03 maio 2024

O TERCEIRO INIMIGO DO CRISTÃO: O MUNDO

(Comentário do 3º Tópico da Lição 5 - Os Inimigos do Cristão) 

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos do terceiro grande inimigo do cristão que é o mundo. Falaremos das perspectivas bíblicas da palavra mundo. Há pelo menos cinco significados para a palavra mundo na Bíblia. Na sequência falaremos dos três vícios inerentes ao mundo: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Por último, veremos que, para vencer o mundo e os seus vícios infames, precisamos andar no Espírito, viver em Cristo e fazer a vontade do Pai. 


1. Perspectivas bíblicas da palavra “mundo”. O que significa a palavra mundo na Bíblia? No Salmo 24.1, o salmista diz: “Do Senhor é a terra, o mundo e os que nele habitam”. Em João 3.16, Jesus disse a Nicodemos que “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas, tenha a vida eterna”. Já em 1 João 2.15, o apóstolo João escreveu: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” O mesmo João escreveu em 1 João 5.19: “Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno.” 

Resumindo: a Bíblia diz que o mundo e os que nele habitam pertencem a Deus. Diz também que Deus amou o mundo e enviou o Seu Filho ao mundo. Por outro lado, ordena que não devemos amar o mundo e que o mundo jaz no maligno. Estes textos que falam sobre o mundo parecem contraditórios, por isso, muitas pessoas fazem confusão e até proíbem algumas coisas, dizendo que “são coisas do mundo” e, portanto, o crente não deve praticar. 

O fato é que a palavra mundo na Bíblia, assim como a palavra carne, é um termo polissêmico, ou seja, possui vários significados, que são determinados pelo contexto. Na Bíblia há cinco significados para a palavra mundo: a terra (Sl 24.1), o conjunto das nações (1 Rs 19.23), as pessoas (Jo 3.16), o universo (Rm 1.23) e o sistema maligno, formado por aqueles que se opõem a Deus (Jo 12.31). 

O mundo, que é o grande inimigo do cristão, é o sistema maligno formado por aqueles que se opõem a Deus. É este mundo que o apóstolo João diz para não amarmos e que jaz no maligno. Sendo assim, quando a Bíblia para não amar o mundo e que o mundo jaz no maligno, não está se referindo ao planeta terra ou às pessoas e sim ao sistema maligno que opera no mundo e se opõe a Deus. 


2. Três níveis de vícios infames. O apóstolo João disse em 1 João 2.15 para não amarmos o mundo, na sequência desse texto ele descreve o que há no mundo e não procede de Deus: “Porque tudo o que há no mundo a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” Neste subtópico, o comentarista trouxe uma explicação minuciosa destes três níveis de vícios infames que estão presentes nas  tentações. 

a) A Concupiscência da carne. Algumas palavras que aparecem na Bíblia, na Versão Almeida Revista e Corrigida, estão em desuso na atualidade e dificultam muitas vezes o entendimento de alguns textos. Este é o caso da palavra concupiscência. A palavra concupiscência no grego é “epithumia". Significa um desejo descontrolado de fazer aquilo que a natureza pecaminosa deseja e que é contrário à vontade de Deus. As versões mais atualizadas da Bíblia, como a Nova Versão Internacional (NVI), Nova Almeida Atualizada (NAA) e Nova Versão Transformadora (NVT) traduzem por “cobiça” ou “desejo intenso”. A concupiscência da carne, portanto, é a cobiça descontrolada por praticar as obras da carne (natureza pecaminosa), conforme vimos no tópico anterior.

b) Concupiscência dos olhos. A Concupiscência dos olhos é o desejo de possuir coisas ilícitas que os olhos vêem, ou são criadas na imaginação. Uma das maiores facetas desta cobiça é a pornografia. A pessoa olha para o corpo do outro e cria em sua mente desejos impuros. O patriarca Jó, ao se defender das acusações dos seus amigos de que havia pecado, disse: “Fiz um concerto com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem?...” (Jó 31.1). No Salmo 101.3, o salmista diz: “Não porei coisa má diante dos meus olhos…” Jesus também falou sobre a concupiscência dos olhos e disse: Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” (Mt 6.23). Tem um corinho antigo que as crianças cantavam que dizia: “Cuidado olhinho o que vê”. Precisamos estar sempre atentos às imagens que aparecem diante dos nossos olhos, para não pecar através do olhar. 

