03 fevereiro 2023

A IGREJA DE HOJE E O AVIVAMENTO DO PENTECOSTES

(Comentário do 3º tópico da Lição 06: O avivamento no Ministério de Pedro).

EV. WELIANO PIRES


No terceiro e último tópico, falaremos sobre a Igreja de hoje e o avivamento do Pentecostes. Faremos uma comparação entre o contexto da Igreja atual e o Pentecostes, destacando a necessidade urgente de um avivamento naqueles moldes. Nos dias atuais, conforme já havia predito o Senhor Jesus no Sermão profético, vivemos um tempo de multiplicação da iniquidade e o esfriamento do amor. Por último, falaremos da iminência do arrebatamento da Igreja, que é a nossa bendita esperança. Somos peregrinos e forasteiros neste mundo e estamos a caminho do nosso eterno lar celestial. 


1. A Igreja atual e o Pentecostes. Conforme vimos na lição passada, os chamados teólogos cessacionistas, que dizem que os dons espirituais cessaram com a morte do último apóstolo e insistem na tese de que o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais são desnecessários para a Igreja atual. Entretanto, tanto Jesus como a história da Igreja, confirmam o contrário. O Senhor Jesus, antes de subir ao Céu, advertiu os seus discípulos a não saírem de Jerusalém, antes de serem revestidos de poder. Ele sabia perfeitamente que as perseguições e ameaças que os esperava e a importância dos dons espirituais para a evangelização. 


Se o revestimento de poder era indispensável à Igreja Primitiva, como disse Jesus, por que não seria para a Igreja atual? Outrossim, se os dons do Espírito Santo cessaram no primeiro século como dizem os cessacionistas, quando foi o seu fim? Onde está o registro da transição do período em que os dons estavam presentes, para o período em que eles não mais existiam? O fato é que a manifestação do Espírito Santo nunca se afastou da Igreja. Sobre isso, diz o pastor e teólogo Claudionor de Andrade: "As Escrituras Sagradas e a história do Cristianismo desmentem os cessacionistas; demonstram que a experiência pentecostal jamais se ausentou dos arraiais cristãos. É tão atual hoje, como o foi nos tempos antigos."


Este avivamento, no entanto, só virá se a Igreja atual seguir as condições que vimos na Lição 01: humilhação diante de Deus, oração e busca pela face do Senhor e conversão sincera, mediante o arrependimento e confissão dos pecados. Conforme estudamos na lição 02, o avivamento também está diretamente ligado ao ensino da Palavra de Deus, como aconteceu nos dias de Esdras e Neemias e nos dias do rei Josias. É o ensino da Palavra de Deus que leva o ser humano a conhecer a sua condição de pecador e, consequentemente, ao arrependimento. 


2. Tempos de multiplicação da iniquidade. Além da necessidade dos dons espirituais para a pregação do Evangelho, temos também a necessidade de um poderoso avivamento nos dias atuais, por causa dos tempos trabalhosos em que vivemos. Estes dias que antecedem a vinda de Jesus foram descritos por Jesus e pelos seus apóstolos como tempos de apostasia, ódio aos cristãos, aumento da iniquidade e esfriamento do amor. (Mt 24.9-12; 1 Tm 4.1-3; 2 Pe 2; Jd 1). Em um mundo assim, se a Igreja não estiver revestida de poder, não subsistirá. 


O apóstolo Paulo, em sua segunda Epístola a Timóteo, descreveu as características dos últimos dias: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te." (2Tm 3.1-5). 


A expressão "últimos dias", usada pelo apóstolo Paulo, pelo profeta Joel e por outros, não se refere apenas aos dias imediatamente anteriores à vinda de Jesus, mas a todo o período desta dispensação, que vai desde a ascensão de Jesus até o arrebatamento da Igreja (Jl 2.28; At 2.16-21; 1Tm 3.1; Hb 1.2). O fato de Paulo recomendar a Timóteo que se afastasse das pessoas que vivem nas práticas pecaminosas por ele citadas, indica que isso já estava acontecendo em seus dias. 


Paulo elaborou uma lista com dezoito práticas pecaminosas, que demonstram o aumento assustador da iniquidade, como consequência do afastamento de Deus. O primeiro pecado desta lista é o egoísmo (homens amantes de si mesmos). De fato vivemos uma época de egoísmo extremo, onde as pessoas só pensam em si mesmas e são indiferentes ao sofrimento alheio. O mais triste é saber que este comportamento está presente também no meio da Igreja. 


Na sequência, o apóstolo cita o materialismo (pessoas avarentas). Escrevendo aos Efésios, Paulo disse que a avareza é uma espécie de idolatria (Ef 5.5). De fato, quem ama o dinheiro é capaz de fazer qualquer coisa para obtê-lo: mata, rouba, sequestra, trai, nega a Deus, etc. Paulo escreveu também que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1Tm 6.10). 


Em terceiro lugar vem a presunção (presunçosos). A presunção consiste em superestimar a si mesmo e aos próprios feitos. É uma opinião demasiadamente boa e lisonjeira sobre si mesmo. Os presunçosos são narcisistas, pois sentem necessidades constantes de serem elogiados, reconhecidos e recompensados pelo que supostamente fazem. É um sentimento antagônico ao Cristianismo. 


