19 outubro 2023

MISSÕES NOS EVANGELHOS E EM ATOS DOS APÓSTOLOS

(Comentário do 2º tópico da Lição 04: Lição 4: Missões Transculturais no Novo Testamento).

Ev. WELIANO PIRES

Neste tópico, veremos que ministério de Jesus nos Evangelhos é exclusivamente voltado para a obra missionária. Tudo o que Ele pregava e fazia tinha o objetivo de buscar os perdidos. Na sequência, falaremos das missões no Livro de Atos dos Apóstolos, abordando o trabalho de Filipe e Pedro, que foram os primeiros missionários transculturais na Igreja Primitiva. Por último, ainda no Livro de Atos dos Apóstolos, abordaremos o trabalho missionário de Paulo e Barnabé, com as suas viagens missionárias pelo mundo, que constituem a maior parte do Livro.

1. Nos Evangelhos. O Novo Testamento representa o cumprimento e a explicação do Antigo Testamento. Muitas coisas que eram incompreensíveis no antigo pacto se tornam claras no Novo Testamento. Os tipos, figuras alegorias e profecias se tornam claras com o registro do Novo Testamento. Os apóstolos do Senhor e pessoas ligadas a eles como Marcos e Lucas, foram inspirados pelo Espírito Santo para escrever os registros do ministério terreno de Nosso Senhor Jesus Cristo, a descida do Espírito Santo, as doutrinas da Igreja Cristã e as revelações das últimas coisas que em breve irão acontecer. A primeira parte, que registra a vida, morte e ressurreição do Senhor Jesus, está registrada nos Evangelhos. 

Quando mencionamos "os Evangelhos", é uma referência aos quatro primeiros livros do Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas e João. Na verdade, não são quatro Evangelhos, pois o Evangelho é apenas um. Então, é o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, registrado por quatro evangelistas. Por isso, os títulos de cada um deles diz: o Evangelho segundo Mateus, segundo Marcos, segundo Lucas e segundo João. A palavra "São" é uma tradição católica, para se referir à canonização destes servos de Deus e não deve ser usada. 

Estes livros registram o ministério terreno do Senhor Jesus. Encontramos  neles, a genealogia de Jesus Cristo, os registros do anúncio do nascimento de Jesus pelo Anjo Gabriel, as circunstâncias do nascimento de Jesus, os seus discursos, os milagres, a sua prisão, morte e ressurreição. Os livros de Mateus, Marcos e Lucas são chamados de "Evangelhos Sinóticos" devido à semelhança dos relatos. Já o Evangelho segundo João, destoa um pouco, pois dá ênfase ao ministério de Jesus na vida adulta e aponta para a sua divindade.  

Podemos ver as atividades missionárias nos Evangelhos na Pessoa de Jesus, o missionário enviado pelo Pai. O ministério de Jesus é marcado por ações missionárias, na proclamação do Evangelho, nas curas divinas e também no preparo e envio dos seus discípulos como missionários. Temos registros de pelo menos duas ocasiões em que o Senhor Jesus enviou os seus discípulos, com a  missão de pregar o Evangelho: a missão dos doze apóstolos (Mt 10) e a missão dos setenta discípulos (Lc 10.1-20). 

A natureza missionária nos Evangelhos se evidencia também na própria formação desses livros, sob a inspiração do Espírito Santo. Estes registros, com os discursos de Jesus, os acontecimentos da sua vida terrena, os seus milagres e as descrições das muitas profecias que se cumpriram nEle, são por si só, a proclamação da mensagem de Salvação. Sem estes registros, nada saberíamos sobre Jesus. Há casos de ateus que começaram a estudar os Evangelhos, com o objetivo de encontrar contradições e combater o Cristianismo. Mas, ao final, descobriram a Verdade e se converteram. Este foi o caso do renomado escritor Augusto Cury. 

Os quatro Evangelhos terminam com a grande comissão, embora com enfoques diferentes. Mateus registrou a ordem de Jesus para fazer discípulos de todas as nações, batizar e ensinar as doutrinas bíblicas (Mt 28.19,20); Marcos destacou apenas a ordem para anunciar o Evangelho a todos, mediante os dons do Espírito Santo (Mc 16.15-20); Lucas registrou a ordem para pregar o Evangelho no âmbito local, regional e mundial, condicionada ao revestimento de poder (Lc 24.49; At 1.4.8); João, por sua vez, não entrou em detalhes sobre a grande comissão e registrou apenas que Jesus enviou os discípulos a pregarem, da mesma forma que o Pai o enviara (Jo 20.21-23). 

