29 setembro 2023

MISSÕES TRANSCULTURAIS

(Comentário do 2º tópico da Lição 01: A Grande Comissão - Um enfoque etnocêntrico).

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos das Missões Transculturais. Primeiro traremos o conceito etimológico de missões transculturais. Em seguida, falaremos da visão transcultural da Bíblia, que apresenta Deus como missionário e depois a Igreja como agência executiva de missões. Por último, falaremos das principais barreiras para as missões transculturais, as quais a Igreja precisa conhecer e se preparar para rompê-las. 


1. Conceito. A palavra transcultural é formada pelo substantivo cultura, que significa comportamentos, tradições e conhecimentos típicos de um grupo social, mais o prefixo latino "trans", que significa além de, ou do outro lado. Por exemplo: Transnordestina (Além do Nordeste), Transjordânia, transcendente, transferência, etc. É algo que vai além da palavra que vem depois do prefixo. Portanto, transcultural é algo que vai além da cultura. 


O Evangelho de Cristo, conforme falamos no tópico anterior, é universal e não se restringe a uma etnia. Existem várias nações atualmente que tem culturas semelhantes, pois foram colonizadas pelos mesmos colonizadores. Brasil e Portugal, por exemplo, são muito parecidos, pois o Brasil foi colonizado por portugueses. Há algumas diferenças, porque temos várias etnias no Brasil. Mas, em geral somos parecidos. O mesmo ocorre com Estados Unidos e Inglaterra e com muitos países da América do Sul e Central, que foram colonizados por espanhóis. 


Entretanto, há muitos povos no mundo, cujas culturas são completamente diferentes da nossa. Há diferenças na alimentação, na forma de se cumprimentar, nas vestimentas, etc. Uma prática considerada normal em uma cultura, pode ser ofensiva em outra. No Ocidente, por exemplo, as pessoas se cumprimentam com aperto de mão e abraços. No Oriente, no entanto, é totalmente diferente. 


2. Visão transcultural da Bíblia. A Bíblia Sagrada é a revelação de Deus, escrita para toda a humanidade, em qualquer local, época ou cultura. Por desconhecerem a Bíblia ou interpretá-la mal, muitos pensam que a Bíblia é um Livro exclusivo do povo judeu, ou que Deus, no Antigo Testamento, tratou apenas com Israel. Mas não é bem assim. Desde o início da criação, os planos de Deus são para toda a humanidade, inclusive, a formação do povo de Israel tinha como objetivo, enviar o Salvador através deste povo, para salvar a humanidade. 


Logo após a queda do primeiro casal, vemos Deus tratando com toda a humanidade, quando Ele deu a sentença à serpente, no chamado Proto Evangelho, ou primeira promessa de Deus de enviar o Messias para salvar a humanidade: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gn 3.15). Esta promessa não se restringia ao primeiro casal, ou a uma nação e sim, a todos os povos da terra. 


Depois, em Gênesis 6.11-14, nos dias anteriores ao dilúvio, vemos que toda a humanidade se encheu de violência. Deus falou com Noé, anunciando que iria destruir toda a raça humana e ordenou que este fizesse uma arca para salvar a si e a sua família. De novo, esta ação de Deus não envolveu apenas a família de Noé, mas todos os habitantes da terra. 


Temos ainda mencionado pelo comentarista, a chamada de Abrão, em Gênesis 12.3, quando Deus lhe faz uma promessa, que atingiria a toda a humanidade e não apenas os seus descendentes: “E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Este assunto será expandido na próxima lição. 


O povo de Israel também foi escolhido por Deus como um povo sacerdotal, para dar testemunho da Aliança com Deus a todos os povos da terra. Através de Israel, Deus trouxe a revelação escrita, que é a Sua Palavra, que depois foi traduzida para outros idiomas. Foi também através do povo de Israel que Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não apenas para os descendentes de Jacó, mas para salvar a todos os que nEle cressem, de qualquer povo da terra. 

Israel falhou neste propósito, mas, Deus manteve o seu plano salvífico para toda a humanidade. Deus escolheu a Igreja de Cristo, como agência executiva do Reino de Deus, para através dela tornar conhecida a mensagem de salvação a todos os povos. Falaremos mais detalhadamente sobre este assunto na lição 3.


3. Barreiras nas Missões Transculturais. Como vimos acima, a Bíblia é um Livro transcultural, pois Deus trata com toda a humanidade e não apenas com um povo. Sendo assim, a Igreja precisa pregar o Evangelho a todos os povos, de qualquer cultura. Evidentemente, isso se constitui em grandes desafios, pois existem muitas barreiras a serem vencidas. O comentarista colocou os cinco principais obstáculos às missões transculturais, que a Igreja precisa conhecê-los, pois somente assim, poderá se preparar e vencê-los:

a. Barreiras geográficas: Estas barreiras envolvem viagens de longa distância, climas diferentes, riscos de terremotos, altitude, etc.
b. Barreiras culturais: Estas barreiras envolvem os valores de vida, costumes, alimentação, forma de se vestir, maneiras de se cumprimentar, etc. O missionário transcultural precisa conhecer e se adaptar a estes aspectos do campo missionário. Alguns países, embora sejam diferentes do nosso, são mais fáceis de adaptar. Mas, há culturas que são muito difíceis para o missionário se acostumar. 

c. Barreiras econômicas: Este também é um ponto muito complexo, dependendo do estilo de vida do missionário, antes de ir ao campo. Há a questão das diferenças de moeda, do comércio, da pobreza extrema, falta de recursos médicos e de saneamento básico, etc. 

d. Barreiras linguísticas: Há países cujos idiomas são muito difíceis e, para piorar, ainda há inúmeros dialetos, que tornam a comunicação muito difícil. Há muitos idiomas, nos quais a Bíblia ainda não foi traduzida. 

e. Barreiras religiosas: Este também é um obstáculo muito grande em muitos países e cada um tem barreiras religiosas diferentes. Na chamada janela 10/40, que estudaremos na Lição 10, os maiores desafios são: o Islamismo, o Budismo e o Hinduísmo; Na Europa, Estados Unidos e Canadá, os grandes desafios são: o ateísmo, o materialismo e o secularismo; Em muitos países africanos, há o problema da feitiçaria, magia negra e outras religiões que representam uma grande batalha espiritual; há ainda o problema da idolatria em muitos países que são politeístas, que se assemelham à situação encontrada pelo apóstolo Paulo em Atenas. Muitas destas barreiras religiosas se transformam em intensa perseguição e violência contra os cristãos. 

 

Há também as barreiras político-ideológicas de regimes que são contrários ao Cristianismo, porque os seus ideais são confrontados pelas doutrinas cristãs. Entre estes regimes estão o Socialismo, o Comunismo, o Taleban, a Teocracia islâmica, entre outros. Em países como a Coréia do Norte, China, Cuba, Arábia Saudita, Irã, Síria, Equador muitos outros, que perseguem, prendem e matam cristãos, unicamente por pregar o Evangelho. Falaremos mais detalhadamente sobre isso na Lição 11. 


REFERÊNCIAS: 

GABY, Wagner. Até os confins da terra: pregando o Evangelho a todos os povos até à volta de Cristo. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023,  págs. 6-10.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.195.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.36.



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