15 maio 2024

A MURMURAÇÃO NA BÍBLIA

(Comentário do 1º tópico da Lição 07: O perigo da murmuração)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre a murmuração na Bíblia, trazendo o conceito de murmuração em hebraico e grego. Veremos alguns exemplos de pessoas que murmuraram, no Antigo e no Novo Testamento, e as consequências deste pecado para o povo de Deus. Por último, falaremos do crente murmurador, que está sempre descontente, e se transforma em um instrumento do maligno contra a Obra de Deus. 


1. O que é murmurar? O que significa murmurar? Qual é o sentido de murmuração na Bíblia? Por que está prática é considerada um pecado tão grave? É sobre isso que falaremos neste tópico. Segundo o dicionário Michaelis da língua portuguesa, a palavra murmurar tem quatro significados: 

1. Produzir murmúrio ou rumor sussurrante; murmurejar, rumorejar, sussurrar; 

2. Dizer algo em voz baixa, em sussurro, como que revelando um segredo; segredar, tugir; 

3. Manifestar descontentamento; queixar-se em voz baixa; lamentar-se, lamuriar-se, queixar-se; 

4. Falar contra (alguém ou algo); apontar faltas; criticar em tom de censura. 


Pelas definições acima, do dicionário, não parece ser algo tão grave. As duas primeiras definições não se aplicam ao sentido que estamos estudando. As definições três e quatro estão mais próximas do sentido bíblico de murmuração, pois trazem a ideia de manifestar descontentamento e queixar-se contra alguém.


Entretanto, o sentido bíblico de murmuração vai muito além de um simples descontentamento ou queixa. Há casos de descontentamentos e queixas que a pessoa tem razão de reclamar, pois está falando contra algo que está errado. A Bíblia não condena isso e não nos recomenda a sermos coniventes com o erro. Ao contrário, os profetas de Deus foram levantados por Ele para confrontar reis e autoridades religiosas e denunciar os seus crimes e pecados. Por causa disso, muitos foram perseguidos e até mortos. 


Conforme o comentarista colocou, o Antigo Testamento usa duas palavras que foram traduzidas por murmurar: a primeira é o verbo liyin, que significa resmungar, reclamar e murmurar, usada em Números 14.36: “E os homens que Moisés mandara a espiar a terra e que, voltando, fizeram murmurar (Heb. Liyin) toda a congregação contra ele, infamando a terra”. A Nova Versão Transformadora (NVT) traduziu esta palavra por “intimaram a rebelião”. 


A segunda palavra hebraica usada para se referir à murmuração é o substantivo higgayown, que significa meditação, música solene, pensamento, ou conspiração. Este substantivo é usado no texto de Lamentações 3.62:os lábios dos que se levantam contra mim (Heb. higgayown) e as suas imaginações contra mim todo o dia.” A Nova Versão Transformadora (NVT) traduziu a expressão “se levantam contra” por “conspiram”. 


No texto grego do Novo Testamento aparece  o verbo goggúzō, que significa murmurar, resmungar, queixar-se, dizer algo contra em um tom baixo e confabular secretamente. O texto de João 7.32, diz que “Os fariseus ouviram que a multidão murmurava (Gr.goggúzō) dele essas coisas...”. O contexto descreve que a multidão discutia entre si, se o Messias quando viesse faria mais sinais do que Jesus. Então, murmurar aqui discutir uma questão em som baixo sobre alguém, para que a pessoa não ouça. 


No texto de Atos 6.1, Lucas usa a mesma palavra para dizer que houve murmuração dos cristãos judeus de fala grega, contra os judeus que viviam em Israel, por causa da distribuição de ajuda às viúvas, que segundo eles, era injusta. A reclamação era justa. Tanto que os apóstolos se reuniram para discutir o assunto e foram instituídos os diáconos. Entretanto, em vez de procurar os apóstolos para resolver o problema, murmuravam entre eles, comprometendo a unidade do povo de Deus. 


Já no texto de 1 Coríntios 10.10, o apóstolo Paulo usa o  verbo grego goggúzō,  traduzido por murmurar, no mesmo sentido do Antigo Testamento: “E não murmureis, como também alguns deles murmuraram e pereceram pelo destruidor.” No contexto, ele estava falando para não colocar o Senhor à prova. É esse tipo de murmuração que é duramente condenada na Bíblia, a reclamação contra o Senhor e contra os seus servos, por puro descontentamento e rebeldia. 


2. O comportamento dos murmuradores. A prática da murmuração sempre esteve presente no meio do povo de Israel, desde o Egito, pois era um povo ingrato, rebelde e obstinado. Antes de Moisés ser levantado por Deus como libertador, ele viu um egípcio agredindo um dos seus irmãos e o matou, para defender o israelita. No dia seguinte, ele foi lá e reclamou com um israelita, que agredia ao seu próximo e, imediatamente, ele respondeu:

– Quem te colocou como juiz? Queres me me matar, como mataste o egípcio?


