(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 05: Uma perspectiva pentecostal de missões)
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, falaremos da ação do Espírito santo e a obra missionária. Discorreremos sobre a função do Espírito na obra missionária, como por exemplo, ungir, inspirar, separar e enviar missionários ao campo.
Depois, veremos que o Espírito Santo capacita para a obra. Nós os pentecostais não fazemos missões com base em méritos humanos, mas cremos que o Espírito Santo nos dirige e nos capacita para fazer missões.
Por último, veremos que Deus age por meio do Espírito Santo. O Deus dos pentecostais não é como o deus dos deístas, que criou o universo e se afastou deles. Nós cremos no Deus que criou todas as as coisas, mas também sustenta todas as coisas e intervém nas coisas criadas, principalmente na humanidade.
1. A função do Espírito na obra missionária. Vimos no tópico anterior como foi a dinâmica da obra missionária na Igreja Primitiva, após o Pentecostes. Após o revestimento de poder, os discípulos que outrora eram tímidos e cheios de dúvidas, agora pregavam ousadamente a Palavra de Deus e realizavam milagres, sem nada temer.
Isso aconteceu porque o Espírito Santo era o protagonista, ou seja, Ele conduzia a missão da Igreja. Os discípulos eram apenas os coadjuvantes, que buscavam a Deus em oração e se submetiam à orientação do Espírito Santo, em tudo o que faziam. Vemos no Livro de Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo chamando pessoas para a obra missionária (At 13.1-3), guiando missionário para falar com uma pessoa (At 8.29), proibindo missionário de ir a uma cidade (At 16.7), etc.
O Espírito Santo tem inúmeras funções na obra missionária, pois é Ele quem a dirige. O comentarista destaca que o Espírito Santo unge, separa, inspira e envia missionários. Falaremos um pouco agora sobre a unção do Espírito Santo e no próximo subtópico falaremos sobre a inspiração, separação e envio de missionários pelo Espírito Santo.
Quando falamos de ungir, precisamos entender o significado de unção na Bíblia. Em sentido literal, ungir significa derramar óleo em uma pessoa ou objeto, consagrando-o para um serviço ou finalidade específica. Por isso a expressão "óleo ungido" é descabida. Seria o mesmo que dizer "água molhada". No Antigo Testamento, quando se tratava de unção de pessoas, através deste ato simbólico, a autoridade de Deus era conferida à pessoa ungida. Esta autoridade conferida é chamada de unção.
No Novo Testamento, o Espírito Santo unge ou concede autoridade às pessoas para executarem a obra de Deus. Jesus, por exemplo, é “o Ungido” (Hb. Mashiach; Gr. Christos) de Deus. Um missionário ungido pelo Espírito Santo é alguém que recebeu de Deus a autoridade para realizar esta obra. No Novo Testamento não há o uso de óleo como no Antigo Testamento, pois era simbólico. O único caso em que se usa óleo no Novo Testamento é para ungir os enfermos e deve ser feito pelos presbíteros da Igreja (Tg 5.14,25). À luz do Novo Testamento, não é correto derramar óleo para ordenar obreiros, distribuir óleo ou sair por aí ungindo objetos e imóveis, como se o óleo fosse algo milagroso. Isso é chamado de animismo, que é a idéia de atribuir poderes a objetos inanimados, crendo que um espírito se conecta a eles.
2. O Espírito Santo capacita para a obra. A obra missionária é conduzida totalmente pelo Espírito Santo. Portanto, ele escolhe, envia e capacita missionários para realizarem esta obra. O envio de missionários pelo Espírito Santo é indispensável. A Igreja apenas reconhece o chamado do Espírito Santo e, sob a orientação dele, ordena ao ministério e envia ao campo.
A Igreja de Antioquia estava em uma reunião de oração e jejum e o Espírito Santo ordenou que eles separassem Barnabé e Saulo para a obra missionária. A Igreja não escolheu, ela apenas cumpriu a ordem de enviar os escolhidos. É lamentável ver Igrejas oferecendo ministérios e cargos para atrair pessoas.
