01 agosto 2023

A MASCULINIDADE BÍBLICA

Comentário do 1⁰ tópico da Lição 06: A desconstrução da masculinidade bíblica 

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos da masculinidade bíblica. Inicialmente, veremos como se deu a criação divina do ser humano. Deus criou homem e mulher, não como competidores, mas para se completarem. Na sequência falaremos das características da masculinidade segundo as Escrituras. Por último, falaremos sobre a liderança do homem na família e na Igreja. Deus confiou ao homem a liderança familiar e eclesiástica. No Novo Testamento, o apóstolo Paulo reafirma que o homem é a cabeça da mulher, assim como Cristo é a cabeça da Igreja (1 Co 11.3). O movimento feminista rejeita este modelo, pois considera-o machista e opressor. Entretanto, o modelo bíblico de liderança é inspirado na liderança de Cristo. 


1- A criação divina do ser humano. O ser humano é a coroa da criação de Deus. Os demais seres vivos também foram criados por Deus, mas nenhum deles foi criado à imagem e semelhança de Deus. Deus deu ordem para que a terra e os mares produzissem seres vivos, conforme as suas respectivas espécies (Gn 1.20-24). Deus deu ordem e tudo no universo passou a existir. Mas para criar o ser humano, houve uma deliberação de Deus, que o criou conforme a sua imagem e semelhança. A palavra imagem no hebraico é ‘selem’ e significa imagem mental, moral e espiritual de Deus. Isso significa que Deus deu ao homem, algumas das suas próprias características, ou atributos. Claro que não na mesma proporção, pois o homem não é um ser divino.


O ser humano é diferente do restante da criação, pois reflete a imagem do seu Criador. Deus criou (heb. bará) todas as coisas do nada, dizendo: haja luz, haja uma expansão no meio das águas, produza a terra ervas, haja luminares na expansão dos céus, etc. (Gn 1.1-25). Entretanto, antes de criar o ser humano, a Santíssima Trindade formou conselho e disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.” (Gn 1.26). 


O verbo "façamos" e o pronome "nossa" estão no plural, em referência à Santíssima Trindade, pois Deus é uma Unidade composta, ou seja, um Único Deus em três pessoas. A palavra hebraica traduzida por "Deus", que aparece em Gênesis 1 durante a criação, é "Elohim". Esta palavra é o plural de Eloah, que é Deus no singular. Em Gênesis 1.1, o substantivo Elohim (Deus) está no plural. Mas o verbo bará (criou) está no singular. Isto significa que um Único Deus, composto por três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo), criou todas as coisas. 


Deus criou o ser humano, homem e mulher, à Sua imagem, conforme à Sua Semelhança. Ambos são iguais em importância e dignidade. Não é apenas o ser humano do sexo masculino que é imagem e semelhança de Deus. A mulher também o é, da mesma forma. Há muitas disputas tolas entre homem e mulher, sobre quem é mais importante, se é o homem ou a mulher. Isso é fruto da ideologia feminista, que promove a guerra entre homens e mulheres. 


Muitos fazem até gracejos, dizendo que o homem é mais importante, porque Deus o criou primeiro. A mulher para se vingar, diz que Deus criou primeiro o homem e, depois, teve uma ideia melhor e criou a mulher. Isso é ignorância teológica em relação à criação e aos atributos de Deus. Primeiro, não é verdade que Deus tinha um projeto e depois mudou de ideia. Deus é presciente e, como tal, conhece o futuro antecipadamente e nunca é pego de surpresa. Segundo, não é verdade que Deus criou primeiro o homem. Deus criou, em seu projeto, homem e mulher. Na formação, que foi a execução do projeto, o homem foi formado primeiro do pó da terra. Depois, Deus formou a mulher, da costela do homem e os uniu, para se completarem e cumprirem juntos, a missão que o Criador lhes confiou. 


2- Características da masculinidade. Mesmo sendo o homem e a mulher, imagem e semelhança de Deus, iguais perante Ele em importância e dignidade, Deus deu-lhes estrutura física e emocional diferentes, para cumprirem cada um, papéis diferentes na família. Isso não torna um melhor ou pior do que outro, como dizem o machismo e o feminismo. O machismo acha que o homem é superior à mulher e que ela é propriedade dele. O feminismo, por sua vez, acha que a mulher é superior ao homem e não precisa dele para nada. 