Quarenta anos depois, quando Moisés retornou de Midiã, por ordem de Deus e foi falar com Faraó para libertar o povo, o rei mandou aumentar o serviço do povo e, se não cumprissem as tarefas, seriam açoitados. O povo, então, culpou Moisés e Aarão por isso, sendo que eles só fizeram o que Deus mandou. 


Depois de saírem do Egito, tendo visto todos os milagres que Deus realizou, quando chegaram em frente ao Mar Vermelho e viram o exército de Faraó vindo atrás deles, levantaram a voz contra Moisés e Aarão, perguntando “se não havia sepulcros no Egito, para eles os trazerem para morrer no deserto”! Deus ouviu a murmuração deles e abriu o mar, dando-lhes um grande livramento. 


Depois de passarem pelo mar em terra seca, três dias depois, não achando água doce para beber, de novo murmuraram contra Moisés por causa da falta de água. O Senhor ouviu a reclamação e transformou as águas amargas em águas doces. Aos quinze dias do segundo mês, após a saída do Egito, de novo murmuram por causa da falta de comida, dizendo que seria melhor ter morrido no Egito, pois lá tinham fartura de carne. De novo, o Senhor ouviu as reclamações deles e mandou carne para eles comerem. Mandou também o Maná, que caía do Céu e eles colhiam gratuitamente todos os dias. 


Os anos se passaram no deserto e Moisés enviou os espias para verificar a terra prometida e trazer um relatório de lá. Dez deles trouxeram um relatório negativo, dizendo que a terra realmente era boa, mas os inimigos eram muito fortes e eles não conseguiriam vencê-los. Diante disso, o povo se revoltou contra Moisés e Aarão e quiseram nomear um líder para voltar ao Egito. 


Dois dos espias, Josué e Calebe, destoaram dos outros dez e tentaram apaziguar o povo, dizendo que Deus lhes daria vitória. Mas o povo quis apedrejá-los. Diante desta murmuração e rebeldia, o Senhor apareceu e deu-lhes a sentença de que aquela geração de murmuradores não entraria na terra prometida. Falaremos sobre isso no próximo tópico. 


No Novo Testamento também temos casos de murmuração. Os escribas e fariseus murmuravam constantemente contra Jesus e incitavam o povo contra Ele. O comentarista citou também o caso da murmuração de Atos 6, mas, conforme falamos acima, esse caso  trata de uma justa reivindicação e não de uma murmuração contra Deus. O erro deles foi não procurar a liderança para resolver o problema e ficar reclamando entre eles, provocando discórdia. 


Há também outros casos de murmuração no Novo Testamento. O apóstolo Paulo sofreu na pele as murmurações dos falsos obreiros que o acusavam de violar a Lei e abusar financeiramente do povo (2 Co 11). Por causa disso, ele militava à própria custa, para dar lugar aos falatórios. O apóstolo João também enfrentou as murmurações de Diótrefes, que queria ter a primazia e não queria recebê-lo (3 Jo 9,10).


O comportamento do murmurador é, antes de tudo, fruto da sua falta de fé. Se confiasse em Deus, iria orar e pedir providências a Ele e não se levantar contra Deus e contra os seus servos. Além disso, todo murmurador é egoísta e ingrato. Ele só pensa em suas próprias vontades, não se preocupa com a unidade da Igreja e nunca está contente com aquilo que Deus fez. 


3. O crente murmurador. Existe crente murmurador? A resposta é sim, pois, como vimos acima, os casos de murmuração aconteceram no meio do povo de Deus no Antigo Testamento, e no meio da Igreja, no Novo Testamento. Quando falamos de murmuração contra Deus e contra a liderança da Igreja, nos referimos aos casos de crentes que fazem isso. Os incrédulos fazerem isso é normal, pois não conhecem a Deus.


A murmuração é incompatível com a vida cristã. Um crente verdadeiro jamais se presta ao papel de murmurador, pois ele conhece o Deus que serve e confia nele. Se alguma coisa lhe falta, ele coloca diante do Senhor em oração e espera a providência de Deus. Como disse o apóstolo Pedro: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1 Pe 5.6,7). 


O hino 302 da Harpa Cristã traz algumas recomendações importantes para o crente sobre a murmuração: 


Em vez de murmurares, canta

Um hino de louvor a Deus

Jesus quer te dar vida santa

Qual noiva levar-te pra os céus.


Na segunda estrofe, a letra do referido hino diz que “aquele que vive murmurando, comporta-se como um escravo do mal.” É exatamente isso que faz o crente murmurador, transforma-se em um instrumento maligno, contra a obra de Deus, tornando-se um escravo do mal. 