A inspiração do Espírito Santo, mencionada pelo comentarista, é uma referência ao sopro na mente dos escritores bíblicos para escrever as Escrituras. Neste aspecto, não existe mais inspiração, pois a Palavra de Deus está completa e ninguém recebe inspiração para escrever ou falar algo que possa ser considerado Palavra de Deus, inerrante, infalível e perfeita.
Entretanto, o Espírito Santo ilumina a nossa mente para compreendermos a palavra de Deus e nos capacita a transmiti-la com sabedoria e graça. O Espírito Santo tem a mensagem certa para cada pessoa. Portanto, o missionário deve buscar a Deus em oração e pedir que Ele lhe conceda a mensagem a ser pregada. Não se faz missões com palavras persuasivas de sabedoria humana, mas com aquelas que o Espírito Santo concede (1 Co 1.1,13). Por outro lado, o Espírito Santo atua também no coração dos ouvintes para que entendam e creiam mensagem pregada.
3. Deus age por meio do Espírito Santo. Aqui, o comentarista cita a obra Verdades Pentecostais, do saudoso pastor Antonio Gilberto, para descrever a assistência do Espírito Santo na obra missionária. Na sequência, ele repete o que falamos acima, dizendo que o Espírito Santo “escolhe, envia, capacita e direciona os evangelizadores". Esta assistência contínua e direcionamento do Espírito Santo na Igreja Primitiva está bem patente no Livro de Atos. Vemos a ação contínua do Espírito Santo em todos os momentos da Igreja, seja no chamamento, no direcionamento, nas revelações e até no consolo aos cristãos nas prisões e tribulações.
Por causa desta ação contínua do Espírito Santo descrita no Livro de Atos dos Apóstolos, alguns estudiosos sugerem que o título deste livro deveria ser Atos do Espírito Santo e não dos apóstolos. De fato, é bem provável que o livro originalmente não tivesse título. Alguns manuscritos o intitulam apenas como “Atos” (Gr. praxeis, que descreve as realizações de grandes homens). Considerando que o Livro traz os relatos dos primeiros passos da Igreja Cristã, liderada pelos apóstolos, foi acrescentado ao título a expressão “dos apóstolos”. O título mais apropriado seria realmente “Atos do Espírito Santo”, pois o Livro registra uma Igreja dirigida pelo Espírito Santo, que por meio dos apóstolos operou sinais e maravilhas e possibilitou a expansão do Cristianismo por todo o mundo conhecido da época.
O comentarista acrescenta ainda que o Deus da Bíblia não é “deísta”. O Deísmo acredita que Deus criou o Universo deu-lhe as suas leis de funcionamento e se afastou dele. O Deísmo também endeusa a razão. O Deus da Bíblia é “teísta”, ou seja, é um Deus pessoal, que se importa e se relaciona com o ser humano. Sendo Deus, o Espírito Santo habita em nós e age no meio da Igreja, conduzindo e dirigindo a sua ação.
Uma Igreja sem a atuação do Espírito Santo é como um corpo humano sem o espírito. Num primeiro momento, esfria totalmente. Depois, é tomado por vermes e bactérias. Depois, entra em estado de decomposição. A Igreja sem a ação do Espírito Santo cai na frieza ou indiferença espiritual. Depois se torna alvo dos falsos mestres com as suas heresias destrutivas. Com isso, acaba morrendo espiritualmente, como a Igreja de Sardes (Ap 3.1).
REFERÊNCIAS:
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 40-52.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.38. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp. 30-41.
POMERVILLE, Paul A. A Força Pentecostal em Missões: Entendendo a Contribuição dos Pentecostais na Teologia Missionária Contemporânea. 1ª. Ed. Rio de Janeiro: 2020, pp.122-23).
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