29 agosto 2023

O SOFRIMENTO EXTERIOR

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 10 – Renovação cotidiana do homem interior).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos sobre o sofrimento exterior. Neste tópico veremos que, mesmo sendo crentes fiéis, passaremos por muitos sofrimentos e lutas em nosso corpo mortal. Usaremos como exemplo, a experiência do apóstolo Paulo, cuja vida foi marcada por muito sofrimento e perseguição. Falaremos também sobre os sofrimentos do apóstolo Paulo em sua caminhada com Cristo, que são exemplos de resiliência e fidelidade à causa de Cristo. Por último, falaremos sobre a esperança do crente. Mesmo sendo esmagado pelas angústias, tribulações e perseguições, o crente jamais será abandonado por Deus e tem a sua esperança na glória futura.

1. A experiência de Paulo. Depois que Saulo teve um encontro com o Senhor Jesus no caminho de Damasco, o Senhor enviou um discípulo chamado Ananias para orar por ele e disse-lhe: "Vai, porque este é para mim, um vaso escolhido para levar o Evangelho diante dos reis e dos filhos de Israel. Eu lhe mostrarei o quanto ele deve padecer pelo meu Nome." (At 9.15,16). De fato, a experiência de vida de Paulo, após a sua conversão, foi marcada por muito sofrimento e perseguição. 

Em sua segunda Epístola aos Coríntios, ele descreve os sofrimentos que passou por causa do Evangelho em prisões, açoites, apedrejamentos, perseguições, fadiga, fome, sede, frio e nudez. (2 Co 11.23-27). Em um dado momento, ele chegou a perder a esperança de sair com vida:Irmãos, não desejamos que desconheçais as tribulações que atravessamos na província da Ásia, as quais foram muito acima da nossa capacidade de suportar, de tal maneira que chegamos a perder a esperança da própria vida”. (2 Co 1.8).

Somos apenas servos do Senhor e vasos de barro, que carregamos dentro de nós um grande tesouro, que é o Evangelho de Cristo. O ser humano costuma guardar os seus objetos valiosos em cofres fortes e bem trancados. Deus, no entanto, faz o contrário. Escrevendo aos Coríntios, o apóstolo Paulo disse que o tesouro do Evangelho está guardado em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nossa. (2 Co 4.6,7). Portanto, o sofrimento, as lutas e as perseguições fazem parte da vida cristã, para que o homem não se ensoberbeça, ou não se ache o tal, pois a glória pertence a Deus e não ao cristão (1Tm 3.12; 2 Co 12.7).

Vale lembrar que estes sofrimentos e perseguições que Paulo sofreu foram por causa do Evangelho e não por causa de confusões causadas por ele. O apóstolo Paulo nunca arrumou problemas com o Império romano, com os judeus, ou com a sociedade em geral, por outras questões que não estivessem relacionadas ao Evangelho. Paulo não se metia em questões políticas e não cometeu crimes comuns. As perseguições e prisões que ele sofreu foram unicamente por pregar o Evangelho. 

Há crentes na atualidade que vivem enfiados em confusões que eles mesmos procuram e depois dizem que estão sendo perseguidos: fazem críticas inflamadas, ofendem pessoas e instituições, se metem com políticos desonestos, cometem ilegalidades, etc. Sobre isso, o apóstolo Pedro escreveu: “Mas nenhum de vós sofra como homicida, ladrão, praticante do mal, ou como quem se intromete em negócios alheios. Entretanto, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus por meio desse nome.” (1 Pe 4.16)

2. O exemplo do Apóstolo. A vida e o ministério do apóstolo Paulo, após a sua conversão, são exemplos de resiliência e fidelidade à causa de Cristo. Mesmo diante de intenso sofrimento, Paulo jamais retrocedia e não negava a sua fé. As duras provações que ele passou forjaram a sua total confiança em Deus. Paulo via nas suas fraquezas, instrumentos do poder de Deus para aperfeiçoá-lo. Ele também não tinha por preciosa a própria vida e a colocou a serviço do Mestre, em favor dos escolhidos e para a glória de Deus.