Esta lição e a próxima nos mostram, respectivamente, a importância da masculinidade e da feminilidade, segundo os padrões bíblicos. Nesta lição vamos tratar apenas do papel do homem na família. Na próxima lição falaremos sobre o papel da mulher. As Escrituras nos mostram no relato da criação, que o Criador determinou ao homem as tarefas de cultivar e guardar o Jardim. Estes tarefas significm, respectivamente, a responsabilidade de prover o sustento e a segurança do lar. Para isso, o Criador dotou o homem de força e bravura para cumprir os papéis de provedor e protetor da família. 


Não há dúvidas de que, fisicamente, o homem supera a mulher em força. A sua constituição anatômica é diferente. Atualmente, os adeptos da identidade de gênero querem colocar em uma mesma luta corporal, mulheres e homens que se sentem mulheres, ou mulheres trans como querem ser chamadas. Mas é uma luta desproporcional e tem causado estragos em algumas mulheres. Claro que existem técnicas de artes marciais que podem ajudar uma mulher a se defender da agressão de um homem e até dominá-lo. Mas a força física e a estrutura muscular e óssea do corpo masculino são superiores às do corpo feminino. Na questão sexual, também há muitas diferenças entre homens e mulheres. Mas isso é assunto  a ser tratado em uma palestra para casais. 


Emocionalmente também, o homem é diferente da mulher, mesmo que o feminismo insista em dizer o contrário. Um estudo da Universidade de Cambridge concluiu que as mulheres são mais ligadas às emoções do que os homens. Segundo estes pesquisadores, as mulheres são mais empáticas e os homens mais racionais. Os homens são mais adeptos de coisas materiais e sistemas de organização. As mulheres, por sua vez, preferem pessoas e emoções. Em outras palavras, os homens são movidos mais pela razão e as mulheres pelas emoções. Isso parece óbvio para qualquer pessoa que observa os comportamentos de homem e mulher. Mas o feminista luta contra a realidade dos fatos. 


As reações de homens e mulheres também são diferentes. Por exemplo, se alguém disser que eu estou acima do peso, eu vou entender como um alerta de um amigo e pensar em cuidar melhor da alimentação e praticar exercícios. Entretanto, se alguém insinuar que uma mulher está acima do peso, ela dirá: Você está me chamando de gorda?! Certa vez, em uma cerimônia de casamento, o pastor dava orientações aos noivos em sua celebração. Na parte dirigida ao noivo, falou que ele estava se casando e deveria estar junto com a sua esposa em qualquer situação. Para exemplificar, resolveu citar um irmão que estava ao lado da esposa, dizendo que o noivo deveria fazer igual àquele irmão, que a esposa estava gestante e ele estava ali, ao lado dela. Só que a irmã não estava gestante. O pastor se deixou levar pelas aparências. Causou um constrangimento terrível à mulher. Se fosse hoje, provavelmente seria processado. 


3- A liderança masculina. Tudo aquilo que a humanidade quer fazer diferente do padrão que Deus estabeleceu, evidentemente, não dará certo. Ele é o Criador de todas as coisas e sabe o que deve ser feito. Deus confiou ao homem a liderança da família (Gn 1.26:3.16). No Novo Testamento também, o apóstolo Paulo reafirma que o homem é a cabeça da mulher (1 Co 11.3). O movimento feminista que tem tendências progressistas, rejeita este modelo, pois considera-o machista e opressor. Infelizmente, até mulheres que se dizem cristãs, se deixam levar por esta falácia. 


Liderar não é mandar, oprimir, abusar da autoridade, agredir ou humilhar os seus liderados. O modelo bíblico de liderança é inspirado na liderança de Cristo, que é uma liderança amorosa, servidora e sacrificial. Cristo é Senhor da Sua Igreja e esta deve estar sujeita a Ele. Entretanto, Ele amou à Igreja e a Si mesmo se entregou por ela. Da mesma forma, o homem como líder da família, deve amar, proteger e honrar a sua esposa (Ef 5.28-30; 1 Pe 3.7). Em muitas famílias na atualidade, estes papéis estão se invertendo e a mulher quer exercer a liderança da família. Por causa da desconstrução da masculinidade, muitos homens se tornam fracos, não assumem o seu papel de líder da família e não cuidam do sustento e da proteção da família. 