2. Nos Atos dos Apóstolos: os missionários Filipe e Pedro. Atos dos apóstolos é o segundo volume de duas obras escritas por Lucas, sendo a continuidade da primeira. O Evangelho segundo Lucas termina com a recomendação de Jesus aos discípulos, para que não se ausentassem de Jerusalém, antes de serem revestidos do poder do Espírito Santo (Lc 24.49). 

O livro de Atos, por sua vez, inicia com o relato dos últimos momentos de Jesus com os seus discípulos, após a sua ressurreição e a sua ascensão ao Céu e faz menção justamente à advertência de Jesus aos discípulos, para que esperassem a promessa da descida do Espírito Santo, registrada no final do Evangelho segundo Lucas. 

Neste subtópico, o comentarista destaca as missões transculturais realizadas por Filipe e Pedro. No próximo subtópico, ele trata das missões de Paulo e Barnabé, que são os principais protagonistas do Livro de Atos, a partir do capítulo 11. Nos sete primeiros capítulos do Livro de Atos, vemos que a evangelização feita pela Igreja Primitiva foi estritamente aos judeus, na cidade de Jerusalém. 

Com o martírio do diácono Estevão, após a sua eloquente pregação registrada no capítulo 7, os discípulos foram obrigados a fugir de Jerusalém para não serem mortos também, pois a perseguição se acentuou contra todos eles naquele dia (At 8.1). Saulo, um jovem de Tarso da Cilícia, fariseu, instruído aos pés de Gamaliel, um dos mais respeitados rabinos daqueles dias, assolava a Igreja, arrastando homens e mulheres pelas ruas e conduzindo-os às prisões (At 8.3). 

Nesse contexto de caça ferrenha aos cristãos em Jerusalém, aqueles que fugiam para outras regiões, anunciavam o Evangelho aonde chegavam. O diácono Filipe seguiu para Samaria e lá anunciou o Evangelho aos samaritanos (At 8.5). Filipe foi usado por Deus naquela cidade para realizar muitas curas e expulsão de espíritos imundos. Isso fez com que as multidões prestassem a atenção em sua pregação e houve muitas conversões na cidade. 

Até um mágico impostor, chamado Simão, que havia iludido a cidade dizendo que era um grande personagem, creu na pregação de Filipe. Porém, quando viu Pedro impor as mãos para que as pessoas fossem batizadas no Espírito Santo, ofereceu suborno, tentando comprar a autoridade divina. Por isso, a prática de comprar e vender as coisas de Deus ficou conhecida como “simonia”. 

Depois de evangelizar Samaria, Filipe foi conduzido pelo anjo do Senhor, para ir ao caminho de Gaza, ao encontro do mordomo-chefe de Candace, rainha dos etíopes. Chegando lá, encontrou o homem sozinho em seu carro, lendo as Escrituras, pois vinha da festa em Jerusalém. Em um evangelismo pessoal eficiente, dirigido pelo Espírito Santo, Filipe alcançou aquele estrangeiro para Cristo. 

Filipe é considerado o primeiro missionário transcultural da história da Igreja, pois foi o primeiro a pregar o Evangelho aos não judeus. Com a conversão de muitos samaritanos, Pedro e João foram enviados para aquela cidade, para dar apoio ao trabalho iniciado por Filipe e estabelecer as bases doutrinárias da Igreja. 

Pedro ainda tinha bastante dificuldade de entender a universalidade da salvação e insistia em pregar apenas aos filhos de Israel. Foi preciso o Senhor mostrar-lhe a visão de um grande lençol, atado pelas quatro pontas, descendo do Céu com vários tipos de animais considerados impuros pela Lei mosaica. Em seguida ouviu uma voz do Céu, ordenando que os matasse e comesse. Pedro recusou, dizendo que nunca havia comido nada comum ou imundo. A voz lhe respondeu, dizendo que ele não deveria considerar comum e imundo, o que Deus purificou. 

Simultaneamente a este acontecimento, um piedoso centurião romano de Cesaréia, chamado Cornélio, que praticava regularmente orações, jejuns e esmolas, teve uma visão, na qual um anjo lhe apareceu e disse que as suas boas obras haviam subido como memória diante de Deus. Em seguida, ordenou que ele mandasse chamar Simão, conhecido como Pedro, dando-lhe o endereço exato de onde ele estava hospedado em Jope (At 10.1-8). 

