21 agosto 2024

MARDOQUEU DESCOBRE UMA CONSPIRAÇÃO CONTRA O REI

(COMENTÁRIO DO 1º TÓPICO DA LIÇÃO 08: A RESISTÊNCIA DE MARDOQUEU) 


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, veremos os detalhes da descoberta do plano de dois guardas para assassinar o rei Assuero. Mardoqueu descobriu um plano em curso para matar o rei e revelou-o a Ester, que transmitiu a informação ao rei. Após investigar as informações, o rei mandou executar os conspiradores. O caso foi registrado nas crônicas do rei, mas Mardoqueu acabou sendo esquecido. 


1- Os bastidores do poder. Quem foi Mardoqueu ou Mordecai? O nome Mardoqueu deriva do latim Mardocheus, que foi utilizado na versão latina da Bíblia, chamada Vulgata, traduzida por Jerônimo. Mordecai, por sua vez, deriva do grego Mardocaios, utilizado na versão grega Septuaginta. O nome que aparece no texto hebraico é Mordecai, que significa “pequeno Marduque”. Marduque era o principal deus dos babilônios, considerado o deus protetor da Babilônia. 


Este fato nos leva a pensar o que levaria um judeu a ter um nome como este. Isso aconteceu, porque durante o domínio babilônico, o rei Nabucodonosor mandou que trocassem os nomes dos jovens que faziam parte da elite do povo judeu, para que eles perdessem a identidade, a fim de impedir qualquer possibilidade de resistência. Isso aconteceu também com Daniel, Hananias, Misael e Azarias, que tiveram os seus nomes mudados, respectivamente, para Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abede Nego (Dn 1.6,7). 


O texto bíblico nos informa que Mardoqueu era da tribo de Benjamim, filho de Jair e neto de Simei, cujo pai se chamava Quis. Provavelmente era da descendência de Saul, pois o pai de Saul também se chamava Quis e era tribo de Benjamin (Et 2.5).  O pai de Mardoqueu era irmão de Abiail, o pai de Ester. Os pais de Ester faleceram quando ela era criança e Mardoqueu, sendo seu primo mais velho, sentiu-se na obrigação de adotá-la como filha. 


Mardoqueu nasceu no cativeiro da Babilônia, trabalhava como porteiro do palácio de Susã e era muito leal ao rei. Conforme nos disse o comentarista, é muito comum em ambientes de poder, haver disputas, discórdias e ressentimentos, que se não forem tratados, acabam em tragédias. No palácio de Assuero não foi diferente. Dois guardas, chamados Bigtã e Teres se indignaram contra o rei e tramaram um plano para o assassinarem. Como Mardoqueu estava entre eles acabou descobrindo o plano assassino. 


Mardoqueu poderia fazer como muitas pessoas fazem, e dizer que não tinha nada a ver com isso, ou que não iria se meter em confusão. Mas o seu senso de justiça e a sua lealdade ao rei, feizeram com ele procurasse Ester para denunciar o plano. Ele não fazia parte do primeiro escalão e não tinha acesso ao rei. Por isso, comunicou o fato a Ester, que era a sua filha adotiva. Ester, mesmo sendo rainha, continuou obedecendo ao seu pai adotivo e levou o caso ao rei, em nome de Mardoqueu, e não quis o mérito da denúncia para si. 


Infelizmente, muitas pessoas que estão em cargos de destaque, não agem assim. Há os que ficam sabendo de um plano assim e se omitem, com medo de se expor. Assuero era um rei pagão que dominava o povo judeu. Se Mardoqueu fosse alguém egoísta, teria deixado que ele fosse assassinado. Ester, se fosse egoísta, teria omitido o nome de Mardoqueu e buscado a honra para si. Normalmente, os bajuladores fazem isso, omitindo ou denegrindo o trabalho dos outros, para se promoverem.


2- A investigação. De posse da informação trazida por Mardoqueu, a rainha Ester comunicou o fato ao rei. O rei certamente confiava em Ester, pois como vimos na lição passada, ela conquistava a todos por onde passava. Mesmo assim, o rei mandou investigar o caso para saber se era verdade, antes de mandar executar os dois guardas que pretendiam matá-lo. 