Paulo e Silas foram açoitados publicamente com varas em Filipos, e depois lançados na prisão, por pregarem o Evangelho e libertar uma jovem que estava possessa de um espírito de adivinhação. Na prisão, sentindo dores e com as costas feridas por causa dos açoites, eles não deram lugar à murmuração, mas oraram e cantaram louvores a Deus. Diante disso, Deus fez o milagre e mandou um terremoto que abalou os alicerces da prisão, soltou-lhes as cadeias e abriu todas as portas da prisão (At 16.25,26). Os murmuradores  estão a serviço do maligno e são escravos dele. Mas, os que adoram nas tribulações estão a serviço de Deus e experimentam os milagres de Deus. 


REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 39.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal: RIO DE JANEIRO, CPAD, p.11

Comentário Bíblico Beacon. Volume 1. Rio de Janeiro, CPAD, 2005, p.175.

13 maio 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 7 - O PERIGO DA MURMURAÇÃO

 


Ev. WELIANO PIRES


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada, estudamos sobre as três principais armas espirituais do crente, que foram usadas por Jesus durante a sua tentação no deserto: A Palavra de Deus, a oração e o jejum.


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, falamos das armas do crente. Falamos dos mais variados tipos de armas mencionados na Bíblia: espada, funda, lança, capacete, escudo, etc. Entretanto, estas não são as armas do cristão, pois a nossa luta é espiritual. Falamos também das estratégias do inimigo das nossas almas para nos derrotar, que são baseadas na mentira, nas falsas doutrinas e traições. Por último, vimos que o diabo é o chefe das forças do mal e que o seu reino é organizado.


No segundo tópico, vimos detalhadamente as três principais armas do crente: A primeira delas, é a Palavra de Deus, uma arma de defesa e ataque. Jesus venceu o inimigo usando a Palavra de Deus; a segunda arma é a oração, que é um diálogo com Deus; a terceira arma do crente é o jejum, que sempre aparece junto com a oração e é uma arma espiritual que nos auxilia a ter mais intimidade com Deus. 


No terceiro tópico, falamos de Jesus como o nosso maior modelo, no uso destas três armas espirituais. Jesus, ao ser tentado pelo inimigo, venceu-o com a Palavra de Deus e ordenou que ele fosse embora. Ele usou também a arma da oração, pois passava noites em oração e orou em várias ocasiões: antes de escolher os seus apóstolos, no Jardim do Getsêmani, orou pelos discípulos e até pelos seus algozes. Jesus também praticava o jejum e espera que nós também o pratiquemos. Quando foi tentado pelo diabo, Ele estava em jejum havia quarenta dias. 


LIÇÃO 07: O PERIGO DA MURMURAÇÃO


INTRODUÇÃO


Nesta lição estudaremos sobre um grave pecado que Deus abomina, chamado murmuração. O Senhor libertou o povo de Israel da escravidão no Egito e os conduziu à terra prometida. Mas, na primeira dificuldade, eles murmuraram contra Moisés e contra Deus, dizendo que teria sido melhor morrer no Egito. Esta conduta se repetiu durante a peregrinação do deserto. O apóstolo Paulo alertou os cristãos a não repetirem esta prática.


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, falaremos sobre a murmuração na Bíblia, trazendo o conceito de murmuração em hebraico e grego. Veremos alguns exemplos de pessoas que murmuraram, no Antigo e no Novo Testamento, e as consequências deste pecado para o povo de Deus. Por último, falaremos do crente murmurador, que está sempre descontente, e se transforma em um instrumento do maligno contra a Obra de Deus. 


No segundo tópico, veremos que a murmuração impediu que a geração que saiu do Egito entrasse na terra prometida, com exceção de Josué e Calebe, que não murmuraram. A murmuração dos Israelitas começou contra a liderança que Deus escolheu. Entretanto, quando isso acontece, a murmuração é contra o próprio Deus, pois foi quem escolheu a liderança. A murmuração é muito perigosa, pois ela revela falta de fé, ingratidão e impede que a pessoa veja aquilo que Deus faz. 


No terceiro tópico, veremos que a murmuração também nos impede de entrar na Canaã Celestial, assim como impediu que a geração de murmuradores que saíram do Egito entrassem na terra de Canaã. Paulo nos mostra que o destino dos murmuradores é a morte. Assim como os murmuradores israelitas pereceram por causa da murmuração, um crente que vive murmurando é porque já se encontra espiritualmente morto. Há ainda muitos outros males advindos da murmuração como a contenda, a rebeldia e o desânimo no meio da Igreja. 


REFERÊNCIAS: 

GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2º Trimestre de 2024. Nº 97, pág. 39.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal: RIO DE JANEIRO, CPAD, p.11

Comentário Bíblico Beacon. Volume 1. Rio de Janeiro, CPAD, 2005, p.175.


