06 setembro 2023

CONVICÇÃO MORAL

(Comentário do 2⁰ tópico da lição 10: Cultivando a convicção cristã)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da convicção moral. A convicção cristã não se restringe ao aspecto espiritual como muitos imaginam. Há pessoas que na pregação, na oração, nos cultos e no lado espiritual em geral são uma bênção. Entretanto, fora do ambiente religioso, quando ninguém está vendo, não se parecem com crentes.


Os fariseus agiam dessa forma, pois tinham duas vidas: uma no ambiente religioso e outra completamente oposta no coração. Tão importante quanto a doutrina correta (ortodoxia) é a conduta correta (ortopraxia) e os sentimentos corretos (ortopatia).


Veremos neste tópico que o cristão deve ter absoluta retidão em suas ações. Após a nossa conversão a Cristo, o Espírito Santo opera em nosso interior o milagre do novo nascimento. A partir daí, obrigatoriamente, temos que deixar a mentira e adotar a verdade como regra de vida. 


Falaremos também da reputação ilibada que o cristão deve ter, a fim de não escandalizar o Evangelho. A reputação é aquilo que as pessoas pensam a nosso respeito. O apóstolo Paulo não buscava elogio, vantagem e prestígio humanos, mas buscava glorificar a Deus. 


Por último, falaremos da vida irrepreensível, que é uma referência ao padrão de vida exemplar para com Deus, para com a sociedade e para consigo mesmo. O cristão deve ser um bom exemplo em todos os aspectos da sua vida.


1- Retidão nas ações. Quem realmente creu em Jesus e tem uma convicção cristã, vive como cristão, pois nasceu de novo. Ou seja, foi regenerado pelo Espírito Santo. Sendo assim, o velho homem e as velhas práticas foram abandonadas. Segundo o Dicionário Bíblico Vine, “retidão é uma referência a tudo o que é certo ou justo em si mesmo e está em conformidade com a vontade revelada de Deus”. 


Muitas pessoas seguem o próprio coração e quando tem as suas ações questionadas à luz da Bíblia dizem que “estão em paz com a sua consciência” ou “não se sentem mal ao praticar aquilo”. Mas não é assim que o crente verdadeiro deve agir. Não é pelo nosso coração ou pela nossa consciência que devemos pautar as nossas ações e sim, pela Palavra de Deus. O coração humano é enganoso e a nossa consciência também foi afetada pelo pecado. 


Há ainda aqueles que pautam as suas ações por aquilo que “a Igreja libera” ou por aquilo “que a Igreja proíbe”. Sendo assim, se a denominação que fazem parte liberar algo que a Bíblia condena, eles praticam. Se condenar algo, mesmo que a Bíblia não o condene, então, não praticam. Mas, nenhuma Igreja tem autoridade acima da Bíblia. Aquilo que a Bíblia condena, nenhuma Igreja, pastor, concílio eclesisiástico ou convenção, tem autoridade para liberar. 


O crente que tem convicção cristã pauta as suas ações de acordo com padrão moral das Escrituras e não de acordo com o contexto social em que ele vive. “O mundo passa e as suas concupiscências, mas aquele que faz a vontade do Senhor permanece para sempre.” (1 Jo 2.17). As nossas ações devem ser corretas, segundo o padrão bíblico. A Bíblia é o parâmetro para avaliar as nossas ações, pois ela é o nosso único manual de fé e prática.


2- Reputação ilibada. Reputação é o conceito que a opinião pública tem a respeito de alguém. Ter reputação ilibada, portanto, é a pessoa ter a sua idoneidade moral reconhecida no meio em que vive. Há pessoas que dizem que não estão nem aí para o que os outros pensam sobre elas, pois o importante é o que Deus pensa. Mas não deve ser assim, pois o crente precisa ter um bom testemunho, inclusive das pessoas de fora da Igreja: “Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo.” (1 Tm  3.7).


Há diferença entre caráter e reputação, mas ambos são importantes na vida do crente. O caráter é aquilo que Deus sabe que eu sou.  A reputação, por sua vez, é o que as pessoas pensam a meu respeito. Aquilo que eu sou, Deus sabe, independente do que pensam a meu respeito. Caráter é aquilo que sou e pratico, quando ninguém está vendo. A reputação é aquilo que eu sou diante das pessoas, ou o que elas pensam que eu sou. 


Pompéia Sula, esposa do imperador romano Júlio César, promoveu uma festa só para mulheres e homens foram proibidos de entrar. Porém, Publius Clodius, um jovem rico, que era apaixonado por ela, disfarçou-se de mulher e entrou na festa, a fim de se aproximar dela. Foi descoberto e, por causa disso, Júlio César se divorciou da esposa, com a seguinte declaração: “A mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita. À mulher de César, não basta ser honesta, deve parecer honesta”. 


A nossa reputação pode ser destruída por outras pessoas, o nosso caráter, não. É muito importante cuidar da nossa reputação, pois ela pode interferir na fé de outras pessoas. Se eu não tiver uma boa reputação, isso pode evitar que as pessoas venham à Igreja onde congrego. Paulo disse a Timóteo que ele deveria ser "exemplo para os fiéis".


3- Vida irrepreensível. Em vários textos do Novo Testamento é exigido do crente uma vida irrepreensível. Ser irrepreensível é ter uma conduta que não pode ser censurada: “Ao final, ele pode estabelecer os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de Deus, nosso Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos." (1 Ts 3.13). 


É seguir um padrão de comportamento para com Deus, para com os homens e para consigo mesmo (1 Co 9.27), que não pode sofrer acusação (verdadeira). Se a acusação for falsa, não tem problema, pois muitos homens de Deus são acusados falsamente de coisas que não fizeram, como o próprio Jesus, Estêvão, Paulo e muitos outros. 


Escrevendo aos Tessalonicenses, Paulo disse: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Ts 5.23). Este versículo desmonta completamente as teses infundadas de que “Deus só olha para o coração”, “o importante é apenas o amor ao próximo”, ou o dualismo dos gnósticos que dizia que o corpo é inerentemente mau e o espírito é bom. Com este pressuposto, eles ensinavam que não havia problema nenhum praticarem qualquer coisa com o corpo, pois isso não contaminava o espírito.  Deus requer santidade da nossa tricotomia: espírito, alma e corpo. 


REFERÊNCIAS: 


BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 133-144.

Revista Ensinador Cristão, Ed. 94. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pág. 41.

Comentário Bíblico Pente costal: Novo Testamento. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.940-4.

Bíblia de Estudo Cronológico Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 20 15, p.1649).



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