Mais grave ainda é o fato do feminismo se infiltrar na liderança da Igreja. Assim como aconteceu com a liderança familiar, a liderança espiritual também foi concedida por Deus ao homem, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Encontramos na Bíblia profetisas e mulheres que foram usadas por Deus no Antigo e no Novo Testamento, como por exemplo, Miriã, Hulda e as filhas de Filipe. Mas não há nenhuma sacerdotisa no tabernáculo ou no templo oferecendo sacrifícios. No Novo Testamento, Jesus escolheu doze apóstolos e todos eram homens. Os apóstolos deram continuidade ao trabalho iniciado por Jesus e estabeleceram os bispos, presbíteros e diáconos nas Igrejas. Não há registro de nenhuma mulher exercendo a liderança das Igrejas no Novo Testamento. 


As mulheres dos sacerdotes também não eram chamadas de sacerdotisas e não ministravam no templo. Da mesma forma, as mulheres dos apóstolos, bispos  e presbíteros não eram chamadas, respectivamente, de apóstolas, bispas e presbíteras, e não interferiam nas decisões da liderança da Igreja. Em Atos 15 temos o primeiro concílio da Igreja Cristã, onde os apóstolos e anciãos da Igreja se reuniram para tratar da questão do legalismo dos judaizantes. Não há participação de nenhuma mulher nesta assembleia. Temos no Apocalipse sete cartas do Senhor Jesus aos pastores das Igrejas da Ásia. Não há nenhuma mulher entre eles. Na história da Igreja Cristã também não nenhum caso de pastora, antes do século XVIII, quando surgiu o movimento feminista. 


Infelizmente, muitas Igrejas estão se deixando levar pelo engodo feminista e ordenando pastoras, sem nenhum fundamento bíblico. Outras não ordenam pastoras, mas a mulher do pastor interfere em tudo. O pastor fala uma coisa do púlpito e ela dar palpites do seu lugar. A esposa do pastor é uma só carne com ele apenas no casamento. A liderança da Igreja é outra coisa. A esposa deve orar pelo pastor, acompanhá-lo nos trabalhos da Igreja e até dar alguma sugestão em casa. Mas o líder da Igreja é apenas o pastor e não o casal. Na Assembleia de Deus, Ministério do Belém, não existem pastoras e as mulheres dos pastores não são pastoras ou co-pastoras. Na ausência do pastor, o líder da Igreja é o seu co-pastor e não a sua esposa. 


A saudosa irmã Wanda Freire da Costa era esposa do pastor José Wellington Bezerra da Costa, que era presidente do Ministério do Belém, da Convenção Estadual (Confradesp) e da Convençao Geral (CGADB). Ela o acompanhou por mais de 60 anos, mas não era chamada de pastora, nunca se autointitulou pastora e não participava das reuniões com os pastores. Ela era coordenadora geral do Círculo de Oração e era líder da União de esposas de ministros das Assembleias de Deus (UNEMAD). Durante as convenções e reuniões de obreiros, ela fazia reuniões com as mulheres dos obreiros e não com a liderança da Igreja.


REFERÊNCIAS:


BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 72-84

HUGHES, Kent R. Disciplina do Homem Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, págs. 37; 157-58.

Ciência mostra diferenças: mulheres mais empáticas e homens mais racionais

30 julho 2023

INTRODUÇÃO LIÇÃO 06: A DESCONSTRUÇÃO DA MASCULINIDADE BÍBLICA

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada, falamos sobre a dessacralização da vida no ventre materno e discorremos sobre os atentados covardes contra a vida humana, enquanto ainda está no ventre da mãe. A vida é sagrada, pois ela pertence a Deus e começa na concepção. Usamos como exemplo da sacralidade da vida, a concepção sobrenatural de Cristo. 


No primeiro tópico, falamos sobre a concepção de Jesus Cristo. Falamos sobre o anúncio do nascimento de Jesus, feito pelo Anjo Gabriel a uma virgem de Nazaré, chamada Maria, que estava comprometida com um homem chamado José, que era da descendência de Davi. Depois falamos da miraculosa concepção de Jesus, que se deu por Obra e Graça do Espírito Santo, pois Maria, sua mãe, era virgem e não havia se relacionado sexualmente com o seu futuro esposo, José. Por último, falamos da bênção do nascimento de um ser humano, trazendo como exemplo as gestações miraculosas de Maria e sua prima Isabel, a mãe de João Batista. 


