(Comentário do 3º da Lição 04: Lição 4: Missões Transculturais no Novo Testamento).
Ev. WELIANO PIRES
Veremos neste terceiro tópico que nas Epístolas Paulinas, o apóstolo Paulo escreveu às Igrejas que ele plantava como um missionário, para instruir e doutrinar as Igrejas. Na sequência, veremos os testemunhos dos escritores das Epístolas Gerais: a superioridade da Nova Aliança em relação à Antiga, em Hebreus; a sabedoria para viver o Evangelho em Tiago; e a nossa posição como povo de Deus, em Pedro. Por último, veremos como o Senhor Jesus revela a João no Apocalipse, o desfecho da jornada da raça humana neste mundo e as sete Igrejas da Ásia como Igrejas missionárias.
1. Nas Cartas Paulinas. O apóstolo Paulo foi um missionário incansável, que se sentia devedor de anunciar o Evangelho por toda parte. A partir da sua conversão, ele dedicou o resto da sua vida, única e exclusivamente à obra de Deus. Ele trabalhava construindo tendas para o próprio sustento, para sobrecarregar Igrejas pobres e não dá ocasião para os inimigos do Evangelho falarem mal dele.
Paulo era um dos doutores da Igreja de Antioquia, junto com Barnabé e outros. Após a chamada do Espírito Santo, como vimos no tópico anterior, Paulo e Barnabé seguiram pelo mundo pregando nas sinagogas e nas praças e plantando Igrejas.
Quando as pessoas se convertiam em uma cidade, Paulo deixava um dos seus cooperadores ali e seguia viagem, levando o Evangelho a outras cidades. Depois retornava, visitando as Igrejas fundadas e confirmando a fé dos irmãos.
Paulo se preocupava em discipular os novos crentes. Para isso adotava um método muito eficiente: primeiro, ele pregava mensagem salvífica aos pecadores. Depois da conversão, ensinava de forma sistematizada as Doutrinas Cristãs.
O evangelismo e o discipulado precisam andar juntos. O evangelismo busca as pessoas para Cristo, com a pregação do Evangelho. O discipulado, por sua vez, fornece as bases da Doutrina Cristã, para que os novos crentes conheçam a Cristo e se tornem também discípulos do Senhor.
Paulo também tinha muito cuidado na escolha e formação de novos obreiros, para que estes pudessem dar continuidade aos trabalhos por ele iniciados. Por isso, ele escreveu as cartas pastorais a Timóteo e a Tito, pastores mais jovens, que eram seus cooperadores, dando-lhes orientações muito importantes para o exercício do ministério pastoral. Paulo sabia que o seu martírio era iminente, pois, a perseguição à Igreja, principalmente aos líderes, era intensa. Portanto, precisava preparar líderes para dar continuidade ao seu trabalho.
Em algumas destas Igrejas surgiam dúvidas doutrinárias e problemas a serem resolvidos, após a sua partida. Outras, necessitavam de orientações, durante as prisões do apóstolo. Havia também a necessidade de orientar os pastores dessas Igrejas. Sendo assim, o apóstolo escreveu treze epístolas, que se classificam em quatro tipos:
a. Epístolas soteriológicas: São as que enfatizam a doutrina da salvação (Romanos, 1 e 2 Coríntios e Gálatas);
b. Epístolas escatológicas: São as que trazem ensinos sobre a doutrina dos últimos acontecimentos da humanidade (1 e 2 Tessalonicenses).
c. Epístolas da prisão: São as que foram escritas quando o apóstolo se encontrava preso (Efésios, Colossenses, Filipenses e Filemom).
d. Epístolas pastorais: São as que foram destinadas aos pastores, com orientações ministeriais (1 e 2 Timóteo e Tito). 2 Timóteo também é considerada epístola da prisão, pois foi redigida na prisão.
2. Nas Cartas Gerais. As chamadas Epístolas Gerais ou Universais são aquelas que foram escritas para serem lidas em todas as Igrejas e que não tinham um destinatário específico. Foram escritas como instruções apostólicas para várias Igrejas. Destas, apenas a Epístola aos Hebreus é de autoria desconhecida. Neste grupo estão um total de oito Epístolas, agrupadas nesta ordem: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2, 3 João e Judas.