Do outro lado, o Senhor falou com Pedro, dizendo que algumas pessoas iriam procurá-lo e que ele deveria ir com eles, sem duvidar (At 10.19-23). Pedro fez como o Senhor lhe ordenara e, chegando à casa de Cornélio, pregou o Evangelho aos convidados do centurião (At 10.34-43). Enquanto ele pregava, o Espírito Santo desceu sobre eles e falaram em línguas e profetizaram (At 10.46).

Este fato causou grande confusão na Igreja de Jerusalém e Pedro foi convocado para dar explicações, por ter se misturado com os gentios e comido na casa deles, pois isso era proibido pela Lei. Depois que ele contou tudo o que aconteceu e como os gentios receberam o Espírito Santo, da mesma forma que aconteceu no dia de Pentecoste, a Igreja entendeu e glorificou a Deus, por haver concedido a Salvação também aos gentios (At 11.1-18). 

3. Nos Atos dos Apóstolos: os missionários Paulo e Barnabé. Nesta segunda parte, estudaremos sobre a obra missionária no Livro de Atos, através dos missionários Paulo e Barnabé. A partir do capítulo 9 do Livro Atos, o apóstolo Paulo passa a ser o principal protagonista, com exceção do capítulo 10 e início do capítulo 11, que tratam exclusivamente da conversão do Centurião Cornélio; do capítulo 12, que relata a execução do apóstolo Tiago, a prisão e libertação de Pedro; e do capítulo 15, que relata o primeiro concílio da Igreja de Cristã, convocado para discutir a questão dos judaizantes. 

A partir do versículo 19, do capítulo 11 de Atos, Lucas relata que alguns cristãos que foram dispersos pela perseguição, anunciaram o Evangelho nas regiões da Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria. Até então, eles pregavam somente aos judeus. Entretanto, alguns deles anunciaram o Evangelho também aos gregos em Antioquia e um grande número de pessoas se converteram. 

Quando a Igreja de Jerusalém soube destas conversões, enviou-lhes Barnabé, a fim de ensinar a Palavra de Deus. Barnabé apareceu pela primeira vez no Livro de Atos, no lamentável episódio envolvendo Ananias e Safira. O seu nome era José, mas os apóstolos o chamavam de Barnabé que significa "Filho da Consolação". Barnabé era um levita, natural de Chipre, muito amoroso. Foi um dos primeiros a vender uma propriedade e doar o dinheiro para ajudar aos necessitados da Igreja (At 4.36,37). 

Após a conversão de Saulo, que era um terrível perseguidor da Igreja, os cristãos de Jerusalém não acreditaram que ele havia se convertido e fugiam dele, achando que seria uma armadilha. Foi exatamente Barnabé que se aproximou de Saulo, ouviu-o e o integrou à Igreja de Jerusalém (At 9.27). 

A partir daí, nasceu a parceria entre os dois. Quando Barnabé foi enviado a Antioquia, ele foi a Tarso, buscar Saulo para ajudá-lo no discipulado dos novos crentes e durante um ano inteiro ensinaram a Palavra de Deus ali. (At 11.25,26). 

Em uma reunião de oração e jejum, na Igreja de Antioquia, o Espírito Santo se manifestou e ordenou que separassem Barnabé e Saulo para a obra missionária. A Igreja, então, orou por eles e os enviou para a missão (At 13.1-3). 

Barnabé e Saulo saíram em sua primeira viagem missionária, pregando o Evangelho a todos, levando consigo como cooperador, João Marcos, que era primo de Barnabé (At 13.4,5). Depois de passarem por várias cidades, sendo perseguidos pelos judeus, quando chegaram a Perge da Panfília, João Marcos se apartou deles e voltou a Jerusalém (At 13.13). 

Esta volta de João Marcos irritou profundamente Paulo e acabou causando um desentendimento entre ele e Barnabé, na segunda viagem missionária. Barnabé queria levar novamente João Marcos, mas Paulo não concordou e preferiu levar Silas consigo. Por causa disso, a equipe acabou se dividindo. Paulo seguiu por um lado com Silas e Barnabé para outro, com Marcos. 

A partir dessa separação, o Livro de Atos se dedica exclusivamente às atividades missionárias de Paulo e Silas. Depois, em Listra, o jovem Timóteo foi convidado por Paulo para integrar a equipe missionária. Outros missionários como o casal Priscila e Áquila, Apolo, Tíquico, Tito, entre outros, também foram companheiros de missões do apóstolo Paulo. 

