08 setembro 2023

CONVICÇÃO SOCIAL

(Comentário do 3⁰ tópico da lição 10: Cultivando a convicção cristã)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da convicção social do cristão. O Evangelho não pode ser reduzido a questões sociais, como pregam as teologias do pecado social, da libertação e da missão integral, que dão muita ênfase ao assistencialismo e abandonam as questões espirituais e morais. Mas, não podemos deixar de lado a contribuição para o bem-estar comum e a dedicação para ajudar aos necessitados, principalmente os domésticos da fé. 


Falaremos neste tópico sobre o compromisso do cristão com o bem-estar comum da sociedade onde ele está inserido. O papel principal da Igreja, evidentemente, é pregar o Evangelho. Mas não podemos fechar os olhos para as necessidades das pessoas carentes. 


Falaremos também sobre a dedicação altruísta do apóstolo Paulo. Mesmo tendo direito de ser sustentado pela Igreja, pois, "digno é o obreiro do seu salário", ele abriu mão desse direito, porque sabia que a Igreja era pobre e ele não queria sobrecarregá-la. 


1- Bem-estar comum. O bem-estar comum constitui-se ao mesmo tempo, um direito e um dever do cidadão. A consciência de ser responsável pelo bem comum na sociedade pertence à tradição cristã. Ao longo da história, a Igreja criou orfanatos, escolas, hospitais e ajudou pessoas carentes. 


Embora este não seja o papel principal da Igreja, ela pode e deve somar esforços no combate à fome, ao desemprego, à violência, à injustiça, à discriminação, dentre outros. Isso não se faz apenas com assistencialismo, como muitos imaginam. 


Se um empresário oferecer cursos profissionalizantes gratuitos em uma comunidade carente, ou abrir uma empresa em uma pequena cidade e gerar empregos ali, estará contribuindo significativamente para o bem comum. Ronald Reagan, ex-presidente dos Estados Unidos, disse certa vez, que “o melhor programa social é o emprego”. De fato, uma pessoa empregada não precisa de assistencialismo, pois consegue se sustentar sozinha. 


2- Dedicação altruísta. A Igreja cristã em seus primórdios, além de pregar o Evangelho, dedicava-se também a ajudar os necessitados. O Espírito Santo tocou no coração dos crentes para que aqueles que tivessem duas propriedades, vendessem uma e levasse o dinheiro aos apóstolos para socorrer aos necessitados. 


Um deles, chamado José, que era conhecido como “Barnabé”, que significa “filho da consolação”, deu início a esta prática (At 4.32,33). Era algo voluntário e não partiu da liderança da Igreja. Depois, escolheram sete diáconos para organizar a assistência às viúvas. Tabita, que em grego é Dorcas, se dedicava a praticar boas obras e dar esmolas em Jope (At 9.36) e, por isso, era muito amada. 


O apóstolo Paulo também fazia coletas nas Igrejas para socorrer os necessitados de Jerusalém (2 Co 9). O apóstolo João fez a seguinte pergunta: “Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1 Jo 3.17).


É importante destacar que, a ajuda em grupo tem um efeito muito maior do que uma ajuda individual a uma pessoa carente. Por isso, é mais interessante contribuir com um projeto social que oferece ajuda a longo prazo, para as pessoas saírem definitivamente da condição de miseráveis, do que oferecer esmolas que muitas vezes contribuem para a pessoa se eternizar na miséria, no alcoolismo ou nas drogas. 


O altruísmo é a ausência de egoísmo. É uma virtude nobre de abnegação das próprias necessidades e dedicação ao próximo, sem interesses e sem esperar nada em troca. O comentarista citou o caso do apóstolo Paulo que, mesmo tendo direito de receber salário da Igreja para fazer a obra missionária, abriu mão desse benefício e trabalhava fazendo tendas para o seu sustento, para não sobrecarregar a Igreja que tinha poucos recursos. 


Infelizmente, em nossos dias, ocorre o oposto. Muitos obreiros, pregadores e cantores evangélicos não estão nem um pouco preocupados com a situação financeira da Igreja e querem enriquecer às custas dos fiéis, com salários e “cachês” exorbitantes, além de hospedagens em hotéis cinco estrelas. Claro que nesse caso, a culpa não é só de quem cobra, mas também de quem paga. 


REFERÊNCIAS: 


BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 133-144.

Revista Ensinador Cristão, Ed. 94. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pág. 41.

Comentário Bíblico Pente costal: Novo Testamento. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.940-4.

Bíblia de Estudo Cronológico Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 20 15, p.1649).



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