Imagem: Biblioteca dos Pregadores |
1. Definição etimológica. A palavra profeta em hebraico é “nabi”, que significa alguém que proclama uma mensagem recebida, sob orientação de outra pessoa; um porta-voz; um mensageiro. Esta palavra ocorre cerca de 300 vezes no AT e pode se referir aos profetas do Senhor, ou aos falsos profetas. Em grego, a palavra usada para profeta é “prophetes”, de “pro” (antes) e “phemi” (falar), portanto, alguém que anuncia antecipadamente, eventos futuros.
2. A profecia no Antigo Testamento. Segundo o saudoso pastor Antonio Gilberto, cerca de 30% do texto bíblico consiste em profecia, preditiva ou proclamativa. O Ministério profético do Antigo Testamento durou cerca de 400 anos. Havia duas categorias principais de profetas: os literários e os não literários. Os profetas literários ou canônicos são os que deixaram as suas profecias escritas e fazem parte do texto bíblico. Os não literários são aqueles que entregaram as suas mensagens verbalmente e, se deixaram escritos, são desconhecidos. Entre os não literários temos os profetas nominados, como Abraão, Gade, Micaías, Aías, etc. Os anônimos são chamados na Bíblia de um profeta, um homem de Deus, etc.
3. A profecia no Novo Testamento. No Novo Testamento temos o dom ministerial de profeta (Ef 4.11), que vamos estudar na lição 07 e o Dom de profecia, que é o nosso assunto neste tópico. Estes dons, embora sejam parecidos, não são a mesma coisa. O ministério de profeta no Novo Testamento não consiste em prever o futuro e sim “em proclamar e interpretar a Palavra de Deus, por vocação divina, com vistas à admoestação, exortação, ânimo, consolação e edificação da igreja.” (At 3.12-26; 1Co 14.3). (Bíblia de Estudo Pentecostal).
O Dom de profecia, por sua vez, é uma capacidade concedida pelo Espírito Santo, para falar uma mensagem verbal, em nome de Deus, em um idioma conhecido de quem fala e de quem ouve, com o objetivo de edificar, exortar e consolar.
2. A relevância do dom de profecia. O dom de profecia não cessou com o fechamento do cânon, como dizem os cessacionistas. Deus continua usando os seus servos em profecia, para falar com a sua Igreja, em casos particulares que não são alcançados especificamente pela pregação bíblica. Entretanto, é preciso ter cuidado para não considerar a profecia como um acréscimo à Bíblia, como fazem algumas seitas.
O dom de profecia é tão importante, que o apóstolo Paulo recomendou os Coríntios a buscá-lo e falou para a Igreja de Tessalônica não desprezar as profecias. (1 Co 14.1; 1 Ts 5.20). Por outro lado, Paulo alertou que deveria haver ordem e decência no exercício deste e dos demais dons espirituais. (1 Co 14.40); que a profecia seja feita uma de cada vez; e a Igreja deve julgá-la. (1 Co 14.29).
As profecias possuem três fontes distintas: Deus, o homem ou o Diabo. Precisamos buscar o discernimento de espíritos, como vimos em lição anterior, para saber a origem da profecia. As profecias hoje não são iguais às do Antigo Testamento e precisam ser julgadas, para saber se estão de acordo com a Palavra de Deus.
3. Propósitos do dom de profecia. O propósito do dom de profecia é tríplice (1 Co 14.3):
a. Edificar (1 Co 3.9). Esta palavra no grego é "oikodome" e está relacionada a edificar no sentido de construir um edifício. Em sentido figurado, a palavra é usada para se referir à formação espiritual do discípulo de Jesus, pois, a Igreja é comparada a um edifício. Paulo disse, no entanto, que ninguém pode por outro fundamento, além do que já foi posto, que é Cristo.
b. Exortar. A palavra exortar no grego é “parakalao” e significa literalmente “chamar para fora”, para ajudar, encorajar, orientar e ensinar. Exortar, portanto, é motivar alguém a seguir a Cristo da maneira correta, aconselhando, ensinando e, se necessário for, repreendendo. A Nova Versão Internacional traduz esta palavra por encorajar.
c. Consolar. A palavra consolação no grego é “paraklesis”, de “para” (ao lado de) e “Kaleo” (chamar) e tem o sentido de “consolar”, "ajudar'', "dar consolo”, estimular”. Jesus usou a palavra "parakletos", que tem a mesma origem e significa um mediador, ajudador, advogado ou conselheiro, para se referir ao Espírito Santo.
4. Equívocos que devem ser evitados em relação ao dom de profecia. O pastor Elinaldo Renovato de Lima, comentarista deste trimestre, em seu livro de apoio, “Dons Espirituais e Ministeriais”, publicado pela CPAD, descreve quatro erros que devem ser evitados em relação ao Dom de Profecia, que eu os resumo abaixo:
a. Usar o dom de profecia para liderar a Igreja. A liderança da Igreja foi outorgada aos pastores. Cabe a ele cuidar do rebanho do Senhor e tomar as decisões, conforme as orientações da Palavra de Deus.
b. Usar o dom de profecia com oráculo. Muitas pessoas confundem o dom de profecia com vidência e passam a considerar alguém que tem este dom com algum guru, para fazer consultas. O mais grave é que muitos profetizam por dinheiro e presentes.
c. Usar o dom de profecia para doutrinar a Igreja. A Palavra de Deus é o nosso único manual de fé e conduta. Nenhuma profecia pode acrescentar, retirar ou alterar aquilo que está escrito. Todas as profecias precisam estar de acordo com a Palavra de Deus. Além disso, compete aos pastores e mestres da Igreja, a função de doutrinar a Igreja, como veremos em lições posteriores.
d. Usar o de profecia desordenadamente. Em 1 Coríntios 14.40, falando sobre os dons espirituais, Paulo disse que “tudo deve ser feito com ordem e decência”. Infelizmente, muitas pessoas acham que não há limites para a profecia e a usam de forma desordenada, atrapalhando a pregação, a liderança da Igreja e criando confusão para as famílias. Há pessoas que profetizam mentiras sobre casamentos e curas de enfermidades, que depois confirma-se que era mentira.
Assim como existem os verdadeiros profetas do Senhor, usados por Deus para edificar, exortar e consolar a Igreja, existem também os falsos profetas, que causam confusão na Igreja do Senhor. Os pastores precisam estar em constante oração e buscar o discernimento do Espírito Santo, para não se deixar enganar. Não podem permitir que a Igreja de Deus seja dirigida por profecias, ou que supostos profetas queiram doutrinar a Igreja.
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