25 outubro 2023

A OBRA MISSIONÁRIA DEPOIS DO PENTECOSTES

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 05: Uma perspectiva pentecostal de missões)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da obra missionária depois do pentecostes. Veremos que a causa da obra missionária da primeira igreja foi, sem dúvida nenhuma, a descida do Espírito Santo. Após o ocorrido no Dia de Pentecostes, a Igreja “encheu Jerusalém” com a mensagem do Evangelho (At 5.28), mesmo sob grandes perseguições e ameaças. 

Depois, falaremos da expansão missionária da primeira igreja. O Livro de Atos dos Apóstolos descreve uma Igreja atuante tanto no âmbito local, orando e pregando o Evangelho em Jerusalém, como nas missões na terra de Israel e por todo o mundo. 

Por último,  veremos que Deus não faz acepção de pessoas, citando como exemplo o envio do apóstolo Pedro à casa do centurião Cornélio, onde ele pregou para os gentios, depois de receber uma visão ilustrativa do Senhor, mostrando que Deus não faz acepção de pessoas.

1. A causa da obra missionária da primeira igreja. Hoje no meio pentecostal fala-se muito em avivamento, poder do Espírito Santo, ser cheio do Espírito Santo e outras expressões relacionadas ao revestimento de poder. Usam-se, inclusive, algumas expressões que não tem nada a ver com a Bíblia ou com a teologia cristã como reteté, canela de fogo, sapato de fogo, etc. Para estas pessoas, o revestimento do poder do Espírito Santo é algo relacionado ao barulho ou aos malabarismos que se fazem em um culto. 


Entretanto, do ponto de vista bíblico, isso não tem nada a ver com o revestimento de poder prometido por Jesus aos seus discípulos em Lucas 24.49 e Atos 1.8, que se cumpriu no Dia de Pentecostes, como uma inauguração da Igreja. Segundo o apóstolo Pedro falou em seu discurso, a promessa não se restringiu àqueles dias, mas está disponível para todas as épocas da Igreja, enquanto ela estiver neste mundo (At 2.39). 

Em todas as promessas relacionadas ao derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja, o objetivo é capacitá-la para dar continuidade ao trabalho iniciado por Jesus. Em Atos 1.8, pouco antes de subir ao Céu, o Senhor Jesus disse aos seus discípulos: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra." Vê-se, portanto, que o poder (Gr. dynamis, que significa energia constante) do Espírito Santo prometido aos discípulos tinha como finalidade capacitá-los para a obra missionária, no âmbito local, regional e global. Isso não significa que seria feito um e depois os outros, mas simultaneamente. 

A evidência ou sinal visível do recebimento do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas, conforme vemos no Livro de Atos (At 2.4; 10.46; 19.6. Mas este não é o seu objetivo. Jesus não batiza os crentes com no Espírito Santo para eles ficarem nos templos disputando quem fala mais línguas estranhas, ou quem grita mais alto. Fomos revestidos de poder para sermos testemunhas (mártires) ousados do Senhor Jesus, proclamando o Seu Evangelho aos perdidos. 

2. A expansão missionária da primeira igreja. No capítulo 2 de Atos dos Apóstolos, encontramos o cumprimento tanto da profecia de Joel 2.28, quanto da promessa de Jesus aos seus discípulos, de que eles seriam “batizados com o Espírito Santo, não muito depois daqueles dias.” (At 1.5). Os discípulos estavam reunidos em um cenáculo, em oração, num total de 120 pessoas. “De repente, veio do Céu um som como de um vento forte e impetuoso e encheu todo o ambiente. Foram vistas por eles, línguas repartidas como que como de fogo, pousando sobre cada um deles. Todos foram cheios do Espírito Santo e falavam em línguas e profetizavam.” (At 2.1-4). 

O derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecostes não foi um movimento produzido pela ação humana. Os discípulos estavam reunidos em oração, aguardando a promessa de Jesus. De repente, veio um som do Céu, como de um vento forte e impetuoso e eles foram cheios do Espírito Santo. Não houve forçação de barra, manipulação, "transferência de unção" e outras inovações que se vê atualmente. 

O resultado desse derramamento do Espírito foi extraordinário! Os discípulos nunca mais foram os mesmos, depois deste revestimento de poder. O apóstolo Pedro, que há menos de dois meses havia negado a Cristo, pregou um sermão bíblico, ousado e fervoroso, levando quase três mil almas à conversão. 

Poucos dias depois, ele e João ordenaram a cura de um coxo, em Nome do Senhor Jesus e o milagre aconteceu. Após esta cura, Pedro fez outro discurso e o número de conversões chegou a 5 mil pessoas. Muitas outras maravilhas também foram feitas pelos apóstolos após a descida do Espírito Santo. Diante dos sacerdotes e autoridades do templo, Pedro discursou novamente, reafirmando que Jesus é o Messias prometido a Israel e que, em nome dele, o coxo fora curado. 

Sem saber o que fazer, pois, o milagre era incontestável diante da multidão, resolveram soltar os apóstolos, alertando-os de que não mais falassem, nem ensinassem em nome de Jesus. Com a autoridade do Espírito Santo, Pedro respondeu a eles, que era mais importante obedecer a Deus do que aos homens, pois não poderiam deixar de falar daquilo que viram e ouviram (At 4.20; 5.29).