Aqui o comentarista chama a nossa atenção para o fato de sermos prudentes em relação às informações que recebemos e confirmar a veracidade, para não cometer injustiças. Lamentavelmente, na atualidade, muitas reputações são destruídas com base em fofocas de redes sociais. O pior é que isso tem atingido também o meio evangélico. Tem até canais de “fuxico gospel”, cujo objetivo é destruir reputações e divulgar escândalos de pastores e cantores. O mais grave é que muitos crentes não procuram saber se os escândalos  realmente aconteceram e compartilham esse tipo de notícia. 


Na Igreja local, os pastores e líderes de departamentos precisam tomar cuidado, para não serem contaminados por fofocas, e não tomarem decisões precipitadas. É prudente sempre averiguar a veracidade dos fatos e dar aos acusados o direito de defesa. Este procedimento evitará que se cometam injustiças, ou que a Igreja seja processada como tem acontecido em alguns lugares. 


A Lei Mosaica exigia duas ou três testemunhas, para que alguém fosse condenado. O apóstolo Paulo também recomendou a Timóteo que não aceitasse denúncia contra presbíteros, a não ser que houvesse duas ou três testemunhas. Na Constituição Federal, também está prescrito que “todos são inocentes, até que seja comprovada a culpa”. Portanto, não se pode acusar ou disciplinar alguém sem provas, com base no que ouviu falar. Quem acusa, tem a obrigação de provar. 


3- O registro dos fatos. Este ato heróico de Mardoqueu, de denunciar o plano de assassinato salvou a vida do rei, ficou registrado no livro das crônicas do palácio. Esta prática era comum na antiguidade. Havia uma espécie de livro de relatório, onde os acontecimentos importantes das cortes eram registrados e ficavam guardados para consultas posteriores. Não era como hoje que é tudo digitalizado e há banco de dados oficiais. 


É importante que façamos o que é correto, independente de sermos vistos, ou que as nossas ações sejam registradas e reconhecidas. Se os registros humanos falharem, os de Deus jamais falharão. Haverá recompensa de Deus para as nossas boas ações, assim como haverá punições para aqueles que fazem o mal. O escritor da Epístola aos Hebreus escreveu que “Deus não é injusto para se esquecer da nossa obra e  trabalho de amor”. (Hb 6.10).


Há muitos crentes, inclusive obreiros, que se chateiam porque não são vistos ou porque o seu trabalho não é reconhecido e  recompensado pela Igreja. Ora, o Senhor Jesus ensinou exatamente o contrário disso, dizendo que devemos fazer as boas obras sem alardes, pois o Pai Celestial vê em secreto e nos recompensará. Ele criticou os escribas e fariseus que faziam questão de orar, jejuar e dar esmolas à vista de todos, para serem elogiados. Jesus disse que aqueles que agem assim já receberam a sua recompensa aqui. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 40. 

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, editada pela CPAD, pp.838-39.

19 agosto 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 08: A RESISTÊNCIA DE MARDOQUEU

Ev. WELIANO PIRES

RESUMO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada, estudamos sobre a deposição da rainha Vasti e a ascensão de Ester.  Vimos o contraste entre duas mulheres: a rainha Vasti e a jovem judia Ester. A rainha Vasti foi deposta do posto de rainha por desobedecer a uma ordem expressa do rei para que comparecesse ao palácio. Ester, uma jovem judia, órfã de pai e mãe, tornou-se rainha por obedecer às orientações do seu primo e pai adotivo, Mardoqueu. 


No primeiro tópico, falamos do banquete do rei Assuero e da recusa da rainha Vasti a participar deste. Trouxemos algumas informações biográficas do rei Assuero e os detalhes do banquete que ele ofereceu a todos os nobres do seu reino e chefes das províncias, a fim de mostrar-lhes as grandezas do seu reino. Falamos também de dois banquetes oferecidos: um que foi oferecido publicamente pelo rei Assuero  a todo o povo de Susã. Por último, falamos do convite do rei Assuero à rainha Vasti, para que viesse ao palácio com a coroa real, para que os seus nobres vissem a sua beleza. 


