05 abril 2024

O NOVO NASCIMENTO

(Comentário do 2º tópico da Lição 01: O início da caminhada) 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos do Novo Nascimento, que é condição indispensável para entrar no Reino de Deus (Jo 3.3-5). Todo ser humano, sem exceção, precisa nascer de novo, mas, a religiosidade humana não é capaz de fazer alguém nascer de novo. É um processo miraculoso realizado pelo Espírito Santo, através da Palavra de Deus. Por último, falaremos do processo do novo nascimento. 


1. Por que precisamos do Novo Nascimento? Ao iniciar o diálogo com Jesus, Nicodemos reconheceu que Ele era um rabino (mestre) vindo de Deus, por causa dos milagres que Ele fazia. Como resposta, Nicodemos ouviu de Jesus a afirmação de que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus. Nicodemos interpretou a expressão “nascer de novo” literalmente e indagou como poderia o homem nascer sendo adulto. 


Conforme explicou o comentarista, a palavra grega traduzida por “homem”, usada por Nicodemos em João 3.4, é ánthrōpos, que significa o gênero humano em sua totalidade e não apenas uma pessoa do sexo masculino. Isto significa que todo ser humano, sem exceção, precisa nascer de novo, porque todos pecaram, conforme escreveu o apóstolo Paulo em Romanos 3.23: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. 


Se todos pecaram, logo todos precisam nascer de novo. Esta doutrina é chamada de universalidade do pecado. Quando Adão pecou, a natureza humana foi corrompida pelo pecado e, portanto, todo ser humano nasce pecador e precisa ser regenerado. Os católicos, no intuito de divinizar Maria, dizem que ela foi concebida sem pecado, mas isso contraria o ensino bíblico, que diz que não há ninguém que tenha nascido sem pecado (Ec 7.20; Rm 3.10-12,23). O único que nasceu e viveu neste mundo sem pecado foi Jesus. 


2. A religião não faz nascer de novo. Nicodemos, cujo nome grego significa “conquistador do povo”, aparece na Bíblia somente no Evangelho segundo João, em três ocasiões. Na primeira vez, Nicodemos aparece em um diálogo com Jesus, em João 3.1-21, que é o assunto desta lição. Depois, em João 7.50-52, ele aparece em uma discussão com os fariseus sobre Jesus, na qual, ele deu um parecer favorável a Jesus, quando os seus pares mandaram prendê-lo, e foi chamado de ignorante. Por último, em João 19.39-40, no sepultamento de Jesus, ele aparece auxiliando José de Arimatéia. 


A Bíblia não informa nada sobre a origem de Nicodemos. Em João 3.1, diz que, havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus”. Por estas informações, concluímos que ele era membro do partido dos fariseus e era membro do Sinédrio. O termo grego usado para se referir à sua posição entre os judeus é archon, que significa governador ou príncipe. Algumas versões o traduzem como “líder dos judeus”. Este termo era usado para se referir aos membros do Sinédrio. 


Os fariseus eram um grupo religioso de Israel, que surgiu provavelmente no período que antecedeu a guerra dos macabeus, com o objetivo de resistir e fazer oposição aos costumes helenísticos. Este nome apareceu pela primeira vez durante a época do governo de João Hircano, que governou a Judéia entre 135 e 105 a.C. O próprio João Hircano, que era sumo sacerdote, era também um fariseu. Mas, depois passou para o partido dos saduceus. 


A palavra “fariseu” tem origem incerta. O sentido mais provável é “separado”. Eles eram muito rigorosos na observância não apenas da Lei escrita, mas também da tradição oral. Além dos mandamentos da Lei de Moisés, os fariseus criaram muitas regras preventivas, para “evitar que as pessoas pecassem”. O apóstolo Paulo, antes da sua conversão fazia parte deste grupo. 


O Sinédrio, do qual Nicodemos também era membro, era a suprema corte judaica, formada por sacerdotes anciãos e escribas. Os anciãos que faziam parte do Sinédrio eram líderes comunitários muito respeitados, que eram indicados para representar os israelitas na corte, ao lado dos escribas e sacerdotes. Eram semelhantes ao corpo de jurados que acontece hoje nos tribunais. Porém, naquela época os membros do Sinédrio não eram qualquer pessoa, escolhida aleatoriamente como acontece atualmente nos tribunais. Precisavam ser pessoas idôneas, notáveis e respeitadas na sociedade. 


Sendo Nicodemos um rabino, membro do partido dos fariseus e membro do Sinédrio, era um homem importante da nobreza de Jerusalém, que conhecia profundamente a religião judaica e a praticava. Entretanto, a sua religião não foi capaz de trazer aquilo que ele precisava, que era o novo nascimento. 


A religião é importante para o ser humano, pois há questões existenciais que a ciência não consegue responder. Ela também pode formar bons cidadãos, ensinando bons princípios e valores. Mas é incapaz de reconciliar o homem com Deus. Há um pensamento equivocado de que todas as religiões são boas e que todos os caminhos levam a Deus. Isto não é verdade, pois, há religiões que são malignas, escravizam o ser humano e o afastam de Deus. O único caminho que conduz o ser humano a Deus é Jesus Cristo (Jo 14.6). Não há salvação para a humanidade fora de Jesus (At 4.12). 


3. O Novo Nascimento e seu processo. O novo nascimento é fundamental na doutrina da salvação. Sem ele, disse Jesus, ninguém pode ver, nem entrar no Reino de Deus (Jo 3.3-5). A expressão grega traduzida por “nascer de novo”, também pode ser traduzida por “nascer de cima” ou seja, nascer do céu. Isto significa que o novo nascimento, ao qual Jesus se referiu, é uma obra miraculosa do Espírito Santo e nenhum ser humano pode consegui-lo, através dos seus próprios esforços e méritos. 


Para explicar a Nicodemos sobre o Novo nascimento, Jesus usou duas figuras: a água e o Espírito. Há interpretações diversas sobre o que seria nascer da água. Alguns acham que seria uma referência às águas do batismo. Mas isso é pouco provável, pois o batismo em águas ainda não havia sido ensinado por Jesus e ele não é condição para a salvação. É apenas uma ordenança, que serve como um testemunho público de que a pessoa nasceu de novo. O batismo não é realizado para salvar a pessoa, é ministrado a quem já é salvo. A água era símbolo da purificação no Antigo Testamento e aqui, evidentemente, é uma referência à Palavra de Deus que nos limpa (Jo 15.3; Ef 5.26). 


Por outro lado, nascer do Espírito é uma referência à degeneração operada pelo Espírito Santo em nosso interior, que transforma a nossa mente para ser conforme a mente de Cristo. O Espírito Santo esteve presente na criação do homem e, de igual modo, se faz presente na recriação do novo homem, que renasce segundo Deus. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, disse: “Se alguém não tem o Espírito de Deus, esse tal não é dele”. (Rm 8.9). Segundo o teólogo Stanley M. Horton, “a regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior.” 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 36, 2º Trimestre de 2024.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.1847. 

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1995.

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