25 maio 2022

A ORAÇÃO QUE JESUS ENSINOU


(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 9)

Os discípulos de Jesus tiveram dúvidas sobre como deveriam orar e  pediram para Jesus lhes ensinar: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11.1). Jesus, então, lhes ensinou dizendo: “Portanto, vós orareis assim…”  (Mt 6.9). Na sequência proferiu o modelo de oração que é conhecido no mundo inteiro, o chamado “Pai nosso”. Esta oração é um modelo, para servir de parâmetro e não uma reza para ser repetida várias vezes como fazem os católicos no rosário de 150 contas, que é dividido em três terços de 50 ave-Marias, intercaladas com vários Pai-nossos, Glória ao Pai e Salve-rainhas. 


Em seu modelo de oração Jesus nos ensinou alguns princípios importantes: 

a. Toda oração deve ser dirigida a Deus (Pai nosso). Jesus nos ensina aqui que não podemos dirigir a nossa oração a nenhum mediador, mas, diretamente a Deus, em Nome de Jesus Cristo. (Mt 6.9; Jo 16.23). 

b. Toda oração deve iniciar com adoração a Deus.  (Santificado seja o teu nome).

c. Toda oração deve ser feita com submissão (Venha o teu reino…  Seja feita a tua vontade).  

d. Em toda oração devemos nos lembrar da nossa dependência diária de Deus. (O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje).

e. Antes de orar precisamos perdoar, pois isso é condição indispensável para sermos perdoados. (Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos…).

f. Em toda oração devemos reconhecer o senhorio e a soberania de Deus. (Pois teu é o reino, a glória e o poder). 


1- Jesus não condenou a oração em público. Em seu ensino sobre a oração no Sermão do Monte, Jesus disse: “E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.” (Mt 6.5). Com base neste texto, condenam a oração em público. Mas, não foi isso que Jesus que Jesus condenou, pois Ele mesmo orou publicamente na ocasião da ressurreição de Lázaro (Jo 11.41,42); na multiplicação dos pães (Mt 14.19); Agradeceu ao Pai, porque Ele ocultou as coisas dos sábios e entendidos e as revelou aos pequeninos (Mt 11.25,26);  e quando estava na cruz (Lc 23.34). Posteriormente os seus apóstolos também oraram publicamente. 


Assim como fez, em relação à esmola, Jesus condenou o exibicionismo na oração, a fim de ser visto pelos homens e elogiado pelo fato de estar orando. Para exemplificar isso, Jesus contou a parábola do fariseu e do publicano. O fariseu orava em pé e na sua oração, fazia menção a Deus da sua justiça própria, pois orava três vezes por dia, jejuava três por semana e dava o dízimo de todos os seus bens. O publicano, por sua vez, orava longe do templo, sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu e pedia misericórdia a Deus, considerando-se um homem pecador. Jesus explicou que o publicano voltou para casa justificado e o fariseu não, pois os que se humilham serão exaltados e os que se exaltam serão humilhados. Portanto, a ênfase de Jesus não é sobre a oração pública e sim, sobre a ostentação egoísta do orador. 


2- Jesus quer que sejamos discretos. Jesus sempre recomendou a discrição e sigilo dos nossos atos que possam, de alguma forma, gerar popularidade e auto glorificação. Ele fez isso em relação à esmola, à oração e ao jejum. Estes atos de justiça devem ser praticados para serem vistos apenas por Deus e não pelos homens. As expressões“ entra no teu aposento” e “fechando a tua porta” (Mt 6.6) são usadas em sentido figurado. Significa que a oração do crente deve ser feita de forma discreta e voltada para Deus. Conforme falamos no tópico anterior, a palavra traduzida por quarto, no grego é tameion e refere-se ao quarto onde eram guardados os suprimentos da casa, para protegê-los de ladrões e animais selvagens.


Todo crente precisa ter momentos a sós com Deus. Não significa que o cristão deve viver isolado do mundo como os monges. É apenas momentos onde ele pode chorar diante de Deus, abrir o seu coração, sem que seja visto pelos homens, seja para elogiar ou condenar a sua oração. Todos nós precisamos de momentos particulares com o nosso cônjuge, onde falamos coisas íntimas que só pertencem aos dois. Com Deus não é diferente. O próprio Jesus, muitas vezes buscava lugares assim, onde pudesse falar livremente com o Pai, sem ser incomodado. 


3- Não useis de vãs repetições nas orações. Aqui, Jesus não está criticando um longo período de oração, ou a repetição eventual de algumas palavras na oração. Na própria Bíblia encontramos pessoas que fizeram orações longas  (2Cr 6.14-42; Ne 9; Sl 18) e outras com repetições. O próprio Jesus orou durante uma noite inteira (Lc 6.12). Ele também orou três vezes no Getsêmani, dizendo as mesmas palavras (Mt 26.44). 


O que Jesus proibiu foi a repetição mecânica de um discurso com palavras previamente elaboradas, como se elas tivessem algum poder em si mesmas. A expressão grega me battalogesete, traduzida por “vãs repetições”, traz a ideia de mero palavrório, tagarelice, palavreado oco, conversa tola, repetição vazia. Os pagãos repetiam várias palavras, com o objetivo de serem ouvidos por seus deuses, que não passavam de ídolos mudos. Foi exatamente isso, que fizeram os profetas de Baal, desde a manhã até ao meio dia, insistindo para que Baal lhes respondesse. A oração do cristão consiste em um relacionamento pessoal com Deus e submissão absoluta à vontade dele. O verdadeiro cristão não tenta forçar Deus a fazer alguma coisa, mas diz o que Jesus ensinou: "Faça-se a tua vontade…". 


REFERÊNCIAS: 

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 167-170..

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pág. 322.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pág. 214-216.

RIENECKER, Fritz. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Esperança. 1° Ed. 1998

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.560).

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. 1 Ed 2008. pág. 64-65.


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Pb. Weliano Pires

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