12 maio 2024

FELIZ DIA DAS MÃES!!!


Mamãe, 

Hoje, neste dia tão especial
Venho aqui para agradecer
E as tuas virtudes enaltecer 
O teu amor incondicional
Incomparável e sem igual 
Os teus conselhos e cuidados
Durante os anos tem me dado 
Toda a segurança necessária 
Nos momentos da vida diária 
Mais uma vez: Muito obrigado 

Mãe, uma palavra mui pequena 
Que tem um grande significado
É sinônimo de amor e cuidado
A tua voz carinhosa e serena  
Traz a paz e a felicidade plena
Os teus filhos são prioridade 
Mesmo depois da maioridade
De meninos ainda são chamados
E ainda estão sob teus cuidados 
Trazem preocupação e ansiedade
 
Todos os anos faço declaração  
Para em teu dia, te homenagear 
E dedicar o meu amor sem par
Não se trata apenas de emoção 
São palavras que vem do coração
Mãezinha, para sempre te amarei
Aonde for, no coração te levarei
Sabemos que o futuro é incerto
Mas, enquanto a tiver por perto
Todo o meu amor a ti dedicarei 

FELIZ DIA DAS MÃES, minha querida Mãezinha, Maria Eunice.

Weliano Pires

10 maio 2024

A Palavra de Deus: A luz que ilumina o nosso caminho

“Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho.” (Salmo 119.105).

INTRODUÇÃO

A luz é uma necessidade vital dos seres vivos. No início da criação, antes da criação da luz, o Universo era um caos (Gn 1.2) e Deus ordenou: “Haja luz!”. Na Bíblia, a luz é usada como símbolo do bem e as trevas como símbolo do mal. Por isso, há constante oposição entre a luz e as trevas. O próprio Jesus se apresentou como “a Luz do mundo" e disse também que, os seus discípulos são “a luz do mundo”. A Palavra de Deus também é representada como “luz para o caminho” e “lâmpada para os pés”. 

I. SALMO 119: O SALMO DA PALAVRA DE DEUS

Este Salmo é de autoria desconhecida. Alguns atribuem a sua autoria ao sacerdote e escriba Esdras, que foi um exímio expositor das Escrituras, durante o retorno do cativeiro de Judá. O Salmo 119 é o maior dos Salmos e o maior capítulo da Bíblia, com 176 versos. 

É uma belíssima poesia em acróstico, contendo 22 estrofes, cada uma delas contém 8 versos, que começam com uma palavra, cuja inicial é uma letra sequencial do alfabeto hebraico. Em cada um dos versos há uma referência à Palavra de Deus, com palavras sinônimas: Lei do Senhor, Testemunhos, Mandamentos, Estatutos, etc. No texto em português esta beleza se perde, pois as sequências das letras acontecem apenas no texto hebraico. 

II. A LUZ EM SENTIDO LITERAL

Segundo a física, a luz é uma forma de radiação eletromagnética cuja frequência é visível ao olho humano. Os cientistas ainda não sabem tudo sobre a luz. Mas hoje já se sabe que a luz é constituída de partículas que a ciência chama de fótons e se propaga pelo vácuo a velocidades altíssimas, chegando a 300.000 km/s.

Para calcular uma distância muito grande, que os números não poderiam conter, os matemáticos usam a expressão ano-luz, que seria a distância percorrida por um corpo durante um ano, na velocidade da luz. Cada ano-luz corresponde a cerca de 9,5 trilhões de quilômetros. A luz pode se propagar também de outras formas, que não sejam o vácuo. Entretanto, são alteradas a velocidade, transmissão, refração, absorção, reflexão etc. 

Há duas fontes de luz no universo: a luz primária, ou própria e a luz secundária ou refletida. A primeira pertence às estrelas e a segunda, aos planetas e satélites. As principais fontes naturais de luz usadas pelo homem eram o sol, o fogo e os relâmpagos. Com o avanço do conhecimento foi-se desenvolvendo a luz artificial até através de velas, lamparinas a gás e lâmpadas elétricas.

III. A LUZ EM SENTIDO FIGURADO NA BÍBLIA

A luz é uma metáfora muito usada na Bíblia. Em Provérbios 4.18, o caminho dos justos é descrito como a "luz da aurora" (amanhecer), que brilha até o dia clarear totalmente. No Novo Testamento, Jesus usou a luz como uma imagem de boas obras, dizendo: “brilhe a vossa luz diante dos homens”. (Mt 5.16). João descreveu Jesus como “a luz verdadeira que alumia a todo homem que vem ao mundo”. (Jo 1.9). 