No segundo tópico, vimos os detalhes da recusa da rainha Vasti a comparecer ao banquete, descumprindo a ordem do rei, que culminou na sua deposição do posto de rainha. Na sequência, falamos da aplicação da lei contra Vasti. O rei ficou furioso com a recusa de Vasti, mas suportou o constrangimento público e consultou submeteu o caso aos sábios do palácio. Por último, falamos da sentença proferida com base no conselho de Memucã, um dos sábios que recomendou ao rei a deposição da rainha.


No terceiro tópico, vimos os detalhes da ascensão de Ester, ao posto de rainha do império persa. O processo de sucessão da rainha Vasti durou cerca de quatro anos. Não havia restrições legais quanto à origem étnica e racial das candidatas ao posto de rainha da Pérsia. A única exigência era que fossem virgens e belas. Mesmo assim, Mardoqueu orientou Ester a que não revelasse as suas origens judaicas e ela obedeceu.


LIÇÃO 08: A RESISTÊNCIA DE MARDOQUEU


INTRODUÇÃO


Nas próximas cinco lições, estudaremos os fatos envolvendo dois personagens importantes do Livro de Ester: Mardoqueu e Hamã. Os fatos descritos nesta lição se deram após a ascensão de Ester ao posto de rainha da Pérsia. A palavra chave desta lição é resistência, o oposto da lição passada que era obediência. 

Mardoqueu era primo e pai adotivo de Ester. Ele vivia no palácio em Susã e descobriu um plano de dois guardas do rei Assuero para o assassinarem. Por lealdade ao rei, ele contou o plano a Ester e salvou a vida do rei. O caso foi registrado nas crônicas do palácio, mas, ficou esquecido. 

Hamã era um descendente de Agague, rei dos amalequitas que chegou ao posto de primeiro-ministro da Pérsia e odiava os judeus. Irritado porque Mardoqueu não se curvava perante ele, e sabendo que era judeu, Hamã arquitetou um plano maligno para exterminar todos os judeus que viviam na Pérsia. 


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, veremos os detalhes da descoberta do plano de dois guardas para assassinar o rei Assuero. Mardoqueu descobriu um plano em curso para matar o rei e revelou-o a Ester, que transmitiu a informação ao rei. Após investigar as informações, o rei mandou executar os conspiradores. O caso foi registrado nas crônicas do rei, mas Mardoqueu acabou sendo esquecido. 


No segundo tópico, falaremos da exaltação de Hamã, um descendente dos amalequitas, que odiava os judeus. Hamã foi exaltado pelo rei e era reverenciado por todos. Com isso, Mardoqueu ficou aparentemente esquecido. O seu ato heróico de lealdade ao rei caiu no esquecimento. Entretanto, ele continuou as suas funções e não se abalou emocionalmente. 


No terceiro tópico, veremos a resistência de Mardoqueu a se curvar diante de Hamã. Esta postura de Mardoqueu acabou provocando um ódio mortal por parte de Hamã, a ponto de resolver exterminar todo o povo judeu, que vivia na Pérsia, conforme veremos na próxima lição. É possível que este ódio tenha sido motivado por inimizades intergeracionais entre israelitas e amalequitas. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág. 40. 

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, editada pela CPAD, pp.838-39.


17 agosto 2024

ESTER: A JUDIA SE TORNA RAINHA EM TERRA ESTRANHA

(Comentário do 3° tópico da lição 07: A deposição da rainha Vasti e a ascensão de Ester)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, veremos os detalhes da ascensão da jovem judia Ester, ao posto de rainha do império persa. O processo de sucessão da rainha Vasti durou cerca de quatro anos. Não havia restrições legais quanto à origem étnica e racial das candidatas ao posto de rainha da Pérsia. A única exigência era que fossem virgens e belas. Mesmo assim, Mardoqueu orientou Ester a que não revelasse as suas origens judaicas e ela obedeceu.