c) A soberba da vida. A soberba é sinônimo de orgulho, arrogância e sentimento de superioridade. A soberba da vida consiste na autoglorificação, autoexaltação e no desprezo pelo próximo e pelo próprio Deus. O soberbo se acha importante demais para sujeitar-se a alguém, inclusive a Deus.  Este foi o pecado do querubim que se transformou no diabo e foi expulso das regiões celestiais. Ele se achou tão importante, que desejou fazer a sua morada acima das estrelas e ser semelhante ao Altíssimo. Deus abomina a soberba e ama a humildade. Tiago disse que Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4.6). A soberba da vida tem várias facetas: o narcisismo, o hedonismo, a avareza, a ostentação, a obsessão pelo poder, o egoísmo, etc. 

3. Vencendo o mundo. O que fazer para vencer o mundo e suas concupiscências? O apóstolo João deixou-nos a receita: “Porque todo que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1 Jo 5.4). A palavra traduzida por fé na Bíblia não significa apenas acreditar na existência de Deus e nas verdades bíblicas. 

Tiago falou que os demônios também crêem e estremecem, mas não obedecem (Tg 2.19). Então, a fé que vence o mundo não é apenas a crença vazia na existência de Deus, mas é a convicção, confiança e fidelidade absoluta a Deus, que suplanta a própria vida. Existem muitos que crêem que Deus existe e têm uma confissão de fé ortodoxa. Mas, o estilo de vida deles é absolutamente contrário à sua confissão de fé. 

O apóstolo Paulo também recomendou que o cristão deve encher-se do Espírito (Ef 5.18) e revestir-se de toda a armadura de Deus (Ef 6.10-18). Não há como vencer as concupiscências da nossa velha natureza com as nossas próprias forças. Se o crente não nasceu de novo e não andar no Espírito, inevitavelmente, ele será vencido pela sua natureza pecaminosa. 


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 39, 2º Trimestre de 2024.

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs.1707; 2166.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, pp.208-210.


01 maio 2024

O SEGUNDO INIMIGO DO CRISTÃO: A CARNE

(COMENTÁRIO DO 2º TÓPICO DA LIÇÃO 5 - OS INIMIGOS DO CRISTÃO) 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos do segundo inimigo do cristão, que é a carne. Inicialmente, veremos os quatro conceitos de carne, apresentados na Bíblia. Na sequência, veremos o conceito de carne na perspectiva do Novo Testamento, que utiliza o termo grego sarx, traduzido por carne. Por último, falaremos da perspectiva doutrinária da Palavra carne, que é uma referência à sua natureza pecaminosa do ser humano após a Queda. 


1. Conceito bíblico de carne. A palavra carne na Bíblia é um termo polissêmico, ou seja, possui vários significados, de acordo com o contexto. O comentarista nos apresenta os quatro significados da palavra carne na Bíblia: 

a. O tecido muscular do ser humano e dos animais. É a parte do corpo humano ou dos animais vertebrados, macia, fibrosa, irrigada de sangue, que fica entre a pele e os ossos. Em Gn 2.21 diz que “...O Senhor tomou uma das costelas de Adão e cerrou a carne em seu lugar.”

b. O corpo humano. Em outros textos bíblicos, a palavra carne não é uma referência apenas à parte do corpo que é chamada de carne, como vimos acima, mas é uma referência a todo o corpo humano, como por exemplo, em Ex 4.7, quando o Senhor disse a Moisés para tornar a colocar a mão no seu peito, depois que está havia se tornado leprosa: “... E tornou a meter a mão no peito; depois, tirou-a do peito, e eis que se tornara como a sua outra carne.” A expressão “sua outra carne” é uma referência ao restante do corpo e não apenas à parte que é considerada carne. 