A Epístola aos Hebreus foi escrita aos judeus helenistas, convertidos ao Cristianismo. A maior parte do conteúdo gira em torno de uma comparação entre Cristo e os elementos do Antigo Testamento. O objetivo desta comparação é estabelecer a superioridade de Cristo em relação aos personagens e rituais do Antigo Testamento: Cristo é superior aos anjos, Melquisedeque, a Moisés, ao sacerdócio levítico, aos profetas, aos sacrifícios. Então, esta Epístola tem um forte testemunho missiológico direcionado principalmente ao povo judeu.
As Epístolas de Pedro, embora tenham um caráter pastoral, devido à importância e experiência deste apóstolo, que foi um dos três mais próximos de Jesus, em seu ministério terreno. Mas tem também um forte testemunho missiológico.
Na primeira Epístola, Pedro faz uma longa explanação sobre o novo nascimento e a santificação. Ele explica que o preço da nossa redenção não foram coisas corruptíveis, mas foi o precioso sangue imaculado de Cristo. O apóstolo fala também de Cristo como a Pedra Viva, rejeitada pelos homens, mas aprovada por Deus, e recomenda que os crentes como pedras vivas sejam edificados sobre Ele, a Pedra angular e os chama de geração eleita, sacerdócio real e nação santa.
Na segunda Epístola, Pedro se volta mais para a apologética e alerta os seus leitores acerca dos falsos mestres que iriam surgir entre eles. Pedro usa como exemplo os falsos profetas de Israel e diz que da mesma forma, surgiriam falsos mestres dentro da Igreja. O apóstolo recomenda também aos seus leitores, que se preparem para a Vinda do Senhor, procurando ser achados imaculados e irrepreensíveis em paz.
A Epístola de Tiago trata das questões práticas da vida cristã e como viver uma vida com sabedoria. Tiago discorre sobre provações e tentações (1.2-18), estabelecendo a diferença entre estas duas coisas. Fala também a respeito da prática da Palavra de Deus, da necessidade de ser praticante e não apenas ouvinte (Tg 1.22-25), e ensina sobre a necessidade de refrear a língua. (Tg 1.26,17).
Tiago aborda a questão do cumprimento da lei e a relação entre fé e obras, deixando claro que fé e obras precisam andar juntas, pois a fé sem as obras é morta (2.14-26). Tiago trata também de um tema muito importante que é a acepção de pessoas na Igreja, alertando para não tratarmos os irmãos de forma diferente, pela condição financeira.
Tiago fala sobre dois tipos de sabedoria: a sabedoria que vem do alto e a sabedoria humana. Ele ensina que a sabedoria não se mede pelo conhecimento e sim pelas virtudes (3.13-18). Faz também uma advertência contra o mundanismo, alertando sobre as guerras interiores que causam contendas, infidelidade espiritual, orgulho e calúnia. Há também nesta Epístola, diversas exortações sobre a paciência nos sofrimentos, os juramentos, a oração da fé e os que se desviam da verdade (5.19,20).
A primeira Epístola de João tem um forte apelo evangelístico e doutrinário. João inicia testificando sobre o que viu e ouviu de Jesus, a Palavra da Vida. Ele fala que Deus é luz e nEle não há trevas. Fala também da universalidade do pecado e que, se confessarmos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar.
Na sequência, o apóstolo fala de Jesus como o Advogado (Gr. Parakletos), que nos defende diante do Pai. Assim como Tiago, João fala sobre a prática da Palavra de Deus e diz que aquele que diz que conhece a Deus, mas não guarda os seus mandamentos é mentiroso.
Em seguida, João traz conselhos aos pais, aos filhos e aos jovens. Faz também um alerta sobre os últimos dias, dizendo que é já a última hora e muitos anticristos se manifestarão. João fala bastante sobre o amor a Deus e aos irmãos, relacionando uma coisa à outra. Ou seja, quem não ama aos irmãos também não ama a Deus.
Esta primeira Epístola tem também um caráter apologético. João combate as heresias do Gnosticismo, negavam a encarnação de Cristo. Por isso, João diz que todo aquele que nega que Jesus é o Cristo é mentiroso e que aquele que nega o Pai e o Filho é anticristo.