Sem dúvida nenhuma, Paulo foi o personagem mais importante da história do Cristianismo, depois de Jesus Cristo. Até mesmo os pensadores que não são cristãos reconhecem a importância de Paulo para Cristianismo. O filósofo ateu Friedrich Nietzsche, crítico ferrenho do Cristianismo, dizia que Paulo foi o verdadeiro fundador do Cristianismo e que o Cristianismo deveria se chamar "Paulinismo". 

Paulo escreveu treze dos vinte e sete do Novo Testamento, empreendeu três viagens missionárias pelo mundo conhecido da sua época, plantando Igrejas, discipulando e formando  novos obreiros. Ele foi o responsável por sistematizar as principais doutrinas cristãs e expandir o Cristianismo para além das fronteiras de Israel. Sofreu as mais terríveis perseguições: foi apedrejado, açoitado, lutou com feras em Éfeso, enfrentou prisões e na última delas foi decapitado em Roma. Mas nunca negou Cristo, nem deixou de anunciar o Evangelho aos perdidos por onde passava. 

REFERÊNCIAS:

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. 

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp. 30-41

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.159,160, 175.

CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo: Lições de vida e ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo.  1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2021. 

17 outubro 2023

O DEUS MISSIONÁRIO REVELADO NO NOVO TESTAMENTO

(Comentário do 1º tópico da Lição 04: Lição 4: Missões Transculturais no Novo Testamento).

Ev. WELIANO PIRES 


Em toda a Bíblia, Deus é apresentado como um missionário que se empenha em salvar a humanidade após a Queda e envia pessoas para cumprir missões por Ele designadas. Primeiro usou Israel para cumprir os seus propósitos e depois enviou o Seu próprio Filho. Falaremos neste tópico da perspectiva missionária do Novo Testamento, tendo como base o próprio Senhor Jesus. Depois, falaremos da tarefa da Igreja de anunciar o Evangelho mundo, com base na revelação de que Deus é um missionário por excelência. 


1. A Bíblia mostra um Deus missionário. Na primeira lição deste trimestre, quando iniciamos o assunto de Missões Transculturais, o comentarista nos apresentou Deus como missionário. Na segunda lição, falamos da natureza missionária de Deus, com base na chamada de Abrão. Depois, o comentarista nos apresentou outras situações no Antigo Testamento, nas quais Deus atuou como missionário: após a Queda do primeiro casal, no Dilúvio e no episódio da Torre de Babel. 


A Bíblia nos mostra Deus como missionário, no sentido de que Ele envia pessoas e formou a nação de Israel, com um propósito missionário, como vimos na lição passada. Entretanto, apesar dos benefícios que Israel proporcionou a toda a humanidade, como a preservação das Escrituras Sagradas e o próprio Messias, que veio de Israel, esta nação falhou no propósito de servir de testemunha de Deus para as nações. 


Por isso, a partir do Novo Testamento, Deus instituiu a Igreja e a comissionou para proclamar ao mundo o seu incomparável amor e a mensagem de salvação a toda a criatura (Mt 28.19,20; Mc 16.15; At 1.8). Hoje, o povo missionário de Deus não é Israel e sim, a Igreja. Isto não substitui a Aliança de Deus com Israel, que será cumprida integralmente no Milênio. 


2. Uma perspectiva missionária do Novo Testamento. Se no Antigo Testamento, a obra missionária não estava muito clara, tendo apenas algumas situações específicas, o Novo Testamento é estritamente missionário, como veremos mais detalhadamente nos próximos tópicos. Nos Evangelhos, em Atos dos Apóstolos, nas Epístolas e no Apocalipse, podemos ver claramente a atividade missionária desenvolvida por Jesus e depois pela sua Igreja.


Tudo começou com a vinda do Filho de Deus, o Missionário por excelência enviado pelo Pai, para buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19.10). Nas suas mensagens, o Senhor Jesus sempre deixou muito claro, que Ele foi enviado pelo Pai, com a missão de dar a sua vida para salvar os pecadores, dar testemunho da Verdade e chamar os pecadores ao arrependimento. Tudo o que Ele falava e fazia girava em torno disso.


Durante a sua missão neste mundo, o Senhor Jesus chamou aqueles que iriam se tornar os seus discípulos, para fazer deles "pescadores de homens". Durante cerca de três anos, eles conviveram com o Mestre, ouvindo os seus ensinamentos teóricos e práticos, para darem continuidade a esta missão, após a sua ascensão aos Céus. 