1- Quatro anos depois. Conforme vimos no tópico anterior, o rei Assuero ficou muito irritado, com a recusa da rainha Vasti em atender a sua convocação e a depôs do posto de rainha. Entretanto, a escolha da nova rainha não aconteceu de imediato. Segundo o comentarista, demorou ainda quatro anos para o rei escolher a nova rainha, após a deposição de Vasti. Entretanto, a decisão de escolher a nova rainha aconteceu três anos depois. A coroação de Ester aconteceu quatro anos após o banquete (Et 1.3; 2.16). Mas ela passou por um tratamento de beleza por um período de um ano (Et 2.12).

Conforme colocou o comentarista, segundo a opinião dos estudiosos do assunto, esta escolha se deu após a derrota do Império Persa para os gregos, em 480 a.C. na Batalha de Salamina. Esta batalha naval aconteceu na Ilha grega de Salamina e, por isso, leva este nome. Nesta batalha os persas sofreram grande derrota e as suas forças navais quase foram destruídas. 

Os persas haviam lutado contra os gregos, dez anos antes, em 490 a.C., na batalha de Maratona, na tentativa de anexar a Grécia ao Império Persa, ainda no reinado de Dario I, pai de Assuero. Na batalha de Salamina, Assuero tentou se vingar, mas apesar do exército persa ser superior ao grego, os persas foram derrotados nesta batalha. Um mensageiro correu 42,195 km até Atenas, para levar a notícia da vitória grega. Chegando lá, devido ao longo percurso, sofreu um ataque cardíaco e acabou morrendo. Por conta disso, uma corrida de 42 km é chamada de Maratona. 


2- O universo da escolha. O processo de escolha da nova rainha é semelhante ao conto de fadas da Cinderela, onde uma moça órfã, que era humilhada pela madrasta e suas filhas, acabou sendo escolhida pelo rei para ser a nova rainha. No caso de Ester, foi um pouco diferente, pois apesar dela ser órfã, ela foi muito amada pelo seu primo Mardoqueu, o seu pai adotivo. O seu nome hebraico era Hadassa, que significa murta, uma planta de folhas perfumadas e belas flores, que eram usadas para confeccionar grinaldas e perfumar os ambientes dos nobres. Ester era o seu nome persa, que deriva de Stara, “estrela”, ou de Ishtar, uma deusa babilônia. 

A jovem Hadassa (Ester) fazia parte de um grupo de judeus nascidos no cativeiro babilônico. Este cativeiro durou setenta anos e teve o seu fim decretado pelo imperador Ciro, mas muitos judeus não retornaram à sua terra. Temos poucas informações sobre as origens de Ester. Sabemos apenas que ela era filha de um homem chamado Abiail, que era tio de Mardoqueu (Et 2.14), que ela perdera os pais na infância, e que fora criada por seu primo Mardoqueu (Et 2.7). O texto bíblico nos informa também que Mardoqueu era da tribo de Benjamim e neto de Simei, irmão de Saul (Et 2.5).

O rei Assuero governava cento e vinte e sete províncias. Certamente havia muitas mulheres belas e filhas de pessoas nobres nestas províncias, que ele poderia escolher para ser a nova rainha. Ele poderia também escolher alguma princesa de outras nações, que era uma prática comum na época. Entretanto, ele resolveu realizar um concurso, no qual todas as virgens e belas do seu reino poderiam participar, sem nenhuma restrição de etnia ou raça. 

Evidentemente, isso era plano Deus, pois de outra forma, uma simples plebeia, de origem judaica, como Ester, jamais seria escolhida para ser a rainha da Pérsia. O nosso Deus é presciente e conhece o futuro por antecipação. Ele já sabia que anos mais tarde viria um decreto para exterminar o povo judeu e que a presença de uma rainha judia seria determinante para salvar o seu povo. 


3- A obediência de Ester. Ao saber desta convocação, Mardoqueu preparou Ester, que era muito bela, para também participar do concurso e orientou-a a não revelar a sua origem judaica. Não sabemos a razão de Mardoqueu preferir omitir a origem de Ester, pois, não era uma exigência do rei. Ao chegar ao palácio, Ester conquistou a simpatia de Hegai, o responsável pelas moças. Ela era uma moça bela, é claro, mas não foi só isso que ela conquistou a todos, inclusive o rei. Ester tinha uma graça especial que vinha de Deus. 

