28 setembro 2023

A GRANDE COMISSÃO

(Comentário do 1º tópico da Lição 01: A Grande Comissão - Um enfoque etnocêntrico).

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, discorreremos sobre a Grande Comissão. Faremos uma contextualização desta ordem de Jesus à Sua Igreja. Depois falaremos sobre a questão cultural no ide de Jesus e dos desafios de se anunciar o Evangelhos em culturas diferentes da nossa. Falaremos também da ordem de Jesus para fazer discípulos de todas as nações e traremos as definições de nação e etnia. Por último, falaremos sobre a eficácia e os objetivos da Grande Comissão, destacando a necessidade do missionário ser cheio do Espírito Santo, para realizar ter êxito em sua missão. 


1. O que é a Grande Comissão? Quando falamos da grande comissão, estamos nos referindo à missão que Jesus delegou aos seus discípulos, após a sua ressurreição, em Mateus 28.19: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.19,20). 

A Igreja de Cristo foi instituída por Ele com uma tríplice missão: adorar a Deus, evangelizar o mundo e edificar os santos. Destas três, a mais importante e mais urgente é a evangelização dos perdidos, pois dela dependem as outras duas. Não haverá adoração a Deus e edificação dos santos, se não houver evangelização e conversão de almas.

Como disse o missionário  inglês James Hudson Taylor, que foi missionário na China por 51 anos, esta tarefa “não é uma opção para a Igreja e sim, um mandamento a ser obedecido.”  Jesus não falou para os seus discípulos optarem por fazer missão ou não. Ele lhes ordenou que fossem por todo o mundo e pregassem o Evangelho a toda criatura. 


A missão de pregar o Evangelho se faz necessária por três razões:

 

a. É uma ordem expressa de Jesus e precisa ser obedecida. Primeiro Jesus nos chamou, dizendo: “Vinde a mim…”. (Mt 11.28).  Depois de nos salvar do pecado, Ele disse: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. (Mc 16.15).

b. Todos os que morrerem sem Cristo estarão eternamente perdidos (Mc 16.16; Jo 3.18). Como podemos dizer que temos o amor de Deus, se isso não nos incomodar?

c. Se a Igreja não pregar o Evangelho, ninguém o fará. Paulo disse: "... Me é  imposta a obrigação de anunciar o Evangelho e ai de mim, se não anunciar o Evangelho." (1 Co 9.16).

2. A questão cultural. O Evangelho de Cristo não pertence a um único povo e não é um processo de aculturação, como fizeram os católicos no Brasil. Fazer missões inclui atravessar fronteiras, romper barreiras geográficas, aprender novos idiomas e adaptar-se a culturas e costumes diferentes dos nossos, como veremos no próximo tópico. 

Se por um lado não podemos impor a nossa cultura e os costumes da nossa terra a outros povos, por outro lado é preciso avaliar as culturas e costumes dos povos à luz da Palavra de Deus. Isto porque há costumes e culturas que são diferentes dos nossos, mas não são incompatíveis com o Evangelho. Entretanto, muitos deles se chocam com a Palavra de Deus e devem ser abandonados. Por exemplo, em muitos países há a cultura da poligamia e rituais que são contrários ao Cristianismo. Nesse caso, o missionário tem que contrapor estas práticas com a Palavra de Deus. 


3. A ordem de fazer discípulos em todas as nações. A palavra “nação” é a tradução do termo ethnos, que se refere a grupos étnicos e não primariamente a países. Um país é uma nação politicamente definida, já a etnia é um povo culturalmente definido com uma língua e uma cultura próprias.

De acordo com alguns missiólogos, há no mundo 24.000 etnias. Quase a metade desse total ainda não foi evangelizada. Será que isso não nos comove?

Há milhões de pessoas que ainda não ouviram o Evangelho de Cristo. É urgente e imperioso o clamor do apóstolo Paulo: “Esforçando-me deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já foi anunciado” (Rm 15.20 – NAA).


Em todos os textos da grande comissão, a ordem de Jesus para pregar o Evangelho é universal. No texto de Mateus 28.19, o Senhor falou aos seus discípulos: "Ide e ensinai a todas as nações…". No texto de Marcos 16.15, Jesus disse: "Ide por todo o mundo…". Por último, no texto de Atos 1.8, Ele falou: "... E ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra". 

A mensagem do Evangelho não tem nada a ver com nacionalismo e não é tribal como algumas religiões. No Cristianismo não há peregrinações ou lugares sagrados. Cristo veio a este mundo oferecer salvação a todos os seres humanos de todos os povos, tribos e nações (Jo 3.16; 1Tm 1.15; Tt 2.11). Por isso, é um equívoco por parte de algumas Igrejas, colocar símbolos de Israel em seus templos. 