Em um discurso, Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo e os que me seguem não andarão em trevas…” (Jo 8.12). Em Filipenses 2.15, Paulo compara os filhos de Deus que são "irrepreensíveis e sinceros" com os “astros resplandecentes do universo''. O apóstolo João também diz que “Deus é luz” (1 Jo 1.5). 

Há também uma constante oposição entre luz e trevas, representando, respetivamente, o bem e o mal: “...A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.” (Jo 3.19; “.... E que comunhão tem a luz com as trevas?” (Co 6.14).

IV. A PALAVRA DE DEUS COMO LUZ

No Salmo 119.105, o salmista diz que a Palavra de Deus “é lâmpada para os seus pés e luz para o seu caminho”. Este verso faz parte do décimo quarto conjunto de oito linhas, onde o autor sagrado enaltece a Lei do Senhor, usando uma variação de palavras sinônimas para se referir à Palavra de Deus, embelezando a sua poesia. A décima quarta estrofe é chamada de Nune, que é o nome da letra hebraica repetida no começo de cada uma destas oito linhas. 

A simbologia da luz em relação à Palavra de Deus indica que ela mostra-nos os percalços do caminho e por onde devemos andar. Naqueles tempos, as pessoas andavam a pé em veredas estreitas e escuras. Sem o auxílio de uma lâmpada, poderiam facilmente tropeçar e cair. A lâmpada, nesse caso, servia mostrar o caminho e os perigos. 

Da mesma forma, a Palavra de Deus mostra-nos tudo o que precisamos saber sobre Deus, sobre a nossa condição de pecadores e a necessidade de arrependimento. Viver neste mundo sem a Palavra de Deus é dar um salto num abismo escuro, sem saber o que pode haver do outro lado.

CONCLUSÃO

Conforme foi exposto, a Palavra de Deus é a luz que ilumina o nosso caminho e nos mostra o caminho seguro para prosseguirmos. Sendo a Escola Dominical a principal instituição de ensino bíblico das nossas Igrejas, ela se torna fundamental para iluminar o caminho espiritual do cristão. Se quisermos ter crentes maduros e espiritualmente sadios, devemos priorizar a Escola Bíblica Dominical.


Weliano Pires é bacharel em teologia, articulista, blogueiro evangélico, pastor da Assembléia de Deus, Ministério do Belém, no bairro Cruzeiro do Sul Sul, em São Carlos - SP e professor da Escola Dominical há 24 anos ininterruptos. 


REFERÊNCIAS: 


CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 2432; 2442.

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 42-45.

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras, a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

JESUS CRISTO: O NOSSO MAIOR MODELO

(Comentário do 3º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais) 

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos de Jesus como o nosso maior modelo, no uso destas três armas espirituais. Veremos que Jesus, ao ser tentado pelo inimigo, venceu-o com a Palavra de Deus e ordenou que ele fosse embora. Na sequência, veremos que Jesus usou também a arma da oração. Ele passava noites em oração e orou em várias ocasiões. Por último, veremos que Jesus também praticava o jejum e espera que nós também o pratiquemos. 

1. Vencendo o Diabo com a Palavra. Jesus é a nossa maior referência no uso da Palavra, para ter vitória nas batalhas. Quando foi tentado pelo diabo no deserto, o texto bíblico nos diz que Ele foi tentado durante quarenta dias. No final dos quarenta dias, a Bíblia cita três investidas do inimigo contra Jesus e nas três, o Mestre usou a Palavra de Deus dizendo: está escrito. 

O inimigo citou a Bíblia para Jesus, distorcendo o seu sentido. Ele usou o Salmo 91, de forma distorcida, dizendo que estava escrito a respeito de Jesus, que Deus daria ordem aos anjos para protegê-lo. O texto bíblico, realmente diz isso. Mas não apóia a atitude irresponsável de correr perigos desnecessários, confiando que Deus irá nos proteger. Aqui, aprendemos com Jesus, a importância da exegese bíblica, ou seja, examinar o verdadeiro sentido do texto bíblico, para não distorcê-lo. 

Na atualidade também, muitas pessoas usam textos bíblicos fora dos seus contextos e de forma distorcida, para criar falsas doutrinas. Não basta ler a Bíblia, ou citar capítulos inteiros de cor. É preciso ler, fazer a exegese e interpretá-la corretamente. Conforme já falamos anteriormente, o diabo é especialista em distorcer a Palavra de Deus. 

2. Vivendo em oração. O Senhor Jesus, sem nenhuma dúvida, é o nosso maior exemplo de uma vida de oração. Mesmo sendo o Filho de Deus, Ele passava noites em oração e quando a multidão o cercava, ele fugia para lugares desertos a fim de orar. Em várias ocasiões, vemos nos Evangelhos que Jesus estava em oração. 