A segunda epístola de João contém apenas um capítulo com 13 versículos. João se identifica com o Ancião (Gr. presbyteros) e identifica os destinatários como “a senhora eleita e seus filhos”. Alguns interpretam esta expressão como uma referência à Igreja. Entretanto, o mais provável é que seja mesmo uma carta pessoal do apóstolo a uma mulher cristã e seus filhos, provavelmente uma viúva, cujos filhos João teve notícia de que andavam na verdade (2 Jo 1.4).
Os temas principais da Epístola são a exortação à prática do amor fraternal e a advertência contra os falsos mestres. Como fizera na primeira epístola, João associa à obediência aos mandamentos do Senhor. O apóstolo alerta também a respeito das heresias dos gnósticos que negavam a humanidade de Jesus. Alerta também para não nos associarmos com pessoas que não trazem a Sã doutrina, nem os receber em casa pois, quem os recebe se faz participante das suas más obras.
A terceira Epístola de João é uma carta pessoal do apóstolo a um cristão chamado “o amado Gaio”, do qual não temos informações precisas, pois este era um nome comum naquela época. Pelo contexto da epístola podemos deduzir que se tratava de um líder da Igreja.
Nos primeiros versículos, o apóstolo faz vários elogios a Gaio, com base nos testemunhos que ouviu da sua fidelidade. Na sequência, João queixa-se de Diótrefes, que busca ter a primazia nas Igrejas e não recebe o apóstolo e espalha palavras maliciosas contra ele nas Igrejas. Por último, João elogia a postura de Demétrio, que também tinha bom testemunho das Igrejas.
A Epístola de Judas tem apenas um capítulo com 24 versículos. Judas aborda a defesa da fé contra os falsos mestres, conforme está escrito no versículo 3: "Batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos". O assunto principal da Epístola é o alerta contra os falsos mestres que transformam a graça de Deus em libertinagem e negam a Deus, o único Dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.
Judas cita vários exemplos de pessoas que foram rebeldes no passado e sofreram o Juízo de Deus: os anjos caídos, Sodoma e Gomorra, Caim, Coré e Balaão. Ele cita a profecia de Enoque contra os rebeldes da sua época e das palavras do Senhor Jesus e dos seus apóstolos, que predisseram a vinda de falsos mestres. Por último, Judas exorta os seus leitores a se edificarem mutuamente e se conservarem no amor de Deus.
3. No Apocalipse. O livro do Apocalipse, foi escrito pelo apóstolo João, por volta do ano 95 d.C. O Livro traz as revelações de Jesus ao apóstolo João, quando este se encontrava exilado na Ilha de Patmos. No prefácio, João descreve a visão que ele teve de Jesus ressuscitado.
Depois, o Senhor mandou que escrevesse sete cartas em Seu Nome aos líderes de sete Igrejas da Ásia Menor: Éfeso, Esmirna, Sardes, Pérgamo, Tiatira, Filadélfia e Laodicéia. Estas cartas trazem a saudação do Senhor Jesus à respectiva Igreja, uma breve descrição da situação da Igreja, uma crítica (com exceção de Esmirna e Filadélfia), um elogio (com exceção de Laodicéia), uma exortação e uma promessa aos vencedores.
Depois destas cartas, o Livro do Apocalipse traz uma série de revelações sobre os juízos de Deus sobre a humanidade na Grande Tribulação, as visões do Milênio, a Nova Jerusalém, o Juízo Final e a eternidade. O apóstolo adverte a Igreja sobre a vinda do Senhor, mostrando o cumprimento das profecias relacionadas à Sua vinda e ao final dos tempos, além de diversos avisos sobre o fim dos tempos e os julgamentos de Deus.
Podemos ver o enfoque missionário neste Livro, no trabalho de algumas Igrejas da Ásia, na revelação de fatos que irão acontecer no futuro, no período da Tribulação, no Milênio e na Eternidade e em várias advertências do próprio Senhor Jesus sobre a sua vinda, sobre o Céu e sobre o lago de fogo.
REFERÊNCIAS:
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. Págs. 24-31.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.
PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.120-21.
Bíblia de Estudo Pentecostal Edição Global. 1° ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 349-50.
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