(Comentário do 3º tópico da Lição 6: Expressando palavras honestas)
Quando falamos em honestidade, muitas pessoas imaginam que ser honesto é apenas não roubar ou devolver algo que achou ao seu devido dono. Entretanto, a honestidade é muito mais do que isto, pois ela envolve todas as áreas da nossa vida e há vários tipos de honestidade. A honestidade não se confunde com medo de consequências ou retaliações. Também não está relacionada apenas ao que fazemos publicamente.
1 - A palavra honestidade. Segundo o dicionário Michaelis, honestidade “é a qualidade de honesto; que tem honradez e probidade; que tem pureza; castidade, pudor, recato.” A palavra honestidade deriva do latim “honos” ou “honor”, que significa honra, honroso, distinção. No Antigo Testamento a palavra hebraica “yashar”, significa “reto, honesto, correto, direito, plano, certo, justo”. Os irmãos José, quando estiveram no Egito para buscar comida, foram testados por José, que era o governador do Egito. José, sabia quem eram eles, mas eles não o reconheceram. Então, José os acusou de serem espiões e eles responderam: “...Somos homens de retidão [honestos]; os teus servos não são espias.” Gn 42.11b). Esta palavra também foi usada por Deus, para se referir a uma das virtudes de Jó (Jó 1.8).
No grego temos a palavra "kalos", que significa bom e foi traduzida por "honesto" em vários textos do Novo Testamento: Lc 8.15; Rm 12.7; 11 Co 8.21; 13.7 e I Pe 2.12. Temos também a palavra grega hagnos, que significa respeitável, santo, puro, limpo, puro de sensualidades, casto, recatado, que foi usada por Pedro, para se referir ao comportamento das mulheres cristãs para com o esposo incrédulo, e foi traduzida por ‘honesto’ (1 Pe 3.2).
Há também a palavra grega "semnos", que significa venerável, reverente, que foi provado pelo tempo. O apóstolo Paulo exortou os cristãos a pensarem em tudo que é puro e “honesto” (semnos), ou que tem “reverência devido à idade” (Fp 4.8).
Então, honestidade na Bíblia traz a ideia de integridade, verdade e pureza. Quando Jesus disse que o nosso falar deve ser sim, sim e não, não, sem precisar de juramentos para garantir a veracidade das nossas afirmações, Ele está dizendo que devemos ser honestos naquilo que falamos, sem nenhuma espécie de fingimento, hipocrisia ou mentira. Uma pessoa honesta faz o que é correto, mesmo que ninguém esteja vendo.
2 - É possível ser honesto com nossas palavras neste mundo? No mundo atual, a desonestidade está tão desenfreada, que temos a impressão que é a regra. Rui Barbosa, jornalista, advogado, diplomata, político, escritor e um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, depois de ver tanta desonestidade e coisa errada, protestou em um dos seus discursos no Senado Federal, em 1914:
“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”
De fato, neste mundo de impiedade e tanta mentira, corrupção, injustiça e desonestidade, temos a impressão de que é impossível viver honestamente. O profeta Elias teve esta impressão e disse ao Senhor: “...Só eu fiquei por profeta do Senhor e buscam a minha vida para ma tirarem.” (1 Rs 19.14). Até mesmo dentro da Igreja, muitos têm adotado a mentira, a falsidade e a desonestidade como regra. Alguns chegam a defender a chamada ‘mentira piedosa’, que seria uma espécie de mentira por uma boa causa, ou mentiras em casos emergentes. Mas, quando vamos para as Escrituras, não encontramos amparo para estas práticas (Sl 15.1-5). A mentira e a desonestidade tem origem no diabo, que é o pai da mentira (Jo 8.44). Na vida cristã, os fins não justificam os meios. Deus não aceita que os seus servos pratiquem a mentira e falem palavras desonestas, mesmo que sejam com boas intenções.
3 - Dando testemunho. As nossas palavras e procedimentos dizem muito sobre nós, no meio em que vivemos. O apóstolo Paulo em vários momentos disse que os cristãos devem ter uma linguagem sã e irrepreensível, e que não deve sair da nossa nenhuma palavra torpe, mas, somente aquelas que servem para edificação. A honestidade das nossas palavras é um poderoso testemunho do Evangelho. De falsidade, mentira e desonestidade o mundo está cheio. As pessoas de fora da Igreja precisam perceber que somos diferentes. Infelizmente há crentes que não dão testemunho e mentem até nos testemunhos que contam, para ganhar popularidade e impressionar. O verdadeiro cristão procura imitar a Cristo e, portanto, as suas palavras são sempre verdadeiras e honestas.
REFERÊNCIAS:
Gomes, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 118-120.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 159.
CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2096-2097.
PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 936.
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Pb. Weliano Pires
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