O Divino Mestre orou antes de tomar decisões importantes, como por exemplo, escolher os seus doze apóstolos. Ele fez também, uma longa oração, chamada de oração sacerdotal, em favor dos seus discípulos. Nesta oração, Jesus intercedeu pelos discípulos que andaram com Ele em seu ministério terreno, mas também pelos que ainda iriam crer nele, como nós.

Jesus orou também quando se aproximava o momento da crucificação. No Getsêmani, estando em profunda agonia, o Mestre orou ao Pai dizendo: “Pai, se possível, passa de mim este cálice, todavia, faça-se a Tua Vontade e não a minha.” (Mt 26.39-44). Por fim, quando Ele estava na Cruz, orou pelos seus algozes, dizendo: Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem.” (Lc 23.24). 

3. Vivendo em jejum. Além de usar a Palavra de Deus, como arma de ataque e de defesa, e ter uma vida de oração, Jesus também praticava o jejum. Quando foi tentado pelo diabo, Ele estava em jejum havia quarenta dias. No final dos quarenta dias, certamente Ele estava debilitado fisicamente, pois Ele era plenamente humano. Entretanto, este período de oração e jejum o fortaleceu espiritualmente, para enfrentar e vencer as investidas do inimigo contra Ele. 

Não temos outros registros nos Evangelhos de períodos de jejum de Jesus. Mas esta era uma prática comum dos judeus piedosos, que jejuavam duas vezes por semana (Lc 18.12). O fato de Jesus jejuar por quarenta dias indica que Ele tinha este hábito. Além disso, quando Ele falou sobre o jejum aos seus discípulos, da mesma forma que falou que falou sobre a oração, a oferta, a ajuda aos necessitados e outras práticas. Ele jamais falaria para os seus discípulos sobre algo que Ele mesmo não praticasse. 

O jejum é um arma poderosa, que aumenta a nossa intimidade com Deus, pois durante o período de jejum subjugamos a nossa carne e estamos em oração, leitura e meditação na Palavra de Deus. O jejum e oração também são armas eficientes para expulsar certas castas de demônios, que só são expulsos desta forma (Mt 17.21).

A Igreja Primitiva também praticava o jejum. Certamente, seguiram o exemplo do Seu Mestre. Saulo de Tarso, após ter um encontro com Jesus no caminho de Damasco, ficou cego e foi conduzido à cidade. Enquanto aguardava as orientações do que deveria fazer, passou três dias em jejum e oração, até a chegada de Ananias (At 9.9). 

A Igreja de Antioquia também estava em jejum e oração, quando o Espírito Santo ordenou que eles separassem Barnabé e Saulo para a obra missionária. Depois que ouviram a voz do Espírito Santo, eles jejuaram e oraram novamente, antes de enviá-los ao campo missionário. Vê-se, portanto, que o jejum é uma disciplina na vida cristã que nos aproxima de Deus e nos torna sensíveis à sua voz.


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 39, 2º Trimestre de 2024.

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 163-166.

Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp.1607, 2191,2192

Comentário Bíblico Beacon. RIO DE JANEIRO, CPAD, Vol. 8, 2006, p.459.

09 maio 2024

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais) 

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, descreveremos as três principais armas do crente: A primeira delas é a Palavra de Deus, a espada do Espírito. Jesus venceu o inimigo usando a Palavra de Deus. A segunda arma do crente é a oração. Jesus teve completa vitória, porque sempre viveu em oração. A terceira arma do crente é o jejum, uma arma espiritual que nos auxilia a ter mais intimidade com Deus. Jesus venceu o inimigo, estando em jejum e oração, por quarenta dias. 

1. A Palavra de Deus. A Palavra de Deus é uma poderosa arma de defesa e de ataque para o cristão. Na relação de armas que fazem parte da armadura do cristão, o apóstolo Paulo citou a Palavra de Deus, como a espada do Espírito (Ef 6.17). O escritor da Epístola aos Hebreus também falou que a Palavra de Deus é mais penetrante do que espada de dois gumes, pois penetra até à divisão da alma e do espírito, juntas e medulas e é apta para discernir os pensamentos e intenções dos corações (Hb 4.12). 

A Palavra de Deus é o fundamento seguro para as nossas vidas. No final do Sermão do Monte, o Senhor Jesus comparou a Palavra de Deus ao alicerce de uma casa edificada sobre a rocha: "Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a Rocha. (Mt 7.24,25). Quem edifica a sua vida sobre a Palavra de Deus, não será abalado pelas tempestades e crises desta vida. 