No segundo tópico, falamos sobre a cultura da morte. Inicialmente, falamos do projeto ideológico que tem o objetivo de mudar o conceito bíblico de vida e aprovar a descriminação do aborto e da eutanásia, e faz apologia ao suicídio e ao controle da natalidade, por meio do aborto. Depois, falamos sobre o “direito sobre o corpo”, que os adeptos da cultura da morte alegam que a mulher tem. Por último, falaremos da prática do aborto, que é a interrupção do processo de gestação, causando a expulsão do feto do útero da mãe, antes que ele tenha condições de sobreviver fora dele. 


No terceiro tópico, falamos sobre a sacralidade da vida. Vimos que a vida é inviolável, pois é propriedade de Deus e somente Ele tem o direito de tirá-la (1 Sm 2.6). Falamos também sobre o começo da vida, que é na concepção. A Bíblia é clara quanto a isso (Sl 139.16; Jr 1.5). A biologia também mostra que a vida começa com a fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Por último, falaremos da posição cristã em relação à sacralidade da vida. 


LIÇÃO 06: A DESCONSTRUÇÃO DA MASCULINIDADE BÍBLICA


Na lição desta semana, falaremos sobre o projeto progressista de desconstrução da masculinidade bíblica. Na sociedade pós-moderna, o papel do homem como líder da família e provedor do lar tem sido questionado e desconstruído. Do ponto de vista bíblico, homem e mulher são criaturas de Deus, com o mesmo valor e dignidade, pois Deus não faz acepção de pessoas. A palavra hebraica adam traduzida por homem não se refere ao sexo masculino e sim, ao ser humano, homem e mulher. A palavra homem, no sentido do sexo masculino, em hebraico é ish. A palavra hebraica para mulher é Ishá. Mesmo sendo iguais perante Deus, como seres humanos, homem e mulher são diferentes nos aspectos físico e emocional, e têm papéis diferentes na família e na sociedade. Apresentaremos nesta lição, o papel estabelecido por Deus para o homem (sexo masculino), as ofensivas da desmasculinização e mostraremos um exemplo de masculinidade bíblica, que foi Boaz, o esposo de Rute. Vale lembrar que masculinidade não é sinônimo de machismo. 


No primeiro tópico, falaremos da masculinidade bíblica. Inicialmente, veremos como se deu a criação divina do ser humano. Deus criou homem e mulher, não como competidores, mas para se completarem. Na sequência falaremos das características da masculinidade segundo as Escrituras. A Bíblia nos mostra que, no início da criação, o Criador determinou ao homem a responsabilidade de prover o sustento e a segurança do lar. Por último, falaremos sobre a liderança do homem na família. Deus confiou ao homem a liderança da família (Gn 1.26:3.16). No Novo Testamento também, o apóstolo Paulo reafirma que o homem é a cabeça da mulher (1 Co 11.3). O movimento feminista rejeita este modelo, pois considera-o machista e opressor. Entretanto, o modelo bíblico de liderança é inspirado na liderança de Cristo. 


No segundo tópico, falaremos sobre a erosão da masculinidade. No intuito de combater o machismo, a sociedade pós-moderna acaba combatendo a masculinidade. Veremos neste tópico que na sociedade atual há uma verdadeira apologia à homossexualidade. A ideologia progressista não se limita a querer normalizar a prática homossexual e proteger os homossexuais de ataques. Há um grande incentivo e apologia a esta prática sexual por toda parte. Falaremos ainda neste tópico, sobre a responsabilidade negligenciada, por parte dos homens. Por conta da desconstrução da masculinidade, muitos homens se tornam frágeis emocionalmente e não assumem as suas responsabilidades como esposo e pai de família. Por último, falaremos sobre a crise de liderança dos homens. Deus confiou ao homem a liderança da família. Se este não assumir esta liderança, a família se torna uma anarquia, onde cada um faz o que bem entende e isso repercute também na sociedade.