3. A Igreja à luz dessa revelação. A Igreja é uma instituição divina, pois foi instituída por Jesus. À luz desta revelação que vimos acima, de que Deus é um Ser missionário, fica evidente que a principal razão da existência da Igreja é dar continuidade ao trabalho missionário iniciado por Ele, desde a Queda da raça humana. 


A palavra Igreja, no grego é "Ekklesia", que é  a junção dos termos "Ek" (para fora) e "kaleo" (convocar, chamar). Portanto, significa um grupo de pessoas chamadas para fora. O Senhor Jesus convocou um grupo de pessoas, para saírem do sistema pecaminoso deste mundo e o seguirem. Isso é a Igreja do Senhor, o conjunto de todos os que foram salvos por Ele. 


Depois dessa chamada do Senhor Jesus, quando nós a obedecemos, Ele nos justificou, ou seja, nos declarou justos diante de Deus. Depois, Ele nos concedeu o Seu Espírito Santo para operar o milagre do novo nascimento e morar em em nosso corpo. Simultaneamente, o Espírito Santo nos santificou, ou seja, Ele nos afasta do pecado e nos aproxima de Deus. 


Depois de realizada a Obra da Salvação em nós, o Senhor agora nos envia para levar esta salvação a todos os perdidos: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura". (Mc 16.15). Entretanto, esta missão não pode ser realizada através da competência e meios humanos. Antes de enviar os seus discípulos ao mundo para pregar o Evangelho, o Senhor Jesus ordenou que eles ficassem em Jerusalém, aguardando o revestimento do Poder do Espírito Santo (Lc 24.49; At 1.4,5). Falaremos mais deste assunto na Lição 05, que tem como tema: Uma perspectiva pentecostal de missões. 


REFERÊNCIAS: 

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. 

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp. 30-41

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.159,160, 175.



16 outubro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 04: MISSÕES TRANSCULTURAIS NO NOVO TESTAMENTO

IMAGEM: estudantesdabiblia.com.br

Ev. WELIANO PIRES 

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


TEMA: MISSÕES TRANSCULTURAIS NO ANTIGO TESTAMENTO 


Na lição passada, estudamos sobre as missões transculturais no Antigo Testamento, tomando como exemplo, o povo de Israel, que foi escolhido com um propósito missionário, e outros exemplos de missões transculturais no contexto do Antigo Testamento.


I. Israel, um povo escolhido com um propósito missionário.  

Falamos do plano de Deus de proclamar a mensagem de Salvação a todos os povos, que incluía a formação da nação de Israel, para que fossem suas testemunhas.

Israel falhou neste propósito de ser testemunha de Deus, pois se contaminou com as religiões pagãs e deu muita ênfase ao separatismo racial e nacional. 

Por último, falamos da contribuição de Israel para o mundo. Israel foi usado por Deus para preservar o Antigo Testamento e traduzi-lo para a língua grega. Foi também através de Israel que Deus enviou o Seu Filho ao mundo para salvar a humanidade.


II. O amor de Deus para com outras nações

Desde o princípio, os olhos de Deus estão voltados para todos os povos, como podemos notar nos livros proféticos, que contêm profecias de um futuro glorioso, no qual outras nações estão incluídas. 

Falamos do caso de Elias e a viúva de Sarepta, uma mulher estrangeira, que foi socorrida por Deus e experimentou os seus milagres. 

Por último, falamos da missão do profeta Jonas em Nínive, capital da Assíria. Jonas foi enviado por Deus a esta cidade ímpia e perversa e eles se arrependeram com a sua pregação.


III. As alianças entre Deus e a humanidade no Antigo Testamento. 

Deus fez várias alianças com o homem, ao longo dos séculos. Estas alianças podem ser condicionais ou incondicionais. Na aliança condicional, Deus estabelece um pacto com o ser humano, mediante o cumprimento de algumas obrigações por parte deste. As alianças incondicionais são pactos que o Soberano Deus estabelece pactos para realizar os seus propósitos, baseados unicamente em Sua Graça e Misericórdia, sem contrapartidas.


LIÇÃO 04: MISSÕES TRANSCULTURAIS NO NOVO TESTAMENTO


Nesta lição, dando continuidade ao estudo das missões transculturais culturais na Bíblia, veremos o que o Novo Testamento nos apresenta sobre o assunto. Como vimos na lição passada, temos vários exemplos de missões transculturais no Antigo Testamento, com o próprio Deus agindo como missionário, enviando os seus servos a pessoas que não pertenciam a Israel. 


