01 setembro 2023

OS DESAFIOS DE HOJE

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 10 – Renovação cotidiana do homem interior)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre os desafios atuais, contra a renovação espiritual. O primeiro destes desafios é a cultura secularista, que é um sistema materialista, alienado da realidade espiritual. O segundo desafio é o relativismo doutrinário, que é o discurso de que não existem verdades absolutas e tudo é relativo. O terceiro desafio é a batalha espiritual contra as hostes espirituais da maldade. Esta luta não é contra seres humanos e as nossas armas não são carnais. 


1. Cultura secularista. Até o século XIX, a palavra secularismo era uma referência à separação entre a autoridade civil e a autoridade eclesiástica. Naquele contexto, o secularismo não era algo maléfico em si, pois havia muito abuso por parte da Igreja. Entretanto, a partir da separação entre Igreja e estado, o secularismo foi ganhando novo significado, passando a combater os valores cristãos e a adaptar a teologia ao materialismo, negando o sobrenatural e a autoridade da Bíblia. Esta cultura prepara o mundo para a chegada do Anticristo (1 Ts 2.4). 


Todos nós, certamente, já ouvimos falar em “coisas seculares” como: música secular, trabalho secular, escola secular, etc. Mas, o que significa uma coisa secular? O que é o secularismo? Thomas Brewer, presbítero e docente da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, em um artigo intitulado “Secularismo em todos os lugares”, define o secularismo como “uma ideologia que promove a ausência de qualquer obrigação relacionada à autoridade ou crença em Deus. É uma forma de ver o mundo onde se reconhece apenas o aqui e o agora, e se o mundo espiritual existe, isso não é uma preocupação para o secularismo, assim, podemos viver como se esse mundo espiritual não existisse.” 


A cultura secularista é uma forma disfarçada de ateísmo. Em nome do secularismo ou laicismo, as autoridades procuram retirar Deus, a Bíblia e o Cristianismo de todas as discussões. Nas escolas também, muitos professores combatem Deus e o Cristianismo, com deboche, alegando que o estado é laico. Falam contra Deus como se Ele fosse algo mau a ser combatido. 


Em contrapartida, promovem valores contrários ao Cristianismo. Recentemente, o Ministério da Saúde propôs o reconhecimento de casas de culto de matriz africana “como equipamentos promotores de saúde e cura complementares do SUS”. Imagine se alguém fizesse uma proposta desse tipo em relação aos cultos evangélicos! Ou seja, o laicismo só é alegado quando se trata dos evangélicos. 


O que é mais preocupante é que muitos evangélicos se deixam levar por este engodo e também se entregam à cultura secular. Por conta disso, vivem uma vida dupla: Uma, quando estão dentro do templo no domingo à noite, e outra, no resto da semana, no trabalho, na escola, nas rodas de amigos, etc. A verdade é que ninguém pode ser cristão em um dia e viver como se Deus não existisse no dia seguinte. 


2. Relativismo doutrinário. Na atualidade há um movimento teórico e político, em defesa da pluralidade de idéias e de combate à homogeneidade cultural, que é chamado de multiculturalismo. Este movimento tem a sua importância no combate ao racismo, antissemitismo, xenofobia e preconceito contra minorias e grupos marginalizados. 


O problema é que este movimento foi dominado pela ideologia progressista, que culpa a tradição judaico-cristã pelas mazelas sociais do mundo atual e procuram desconstruir os valores cristãos. Na pós-modernidade, adotou-se a idéia de que não existem verdades absolutas e com isso, tudo passou a ser relativizado: a autoridade da Bíblia é questionada, o pecado é tolerado e até incentivado e algumas “verdades” passam a ser impostas como sendo o ideal. Por outro lado, as verdades bíblicas passam a ser consideradas agressivas a outras culturas e criminalizadas. 


Este relativismo também chegou às Igrejas através da teologia liberal. Os teólogos liberais negam a autoridade da Bíblia, a sua inspiração divina, inerrância e infalibilidade. Negam também os milagres bíblicos e os chamam de mitos. Estes teólogos relativizam as doutrinas bíblicas e querem ressignificar e atualizar a Bíblia, para adaptá-la à sua ideologia. Mas a Palavra de Deus é eterna, inerrante, infalível e perfeita. Passarão os céus e a terra, mas a Palavra de Deus jamais passará. 


3. Batalha espiritual. A Palavra de Deus nos alerta que a nossa luta não é contra o homem, mas contra os principados e potestades nas regiões celestiais (Ef 6.12). O Diabo é o arquiinimigo de Deus e, portanto, ele odeia o povo de Deus. Além disso, ele é um inimigo perigosíssimo, pois é mentiroso e pai da mentira. O seu modo de agir é caracterizado pela falsidade, sutileza e toda sorte de engano. 


Dois erros podem ser fatais na batalha espiritual: desconhecer o inimigo e subestimar o seu poder. Muitos crentes atualmente cometem estes erros. Menosprezam o poder e artimanhas do inimigo e se expõem ao perigo, brincando com a natureza carnal, o pecado e o diabo. Sobre este assunto, o apóstolo Pedro nos alertou: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”. (1 Pe 5.8). 


Nesta advertência, Pedro alertou os crentes sobre o perigo do nosso adversário, que é maligno e altamente destruidor, mas, ao mesmo tempo, é astuto como um leão quando ataca as suas presas. O primeiro passo para um leão atacar uma presa é acompanhar os seus passos e isolá-la do bando. Quando a presa está sozinha, ele a ataca com um golpe certeiro, que impede a sua reação. 


Há muitos equívocos em relação ao diabo, inclusive no meio evangélico, que deixam as pessoas mais vulneráveis ainda aos seus ataques. Não podemos fazer como alguns neopentecostais que acham que basta "amarrar o diabo" ou fazer algumas declarações que ele foge. O Diabo é astuto e, muitas vezes, se disfarça de anjo de luz (2 Co 11.14). Por outro lado, não podemos atribuir ao diabo poderes que ele não tem. Ele é criatura, é maligno e é perigoso. Entretanto, ele não pode ser colocado no mesmo patamar de Deus. O inimigo só pode agir se Deus permitir. 


REFERÊNCIAS: 


BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 121-132.

ARRINGTON, F. L. STRONSTAD, R. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 287.

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.887

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO, CPAD, Edição 94, p.41.

LOPES, Hernandes Dias. 1 Pedro: Com os pés no vale e o no céu. Editora Hagnos. pag. 176-179.

Secularismo em todos os lugares - Ministério Fiel (ministeriofiel.com.br). 

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