No capítulo 5 temos o episódio envolvendo Ananias e sua esposa Safira, que mentiram aos apóstolos, escondendo parte do valor da venda de uma propriedade, para parecer que estavam entregando todo o dinheiro, quando na verdade era só uma parte. O Espírito Santo revelou tudo a Pedro e a farsa foi desmontada. Ambos foram mortos, um após o outro. Este acontecimento trouxe grande temor a todos. 

Depois disto, no capítulo 6 de Atos, temos a instituição dos diáconos. Com o crescimento rápido e intenso do número de convertidos, a assistência social às viúvas estava deixando a desejar e houve murmuração por parte dos cristãos de fala grega. Os apóstolos, então, resolveram escolher sete homens para cuidar desta área. Um dos requisitos era que o candidato fosse cheio do Espírito Santo.

Dois dos diáconos escolhidos, Estêvão e Filipe, se destacaram na evangelização e foram usados pelo Espírito Santo em sinais e prodígios entre o povo. Estêvão pregou ousadamente em Jerusalém e foi apedrejado até à morte. Depois da morte de Estêvão, grande perseguição se levantou e os discípulos tiveram que sair de Jerusalém. Filipe foi a Samaria e foi usado pelo Espírito Santo para pregar o Evangelho e realizar milagres. Uma multidão se converteu. Até um mágico antigo que havia na cidade se converteu. 

No capítulo 9, temos a conversão de Saulo, em um encontro pessoal com o Senhor Jesus, no caminho de Damasco. Nos capítulo 11 temos a conversão de Cornélio. O Espírito Santo concedeu visões a Pedro para que ele se desvencilhasse do preconceito contra os gentios. Na casa de Cornélio, enquanto Pedro pregava, o Espírito Santo desceu e as pessoas foram batizadas no Espírito Santo. 

No capítulo 12, Lucas relata a perseguição de Herodes à Igreja, mandando matar Tiago e prender Pedro. A Igreja fez contínua oração e Pedro foi milagrosamente liberto da prisão. Quando Herodes procurou Pedro e não o achou, mandou executar os guardas. Na mesma noite, Herodes sentiu-se um deus e morreu comido de bichos. 

A partir do capítulo 13 todo o protagonismo passa a ser do apóstolo Paulo, conduzido pelo Espírito Santo, é claro. Inicialmente, Saulo foi chamado por Barnabé para ensinar a Palavra de Deus aos novos crentes em Antioquia. Em uma reunião de oração e jejum, o Espírito Santo falou àquela Igreja que separassem Barnabé e Saulo para a obra missionária. A partir daí, eles navegaram pelo mundo, sob a direção do Espírito Santo, levando o Evangelho aos gentios e plantando Igrejas. 

3. “Deus não faz acepção de pessoas”. Deus não discrimina, não tem prediletos e não faz nenhuma espécie de acepção de pessoas. O apóstolo Pedro, um dos principais líderes da Igreja Primitiva, demorou a entender isso. Inicialmente, a Igreja estava pregando o Evangelho apenas aos israelitas. Após a morte do diácono Estêvão, primeiro mártir do Cristianismo, Deus permitiu que viesse sobre eles uma grande perseguição e eles tiveram que fugir de Jerusalém. Mesmo assim, onde chegavam, pregavam apenas aos judeus. 

Foi necessário o Senhor, em uma visão ilustrativa, ensinar ao apóstolo Pedro que ele não deveria considerar comum ou imundo, aquilo que Deus havia purificado. Este episódio aconteceu pouco tempo antes de Pedro ser chamado para pregar na casa do centurião Cornélio, em Cesaréia. Depois da visão, o Senhor falou para Pedro, que algumas pessoas iriam procurá-lo e que ele deveria ir com elas sem questionar. 

Quando chegou na residência de Cornélio, este havia convidado todos os seus parentes e conhecidos para ouvirem a pregação de Pedro. Quando Cornélio viu Pedro chegar, prostrou-se e o adorou (At 10.25). Pedro fez o que todo líder religioso deveria fazer: mandou que ele se levantasse, pois ele também era um ser humano (At 10.26). 

Pedro iniciou a sua fala, mencionando o separatismo judaico: “Vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo.” (At 10.28). Em seguida perguntou por que Cornélio o havia chamado. Cornélio contou que estava orando e jejuando, quando um anjo lhe apareceu e mandou que chamasse a Pedro, que estava em Jope. 

A partir daí, Pedro iniciou a sua pregação dizendo: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; Mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo.” (At 10.:34,35). Na sequência fez uma exposição do ministério de Jesus, tomando como base os profetas do Antigo Testamento e o cumprimento destas profecias em Jesus. Enquanto ele falava, o Espírito Santo desceu sobre os seus ouvintes e eles foram batizados no Espírito Santo, falaram em línguas e glorificaram a Deus (At 10.34-48). 


REFERÊNCIAS: 


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 40-52.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.38. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp. 30-41.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pág. 1291-1292.

PALMA, Anthony. O Batismo no Espírito Santo e Com Fogo. Editora CPAD. pág. 14-17.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...