Entretanto, é no Novo Testamento que o tema chega ao seu ápice. O Novo Testamento nos apresenta Deus enviando o Seu Filho Unigênito, como missionário para buscar e salvar a humanidade perdida (Lc 19.10; Jo 3.16). Depois que da sua morte, ressurreição e ascensão aos Céus, a Igreja assumiu esta responsabilidade de dar continuidade ao seu projeto missionário mundial.


OBJETIVOS DA LIÇÃO: 

  • Revelar o Deus missionário no Novo Testamento; 

  • Mostrar as Missões nos Evangelhos e em Atos dos Apóstolos; 

  • Enfatizar a Missão Cumprida nas Cartas e no Apocalipse.


Palavras-Chave: NOVO TESTAMENTO


TÓPICOS DA LIÇÃO:


I. O Deus missionário do Novo Testamento. 

Em toda a Bíblia, Deus é apresentado como um missionário que envia. Primeiro usou Israel para cumprir os seus propósitos e depois enviou o Seu próprio Filho. Falaremos da perspectiva missionária do Novo Testamento, tendo como base o próprio Senhor Jesus. Por último, falaremos da tarefa da Igreja de anunciar o Evangelho mundo, com base na revelação de que Deus é um missionário por excelência. 


II. Missões nos Evangelhos e em Atos dos Apóstolos. 

Neste tópico, veremos que o ministério de Jesus nos Evangelhos é exclusivamente voltado para a obra missionária. Tudo o que Ele pregava e fazia tinha o objetivo de buscar os perdidos. Na sequência, falaremos das missões no Livro de Atos dos Apóstolos, sobre o trabalho de Filipe e Pedro, que foram os primeiros missionários transculturais na Igreja Primitiva. Por último, ainda no Livro de Atos dos Apóstolos, abordaremos o trabalho missionário de Paulo e Barnabé, com as suas viagens missionárias pelo mundo, que constituem a maior parte do Livro.


III.  Missões nas Epístolas e no Apocalipse. 

Veremos que nas Epístolas Paulinas, o apóstolo Paulo escreveu às Igrejas que ele plantava como um missionário, para instruir e doutrinar as Igrejas. Na sequência, veremos os testemunhos dos escritores das Epístolas Gerais: a superioridade da Nova Aliança em relação à Antiga, em Hebreus; a sabedoria para viver o Evangelho em Tiago; e a nossa posição como povo de Deus, em Pedro. Por último, veremos como o Senhor Jesus revela a João no Apocalipse, o desfecho da jornada da raça humana neste mundo e as sete Igrejas da Ásia como Igrejas missionárias.


REFERÊNCIAS: 


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. 

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp. 30-41

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.159,160, 175.


MISSÕES TRANSCULTURAIS NO NOVO TESTAMENTO

Professor(a), a paz do Senhor. 

Na lição anterior, analisamos o propósito missionário para Israel no Antigo Testamento. Nesta lição, veremos que no Novo Testamento esse propósito foi consolidado por meio do envio de Jesus, o Filho Unigênito de Deus, e depois comissionado aos discípulos, que deveriam prosseguir com missão evangelizadora após a ascensão do Senhor.


O ponto inicial da missão outorgada aos discípulos é o encontro da Grande Comissão. Observe que o dever de anunciar a mensagem da salvação não estava restrita às regiões de Israel. Os discípulos tinham o compromisso de “fazer discípulos de todas as nações” (Mt 28.19). Nesse sentido, o empenho por pregar a mensagem do Reino não deveria delimitar barreiras geográficas, étnicas ou culturais. Ao contrário, a missão exigia dos discípulos a flexibilidade de adequar não o conteúdo da mensagem regeneradora, mas a estratégia missionária para alcançar o maior número de pessoas em todos os lugares.


“A intenção de Cristo não é que o evangelismo e o testemunho missionário resultem apenas em decisões de conversão. As energias espirituais não devem ser concentradas meramente em aumentar o número de membros da igreja, mas, sim, em fazer discípulos que se separam do mundo, que observam os mandamentos de Cristo e que o seguem de todo o coração, mente e vontade (cf. Jo 8.31)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, 1995, p.1452). Nesse sentido, os discípulos deveriam trabalhar pela consistência da fé e fidelidade à prática dos princípios na nova vida cristã, independentemente se eram judeus convertidos ou gentios (Cl 3.10,11).