Na mesma linha dos presunçosos, vem os soberbos, que se consideram superiores aos demais e acham que não precisam de ninguém, nem de Deus. Este foi o pecado do querubim ungido, que estava no Céu, se rebelou contra Deus, foi expulso e transformou-se em Satanás. Sendo criatura de Deus, devido à beleza e importância que ele achava que possuía, quis ser igual a Deus (Is 14.12-15; Ez 28.13-19).


Em quinto lugar está o pecado da blasfêmia. O termo grego "blasfêmia" significa linguagem injuriosa, difamatória ou ultrajante, não apenas contra Deus, mas também contra o nosso próximo. Portanto, "blasfemos" neste texto não são apenas os que proferem insultos contra Deus, são também os que agridem com palavras, caluniam e difamam outras pessoas. Atualmente, esta prática é muito abundante, principalmente nas redes sociais. 


Neste mesmo grau estão os caluniadores, que inventam mentiras contra o próximo; os irreconciliáveis, que são implacáveis e rejeitam a conciliação; os traidores, que não cumprem o que prometeram e abandonam pessoas que estão em perigos; os cruéis, que são desprovidos de qual civilidade e indomáveis como animais selvagens; os obstinados, que não medem as consequências para atingir os seus objetivos; os ingratos, que não tem nenhum sentimento de gratidão a Deus ou ao próximo, pois acham que são merecedores e todos tem a obrigação de ajudá-los; os que são inimigos dos bons, que são pessoas que preferem os maus e prejudica as pessoas que fazem o bem; os profanos, que desprezam ou consideram comuns as coisas sagradas. 


A lista de pecados cita também os incontinentes, que são aqueles que nunca se satisfazem e cometem o pecado da glutonaria, que é uma das obras da carne (Gl 5.19-21). Este pecado não se refere apenas à comida, como muitos imaginam, mas a todo tipo de apetite descontrolado. Nesta mesma categoria estão os que são mais amigos dos prazeres que de Deus. São pessoas que se tiverem que escolher entre a Palavra de Deus e os prazeres da carne, ficam com a segunda opção. Infelizmente, há muitas pessoas nestas condições, pensando em “aproveitar a vida” e somente quando envelhecer, buscar a Deus. 


Temos ainda nesta lista os que não têm afeto natural e os que são desobedientes aos pais. São pessoas que desprezam os vínculos familiares e a autoridade dos pais. A obediência e honra aos pais é o primeiro mandamento com promessa, que é a promessa de viver bem e ter longevidade. Infelizmente em nossos dias, as relações familiares têm sido banalizadas, até por aqueles que deveriam defendê-las. Muitos jovens têm perdido a vida muito cedo, por desprezar e desonrar os pais. 


3. A Igreja será arrebatada. Tomando como base a Parábola das dez virgens que aguardavam a chegada do noivo (Mt 25.1-13), o comentarista alerta para a proximidade do arrebatamento da Igreja e a necessidade da Igreja estar preparada para este evento. Nesta parábola contada por Jesus no Sermão profético, o Mestre fazia um alerta sobre a necessidade da vigilância, na iminência da sua segunda vinda. Cinco virgens eram loucas e cinco prudentes. As prudentes traziam azeite de reserva e as loucas não. Com a chegada do noivo, as cinco prudentes entraram para as bodas e as cinco loucas, que tinham ido comprar azeite em cima da hora ficaram de fora. 


Esta parábola retrata um casamento no contexto judaico daquela época, onde a noiva esperava o noivo e não o contrário como acontece nos casamentos atuais. Neste casamento havia dez virgens, que eram uma espécie de damas de honra, que iam ao encontro do noivo, com as suas lamparinas acesas. O combustível destas lamparinas era o azeite de oliva. Se o azeite acabasse, elas se apagavam. Não daria tempo para ir comprar mais azeite durante a festa, por isso tinham que ter azeite de reserva. As virgens prudentes tiveram o cuidado de levar azeite. As loucas ou insensatas, não tiveram esta preocupação. Tentaram pegar emprestado com as prudentes, mas não conseguiram. Finalmente, foram comprar, mas quando retornaram, o noivo já havia chegado e a porta estava fechada. 


Esta parábola nos alerta que a vinda do Senhor será repentina: “À meia noite ouviu-se um clamor: aí vem o noivo; saí-lhe ao encontro.” (Mt 25.6). O arrebatamento da Igreja será num momento, num abrir e fechar de olhos e não dará tempo de alguém se preparar naquele momento. Jesus deixou claro que ninguém sabe o dia nem a hora em que Ele virá. Também não sabemos o dia em que iremos morrer. Sendo assim, precisamos estar preparados a todo tempo. Esta preparação envolve oração, vigilância, santidade e trabalho na Obra do Senhor. Em vários textos, Jesus recomendou a oração e a vigilância. Os apóstolos também recomendaram oração, vigilância e santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos Bíblicos De Um Autêntico Avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. págs. 103-104.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. págs. 1260; 1497-1498.

AIRHART, Arnold E. Comentário Bíblico Beacon. I e II Timóteo.  Editora CPAD. Vol. 9. págs. 525-526.

TAYLOR, Willard H. Comentário Bíblico Beacon. Efésios. Editora CPAD. Vol. 9. pág. 185.

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