Ester fez como Mardoqueu lhe orientou e não revelou a sua origem. Por providência divina, ela foi a escolhida para ser a nova rainha. Esta escolha não foi por acaso, ou simplesmente por sua beleza, pois certamente haviam muitas moças belas, filhas dos nobres. Quando o rei a viu, amou-a mais do que às demais e colocou a coroa em sua cabeça. A escolha de Ester foi uma providência de Deus, para salvar o seu povo do extermínio. 

O segredo da escolha de Ester está em sua obediência, submissão e humildade. Ela não exigia explicações para obedecer. Cumpriu à risca tudo o que seu pai adotivo lhe orientou. No palácio, ela seguiu à risca todas as orientações de Hegai. Quando foi se apresentar ao rei, ela não pediu nada além daquilo que Hegai, o oficial responsável pelo harém, sugeriu (Et 2.15). 

Em nossa vida cristã, devemos nos empenhar para obedecer a Deus e às pessoas que Ele colocou para nos liderar. Infelizmente, em nossos dias, as pessoas têm dificuldades com obediência e submissão. Querem fazer tudo do seu jeito. Mas Deus não tem tanto prazer em sacrifícios e sim em obediência. O obedecer é melhor do que sacrificar (1 Sm 15;22). Por isso, jamais devemos pensar que seremos abençoados por Deus, se estivermos em desobediência e rebelião. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 687

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.696

15 agosto 2024

VASTI RESISTE À ORDEM DO REI E É DEPOSTA

(Comentário do 2° tópico da lição 07: A deposição da rainha Vasti e a ascensão de Ester)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, temos os detalhes da recusa da rainha Vasti a comparecer ao banquete, descumprindo a ordem do rei, que culminou na sua deposição do posto de rainha. O rei estava embriagado quando fez o convite à rainha, mas quando tomou a decisão de destituí-la do cargo, consultou antes os sábios e juristas do seu reino, que o aconselharam a fazer isso.


1- A recusa da rainha. O texto bíblico não apresenta os motivos da recusa de Vasti à ordem do rei para que ela comparecesse à sua presença, para ter a sua beleza exibida aos convidados. Há muitas especulações neste sentido. Alguns sugerem que ela não compareceu porque não concordou com o fato do rei está embriagado. Esta desculpa, porém, não faria sentido, pois ela também estava em um banquete regada a muito vinho. Outros dizem que ela estaria grávida de Artaxerxes, que foi o sucessor de Assuero no trono, e não queria ser vista assim. É uma possibilidade, mas naqueles tempos, a gravidez era motivo de orgulho e não de vergonha. Há ainda os que dizem que seria por pudor ou decência da Vasti, que teria ficado constrangida por ser tratada como objeto. Entretanto, não há nada no texto bíblico que dê margem para isso e, se ela for mesmo a Améstris, citada na literatura grega, isso seria mais improvável ainda. Esta rainha é mencionada como uma mulher astuta e cruel. Uma pessoa assim não estaria preocupada com reputação. 


2- A aplicação da lei. Assuero ficou furioso com a recusa da rainha. Mas ele controlou a sua fúria e suportou a vergonha pública a que foi submetido. Depois, com calma, decidiu consultar os juristas da corte para saber o que poderia ser feito, do ponto de vista legal. Se por um lado, ele errou quando se embriagou diante dos seus nobres, expôs o seu poder e queria expor também a esposa como um objeto, por outro lado, ele foi prudente ao aplicar a punição. Todas as autoridades, sejam elas civis, militares, ou eclesiásticas, deveriam agir assim diante dos conflitos que surgirem. Ninguém é obrigado a saber tudo e não deve aplicar punições ou tomar decisões com base nas emoções e sim, com base na lei. No caso de autoridades da Igreja tudo deve ser feito com base na Palavra de Deus. 


3- A sentença de Vasti. No império medo persa as leis eram muito valorizadas, a ponto de nem mesmo o rei poder revogá-las. Diante da consulta do rei Assuero, sete príncipes chegados do rei, que cuidavam dos assuntos jurídicos da corte, se reuniram para analisar esta questão. Memucã, o principal deles, orientou o rei para que depusesse a rainha do posto. Segundo ele, a atitude de Vasti era um mau exemplo para as mulheres e traria sérios problemas à autoridade do rei. Se ele não tinha autoridade nem sobre a própria esposa, como poderia governar o Império Persa! O rei seguiu o conselho e depôs a rainha do seu cargo. 