c. A fragilidade humana. Em outros textos bíblicos a palavra carne é usada para se referir à fragilidade do ser humano, como um ser mortal. No Salmo 78.39, o salmista diz: “Porque se lembrou de que eram carne, um vento que passa e não volta.” Carne aqui é uma referência à mortalidade do ser humano. A Nova Versão Internacional (NVI) traduziu a expressão “eram carne” aqui por “eram meros mortais”. 

d. A natureza humana, corrompida pelo pecado. Em vários textos bíblicos, principalmente no Novo Testamento, a palavra carne não se refere aos tecidos do corpo, ao corpo ou à fragilidade humana e sim, à sua natureza pecaminosa. É nesse sentido que o apóstolo Paulo fala das obras da carne, em Gálatas 5.19-21). Dos quatro significados da palavra carne, é este que é considerado o inimigo do cristão. Os tecidos do corpo, o corpo por inteiro ou a fragilidade humana não são nossos inimigos. Os gnósticos ensinavam que a matéria era essencialmente má e o espírito era bom. Por isso negavam a humanidade de Cristo. Mas isso não tem nenhum fundamento nas Escrituras. O corpo humano não tem nada de mal, pois foi criado por Deus e é o templo do Espírito Santo. O problema está na natureza humana, que foi corrompida pelo pecado. 


2. A Carne no Novo Testamento. No Novo Testamento encontramos duas palavras gregas que são traduzidas por carne: Sarx e Soma. Segundo o dicionário bíblico Wycliffe, a palavra “sarx” é usada em sentido figurado e refere-se “à natureza carnal, ou a disposição que há no homem, propensa a pecar e que é antagônica a Deus.” A outra palavra grega traduzida por carne é “soma”. Esta palavra é usada para se referir ao corpo físico e não tem nenhuma ligação com a pecaminosidade humana. 


No Evangelho segundo João, é dito que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14), referindo-se a Jesus Cristo, o Filho de Deus. Evidentemente, carne aqui não pode ser uma referência à natureza humana corrompida pelo pecado, pois a natureza de Cristo nunca se corrompeu pelo pecado. Ele tomou a forma humana e se fez mortal, mas nunca pecou. 


A natureza humana foi corrompida pelo pecado e tem forte inclinação para o pecado. No capítulo 5 da Epístola aos Gálatas, o apóstolo Paulo explica que em nosso interior há um embate entre a velha natureza, corrompida pelo pecado, e o Espírito Santo, que é absolutamente Santo e se opõe à carne. Evidentemente, o apóstolo não se refere aos órgãos e tecidos do corpo humano e sim, à natureza humana decaída, com forte inclinação ao pecado. Paulo citou uma lista de dezesseis obras da carne, que estão divididas em três categorias: 

a. Pecados contra o corpo: adultério, fornicação, impureza, lascívia, bebedices, glutonarias;

b. Pecados contra a fé: Idolatria e feitiçaria;

c. Pecados contra o próximo:  inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas e homicídios.


No final da lista, o apóstolo Paulo diz que aqueles que praticam estas coisas não herdarão o Reino de Deus. Esta lista não é exaustiva, pois no final ele diz também:"...e coisas semelhantes a estas". Portanto, há muitas outras obras da natureza pecaminosa do ser humano, que não estão nesta lista, mas são condenadas em outras partes da Bíblia. 


3. A perspectiva doutrinária da palavra carne. Do ponto de vista doutrinário, a palavra carne no Novo Testamento se refere à natureza humana, corrompida pelo pecado, após a entrada do pecado no mundo como falamos no subtópico anterior. En alguns casos, a palavra carne também seja usada para se referir ao corpo físico, como em 1 Coríntios 15.39: “Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais, e outra a dos peixes e outra a das aves.”. Entretanto, não devemos confundir a natureza pecaminosa com o corpo humano. 


