio. No início da Bíblia, no capítulo 3 do livro do Gênesis, a Bíblia o apresenta como o responsável por enganar o primeiro casal e convencê-los a desobedecer a Deus. Depois as suas ações malignas contra o povo de Deus aparecem nos livros históricos e proféticos. No Novo Testamento, tanto Jesus como os apóstolos falam da pessoa do diabo e das suas ações com mais detalhes, conforme veremos a seguir. 


2. A descrição de Satanás. Como podemos conhecer o inimigo? Qual a sua origem? Quais são as suas armas e estratégias? Como cristãos, só podemos conhecer o mundo espiritual através da Bíblia, que é a Palavra de Deus e o nosso único manual de fé e conduta. Como a Bíblia descreve Satanás e as suas ações? É sobre isso que vamos falar neste subtópico.

Conforme mencionou o comentarista, a Bíblia descreve Satanás como um  um ser espiritual que pertencia a uma ordem angelical dos querubins, sendo o mais exaltado deles (Ez 28.12,14; Is 14.12-15). O texto de Ezequiel 28 é uma profecia contra o rei de Tiro e, da mesma forma, o texto de Isaías 14 é uma profecia contra o rei da Babilônia. Aqueles que negam a existência ou a personalidade do diabo, dizem que estes textos falam apenas destes reis. 

Entretanto, a descrição do personagem descrito em Ezequiel 28 mostra que Deus não estava falando de um ser humano e sim do diabo, que estava por trás das ações deste rei: “Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura [...] Estavas no Éden, jardim de Deus…toda pedra preciosa era a tua cobertura […] Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas [...] Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti.” Nenhuma destas afirmações se aplicam ao rei de Tiro, pois ele nunca esteve no Éden, nunca foi querubim ungido, nunca foi perfeito em seus caminhos, nem tampouco andou entre pedras preciosas. 

Da mesma forma, o texto de Isaías 28, embora seja uma profecia contra o rei da Babilônia, que levaria o povo de Judá para o cativeiro anos depois, traz algumas afirmações que também não se encaixam neste rei e sim no diabo: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.” O rei da Babilônia não caiu do Céu, não foi lançado na terra e também nunca disse que subiria aos Céus e seria semelhante ao Altíssimo. Quando lemos o Livro do Apocalipse, descobrimos que isso se aplica perfeitamente a Satanás. 

A Bíblia nos mostra que o diabo é o arquiinimigo de Deus e, portanto, ele odeia o povo de Deus. Ele é um inimigo perigosíssimo, pois é mentiroso e pai da mentira. O seu modo de agir é caracterizado pela falsidade, sutileza e toda sorte de engano. Sobre isso, o apóstolo Pedro nos alertou: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”. (1 Pe 5.8). Nesta advertência, o apóstolo alertou os crentes sobre o perigo do nosso adversário, que é maligno e altamente destruidor, mas, ao mesmo tempo, é astuto como um leão quando ataca as suas presas. O primeiro passo para o leão atacar uma presa é acompanhar os seus passos e isolá-la do bando. Quando a presa está sozinha, ele a ataca com um golpe certeiro, que impede a sua reação. 

Em uma guerra, um dos erros fatais é ira ao campo de batalha sem conhecer o inimigo e as suas armas. Um exército bem equipado, com armas poderosas e tecnologia de última geração, pode ser derrotado ou pelo menos sofrer muitas baixas, diante de um inimigo inferior, se não conhecer o inimigo e as suas estratégias.

Com o diabo acontece a mesma coisa. Muitos crentes acham que não precisam conhecer o diabo ou falar sobre ele. Por isso, se tornam vulneráveis diante dos seus ataques. Precisamos evitar dois extremos que são equivocados, em relação ao diabo:

a) Subestimar o inimigo. Não devemos fazer como os neopentecostais que acham que basta "amarrar o diabo" ou fazer algumas declarações que ele foge. O diabo é astuto e, muitas vezes, se disfarça de anjo de luz (2 Co 11.14). 

b) Superestimar o inimigo. Não devemos atribuir ao diabo poderes que ele não tem. O diabo tem poderes espirituais, é inteligente, astuto, maligno, mentiroso, astuto e perigoso. Entretanto, ele não pode ser colocado no mesmo patamar de Deus. O inimigo só pode agir se Deus permitir. 


3. A identidade do Inimigo. A Bíblia não revela o nome próprio do diabo, como acontece com o arcanjo Miguel e o anjo Gabriel. Os rabinos judaicos do tempo de Jesus chamavam o chefe dos demônios de Belzebu, que era uma variação de Baal-Zebube, um dos títulos de Baal. Mas a Bíblia não usa este nome em lugar algum para se referir ao diabo. 

Muitas pessoas imaginam também que o nome do inimigo das nossas almas é Satanás ou Diabo. Outros dizem que é Lúcifer. Mas, estes não são nomes próprios, são títulos. A palavra Satanás é a transliteração grega do termo hebraico “Satan”, que significa “adversário”. A palavra diabo, é a transliteração portuguesa do termo grego “diabolos”, que significa “acusador”. Já a palavra Lúcifer é um termo latino que significa “estrela de luz” ou “estrela da manhã”. Esta palavra aparece no texto de Isaías 14.12, na versão latina da Bíblia, conhecida como Vulgata. Jerônimo, o tradutoredesta versão da Bíblia, entendeu que era um nome próprio do inimigo e assim o colocou. 


Há ainda os que usam nomes que as religiões de matrizes africanas dão às suas entidades, para identificar demônios, como por exemplo: Exú Caveira, Zé Pilintra, Maria Mulambo, Pomba Gira, etc. Mas, estes nomes não estão na Bíblia e não tem nada a ver com os demônios. São títulos que algumas religiões dão às suas divindades e guias espirituais, chamados de orixás, guias, ou caboclos. É ofensivo para estas religiões chamá-los de demônios. Embora saibamos que toda idolatria está relacionada aos demônios, não devemos usar os nomes dados por religiões aos seus deuses para identificar os demônios. 


Sobre a identidade do inimigo, a Bíblia usa alguns títulos que revelam a sua natureza, a sua astúcia e a malignidade das suas ações. O comentarista citou vários deles: Satanás e diabo, como já falamos, que significam respectivamente, adversário e acusador; maligno (1 Jo 5.18,19), em referência à maldade das suas ações; Dragão Vermelho, que mostra a sua ferocidade (Ap 12.3,7,9,10) e muitos outros. 


Estes títulos demonstram que este inimigo é cruel, maligno, enganador, perigoso e destruidor. O segredo para vencê-lo é revestir-se do Senhor e do seu poder, como disse Paulo aos Efésios (Ef 6.10); ser sóbrio e vigiar, como disse Pedro (1 Pe 5.8); sujeitar-se a Deus e resistir ao diabo, como disse Tiago (Tg 4.7); é preciso também conhecer a Palavra de Deus, para cair nos enganos do inimigo. 


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 39, 2º Trimestre de 2024.

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs.1707; 2166.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, pp.208-210.

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