No terceiro tópico, falaremos sobre Boaz, um símbolo de masculinidade. Boaz era parente do falecido Elimeleque, esposo de Noemi e foi o remidor que casou-se com Rute, a moabita. Veremos neste tópico, que Boaz foi um modelo de generosidade. Noemi havia perdido o esposo e os dois filhos em Moabe. Rute, uma das suas noras, a acompanhou na volta para a sua terra. Rute foi trabalhar nos campos de Boaz e ele a tratou com generosidade, ternura e proteção.  Por último, veremos que Boaz foi também um modelo de responsabilidade. Ao se comprometer com o resgate da herança do falecido Elimeleque e, ciente de que havia outro remidor, Boaz levou o caso aos anciãos da cidade e fez tudo dentro da legalidade. Um homem de verdade age assim e assume as suas responsabilidades perante a família. 


REFERÊNCIAS:


BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 72-84

HUGHES, Kent R. Disciplina do Homem Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, págs. 37; 157-58.

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 131-132.

27 julho 2023

A SACRALIDADE DA VIDA

(Comentário do 3º tópico da Lição 05: A dessacralização da vida no ventre materno)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre a sacralidade da vida. Quando Deus criou o homem soprou em suas narinas e deu-lhe a vida. Veremos que a vida é inviolável, pois é propriedade de Deus e somente Ele tem o direito de tirá-la (1 Sm 2.6). Falaremos também do começo da vida, que é na concepção. A Bíblia é clara quanto a isso (Sl 139.16; Jr 1.5). A biologia também mostra que a vida começa com a fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Por último, falaremos da posição cristã em relação à sacralidade da vida. Para o Cristianismo a vida é sagrada e inviolável desde a sua concepção. Portanto, toda ideologia que atenta contra a vida humana deve ser rejeitada.


1. A vida é inviolável. A vida humana é uma dádiva de Deus. No ato da criação do homem, Deus o formou do pó da terra. Em seguida, soprou em suas narinas e, assim, o homem passou a ter vida (Gn 2.7). Deus deu a vida ao ser humano, com a capacidade de se reproduzir. Mas, a nova vida gerada é um também um ato criativo de Deus e pertence a Ele: "Pois em ti está a fonte da vida; graças à tua luz, vemos a luz." (Sl 36.5).


Sendo Deus o doador da vida, Ele proibiu expressamente na Lei mosaica, que o ser humano tirasse a vida. O sexto mandamento diz: “Não matarás” (Êx 20.13). O verbo hebraico traduzido por matar neste texto é rasab, e tem o sentido de assassinar intencionalmente. Não se aplica ao caso de matar na guerra, na pena de morte ou em defesa própria etc. O que Deus proibiu foi o homicídio doloso, ou seja, com a intenção de matar. Há também punições previstas na lei para o homicídio culposo, que acontece quando a pessoa não tinha a intenção de matar alguém, mas por algum erro ou descuido acabou causando a morte. 


Deus valoriza tanto a vida, que Ele determinou que, aquele que matar uma pessoa deve ser punido com a morte: "Quem derramar sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado; porque à imagem de Deus foi o homem criado." (Gn 9.6). "E quem matar a alguém certamente morrerá." (Lv 24.17). Há pessoas que comparam o assassinato de um inocente, com o assassinato de um bandido pela polícia em combate, ou com o assassinato na pena de morte. Alguns chegam a dizer que o cristão não pode ser policial ou fazer parte das Forças Armadas. São coisas totalmente diferentes. Na mesma Lei que Deus deu o mandamento para não matar, Ele ordenou também que, aquele que matasse deveria ser morto. 


A vida humana é inviolável em qualquer fase. O primeiro dos direitos da pessoa humana é  direito à vida, pois sem ele, os demais não farão nenhum sentido. Do que adiantaria alguém ter direito à liberdade, ao trabalho, à propriedade, etc., se não estiver vivo para desfrutar destes direitos? Portanto, antes de falarmos em direito das mulheres, direito à liberdade, direito de decidir, precisamos falar sobre o direito à vida que o bebê que está no ventre da mãe deve ter. 


Ninguém se engane, Deus irá requerer todo sangue inocente que foi derramado na terra. Muitos assassinos escaparam dos flagrantes, ou se beneficiarem de brechas das leis e escaparam da punição das leis humanas. Mas não escaparão da Justiça de Deus, no juízo final, quando todos os ímpios serão julgados e condenados pelo Justo Juiz. Ali não haverá propinas, habeas corpus, prescrição de penas, e chicanas ou filigranas jurídicas para absolver assassinos. 