O corpo humano foi criado por Deus e, mesmo tendo se tornado mortal por causa do pecado, ele não é mal em si mesmo. Tanto que Jesus tomou a forma humana e nunca pecou. A carne que se opõe ao Espírito não é o corpo humano e sim a natureza pecaminosa do homem. Quando nascemos, já herdamos dos nossos pais esta natureza, com a tendência de pecar. Davi disse: “Eis que em iniquidade fui formado e em pecado me concebeu a minha mãe” (Sl 51.5). 


Por fazerem confusão entre natureza carnal e o corpo humano, os monges vivem isolados do resto do  mundo e privando o corpo de alimentos, sexualidade e outros prazeres lícitos, a fim de não se contaminarem. Mas não é disso que a Bíblia fala quando se refere à carne. Não há nada de errado em comer, passear, ou se relacionar sexualmente dentro do casamento. 


Muitos crentes também confundem as obras da carne  com possessão demoníaca e tentam, equivocadamente, repreender o demônio das pessoas que praticam estas obras, como se elas estivessem possuídas por demônios. Embora o diabo use estas coisas para escravizar as pessoas no pecado e afastá-las de Deus, estas pessoas não estão possessas por demônios. O que elas precisam fazer é buscar a Deus e andar segundo a direção do Espírito Santo. Somente assim, poderão vencer a natureza pecaminosa.


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 39, 2º Trimestre de 2024.

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs.1707; 2166.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, pp.208-210.

30 abril 2024

O PRIMEIRO INIMIGO DO CRISTÃO: O DIABO

(COMENTÁRIO DO 1º TÓPICO DA LIÇÃO 5 - OS INIMIGOS DO CRISTÃO) 

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos do primeiro grande inimigo do cristão, que é o diabo. Veremos que a Bíblia nos apresenta o diabo como um ser real. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento nos mostram várias ações dele como uma pessoa. Veremos também a descrição bíblica de Satanás. A Bíblia o descreve como um querubim que se rebelou contra Deus e foi expulso do Céu. Por último, falaremos da identidade do inimigo. A Bíblia nos apresenta alguns nomes do inimigo que revelam a sua natureza má, cruel e destruidora. 


1. O Diabo é real. Muitas pessoas no mundo atual negam a existência do diabo. Os secularistas e os ateus, que são naturalistas, dizem que ele é apenas uma fantasia ou mito criado por pessoas que não querem assumir as suas culpas pelos próprios erros e os atribuem ao diabo. Por outro lado, os filósofos e psicólogos dizem que a figura do diabo faz parte do subconsciente do ser humano e está relacionado aos impulsos e desejos egoístas de pessoas que querem fugir das próprias responsabilidades e criam uma figura mitológica a quem atribuem a origem de todos os males. 


Mas esta negação não se restringe aos ateus, naturalistas, filósofos e psicólogos. Os teólogos liberais, que negam a inerrância e inspiração divina das Escrituras, negam a existência do diabo como uma pessoa e dizem que trata-se apenas de uma metáfora, ou uma representação do mal. No Livro de apoio, o comentarista se estende mais sobre este assunto e diz o seguinte, sobre a posição dos teólogos liberais em relação ao diabo:


“... [Os teólogos liberais] afirmam que Satanás nada mais é do que uma metáfora para o mal, uma representação de oposição entre o bem e o mal, jamais um ser ou entidade real, apenas uma personificação do mal. Afirmam que se trata apenas de uma força negativa presente na sociedade e que altera o comportamento humano. Quanto aos textos bíblicos que fazem alusão a Satanás, interpretam afirmando que são apenas histórias simbólicas, alegorias, mas nunca fatos realmente literais. Por meio dessas histórias, segundo eles, a pessoa pode aproveitar para tirar lições para a vida moral e espiritual.”


Além dos que negam a existência do diabo como uma pessoa, há também os que reconhecem que ele é uma pessoa, mas dizem que ele não é um ser autônomo, inimigo de Deus e do seu povo. Dizem que ele é, na verdade, um agente de Deus, criado exatamente para exercer o papel de acusador diante de Deus. Esta é a posição do Judaísmo. 