Nessa mesma perspectiva, o apóstolo Paulo foi um missionário transcultural que, diga-se de passagem, fazia-se servo de todos, mesmo sendo livre, para alcançar a todos; fazia-se judeu para ganhar os judeus; fazia-se como se estivesse debaixo da lei para os que consideravam a lei; fazia-se sem lei para alcançar os que estavam sem lei (1Co 9.19-23). O propósito do apóstolo não era transgredir os princípios cristãos ou conformar-se com o mundo (Rm 12.2), mas abnegar da sua condição para considerar as convicções do próximo com o fim de trazê-lo ao conhecimento da verdade de Cristo. Esse entendimento é importante para aqueles que exercem o chamado missionário em regiões nas quais a cultura, os costumes, as leis e as relações são completamente diferentes das que conhecemos no Ocidente. Mesmo assim, o amor de Deus por cada pessoa, independentemente da sua condição, permanece inabalável. Da mesma forma, a igreja desses últimos dias não pode negligenciar a missão que justifica a sua existência.


REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p. 38, CPAD, 2023.

15 outubro 2023

15 de Outubro: Dia do Professor



Nem sempre é reconhecido

Nem tampouco valorizado

Seu labor é bastante sofrido

E também mal remunerado


É muito mais que uma profissão

É muito mais que apenas ensinar

Constitui-se numa grande missão

Precisa ter vocação para educar


O professor ao aluno conduz

Indica o rumo a ser tomado

Na ignorância, ele é a luz

Que ilumina o aprendizado


Os mais diversos profissionais

Um dia tiveram professores 

Dos operários aos industriais

Passaram pelos educadores


Eu também sou um professor

Ensino no ambiente espiritual 

Vocacionado pelo meu Senhor

Leciono na Escola Dominical 


Muitos alunos meus do passado 

Hoje também são professores 

Às vezes fico até emocionado 

Pois alguns deles são pastores


Expresso a minha honraria

Aos queridos professores

Felicitações pelo seu dia

São mais que merecedores.


Weliano Pires


13 outubro 2023

ALIANÇAS ENTRE DEUS E A HUMANIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 03: A Missão Transcultural no Antigo Testamento).

Ev. WELIANO PIRES 


No terceiro tópico, falaremos das alianças entre Deus e a humanidade no Antigo Testamento. Com a entrada do pecado no mundo, toda a humanidade foi afetada. Por isso, Deus fez várias alianças com o homem, ao longo dos séculos. Estas alianças podem ser condicionais ou incondicionais. Na aliança condicional, Deus estabelece um pacto com o ser humano, mediante o cumprimento de algumas obrigações por parte deste. Por outro  lado, nas alianças incondicionais, o Deus Soberano estabelece pactos para realizar os seus propósitos, baseados unicamente em Sua Graça e Misericórdia, sem contrapartidas.


1- Alianças de Deus. Aliança ou concerto é um pacto entre duas partes, como o casamento, por exemplo. Na Bíblia encontramos oito alianças de Deus com a humanidade: Edênica, Adâmica, Noaica, Abraâmica, Mosaica, Palestiniana, Davídica, Nova Aliança. Antes de falar das alianças de Deus, é preciso entender também o que é o Aliancismo ou Teologia do Pacto e o Dispensacionalismo, que são as duas principais chaves hermenêuticas, ou formas de interpretar a história e as profecias bíblicas. 


Aliancismo ou  Teologia do Pacto é  a visão dos católicos romanos, anglicanos, ortodoxos e da maioria das chamadas Igrejas reformadas. Segundo o Aliancismo, Deus fez apenas dois pactos com o homem: o pacto das obras com Adão, que foi rompido mediante a desobediência do primo casal, e o pacto da Graça com Cristo, para salvação. Este último inclui as alianças com Abraão, Israel e a Igreja, sendo a Igreja a substituição de Israel. Há diferentes tipos de Aliancismo com pontos de vista diferentes em alguns aspectos. 


Dispensacionalismo é um sistema de interpretação escatológica, que se fundamenta com base na interpretação literal e consistente da Bíblia, desde Gênesis até o Apocalipse. Também faz distinção entre Israel e a Igreja e enfatiza a glorificação de Deus através da sua criação ao longo dos anos. 


