05 maio 2022

NOSSAS PALAVRAS DEVEM SER “SIM” E “NÃO”


(Comentário do 2º tópico da Lição 6: Expressando palavras honestas)


O ser humano é o único ser vivo deste mundo que é capaz de raciocinar e expressar as suas idéias através da fala ou da escrita. Segundo o dicionário Michaelis, a definição principal e resumida de palavra é a unidade mínima com som e significado que, sozinha, pode constituir um enunciado. Falar (oralmente ou por escrito) é a forma principal de expressarmos aquilo que pensamos.


Quando se trata de falar o que pensamos, temos três tipos de reação a isso: a censura, que proíbe a expressão de pensamentos contrários à opinião dos grupos governantes; o politicamente correto, que também é uma forma de censura, e estabelece “palavras que não devem ser faladas”; e a liberdade de expressão, que defende o direito à livre manifestação do pensamento. Como deve ser a maneira de falar do cristão? Deve ser proibido de falar o que pensa? Deve falar somente aquilo que é agradável ao senso comum? Deve falar qualquer coisa, sem nenhum critério? 


1 - Como deve ser o nosso falar. Jesus não ensinou a censura, nem o politicamente correto para os seus discípulos. Ele ensinou a liberdade de expressão, com responsabilidade. O Mestre afirmou que pelas nossas palavras seremos justificados ou condenados (Mt 12.37). Segundo o ensino de Jesus, os seus discípulos devem ser verdadeiros, honestos e sábios no falar. Ou seja, deve falar sempre a verdade, de forma segura e com prudência. 


Tiago escreveu que “se alguém não tropeça em palavras, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.” (Tg 3.2). No mesmo texto, Tiago compara a língua a uma pequena faísca que incendeia um bosque inteiro. O sábio Salomão falando sobre as palavras, disse que a morte e a vida estão no poder da língua (Pv 18.21). Em outro provérbio, ele diz: “O que guarda a sua boca e a sua língua guarda a sua alma das angústias.” (Pv  21.23). E ainda: “Na multidão de palavras não falta transgressão, mas o que modera os seus lábios é prudente.” (Pv 10.19). 


A regra para o cristão é falar sempre a verdade, pois, não podemos mentir jamais. Não podemos mentir para agradar ou para não ferir. Também não podemos omitir a verdade, para ganharmos popularidade, ou para evitar retaliações, pois isso equivale a mentir e ser infiel a Deus. A verdade bíblica nunca irá agradar aos ímpios. Portanto, a palavra do cristão deve ser sempre verdadeira, mesmo sem juramento. Entretanto, precisamos tomar cuidado com o que falamos, para quem falamos e se precisamos falar. Existem palavras que são desnecessárias, pois causam confusão, escândalos e podem destruir vidas. Atribui-se ao filósofo grego, Sócrates, a idéia de que devemos passar as informações que nos chegam em três peneiras, antes de repassá-las: 


a. A peneira da verdade. O que eu vou falar é verdade, ou é apenas boato? Se é mentira, ou não tenho certeza se é verdade, é melhor não falar. 

b. A peneira da bondade. O que eu vou dizer, mesmo sendo verdade, fará bem ou mal ao próximo? Se for prejudicar alguém, melhor não falar. 

c. A peneira da necessidade. O que eu tenho a falar é mesmo necessário? Resolverá alguma coisa, ou ajudará em alguma coisa? Se não, melhor não falar. 


2 - O sim e o não na vida de Paulo. Jesus ensinou que a palavra do cristão deve ser “sim, sim; não, não”. Isto significa que, quando empenhamos a nossa palavra e prometemos algo, devemos cumprir. Entretanto, nem sempre isso é possível. Nós somos falhos e limitados. Existem circunstâncias e fatos que são alheios à nossa vontade. Podem acontecer coisas que não esperávamos e que irão mudar os nossos planos. 


O apóstolo Paulo, por exemplo, planejava visitar a Igreja de Corinto várias vezes (2 Co 1.13-16). Mas, por fatores que fugiam da sua alçada, não pôde cumprir (2 Co 1.17-23). O mesmo aconteceu com outras Igrejas (Rm 1.10; 2 Ts 2.18). Os seus adversários a acusavam de leviandade e de não ser confiável. Mas, ele não descumpriu a sua palavra porque quis e sim porque foi impedido por algumas circunstâncias e por entender que aquele não era o momento adequado. O apóstolo mudou os seus planos e agora explicou as razões em sua defesa. 


Com este episódio aprendemos que é muito importante tomar cuidado com aquilo que prometemos. Tiago falando sobre isso diz: “Agora, prestai atenção, vós que aclamais: ‘Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá nos estabeleceremos por um ano, negociaremos e obteremos grande lucro.’ Contudo, vós não tendes o poder de saber o que acontecerá no dia de amanhã. Que é a vossa vida? Sois, simplesmente, como a neblina que aparece por algum tempo e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis afirmar: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. (Tg 4.13-15). Sendo assim, antes de prometermos algo, precisamos ter em mente que não temos controle sobre a nossa vida, principalmente sobre o futuro. Existem fatores que não dependem de nós. Devemos também verificar se temos condições de cumprir o prometido, naquilo que depender de nós, para não fazermos promessas mirabolantes e cair em descrédito. Se porventura, não pudermos por algum motivo cumprir o que prometemos, devemos explicar a razão, falando sempre a verdade. 


3 - O que passar disso é uma procedência maligna. O hábito de repetir a palavra era um costume judaico de confirmar a verdade: Sim, sim; não, não; Na verdade, na verdade; etc. O que Jesus ensina aqui é que basta a nossa própria palavra para confirmar aquilo que estamos dizendo. Não precisamos recorrer a juramentos, ou praguejar, para forçar as pessoas a acreditarem no que falamos. Jesus diz que isso é de procedência maligna, pois, um juramento feito por um mentiroso, não tem valor algum.


Infelizmente em nossos dias vemos pregadores usando estes subterfúgios para obter credibilidade para as suas pregações e profecias. Já vi pregadores dizendo que se não acontecer tal fato que ele profetizou, ele rasgaria a sua Bíblia e nunca mais pregaria o Evangelho. Ora, um homem de Deus não precisa recorrer a isso. Se ele tem convicção de que tem convicção de que está falando a verdade, basta apenas falar. Não precisa tentar forçar as pessoas a acreditarem no que ele fala. A impressão que fica é que nem ele mesmo acredita. 


REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 114-115.

SPROUL, R. C. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pág. 345.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pág. 157.

CARVER, Frank G. Comentário Bíblico Beacon. II Coríntios. Editora CPAD. Vol. 8. pág. 408-411.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry. II Coríntios.  Editora CPAD. 4 Ed. 2004. pág. 2-3.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO. Edição completa. Editora CPAD. pág. 57.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pág. 27.

(RICHARDS, Lawrence O. Comentário: Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.26).


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Pb. Weliano Pires


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