Os Calvinistas têm posição semelhante. Embora creiam que o diabo é um ser maligno, inimigo do povo de Deus e que é já está condenado, ensinam que o diabo está a serviço de Deus e só faz aquilo que Deus decretou. Ora, embora as ações do diabo estejam sujeitas à permissão de Deus, como tudo o que acontece no universo, não podemos dizer que ele está a serviço de Deus, ou que faz a vontade de Deus. Isso é uma blasfêmia, pois afronta o caráter santo de Deus. 


Do ponto de vista bíblico, nenhuma destas teses se sustentam. Tanto no Antigo como no Novo Testamento, a Bíblia mostra Satanás como um ser real, maligno, cruel, que se opõe a Deus e ao seu povo desde o princípio. No início da Bíblia, no capítulo 3 do livro do Gênesis, a Bíblia o apresenta como o responsável por enganar o primeiro casal e convencê-los a desobedecer a Deus. Depois as suas ações malignas contra o povo de Deus aparecem nos livros históricos e proféticos. No Novo Testamento, tanto Jesus como os apóstolos falam da pessoa do diabo e das suas ações com mais detalhes, conforme veremos a seguir. 


2. A descrição de Satanás. Como podemos conhecer o inimigo? Qual a sua origem? Quais são as suas armas e estratégias? Como cristãos, só podemos conhecer o mundo espiritual através da Bíblia, que é a Palavra de Deus e o nosso único manual de fé e conduta. Como a Bíblia descreve Satanás e as suas ações? É sobre isso que vamos falar neste subtópico.

Conforme mencionou o comentarista, a Bíblia descreve Satanás como um  um ser espiritual que pertencia a uma ordem angelical dos querubins, sendo o mais exaltado deles (Ez 28.12,14; Is 14.12-15). O texto de Ezequiel 28 é uma profecia contra o rei de Tiro e, da mesma forma, o texto de Isaías 14 é uma profecia contra o rei da Babilônia. Aqueles que negam a existência ou a personalidade do diabo, dizem que estes textos falam apenas destes reis. 

Entretanto, a descrição do personagem descrito em Ezequiel 28 mostra que Deus não estava falando de um ser humano e sim do diabo, que estava por trás das ações deste rei: “Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura [...] Estavas no Éden, jardim de Deus…toda pedra preciosa era a tua cobertura […] Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas [...] Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti.” Nenhuma destas afirmações se aplicam ao rei de Tiro, pois ele nunca esteve no Éden, nunca foi querubim ungido, nunca foi perfeito em seus caminhos, nem tampouco andou entre pedras preciosas. 

Da mesma forma, o texto de Isaías 28, embora seja uma profecia contra o rei da Babilônia, que levaria o povo de Judá para o cativeiro anos depois, traz algumas afirmações que também não se encaixam neste rei e sim no diabo: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.” O rei da Babilônia não caiu do Céu, não foi lançado na terra e também nunca disse que subiria aos Céus e seria semelhante ao Altíssimo. Quando lemos o Livro do Apocalipse, descobrimos que isso se aplica perfeitamente a Satanás. 

A Bíblia nos mostra que o diabo é o arquiinimigo de Deus e, portanto, ele odeia o povo de Deus. Ele é um inimigo perigosíssimo, pois é mentiroso e pai da mentira. O seu modo de agir é caracterizado pela falsidade, sutileza e toda sorte de engano. Sobre isso, o apóstolo Pedro nos alertou: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”. (1 Pe 5.8). Nesta advertência, o apóstolo alertou os crentes sobre o perigo do nosso adversário, que é maligno e altamente destruidor, mas, ao mesmo tempo, é astuto como um leão quando ataca as suas presas. O primeiro passo para o leão atacar uma presa é acompanhar os seus passos e isolá-la do bando. Quando a presa está sozinha, ele a ataca com um golpe certeiro, que impede a sua reação. 