No contexto em que Jesus deu a ordem aos seus discípulos para levar o Evangelho a todas as nações, o conceito de nação não era como hoje, que se refere a um país independente e politicamente estabelecido. A palavra nação, no contexto da grande comissão, no grego é "ethnos", que deu origem à palavra portuguesa "etnia" e significa um povo que tem a mesma cultura, o mesmo idioma, os mesmos costumes, a mesma religião e a mesma origem. Antigamente, as nações eram formadas basicamente por uma mesma etnia. Hoje, no entanto, há muitas etnias em uma mesma nação. No Brasil, por exemplo, há povos indígenas, afrodescendentes, judeus, árabes, etc. que vivem em uma mesma nação. 

O comentarista destaca o grande desafio das milhares de etnias espalhadas pelo mundo que nunca ouviram o Evangelho. Num total de 24.000 existentes no mundo, quase metade delas nunca ouviram o Evangelho. Enquanto isso, em muitas cidades brasileiras Igrejas disputam o mesmo território, sendo preciso a lei estabelecer uma distância mínima entre uma e outra. Em alguns casos, até Igrejas pertencentes à mesma convenção, abrem trabalhos onde já há Igrejas de ministérios semelhantes estabelecidas. O apóstolo Paulo tinha a preocupação de anunciar o Evangelho onde as pessoas ainda não tinham ouvido (Rm 15.20). 

4. A eficácia e os objetivos da Grande Comissão. Para realizar a grande comissão de forma eficaz, a Igreja precisa obrigatoriamente estar cheia do poder do Espírito Santo. O próprio Jesus, antes de subir ao Céu, ordenou aos seus discípulos que ficassem em Jerusalém e aguardassem o cumprimento da promessa do envio do Consolador. Somente após o revestimento de poder é que eles estariam prontos para pregar ousadamente o Evangelho por toda parte, enfrentando as mais ferrenhas perseguições. 

Pregar o Evangelho sem o poder do Espírito, torna-se mero intelectualismo humano, como vimos no trimestre passado, quando falamos da convicção espiritual. Os pregadores, por si mesmos, são incapazes de convencer o pecador a se render a Cristo. A atuação do Espírito Santo é indispensável, tanto na vida do pregador, quanto no coração dos ouvintes.  Quando pregamos o Evangelho no Poder do Espírito, Ele confirma a Palavra com os sinais (Mc 16.20). Falaremos mais deste assunto na lição 5, quando estudaremos o tema: uma perspectiva pentecostal de missões. 


A grande comissão de Jesus à Sua Igreja contém os seguintes objetivos: 

a) Fazer discípulos. O verbo grego aqui é "mathēteuō". A versão Almeida Revista e Corrigida traduziu este verbo por "ensinai" e a versão Revista e Atualizada traduziu por "fazei discípulos". Isso significa discipular, ou ensinar as pessoas a serem discípulos de Jesus.

b) Batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O batismo e a Ceia do Senhor são duas ordenanças de Cristo à Igreja. Muitas pessoas tentam minimizar a importância do batismo. Mas, quando Jesus mandou os discípulos pregarem o Evangelho, mandou também batizar. O batismo não salva, mas, ele é uma demonstração pública de que a pessoa morreu para o pecado e nasceu de novo. Na ordem de Jesus, fazer discípulo vem antes de batizar. Isso significa que não se deve batizar quem ainda não se converteu. Jesus também nos ensina a fórmula batismal: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Os unicistas tentam mudar isso, usando como pretexto as palavras do apóstolo Pedro em Atos dos apóstolos. Mas, o que Pedro quis dizer é que o batismo deve ser feito na autoridade do nome de Jesus. Não se trata de uma fórmula batismal. 

c) Ensinar a guardar tudo o que Ele mandou. Refere-se aos pontos doutrinários que Jesus ensinou. O livro de Atos mostra os apóstolos no cumprimento dessa palavra (At 2.42; 4.1,2; 5.21,28). A Igreja tem a obrigação de ensinar sistematicamente as doutrinas bíblicas aos novos crentes, para que eles estejam firmados na Palavra de Deus e não bem doutrinas humanas. 

d) Jesus garantiu a sua presença nessa comissão até o fim. Jesus é o fundamento da Igreja. Ele disse que "sem Ele, nada poderíamos fazer" (Jo 15.4). Jesus subiu ao Céu, mas, não nos deixou órfãos. Ele continua conosco, na Pessoa do Espírito Santo, nos guiando, protegendo e fazendo a obra de salvação. Nós somos apenas instrumentos dele, mas, é Ele que opera tudo em todos. 


REFERÊNCIAS: 

GABY, Wagner. Até os confins da terra: pregando o Evangelho a todos os povos até à volta de Cristo. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023,  págs. 6-10.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.195.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.36.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...