(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 02: Missões Transculturais - a sua origem na natureza de Deus
Ev. WELIANO PIRES
No primeiro tópico, falaremos sobre a natureza missionária de Deus, tomando como exemplo, o chamado de Abrão. Deus o chamou para que saísse da sua terra, do meio dos seus parentes e fosse a uma terra que Deus iria lhe mostrar. Neste chamado, estava contida a promessa de que todas as famílias da terra seriam benditas nele.
Depois, falaremos da missão como atividade de Deus no mundo. Deus se revelou e se relacionou com Abrão, um ser humano cheio de falhas e limitações, inclusive, mudando-lhe o seu nome para Abraão e o de sua esposa para Sara.
Por último, falaremos do nosso modelo missionário, o qual não tem como parâmetro, os missionários notáveis da história da Igreja, ou projetos missionários modernos, elaborados por pessoas notáveis. O nosso modelo missionário se baseia no próprio Deus, cuja natureza missionária está em toda a Bíblia.
1. A natureza missionária de Deus no chamado de Abrão (Gn 12.1-3). No segundo tópico da lição passada, quando falamos sobre missões transculturais, vimos que a Bíblia nos apresenta Deus como um ser missionário, em várias ocasiões. De fato, a missão de buscar os perdidos está intrinsecamente ligada à natureza de Deus, pois desde a Queda da raça humana, toda e qualquer iniciativa de resgatar o ser humano vem de Deus.
O comentarista apresenta aqui a chamada de Abrão em Ur dos Caldeus, como exemplo da natureza missionária de Deus. Abrão vivia com os seus pais na Mesopotâmia. O texto de Josué 24.2 diz que Terá, o pai de Abrão servia a outros deuses. Não há menção de que Abrão também fosse idólatra, mas é bem provável que sim, pois a sua família não servia a Deus.
Deus, como um missionário, foi ao encontro de Abrão e o chamou, ordenando que saísse da sua terra e do meio dos seus parentes, e fosse a uma terra desconhecida, que Ele iria mostrar-lhe. O chamado de Deus a Abrão trazia consigo, uma promessa condicional à obediência, com os seguintes termos: Fazer dele uma grande nação; abençoar a si e à sua descendência; abençoar os que o abençoassem e amaldiçoar os que o amaldiçoassem; e abençoar todas as famílias da terra por meio da sua descendência. (Gn 12.2,3).
Como podemos notar, esta promessa feita à Abrão não se restringiu a si e aos seus descendentes, mas a toda a humanidade e é uma promessa referente à vinda do Salvador ao mundo. Deus não chamou Abrão porque o amava mais do que ao resto da humanidade, ou apenas para dar-lhe a terra prometida e enriquecê-lo, como os filhos de Israel imaginavam. Deus não faz acepção de pessoas e não tem um povo preferido. Ele chamou Abrão e formou a nação de Israel com uma missão: para que fossem uma nação sacerdotal, a fim de servir de testemunha de Deus e, através desta nação, Deus enviar o Seu Filho ao mundo.
2. A missão como atividade de Deus no mundo. A partir da obediência de Abrão ao chamado de Deus, podemos notar a atividade missionária de Deus em detalhes. Primeiro, Deus mudou os nomes de Abrão e de Sarai, sua mulher, para Abraão e Sara, respectivamente. Naquele contexto, os nomes eram dados aos filhos de acordo com as circunstâncias ou acontecimentos na ocasião do nascimento.
O nome Abrão significa "pai exaltado". Deus o mudou para Abraão, que significa "Pai de uma multidão". O nome Sarai, por sua vez, significa "princesa " e Deus o mudou para Sara, que significa "minha princesa". Nestas duas mudanças de nomes, podemos ver que a partir daquele momento, a ênfase dos nomes deles não está mais em si mesmos, mas na missão que Deus iria realizar através deles. Abraão deixa de ser um pai exaltado, com ênfase em si mesmo, para ser o pai de uma multidão, que seriam todos os que viriam a crer em Jesus. Sara deixa de ser apenas uma princesa, ou senhora, para pertencer a Deus: "minha princesa".
Quando fazemos missões não estamos cumprindo um projeto pessoal, ou de uma organização. A missão é uma atividade de Deus e, portanto, todo o protagonismo é dEle. O projeto é dEle e é Ele quem escolhe os missionários, o lugar para onde serão enviados, a missão que deverão cumprir e os métodos a serem empregados.
Na lição 12 deste trimestre, estudaremos sobre o modelo missionário da Igreja de Antioquia. Naquela Igreja, os crentes estavam reunidos em oração e jejum, quando o Espírito Santo se manifestou e ordenou que separassem Barnabé e Saulo, para uma obra que Ele os tinha chamado (At 13.1,3). A partir daquele momento, eles passaram a viajar pelo mundo, pregando o Evangelho, seguindo a direção do Espírito Santo.
3. O nosso modelo missionário. Assim como acontece em todas as áreas da Igreja, na obra missionária também o nosso modelo é o próprio Deus. Ele é o nosso parâmetro em todas as coisas e deixou as diretrizes para a Igreja, registradas em sua Palavra. Certamente, ao longo da história da Igreja tivemos servos de Deus que se notabilizaram pelo seu trabalho missionário, como Paulo, Barnabé, Apolo, o casal Priscila e Áquila, Moody, Hudson Taylor, John Wesley, o Conde Zinzendorf, Daniel Berg, Gunnar Vingren, Orlando Boyer, Bernhard Johnson e muitos outros.
Muitos homens e mulheres de Deus, ao longo da história, abriram mão da própria vida, não a tendo por preciosa, para cumprirem a missão que Deus lhes ordenou. Cada um deles recebeu do Senhor uma chamada específica para fazer missões, em lugares determinados por Deus, com métodos e estratégias também dados por Deus e foram fiéis ao chamado missionário. Paulo, por exemplo, quando falou em sua defesa perante o rei Herodes Agripa e contou sobre o seu encontro com Cristo no caminho de Damasco e como o Senhor Jesus o chamara para a missão, ele disse: “Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial.” (At 26.19).
Estes e outros exemplos de missionários tem muito a nos ensinar, no sentido de nos encorajar e ampliar a nossa visão missionária. Entretanto o nosso modelo missionário continua sendo Deus. Ele amou todo o mundo e enviou o Seu Filho Unigênito para morrer por todos e salvar a todos os que nEle crerem (Jo 3.16). De vez em quando aparecem pessoas dizendo que tem um modelo ou estratégia exclusivos para fazer missões e passa a criticar todos os demais. Outros, relativizam ou alteram a verdade do Evangelho, para "ganhar almas". Mas Deus não nos autorizou a fazer isso. A mensagem é dEle e precisamos pegá-la com fidelidade, quer ouçam quer deixem de ouvir.
REFERÊNCIAS:
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.
PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.70,71)
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