Neste tópico vamos abordar o primeiro dos dons de revelação, que é a Palavra da sabedoria. Quando falamos de sabedoria, precisamos ter em mente que sabedoria é diferente de conhecimento.
1. Conceito. Sabedoria vem do grego "sophia" e diz respeito à aplicação correta do conhecimento e à capacidade de tomar decisões acertadas em momentos difíceis.
Na Bíblia, sábio é aquele que teme a Deus (Pv 9.10); aquele que ganha almas (Pv 11.30); aquele que se domina (Pv 29.11). É o oposto do tolo.
Conhecimento, por sua vez, vem do grego "gnosis" e significa captação pela mente, de informações a respeito de alguma coisa. O conhecimento pode ser adquirido mediante os estudos, a observação, as experiências vividas e pode ser dado por Deus. Somente Deus possui o conhecimento pleno sobre tudo. Este atributo divino é chamado de onisciência.
Existem três tipos de sabedoria: a sabedoria humana, a sabedoria diabólica e a sabedoria divina (Tg 3.13-18).
A sabedoria humana está baseada nas filosofias humanas que enxergam o mundo apenas do ponto de vista material, relacionado a esta vida e ignora a Deus.
A sabedoria diabólica está relacionada ao engano, mentiras e premissas do príncipe das trevas, que é a antiga serpente, que é o diabo e satanás. Desde o princípio, ele tenta distorcer a verdade de Deus e levar a humanidade a viver um estilo de vida promíscuo, destrutivo, egoísta e indiferente a Deus.
A Sabedoria divina percebe-se através das coisas criadas, através de pessoa de Jesus Cristo que é a imagem expressa de Deus e nas páginas das Sagradas Escrituras, que é a sua inerente, infalível eterna Palavra de Deus. Deus é a fonte da verdadeira sabedoria. Por isso, a Bíblia diz que "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Sl 111.10).
O dom da palavra da sabedoria é uma capacidade sobrenatural, dada por Deus, para tomar decisões sábias em situações em que a inteligência humana é insuficiente.
É importante destacar que, este dom é concedido para a pessoa saber o que fazer, em uma circunstância. A palavra da sabedoria não torna a pessoa um ser especial, que sabe tudo e sem falhas.
2. A Bíblia e a palavra da sabedoria. Na Bíblia temos vários exemplos de pessoas que agiram com uma sabedoria sobrenatural, concedida por Deus.
a) José (Gn 41.14-41). O filho de Jacó e Raquel foi preso injustamente, sob uma falsa acusação de tentativa de estupro da esposa do seu patrão, Potifar, capitão da guarda de Faraó, rei do Egito. O rei sonhou dois sonhos e chamou os seus sábios para darem a respectiva interpretação, mas, nenhum deles conseguiu decifrar o significado daqueles sonhos. José, que na prisão interpretara dois sonhos do copeiro e do padeiro, foi chamado para interpretar os sonhos do rei.
Chegando à presença do rei, José não apenas interpretou os sonhos, mas também orientou o rei sobre como ele deveria agir, para sobreviver aos anos de fome. O rei ficou tão impressionado com o que ouviu, que nomeou José como governador de todo o Egito.
b) Salomão (1 Rs 3.16-28; 4.29-34). No início do reinado de Salomão, duas mulheres que moravam na mesma casa, engravidaram na mesma época. Quando os bebês de ambas nasceram, o de uma delas morreu e ela o trocou pelo da outra, que estava vivo, durante a noite. Na manhã seguinte, a mãe do bebê vivo acordou e percebeu que o bebê estava morto ao seu lado, porém, descobriu que aquele não era o seu filho.
Diante desse impasse, começaram a discutir e foram ao rei Salomão, para ele decidir a questão. Uma dizia que o filho vivo era o dela e o da outra era o morto e vice versa.
O rei pediu que lhe trouxessem uma espada, partissem a criança viva e dessem a metade dele a cada uma das mulheres. Uma delas deu uma passo a frente e bradou que entregassem o menino à outra mulher, mas, não o matassem de forma alguma.
O rei, sabiamente concluiu que aquela era a verdadeira mãe e mandou que lhe entregassem a criança viva, pois, somente a verdadeira mãe se comportaria daquele jeito.
c) Os discípulos diante dos magistrados. (Lc 21.15). Jesus disse que seria dada "boca e sabedoria" aos seus discípulos, quando fossem levados aos magistrados. De fato, quando os apóstolos foram presos e levados aos magistrados, por causa da pregação do Evangelho, eles responderam com sabedoria e ousadia sobrenatural. (At 4.19,20).
d) Na escolha dos diáconos (At 6.2-4). A Igreja primitiva experimentou um crescimento extraordinário em pouco tempo. Apenas em um dia, após a pregação de Pedro, três mil pessoas se converteram. Em virtude do grande número de convertidos, a demanda na assistência aos necessitados era muito grande e houve reclamação por parte dos cristãos que não eram de origem judaica, de que as suas viúvas estavam sendo preferidas no auxílio.
Os apóstolos se reuniram e tiveram a direção de Deus para tomarem a sábia decisão de escolher os diáconos, para está importante tarefa, enquanto eles continuavam se dedicando à oração e ao ensino da Palavra de Deus.
e) O diácono Estevão (At 6.9,10). Estevão, um dos sete diáconos escolhidos, era homem cheio de fé e do Espírito Santo e realizava grande milagres entre o povo. Por causa disso, sábios da sinagoga se levantaram para debater com ele, mas, não podiam resistir à sabedoria dada pelo Espírito Santo, pela qual ele falava.
f) No Concilio de Jerusalém. At 15.13-21). Surgiu uma discussão na Igreja de Jerusalém, sobre o procedimento que deveria ser adotado pelos cristãos que não eram judeus, em relação à Lei de Moisés. Os judaizantes insistiam que os cristãos deveriam ser circuncidados de guardar a Lei. Tiago se levantou e deu um parecer sábio, dizendo que em relação à Lei, os cristãos deveriam abster-se apenas da prostituição, do sangue, da carne sufocada e da idolatria.
3. Uma liderança sábia. A liderança de uma Igreja enfrenta as mais diversas situações adversas: problemas conjugais, depressão, brigas, vícios, problemas entre pais e filhos, patrões e empregados, heresias, partidarismo, imoralidade, etc.
Diante destes e outros problemas o líder necessita da palavra da sabedoria, para aconselhar e tomar decisões na Igreja. Entretanto, é preciso ter cuidado para não confundir a própria vontade, com manifestação da sabedoria de Deus.
Pb. Weliano Pires
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