Esta linha de interpretação bíblica divide a história humana em sete períodos chamados de dispensações: 


a. Dispensação da inocência: Período que se estende desde a criação de Adão até a expulsão do Éden.

b. Dispensação da consciência: Desde a queda do primeiro casal até o dilúvio.

c. Dispensação do governo humano: Desde o dilúvio até a confusão das línguas na tentativa de construção da Torre de Babel. 

d. Dispensação da promessa: Desde a chamada de Abrão em Ur dos Caldeus, até o fim do cativeiro de Israel no Egito.

e. Dispensação da Lei: Desde a saída de Israel do Egito até a crucificação de Jesus. 

f. Dispensação da Graça: Desde a ressurreição de Jesus até o arrebatamento da Igreja. 

g. Dispensação do Milênio: Desde a manifestação gloriosa de Cristo até o Juízo final. 


A Assembléia de Deus é dispensacionista, pois interpreta as Escrituras a partir destes pressupostos. Há quatro tipos de dispensacionalismo: Clássico, revisado, integrado, progressivo. Não é possível discorrer sobre todos neste espaço, pois o texto ficaria muito longo e fugiria do enfoque missiológico.


2- Aliança incondicional e condi­cional. Em termos gerais, para que haja uma aliança é preciso que haja quatro elementos: partes envolvidas, condições, resultados e garantias. Do ponto de vista humano, todas as alianças são condicionais, ou seja, precisa haver condições para que ela seja firmada e para permanecer. Em um casamento, por exemplo, um homem e uma mulher firmam uma aliança para viverem juntos até que a morte os separe. Mas, para que o casamento aconteça, é preciso que sejam seguidos alguns critérios. Depois, há deveres e responsabilidades de ambos, para que ele continue. 


Todas estas alianças feitas entre Deus e os seres humanos têm origem em Deus, pois Ele é o Criador, Sustentador e Soberano de todo o Universo. Depois da Queda da raça humana, nenhum ser humano tem condições de chegar sozinho a Deus e propor-lhe uma aliança. Portanto, a iniciativa e os critérios para uma aliança serão sempre dEle. Todas as alianças que já foram desfeitas, foi por falha humana e nunca de Deus. Ele sempre cumpre a sua parte. 


A aliança incondicional é um proposta soberana de Deus, onde Ele se compromete com alguém, única e exclusivamente por sua Graça, sem impor condições. Dentre as alianças incondicionais podemos citar: Aliança Adâmica, Aliança Noética, Aliança Abraâmica, Aliança Palestínica,  Aliança Davídica e a Nova Aliança. Em todas estas Alianças, Deus fez promessas que foram ou serão cumpridas, independente das ações das partes envolvidas e nenhuma delas será desfeita.


Na Aliança Adâmica, Deus prometeu que da descendência da mulher nasceria um para ferir a cabeça da serpente. Isso independia das ações de Adão e Eva; na Aliança Noética, Deus mandou Noé e sua família saírem da Arca e prometeu que nunca mais enviaria um dilúvio sobre toda a terra para destruí-la; na Aliança Abraâmica, Deus prometeu que Abraão seria pai de uma grande nação e todas as família da terra seriam beneficiadas; Na Aliança Palestínica ou Israelita, Deus prometeu que daria aos filhos de Israel, a terra prometida a Abraão e deu; na Aliança Davídica, Deus prometeu a Davi um reinado eterno à sua descendência, que se cumpriu em Jesus Cristo, cujo Reino não terá fim; por último na Nova Aliança, Deus prometeu salvar a salvação dos  pecados mediante a fé em Cristo e Vida Eterna. Isso se cumprirá, mesmo que muitos rejeitem. 


A Aliança Condicional, por sua vez, é uma proposta que Deus faz de conceder bençãos a alguém, mediante condições pré estabelecidas. São duas as alianças condicionais de Deus: Aliança Edênica e Aliança Mosaica. Nestas Alianças, as promessas de Deus dependiam do cumprimento das condições previamente estabelecidas por Ele. Na Aliança Edênica, Deus criou o primeiro casal e os colocou no Jardim do Éden para viverem eternamente. Entretanto, a condição para isso seria obedecer a ordem de Deus e não comer do fruto proibido. Com a desobediência do casal, esta Aliança foi rompida. A segunda Aliança Condicional foi a Aliança Mosaica, que estava condicionada à obediência aos mandamentos expressos na Torah. 


REFERÊNCIAS: 

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.70,71)

Introdução à Lição 4: Jesus — o Pão da Vida

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