28 fevereiro 2023

O AVIVAMENTO NA VIDA DO SALMISTA

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 10: O avivamento na vida pessoal). 

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos a respeito do avivamento na vida do salmista, que neste caso é o Rei Davi. O Livro dos Salmos é uma compilação de diversos cânticos e poesias judaicas, que eram usados na devoção particular e nos cultos. Estes cânticos expressavam os mais profundos sentimentos dos seus autores, em várias circunstâncias: alegria, tristeza, desespero, lamentações, orações, louvor, etc. O livro dos Salmos é chamado em hebraico de Sepher Tehilim, "Livro dos louvores". O título "Salmos", que aparece em nossas Bíblias vem do grego "Psalmós", que significa "cântico com acompanhamento de um instrumento musical" conforme está na versão grega Septuaginta. O livro dos Salmos está dividido em cinco partes: 

Livro I. Do Salmo 1 ao 41 com a maioria dos cânticos de autoria de Davi;

Livro II. Do Salmo 42 ao 72, com vários cânticos de Davi, Asafe e Salomão; 

Livro III. Do Salmo 73 ao 89, com vários salmos de Asafe;

Livro IV. Do Salmo 90 ao 106, com a maioria dos Salmos anônimos e alguns atribuídos a Moisés, Davi e Salomão;

Livro V: Do Salmo 107 ao 150. Neste livro temos a coleção chamada de Hallel egípcio, que vai do Salmo 113 ao 118. Temos também o chamado Grande Hallel, que vai do 146 ao 118, onde cada cântico começa com a expressão hebraica Halleluyah, que significa “Louvai ao Senhor”. 

Os salmos eram poesias, compostas em forma de canto, que expressavam os mais profundos sentimentos dos salmistas, nas mais diversas situações. Neste Salmo 63 e em muitos outros, Davi expressa uma busca sincera pelo Senhor. Outrossim, em um momento difícil que ele atravessava, o salmista manifesta o seu desejo de contemplar a fortaleza e a glória do Senhor. Por fim, o salmista conclui que esta busca por Deus e contemplação da glória de Deus o levaria à segurança, pois Deus é o nosso auxílio. 

O Salmo 63, que é o objeto do nosso estudo aqui, traz em seu título a informação "Salmo de Davi, quando ele estava no deserto de Judá". Os títulos dos Salmos, embora não façam parte do texto sagrado, trazem informações sobre a autoria e as circunstâncias em que foram escritos. O deserto de Judá, chamado de "deserto da Judéia" no Novo Testamento era uma região selvagem e não cultivada, que fica no Leste do território de Judá. Davi esteve nesta região algumas vezes, quando fugia de Saul e quando fugiu do seu filho Absalão. A menção a ele como "rei", mostra que o Salmo foi escrito no tempo de Absalão. 

1- Uma busca sincera. No primeiro verso, o salmista assim se expressou: “Ó Deus, tu és o meu Deus; de madrugada te buscarei; a minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água”. Estas afirmações são profundas e tem um grande significado teológico. Na primeira frase, o poeta afirma a sua fé monoteísta no Deus de Israel: "... Tu és o meu Deus". O primeiro dos mandamentos dados por Deus a Moisés foi exatamente este: "Não terás outros deuses diante de mim". (Ex 20.3).  Deus não divide a sua glória com mais ninguém e exige fidelidade. Não é possível servir a Deus e a outros deuses ao mesmo tempo. Nesta frase Davi afirma também o seu relacionamento pessoal com Deus: "... o meu Deus". O salmista não se referiu ao Deus do seu pai ou de quem ele ouviu falar, mas se referiu a Deus como "o meu Deus". Em outros salmos de autoria de Davi também podemos notar que ele tinha um relacionamento pessoal com Deus. 

Na segunda parte do versículo, o salmista declara o seu desejo sincero de buscar a Deus e o anseio que a sua alma tem por Deus. Para isso, ele usa a linguagem figurada de uma pessoa sedenta em uma terra onde não há água. A maior parte do corpo humano é formado de água e ele necessita constantemente de água para sobreviver. Em outro salmo, o salmista usa o exemplo do cervo que brama por água, para expressar o anseio que ele sentia por Deus (Sl 42.1). A falta de água causa desidratação e provoca uma ansiedade profunda no corpo. Da mesma forma que nenhum ser humano sobrevive sem água e sente muita falta dela, nenhum ser humano vive sem Deus e busca saciar a sua sede de Deus com outras coisas. 

2- Contemplando e bendizendo ao Senhor. Conforme falamos no início, o salmista fugia do seu filho Absalão e estava em grande aflição. Mas ele não expressou nenhuma sede por algum benefício ou alívio para si. O seu anelo era pela presença de Deus. Que coisa gloriosa! O  crente verdadeiro busca a presença de Deus e não apenas aquilo que Ele pode conceder. Quem serve a Deus por aquilo que Ele dá, trocaria Deus por outra pessoa, se a oferta fosse maior. 

O que o salmista desejava, em sua fuga, solidão e aflição no deserto, era poder contemplar novamente a glória de Deus e poder louvá-lo. Quem ama a Deus de verdade, sente prazer em cultuar a Deus e sentir a sua presença. Davi desejava ardentemente contemplar a glória do Senhor, como anteriormente nas festividades de Israel. Infelizmente, muitos crentes não têm mais prazer em cultuar a Deus e quando vão ao templo é por mera obrigação ou formalismo. Oremos para que o Espírito Santo produza em nós um desejo ardente de estar na presença do Senhor e adorá-lo na beleza da Sua Santidade! 

3- Deus é o nosso auxílio. Por fim, o salmista declara a sua total dependência de Deus, reconhecendo que Deus é o seu auxílio, refúgio e sustento. O verdadeiro avivamento produz no crente, confiança plena em Deus, que o faz descansar nEle. Em muitos salmos encontramos declarações dos salmistas nesse sentido. No Salmo 4, lemos uma declaração de confiança em Deus ao dormir: “Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança.” (Sl 4.8). Já no Salmo 46, vemos a fé perfeita em Deus, em meio a várias situações de caos: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza.” (Sl 46.1-3). 

Somente quem tem plena confiança no caráter bondoso de Deus, pode manter-se tranquilo em meio ainda que haja catástrofes a ponto de a terra se mudar e os montes se transportarem para o meio dos mares. Quem confia plenamente em Deus, não murmura e não se desespera, pois sabe que Deus tudo pode, sabe o que o faz, está no controle de tudo e nos ama com amor incomparável. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 2243-2244.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 426, 427.

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