2. O começo da vida. Quando falamos que defendemos a vida e, por conseguinte, somos contra o aborto, os defensores desta prática dizem que um embrião ou feto não é uma vida, é apenas um amontoado de células no útero da mãe. Por causa disso, há muitas discussões filosóficas, jurídicas, religiosas e biológicas sobre o início da vida humana. Alguns acham que o direito à vida deve ser concedido apenas após o nascimento e aos que podem ter uma vida digna, como vimos no tópico anterior, quando falamos sobre a eugenia. 


O que é a vida? Quando ela começa? O dicionário Michaelis da Língua Portuguesa traz vários significados para a palavra vida. Os quatro primeiros que dizem respeito ao nosso assunto aqui são: 1. Atividade interna substancial por meio da qual atua o ser onde ela existe; estado de atividade imanente dos seres organizados. 2. Duração das coisas; existência. 3. União da alma com o corpo. 4. Espaço de tempo compreendido entre o nascimento e a morte do ser humano. 


Paula Gabriella Ribeiro Dorigatti de Alencar, em um artigo denominado "O direito à vida - Âmbito jurídico", dá a seguinte definição resumida para vida: 


É o processo pelo qual os seres vivos são com uma parte, ao lapso de tempo entre a concepção e a sua morte, é uma entidade que nasceu e ainda não morreu, e é isto que faz com que este ser esteja vivo." 


Sobre o início da vida, não há dúvida de ela começa na concepção. PAULO GUSTAVO GONET BRANCO, diz em seu livro Curso de Direito Constitucional, publicado pela Editora Saraiva:


“O elemento decisivo para se reconhecer e se proteger o direito à vida é a verificação de que existe vida humana desde a concepção, quer ela ocorra naturalmente, que in vitro. O nascimento é um ser humano. Trata-se, indisputavelmente, de um ser vivo, distinto da mãe que o gerou, pertencente à espécie biológica do homo sapiens. Isso é bastante para que seja titular do direito à vida – apanágio de todo ser que surge do fenômeno da fecundação humana”. 


Do ponto de vista bíblico, que é o que mais interessa a nós, os cristãos, a vida tem início no momento da fecundação. Falando ao profeta Jeremias, o Senhor disse: "Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta." (Jr 1.5). Na mesma linha de pensamento, o salmista diz no Salmo 139.15,16: "Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia."


3. A posição cristã. A posição da Igreja Cristã, em qualquer tema, será sempre fundamentada na Palavra de Deus, que é o nosso manual de doutrina e conduta. Como vimos acima, a Bíblia deixa claro que Deus é o autor da vida e que ela começa na fecundação. Portanto, defendemos que a vida é sagrada e inviolável desde a sua concepção. Por conseguinte, rejeitamos toda e qualquer cultura ou ideologia que atenta contra a vida humana, em qualquer etapa dela, desde a fecundação até à morte natural, deve ser combatida pela Igreja Cristã. 


Nós, os cristãos, somos radicalmente contrários ao aborto em qualquer circunstância. Numa gravidez, os abortistas vêem apenas um amontoado de células e defendem que a mulher deve ter o direito de eliminar a criança que ainda não nasceu, como se fosse uma parte indesejada do seu corpo. Entretanto, Deus que é presciente e soberano, vê ali nações que se formarão, profetas, reis, pastores e até o Salvador do mundo, que foi fecundado no ventre da sua mãe, e foi também um embrião e um feto. Somos igualmente contrários à eutanásia, à eugenia, ao suicídio, à tortura e a qualquer tipo de atentado à vida humana. Quem pratica ou apoia estas coisas, não pode ser considerado cristão. 


REFERÊNCIAS: 


BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 60-71.

ANDRADE, Claudionor de. As novas Fronteiras da Ética Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, pp. 70-71

LIMA, Elinaldo Renovato. Ética cristã: Confrontando as questões do nosso tempo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.138-39.

O direito à vida - Âmbito Jurídico - Educação jurídica gratuita e de qualidade (ambitojuridico.com.br

BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 5ª Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p.445.