Não quero aqui, de forma alguma, defender a atitude soberba e inconsequente do rei Assuero, ao exibir o seu poder, as suas riquezas e principalmente a sua esposa. Mas, a atitude da rainha Vasti de desobedecer e afrontar o rei, também não foi correta. Ela poderia fazer como Abigail que, de forma sábia, humilhou-se diante de Davi e impediu uma tragédia (1 Sm 25.22-32). Mesmo tendo um marido tolo, Abigail fez a coisa certa e impediu que todos da sua família fossem mortos, por causa da arrogância dele.


Deus concedeu ao homem a liderança da família e a mulher deve submeter-se a esta liderança. A mulher sábia edifica a sua casa e a tola a destrói com as próprias mãos (Pv 14.1). O homem, por sua vez, deve amar a sua esposa com amor sacrificial, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela. No caso dos obreiros, Paulo coloca como requisito que governem bem a sua casa, pois quem não consegue governar a sua família não está apto para liderar a Igreja (1Tm 3.4,5).


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 687

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.696

O BANQUETE DE ASSUERO E A RECUSA DE VASTI

(comentário do 1° tópico da lição 07: A deposição da rainha Vasti e a ascensão de Ester)


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos do banquete do rei Assuero e da recusa da rainha Vasti a participar deste. Veremos algumas informações biográficas do rei Assuero e os detalhes do banquete que ele ofereceu a todos os nobres do seu reino e chefes das províncias, a fim de mostrar-lhes as grandezas do seu reino. Na sequência, falaremos de dois banquetes oferecidos: um que foi oferecido publicamente pelo rei Assuero  a todo o povo de Susã. Era um banquete público com muito luxo, que deveria durar sete dias; o outro banquete era exclusivo para as mulheres, oferecido pela rainha Vasti. Por último, falaremos do convite do rei Assuero à rainha Vasti, para que viesse ao palácio com a coroa real, para que os seus nobres vissem a sua beleza. 


1- O rei Assuero. Nos primeiros versículos do Livro de Ester, temos alguns dados sobre o rei Assuero, que nos permitem identificá-lo. O texto bíblico nos informa que “nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias”. (Et 1.1,2). Estes detalhes históricos em relação a Assuero nos permitem identificá-lo como Xerxes I, que governou o Império Persa de 486 a 465 a.C. O nome Assuero não era o nome próprio de um rei, e sim um título de um monarca da Pérsia. É a transliteração do  termo hebraico Akhashverosh, que corresponde ao termo persa Khsayarsqha, e é chamado no grego de Xerxes. 


O poderoso Império Persa, um dos maiores da antiguidade, que foi superado apenas pelo Império Romano, teve início com Ciro II, conhecido como Ciro, o Grande. Este Ciro era filho de Cambises I, rei da Pérsia, e de Mandane, filha de Astíages, rei da Média. Era neto de Ciro I. Os persas, neste contexto, eram dominados pelos medos. Em 550 a.C., o então príncipe persa Ciro, liderou uma revolta contra o domínio dos medos e saiu vitorioso, derrotando o seu avô materno. 


Ao assumir o trono persa em 559 a.C. Ciro derrotou vários reis do Oriente Próximo, Sudeste da Ásia e Ásia Central e expandiu os territórios do Império Persa. Em 539 a.C., Ciro derrotou os babilônios e colocou Dario, o medo, como rei da Babilônia. 


Ciro faleceu em 530 a.C. e foi sucedido pelo seu filho Cambises II. Em 522 a.C. Cambises foi assassinado e o poder passou ao seu filho Dario I, que não é o mesmo de Daniel 6. Aquele não era persa, era medo e viveu muitos anos antes de Dario I. Em 486 a.C. Dario I foi sucedido por seu filho Xerxes I, que é chamado na Bíblia de Assuero e foi o marido de Vasti e depois de Ester, e reinou até 465 a.C.