Há muitos textos na Bíblia que falam da importância da Palavra de Deus. Mas, certamente, o Salmo 119 é o que mais a enaltece. Em todos os seus 176 versos, há uma referência à Palavra de Deus, usando termos diferentes como lei, estatutos, juízos, testemunhos, palavra, caminhos, mandamentos, preceitos, etc. Segue abaixo, algumas informações importantes do Salmo 119 sobre a Palavra de Deus:  

A Palavra de Deus purifica os nossos caminhos (Sl 119.9); nos dá condições de não pecar contra Deus (Sl 119.11); alegra o coração de quem se lembra dela (119.16); vivifica os corações (119.25); fortalece a alma (119.28); traz salvação (119.41); produz a piedade de Deus (119.58); consola o aflito (119.76); veio do céu e permanece no céu (119.89); é lâmpada e luz para o nosso caminho (119.105); nos sustenta (119.116); ordena os nossos passos (119.133); é muito pura (119.140); é a verdade desde o princípio (119.160); nos dá entendimento (119.169); etc. 

No Novo Testamento também, a importância da Palavra de Deus é destacada. Jesus falou que a Palavra de Deus testifica dele (Jo 5.39). Depois, na oração sacerdotal, Ele disse que a Palavra de Deus é a Verdade e nos santifica (Jo 17.17). Falou também que a Palavra de Deus é infalível e jamais passará (Mt 24.35). O apóstolo Paulo falou que é através da Palavra de Deus que vem a fé (Rm 10.17). Pedro escreveu que a Palavra de Deus é o leite racional não falsificado, que promove o crescimento espiritual dos novos crentes (1 Pe 2.2). Portanto, a Palavra de Deus é indispensável na jornada do cristão neste mundo. 

2. A oração. A segunda arma espiritual do cristão, não menos importante, é a oração. No Salmo 51.17, durante a sua confissão e arrependimento, Davi disse: “De tarde e de manhã e ao meio-dia orarei; e clamarei, e ele ouvirá a minha voz.”  O próprio Deus, recomendou ao profeta Jeremias: “Clama a mim e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes.” (Jr 33.3).

A oração é uma prática inerente à vida cristã. Considerando que Deus é um ser pessoal e que se comunica com o seu povo, não é possível haver relacionamento com Deus se não houver oração. Por isso, Jesus não disse aos seus discípulos "se orardes" e sim "quando orardes". Ele partiu do pressuposto de que a oração faz parte da vida cristã. 

Em muitas religiões, a oração é simplesmente a repetição de um texto previamente elaborado, que teria poderes em si mesmo, para proteção, fechamento do corpo, prosperidade, livramentos, etc. Em outras religiões, há a figura do intermediário, que seria alguém a quem o fiel dirige as suas orações, para que este faça a intercessão diante de Deus ou de outras divindades pagãs. 

Entretanto, do ponto de vista bíblico, a oração é um diálogo ou uma conversa entre o crente e Deus. Na oração, o crente abre o seu coração diante de Deus, lançando sobre Ele as suas petições, intercessões e agradecimentos e aguarda a resposta de Deus, em tempo oportuno, de acordo com a Sua soberana vontade. 

Antes de orarmos, devemos sempre lembrar que Deus é Senhor e nós somos servos. Portanto, toda e qualquer oração deve começar com submissão, adoração e agradecimentos a Deus. Não pode haver qualquer espécie de exigência, pois servo não tem esse direito. Devemos orar a Deus, sempre respeitando a sua soberania. 

A Igreja Primitiva perseverava em oração, por isso, era uma Igreja poderosa que obteve muitas vitórias. Eles oraram antes de escolher Matias como apóstolo. Perseveraram na oração até serem revestidos de poder, no Dia de Pentecostes. Oraram agradecendo a Deus até pelas perseguições. Durante a prisão Pedro, a Igreja fez contínua oração por ele, até que ele foi liberto pelo Anjo do Senhor. A Igreja de Antioquia também estava em oração, quando o Espírito Santo chamou Barnabé e Saulo para a obra missionária. Depois, Paulo e Silas também oraram na prisão em Filipos e foram libertos milagrosamente.

Ao longo da história da Igreja também tivemos inúmeros homens e mulheres de Deus que tiveram profunda comunhão com Deus através da oração. Os heróis da fé revolucionaram o mundo com a pregação do Evangelho e milagres. Mas, por trás destes feitos havia piedosos servos de Deus em constante oração. John Knox costumava passar noites em oração clamando a Deus dizendo: “Dá-me a Escócia, senão eu morro!.” Deus atendeu a sua oração e lhe deu a Escócia. 

Muitas mulheres de Deus ao longo da história da Igreja, também mantiveram profunda comunhão com Deus na oração. Em Pernambuco, no ano de 1942, a irmã Albertina Bezerra Barreto, membro da Assembleia de Deus, no bairro de Casa Amarela, em Recife, é um exemplo histórico de oração. A sua filha Zuleide não andava nem falava.  Os médicos disseram que ela não passaria dos oito anos de vida. A sua mãe, no entanto, reuniu sete irmãs em sua casa para orar por esta causa. Durante o período de oração, ela recebeu uma profecia de que a filha seria curada. A menina recebeu a cura e viveu até aos 49 anos. Este acontecimento deu origem ao Círculo de Oração em nossas Igrejas. 