26 julho 2023

A CULTURA DA MORTE

(Comentário do 2º tópico da Lição 05: A dessacralização da vida no ventre materno)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre a cultura da morte. Inicialmente, falaremos sobre o projeto ideológico que tem o objetivo de mudar o conceito bíblico de vida e aprovar a descriminalização do aborto e da eutanásia, e faz apologia ao suicídio e ao controle da natalidade, por meio do aborto. Depois, falaremos sobre o “direito sobre o corpo”, que os adeptos da cultura da morte alegam que a mulher tem. Eles enxergam a criança no ventre materno, como se fosse apenas um amontoado de células no corpo da mulher, que caberia a ela, o direito de descartá-las ou não. Por último, falaremos da prática do aborto, que é a interrupção do processo de gestação, causando a expulsão do feto do útero da mãe, antes que ele tenha condições de sobreviver fora dele. 


1. O projeto ideológico. A ideologia progressista promove através da cultura, da educação, da política, da economia e até por meio do poder judiciário, uma agenda que chamamos de cultura da morte. Esta cultura maligna procura dessacralizar a vida de todas as formas, ferindo a Ética Cristã, que defende que a vida é sagrada em qualquer fase, pois pertence a Deus e cabe única e exclusivamente a Ele decidir sobre ela. 


Neste projeto ideológico da cultura da morte, a vida perde a importância, dando lugar ao bem-estar e à suposta felicidade. Neste plano egoísta, estimula-se a chamada eugenia, que é o conceito de que só os fortes e perfeitos devem sobreviver. Eugenia é a seleção dos seres humanos com base em suas características hereditárias com o objetivo de 'melhorar' as gerações futuras. Esta palavra tem origem grega e significa "bem nascido". 


Há dois tipos de eugenia: a eugenia negativa e a positiva. A negativa propõe que pessoas com alguma "limitação", doença hereditária, ou mesmo pessoas de etnias diferentes como judeus, negros, ciganos e outras, não se reproduzam, para "melhorar" as futuras gerações. Esta aberração chegou a ser constitucional nos Estados Unidos. A eugenia positiva, por sua vez, consiste em aplicar a teoria da seleção natural, de Charles Darwin, aos seres humanos. Com isso, busca promover a reprodução de pessoas consideradas "aptas" a se reproduzirem. 


Na Alemanha, Adolf Hitler tinha a ideia maligna de raça superior, chamada ariana, e não se limitou a esterilizar pessoas de raças consideradas inferiores para não se reproduzirem, mas colocou em prática o extermínio em massa de várias etnias como os judeus, ciganos, negros, etc. Hitler tinha em mente a idéia de "purificar" a sociedade alemã, de seres indesejáveis como deficientes pacientes esquizofrênicos, epiléticos, paralíticos e psicopatas. Para isso, elaborava listas destas pessoas e as transferia dos hospitais para os centros de eutanásia, onde eram mortos através da inalação de gases tóxicos. 


A cultura da morte atual, de forma dissimulada, promove também a eugenia, através do descarte de bebês que tenham um diagnóstico de que apresentarão algum problema crônico de saúde como microcefalia, anencefalia e outros. Promovem também a eutanásia, que é a prática colocar fim à vida de pessoas portadoras de doenças incuráveis e prolongadas, para evitar o sofrimento do paciente, a pedido do próprio paciente ou da família. Alguém pode achar que a comparação com o nazismo é desproporcional, mas, a idéia é a mesma, eliminar seres humanos indesejáveis, considerados obstáculos aos projetos egoístas e desumanos. 


2. O direito sobre o corpo. Na sociedade pós-moderna, dominada pelo espírito da Babilônia, que é totalmente anticristã e busca desconstruir os valores judaico cristãos, criou-se também a ideia de que o ser humano deve ter autonomia absoluta sobre o próprio corpo. Nessa perspectiva, alegando a laicidade do estado e os direitos individuais, defendem a legalização das drogas, da prostituição, da eutanásia, do suicídio, da mutilação, do aborto, e de pesquisas com células tronco embrionárias que depois são descartadas.