2- Um banquete público, outro exclusivo. Assuero era extravagante e estava acostumado a ter tudo o que queria. Enquanto se preparava para invadir a Grécia, Assuero fez um grande banquete e convidou muitos importantes oficiais de todas as províncias do império, para mostrar-lhes o seu poder, riqueza e autoridade. Este banquete durou seis meses ou 180 dias, pois os meses eram todos de 30 dias (Et 1.4). Depois dos 180 dias, o rei estendeu o banquete a todo o povo de Susã por mais sete dias, com muito luxo, ostentação e vinho à vontade (Et 1.5). Entretanto, a bebida não era obrigatória. Só beberiam, aqueles que quisessem (E 1.8). 


Paralelo a estes banquetes, a rainha Vasti, esposa de Assuero, fez outro banquete na casa real, restrito às mulheres (Et 1.9). O texto bíblico não nos dá mais informações sobre a rainha Vasti. A literatura grega a identifica como Améstris, que foi a mãe de Artaxerxes, que foi o sucessor de Assuero no trono. Segundo Heródoto, esta rainha Améstris era uma mulher astuta e sanguinária. Por outro lado, fontes judaicas dizem que Vasti era filha do rei Belsazar da Babilônia. Trata-se apenas de especulações e não podemos afirmar se é verdade, pois o texto bíblico não traz estas informações e não há confirmação destes fatos na história.


3- O convite à rainha. No final do banquete que fora oferecido a todos os súditos do seu reino, o rei Assuero já havia bebido bastante vinho e “o seu coração estava alegre do vinho” (Et 1.10). Em outras palavras, o rei estava embriagado e perdeu completamente a sensatez. O rei Assuero, conforme falei acima, era extravagante e gostava de exibir o seu poder, para impressionar os nobres do império. 


Eufórico pela quantidade de vinho ingerida, Assuero resolveu convocar a rainha para que se vestisse com as vestes reais e comparecesse ao palácio para que os seus nobres e o povo em geral, vissem a sua beleza (Et 1.10-11). Evidentemente, Assuero não pretendia fazer uma exibição sensual da sua esposa, como muitos sugerem. Ele pretendia exibir a beleza da rainha como um troféu perante os participantes do banquete. 


Em todo caso, era uma atitude insana e descabida vinda de um imperador. Naqueles tempos sombrios, não se podia esperar bom senso dos reis, pois eles eram considerados deuses ou enviados destes. Nabucodonosor, por exemplo, construiu uma estátua de quase 30 metros de altura e exigiu que todos se prostraram e adorassem esta estátua. Quem não o fizesse, seria lançado em uma fornalha acesa. Os imperadores persas, no entanto, eram mais comedidos. Eles davam uma certa liberdade aos povos dominados e as leis dos medos e dos persas, não podiam ser revogadas nem mesmo pelos reis. 


A questão aqui é que o rei Assuero, tomado pelo vinho, fez uma uma convocação absurda à rainha e mandou sete eunucos para buscá-la. É por isso que em Provérbios 31.4,5, o rei Lemuel escreveu o conselho que recebeu da sua mãe: “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes o desejar bebida forte; Para que bebendo, se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos.” 


Infelizmente, muitas pessoas praticam muitas barbaridades sob o efeito de bebidas alcoólicas e substâncias entorpecentes: xingamentos, agressões, acidentes automotivos e até assassinatos. Se uma pessoa comum não deve embriagar-se para não fazer besteiras, imagine autoridades! Lamentavelmente, há crentes e até obreiros que defendem o consumo de bebidas. Mas, há muitas recomendações na Bíblia contra esta prática. Na Bíblia, até mesmo pessoas justas como Noé e Ló, praticaram coisas horríveis sob o efeito do vinho (Gn Gn 9.20,21; 19.31-36). O apóstolo Paulo colocou como requisitos para o episcopado e diaconado, que os candidatos “não sejam dados ao vinho”. (1 Tm 3.3,8).