3. O jejum. A terceira arma espiritual do cristão é o jejum. O Jejum e a oração são atos de disciplina, autonegação e humilhação, que demonstram total dependência de Deus. Tanto o jejum como as orações estão presentes em várias religiões. O jejum serve a propósitos ritualísticos, ascéticos, religiosos, místicos e até políticos, de acordo com a motivação e a crença de cada um. 

No Judaísmo, anualmente acontece o chamado Yom Kippur (Dia da expiação), que é um dia  dedicado à contrição, às orações e ao jejum, como demonstração de arrependimento e expiação, em busca do perdão divino. Neste dia os fiéis fazem jejum absoluto e abstém-se de comer, beber, usar calçados de couro, lavar o corpo, passar cremes e desodorantes, de usar eletrodomésticos e de relações sexuais.  

No Islamismo, exige-se o jejum durante o período do Ramadã ou Ramadão. Este período é um mês sagrado para os muçulmanos. Eles fazem jejum diariamente entre o nascer e o pôr do sol. Segundo a tradição islâmica, o profeta Maomé teria recebido revelações divinas nesse período, no século VII d.C. Os muçulmanos praticam o jejum absoluto do nascer ao pôr do sol, em busca da purificação do corpo e da mente. 

Os católicos romanos também praticam o jejum todos os anos, durante os períodos da Quaresma, que são os quarenta dias que antecedem a Páscoa e a ressurreição de Jesus Cristo, e no período do Advento, que é o início  do chamado ano litúrgico, que inicia-se 4 domingos antes do Natal e termina no dia 24 de dezembro. Para os católicos estes períodos não são de festas, mas de ‘alegria moderada e preparação para receber Jesus.’ Os jejuns católicos são parciais e consistem em fazer apenas uma refeição durante o dia e não ingerir coisas proibidas, como carnes e bebidas. 

O jejum bíblico, no entanto, é diferente dos que são praticados em outras religiões, como vimos acima. Para o cristão, o jejum não é uma forma de penitência e autojustificação, como acontece em outras religiões. Na Bíblia, o jejum sempre aparece junto com a oração e está relacionado à humilhação e à confissão de pecados (Dt 9.18; Jn 3.5); e à

lamentação por alguma calamidade, ou derrota em uma batalha (Jz 20.26; Ne 1.4; Et 4.3). 

Os ensinamentos de Jesus sobre o jejum são poucos. Não há uma ordem, nem mesmo um pedido para os seus discípulos jejuarem. Os discípulos de João e os fariseus, chegaram a questionar a Jesus, por que os seus discípulos não jejuavam: “Ora, os discípulos de João e os fariseus jejuavam; e foram e disseram-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, e não jejuam os teus discípulos?” (Mc 2.18). Jesus respondeu que os filhos das bodas não podem jejuar enquanto o esposo estiver com eles. Mas, quando lhes for tirado o esposo, então jejuarão. 

O fato de Jesus não ter ordenado o jejum aos seus discípulos não significa que Ele não aprova o jejum ou que ele não precisa ser praticado. Jesus não apenas falou sobre o jejum, como também o praticou. Quando falou sobre o jejum, Jesus não disse “se jejuardes”, Ele disse “quando jejuardes”. Ele partiu do pressuposto de que os seus discípulos jejuariam. Segundo o ensino de Jesus, o jejum deve ser uma prática pessoal, voluntária e discreta, entre o discípulo e Deus: “Porém tu, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em oculto; e teu Pai, que vê em oculto, te recompensará.” (Mt 6.17,18). 

O valor do jejum não está na frequência com que se faz. O jejum cristão pode ser feito por tristeza pelo pecado, para estreitar a comunhão com Deus, ou buscar uma direção divina diante de alguma situação. Não pode ser praticado com motivações carnais e egoístas, ou para fazer barganha com Deus e tentar forçá-lo a fazer alguma coisa. Também não é uma forma masoquista de punir o próprio corpo, ou alguma forma de ascetismo, que defende a abstinência de alimentos ou prazeres para o desenvolvimento espiritual. O jejum cristão é uma abstinência voluntária de alimentos por um período, com o objetivo de aumentar o autocontrole e sujeitar o nosso corpo ao espírito, para nos dedicar às coisas espirituais. 


REFERÊNCIAS:

GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 39, 2º Trimestre de 2024.

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 163-166.

Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp.1607, 2191,2192

Comentário Bíblico Beacon. RIO DE JANEIRO, CPAD, Vol. 8, 2006, p.459.

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