Em uma guerra, um dos erros fatais é ira ao campo de batalha sem conhecer o inimigo e as suas armas. Um exército bem equipado, com armas poderosas e tecnologia de última geração, pode ser derrotado ou pelo menos sofrer muitas baixas, diante de um inimigo inferior, se não conhecer o inimigo e as suas estratégias.

Com o diabo acontece a mesma coisa. Muitos crentes acham que não precisam conhecer o diabo ou falar sobre ele. Por isso, se tornam vulneráveis diante dos seus ataques. Precisamos evitar dois extremos que são equivocados, em relação ao diabo:

a) Subestimar o inimigo. Não devemos fazer como os neopentecostais que acham que basta "amarrar o diabo" ou fazer algumas declarações que ele foge. O diabo é astuto e, muitas vezes, se disfarça de anjo de luz (2 Co 11.14). 

b) Superestimar o inimigo. Não devemos atribuir ao diabo poderes que ele não tem. O diabo tem poderes espirituais, é inteligente, astuto, maligno, mentiroso, astuto e perigoso. Entretanto, ele não pode ser colocado no mesmo patamar de Deus. O inimigo só pode agir se Deus permitir. 


3. A identidade do Inimigo. A Bíblia não revela o nome próprio do diabo, como acontece com o arcanjo Miguel e o anjo Gabriel. Os rabinos judaicos do tempo de Jesus chamavam o chefe dos demônios de Belzebu, que era uma variação de Baal-Zebube, um dos títulos de Baal. Mas a Bíblia não usa este nome em lugar algum para se referir ao diabo. 

Muitas pessoas imaginam também que o nome do inimigo das nossas almas é Satanás ou Diabo. Outros dizem que é Lúcifer. Mas, estes não são nomes próprios, são títulos. A palavra Satanás é a transliteração grega do termo hebraico “Satan”, que significa “adversário”. A palavra diabo, é a transliteração portuguesa do termo grego “diabolos”, que significa “acusador”. Já a palavra Lúcifer é um termo latino que significa “estrela de luz” ou “estrela da manhã”. Esta palavra aparece no texto de Isaías 14.12, na versão latina da Bíblia, conhecida como Vulgata. Jerônimo, o tradutoredesta versão da Bíblia, entendeu que era um nome próprio do inimigo e assim o colocou. 


Há ainda os que usam nomes que as religiões de matrizes africanas dão às suas entidades, para identificar demônios, como por exemplo: Exú Caveira, Zé Pilintra, Maria Mulambo, Pomba Gira, etc. Mas, estes nomes não estão na Bíblia e não tem nada a ver com os demônios. São títulos que algumas religiões dão às suas divindades e guias espirituais, chamados de orixás, guias, ou caboclos. É ofensivo para estas religiões chamá-los de demônios. Embora saibamos que toda idolatria está relacionada aos demônios, não devemos usar os nomes dados por religiões aos seus deuses para identificar os demônios. 


Sobre a identidade do inimigo, a Bíblia usa alguns títulos que revelam a sua natureza, a sua astúcia e a malignidade das suas ações. O comentarista citou vários deles: Satanás e diabo, como já falamos, que significam respectivamente, adversário e acusador; maligno (1 Jo 5.18,19), em referência à maldade das suas ações; Dragão Vermelho, que mostra a sua ferocidade (Ap 12.3,7,9,10) e muitos outros. 


Estes títulos demonstram que este inimigo é cruel, maligno, enganador, perigoso e destruidor. O segredo para vencê-lo é revestir-se do Senhor e do seu poder, como disse Paulo aos Efésios (Ef 6.10); ser sóbrio e vigiar, como disse Pedro (1 Pe 5.8); sujeitar-se a Deus e resistir ao diabo, como disse Tiago (Tg 4.7); é preciso também conhecer a Palavra de Deus, para cair nos enganos do inimigo. 


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 39, 2º Trimestre de 2024.

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs.1707; 2166.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, pp.208-210.