Os defensores destas liberdades criaram o slogan "meu corpo, minhas regras", como defesa da liberdade de fazer o que quiserem com o corpo, inclusive decidir sobre a própria sexualidade e a vida. Ocorre que mesmo sendo livre para fazer as suas escolhas, o ser humano não é dono do próprio corpo para profaná-lo e destruí-lo como quiser. Primeiro, porque o corpo não lhe pertence. O corpo humano foi criado por Deus e recebeu dele o fôlego de vida. Nós não escolhemos as características genéticas, a família onde nascemos, quando nascemos ou quando iremos morrer. Logo não somos donos do corpo. Segundo, porque no caso do aborto, não é o corpo da mãe que está em discussão e sim, um novo ser que está em seu ventre. Matar um ser humano não é, nem pode ser, uma decisão da mulher. O novo ser humano que foi gerado não é uma extensão do corpo da mãe e não tem culpa das circunstâncias que o levaram a ser gerado. Portanto, não pode pagar com a vida pelas decisões erradas de outrem.


O corpo humano, segundo as Escrituras, é templo do Espírito Santo (1 Co 3.16; 6.19) e não nos pertence. Por isso, deve ser alimentado, protegido e abster-se de toda impureza sexual e alimentar e de substâncias entorpecentes. Paulo diz que se alguém destruir o templo de Deus, que é o nosso corpo, Deus o destruirá (1 Co 3.17). Na mesma Epístola aos Coríntios, Paulo ensina que os nossos corpos são membros de Cristo e, portanto, não podemos praticar a imoralidade sexual (Gr. porneia), pois é um pecado contra o corpo (1 Co 6.15-19).


3. A prática do aborto. A palavra aborto deriva do latim “abortus”, que é a junção de de dois termos latinos “Ab”, que significa "privação', e “ortus” que significa "nascimento". Portanto, aborto é significa literalmente a privação ou impedimento do nascimento. O aborto pode ser espontâneo, ou seja, por causas naturais e acidentais, que independem das ações humanas. Mas, pode ser também provocado por meios de substâncias abortivas ou instrumentos perfurantes, com o intuito de interromper o processo de gestação. O aborto provocado, independente das circunstâncias, é um dos assassinatos mais covardes, pois a vítima além de ser inocente, não tem nenhuma chance de se defender. 


No Brasil, o aborto provocado ainda é considerado crime. O artigo 124 do Código Penal prevê pena de detenção, de um a três anos, para quem "provocar aborto em si mesma ou consentir que outra pessoa o provoque". No caso do aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante, o artigo 125 prevê pena de reclusão, de três a dez anos. Já o artigo 126 prevê pena de um a quatro anos, para quem  provocar aborto com o consentimento da gestante. O código penal de 1940 coloca como exceções apenas os casos de gravidez proveniente de estupro e quando há risco para a vida da mãe. 


Já houve várias tentativas de descriminalização do aborto, por iniciativa de parlamentares de esquerda. Mas foram rejeitadas pelo Congresso Nacional. Entretanto, em 2012 o Supremo Tribunal Federal, extrapolando as suas prerrogativas constitucionais, mudou a lei e permitiu o aborto de bebês anencéfalos. Depois, em 2016, a primeira turma do STF, de novo resolveu legislar e decidiu que aborto nos primeiros três meses de gestação, não deve ser considerado crime. Esta decisão, no entanto, valeu apenas para o caso julgado naquela ocasião. Há outro pedido do PSOL, para descriminalização do aborto no STF, aguardando julgamento. 


A posição da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) é totalmente contrária ao aborto em quaisquer circunstâncias. Em audiência pública, realizada em 2020 no STF, o pastor Douglas Roberto de Almeida representou a CGADB e afirmou categoricamente que "legalizar o aborto é legalizar o assassinato de um ser indefeso e inocente no ventre da mãe”. Falaremos mais sobre isso no próximo tópico, quando trataremos da sacralidade da vida e da posição cristã a esse respeito. 


REFERÊNCIAS: 

BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 60-71.

ANDRADE, Claudionor de. As novas Fronteiras da Ética Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, pp. 70-71

LIMA, Elinaldo Renovato. Ética cristã: Confrontando as questões do nosso tempo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.138-39.

https://adalagoas.com.br/noticias/15482/voce-conhece-o-posicionamento-das-assembleias-de-deus-sobre-o-aborto. 


A VERDADE QUE LIBERTA

Subsídio da Revista Ensinador Cristão/CPAD  Nesta aula, veremos que o Senhor Jesus é a verdade de Deus encarnada que veio ao mundo para libe...