As bárbaras perseguições, que Paulo e os demais apóstolos sofreram por causa do Evangelho, não podem jamais ser comparadas àquilo que muitos crentes chamam de perseguições atualmente. Há crentes e até obreiros na atualidade, que se dizem perseguidos porque não são reconhecidos, não são honrados, não recebem oportunidade em um culto, não lembraram do seu aniversário, não o cumprimentaram, etc. Quando perguntamos a razão, pela qual alguém se afastou da Igreja ou mudou de ministério, os motivos alegados são risíveis. Ora, isso é muito pequeno diante dos sofrimentos que o Nosso Senhor e os primeiros cristãos passaram. 

Paulo disse aos Coríntios que, “ainda que o nosso exterior se corrompa, o nosso interior se renova a cada dia”. (2 Co 4.16). O verbo corromper, usado neste texto, não tem o sentido de corrupção moral, como desvio de dinheiro ou recebimento de propinas, em benefício próprio e de outrem. Corromper aqui é usado em relação ao corpo físico, no sentido de “desgastar”, como está na Nova Almeida Atualizada (NAA), ou “está morrendo”, como aparece na Nova Versão Internacional (NVI). O que o apóstolo está dizendo é que mesmo que o nosso corpo seja maltratado e se desgaste pelas agressões sofridas, o nosso espírito se renova a cada dia. 

3. A esperança do crente. Diante das lutas e perseguições que sofria, o apóstolo Paulo mostra um contraste entre as aflições do homem e o poder de Deus. De um lado, temos os ataques terríveis do inimigo contra o cristão, a fim de derrotá-lo ou fazê-lo retroceder. Do outro lado, temos a manifestação da grandeza e da providência divina concedendo ao crente fiel, força suficiente para vencer. Ou seja, um vaso frágil de barro, trazendo dentro de si um tesouro valiosíssimo que é o Evangelho. 

Mesmo sendo esmagado pelas angústias, tribulações e perseguições, o crente tem a certeza de que jamais será abandonado por Deus e tem a sua esperança na glória futura. O que nos faz permanecer firmes, em meio a tantas aflições, lutas e perseguições neste mundo, é a esperança que temos da vida eterna com Cristo. O mesmo Paulo disse certa vez: “Se esperamos em Cristo somente nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” (1 Co 15.19). 

No final da sua vida, escrevendo a Timóteo, seu filho na fé, o apóstolo Paulo fez uma retrospectiva da sua trajetória e, com a consciência tranquila e sensação de dever cumprido, disse: "Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé". (1 Tm 4.7). Nesta ocasião, o apóstolo estava preso em Roma e já havia sido avisado pelo Espírito Santo de que em breve seria morto. “...o tempo da minha partida está próximo.” (2 Tm 4.6).

Esta prisão não era como a primeira prisão dele, que foi em um regime semi-aberto, no qual ele ficou dois anos, recebendo visitas e pregando o Evangelho. Dessa vez, ele foi lançado num lugar lúgubre, úmido, frio e sem qualquer conforto. Paulo encarava a própria morte não como uma derrota, ou como um fim trágico, e sim como um sacrifício oferecido a Deus. 

O que nos mantém firmes em meio às lutas que enfrentamos é a esperança e não apenas a fé. O escritor de Hebreus diz que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6) e que pela fé, os heróis da fé realizaram proezas, pela fé. Mas diz também que pela fé, muitos foram perseguidos e martirizados, porque “esperavam a cidade que tem fundamentos, cujo arquiteto e construtor é Deus”. (Hb 11.10). Quem desiste servir a Deus no meio das lutas e perseguições é porque já perdeu a esperança da vida eterna. 

REFERÊNCIAS: 

BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 121-132.
ARRINGTON, F. L. STRONSTAD, R. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 287.
Dicionário Bíblico Wycliffe.
Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.887
CABRAL, Elienai. O apóstolo Paulo: Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.   
 

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