29 abril 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 5 - OS INIMIGOS DO CRISTÃO


Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada, estudamos sobre a forma que deve ser a nossa conduta neste mundo, enquanto esperamos a vinda gloriosa do Senhor, para nos levar ao Céu.  O padrão de conduta do cristão neste mundo é o estilo de vida vivido por Jesus e não os padrões vividos pelo mundo. 


No primeiro tópico, falamos do padrão de conduta do cristão, apontando Jesus como o nosso modelo em todas as coisas. Jesus viveu neste mundo para fazer a vontade do Pai e espera dos seus discípulos que também o façam. Vimos também que o cristão neste mundo tem um padrão a ser seguido, que o levará a uma vida cristã bem sucedida. 


No segundo tópico, vimos que nossa caminhada deve ser feita com prudência e sabedoria. Vimos que a prudência na Bíblia está relacionada ao estilo de vida com compreensão e discernimento. Depois falamos da recomendação de Paulo aos Efésios, para não andarem como néscios e sim como sábios (Ef 5.15). O néscio vive uma vida de ignorância espiritual. O sábio, por sua vez, anda com discernimento e sabedoria, não a sabedoria deste mundo, mas a quem vem de Deus. 


No terceiro tópico, falamos dos conselhos do apóstolo Paulo para vencer os dias maus: remir o tempo, ou seja, conduzir-se neste mundo de forma proveitosa e sábia; remir o tempo, na perspectiva da volta do Senhor, aproveitando as oportunidades para nos preparar para o retorno do Senhor; atentar para o alerta de Paulo de que os dias são maus e, portanto,  precisamos nos fortalecer no Senhor e vigiar para não ser vencido pelo mal. 


LIÇÃO 05: OS INIMIGOS DO CRISTÃO


INTRODUÇÃO


O crente tem inimigos? Se sim, quem são os seus inimigos? Sim, o crente tem inimigos neste mundo, mas estes inimigos não são as pessoas. A Bíblia nos mostra que o cristão tem três grandes inimigos neste mundo que são: o diabo, a carne e o mundo. Dois destes inimigos nos atacam do lado externo, que são o diabo e o mundo. O outro, que é a nossa carne ou a nossa velha natureza, ataca do lado interno. Nesta lição, estudaremos sobre a identidade destes três terríveis inimigos do cristão durante a sua jornada para o Céu e como vencê-los. 


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, falaremos do primeiro grande inimigo do cristão, que é o diabo. Diferente do que muitos imaginam, o diabo é um ser real. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento nos mostram várias ações dele. A Bíblia descreve o diabo como um querubim que se rebelou contra Deus e foi expulso do Céu. A Bíblia nos apresenta também alguns nomes para identificar o diabo, como serpente, dragão, maligno, tentador, acusador e outros, que revelam a sua natureza má, cruel e destruidora. 


No segundo tópico, falaremos do segundo inimigo do cristão, que é a carne. A Bíblia nos apresenta quatro conceitos diferentes para carne: a carne literal de homens e animais, o corpo humano, a fragilidade humana e natureza pecaminosa. No Novo Testamento, o termo grego sarx, traduzido por carne, é uma referência à nossa natureza corrompida pelo pecado. A carne como grande inimiga do cristão, é uma referência à sua natureza pecaminosa. 


No terceiro tópico, falaremos do terceiro grande inimigo do cristão que é o mundo. Na Bíblia há cinco conotações para mundo: a terra, as nações, a raça humana, o universo e os que se opõem a Deus. O mundo, que é o grande inimigo do cristão, é o sistema maligno formado por aqueles que se opõem a Deus. O apóstolo João fala para não amarmos o mundo e cita três vícios inerentes a ele: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Para vencer o mundo e os seus vícios infames, precisamos andar no Espírito, viver em Cristo e fazer a vontade do Pai. 


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 97, pág. 39, 2º Trimestre de 2024.

Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, págs.1707; 2166.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, pp.208-210.

JESUS — O PÃO QUE DESCEU DO CÉU

(Comentário do 3º tópico da Lição 04: Jesus, o Pão da vida). Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, falaremos de Jesus como o Pão que desceu ...