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 687

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.696

13 agosto 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 07: A DEPOSIÇÃO DA RAINHA VASTI E A ASCENSÃO DE ESTER

 


Ev. WELIANO PIRES


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada estudamos sobre o Livro de Ester. Fizemos um estudo panorâmico deste Livro, trazendo as informações referentes à posição do Livro na Bíblia Hebraica e na Bíblia Cristã, a autoria e data da redação, o contexto dos fatos narrados e a mensagem do Livro de Ester. 


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, vimos a categorização do livro de Ester, apresentando a sua posição na Bíblia Hebraica e na Bíblia Cristã. Vimos as características literárias do livro de Ester que são historicidade objetiva e o estilo menos dialógico. Por último, vimos as informações referentes à autoria e data da composição desta obra. 


No segundo tópico, falamos do exílio do povo hebreu. Vimos um resumo dos cativeiros da Assíria e da Babilônia, até chegar ao Império Persa. Por último, falamos do fim do exílio e do período pós-exílio. 


No terceiro tópico, falamos da mensagem do Livro de Ester. Vimos a providência divina, para salvar o seu povo do extermínio. Falamos também da falsa estabilidade dos judeus que decidiram permanecer na Pérsia após o fim do cativeiro. Por último, falamos da instituição da festa de Purim para comemorar o livramento dado aos judeus. 


LIÇÃO 07: A DEPOSIÇÃO DA RAINHA VASTI E A ASCENSÃO DE ESTER 


INTRODUÇÃO


Nesta lição veremos o contraste entre duas mulheres: a rainha Vasti e a jovem judia Ester. A rainha Vasti foi deposta do posto de rainha por desobedecer a uma ordem expressa do rei para que comparecesse ao palácio. Ester, uma jovem judia, órfã de pai e mãe, tornou-se rainha por obedecer às orientações do seu primo e pai adotivo, Mardoqueu. Há muitas discussões sobre o motivo da recusa de Vasti e sobre os reais motivos do convite do rei. Entretanto, o ponto aqui é a obediência à autoridade. Assuero não era apenas o marido dela, era a autoridade máxima do Império Persa. A palavra-chave desta lição é obediência. Deus valoriza mais a obediência do que os sacrifícios e abomina a rebelião, a ponto de compará-la à feitiçaria (1 Sm 15.22). 


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, falaremos do banquete do rei Assuero e da recusa da rainha Vasti a participar deste. Veremos algumas informações biográficas do rei Assuero e os detalhes do banquete que ele ofereceu a todos os nobres do seu reino e chefes das províncias, a fim de mostrar-lhes as grandezas do seu reino. Na sequência, falaremos de dois banquetes oferecidos: um que foi oferecido publicamente pelo rei Assuero  a todo o povo de Susã. Era um banquete público com muito luxo, que deveria durar sete dias; o outro banquete era exclusivo para as mulheres, oferecido pela rainha Vasti. Por último, falaremos do convite do rei Assuero à rainha Vasti, para que viesse ao palácio com a coroa real, para que os seus nobres vissem a sua beleza. 


No segundo tópico, temos os detalhes da recusa da rainha Vasti a comparecer ao banquete, descumprindo a ordem do rei, que culminou na sua deposição do posto de rainha. O rei estava embriagado quando fez o convite à rainha, mas quando tomou a decisão de destituí-la do cargo, consultou antes os sábios e juristas do seu reino, que o aconselharam a fazer isso. 


No terceiro tópico, veremos os detalhes da ascensão da jovem judia Ester, ao posto de rainha do império persa. O processo de sucessão da rainha Vasti durou cerca de quatro anos. Não havia restrições legais sobre a origem étnica e racial das candidatas ao posto de rainha da Pérsia. As únicas exigências era que fossem virgens e belas. Mesmo assim, Mardoqueu orientou a Ester que não revelasse as suas origens judaicas e ela obedeceu. 


REFERÊNCIAS: 


QUEIROZ, Silas. O Deus que governa o Mundo e cuida da Família: Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 3º Trimestre de 2024. Nº 98, pág.39

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 687

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.696

22 anos de casados: Bodas de Louça

Para nós, hoje é uma data festiva É o aniversário de casamento Data do nosso eterno juramento De nos unirmos nesta perspectiva De fidelidade...