06 abril 2023

O PROBLEMA DA PREDILEÇÃO POR FILHOS NA FAMÍLIA

Foto: Bigstock

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 02: A predileção por um dos filhos)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico falaremos sobre o problema da predileção por filhos na família. O casal Isaque e Rebeca tinha preferências por um dos filhos. Isaque amava a Esaú, que era o primogênito e, como habilidoso caçador, lhe fazia pratos saborosos. Rebeca, por sua vez, preferia Jacó e arquitetou um plano maquiavélico, para que Isaque desse a Jacó a bênção da primogenitura. Quando o casal não respeita a personalidade dos filhos, tratando-os com predileção, infelizmente, o resultado é o conflito entre os membros da família.


1- Esaú, o filho predileto de Isaque. Conforme descrito no texto áureo desta lição, a preferência de filhos dentro do lar gera divisão e promove o egoísmo na formação deles. Foi exatamente isso que aconteceu no lar de Rebeca e Isaque. O casal demorou 20 anos para ter filhos e Rebeca engravidou de gêmeos. Por ter nascido primeiro, Esaú é considerado o primogênito. Ele nasceu ruivo e peludo, por isso, recebeu este nome, que significa “cabeludo”. 


O filho primogênito nos tempos do Antigo Testamento tinha direitos e obrigações diferenciados dos demais (Gn 43.33), como o direito de sucessão (2 Cr 21.3) e porção dobrada da herança paterna (Dt 21.17). A Lei mosaica, diz que todos os primogênitos dos homens e dos animais deveriam ser consagrados a Deus: “Porque todo o primogênito é meu; desde o dia em que tenho ferido a todo o primogênito na terra do Egito, santifiquei para mim todo o primogênito em Israel, desde o homem até ao animal: meus serão; Eu sou o Senhor.” (Nm 3.13). O primogênito também era sinônimo de honra, tanto que Deus chama o povo de Israel de o seu primogênito: “Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito.” (Êx 4.22). Esta primazia do filho primogênito já existia na Mesopotâmia, nos tempos de Isaque e Rebeca. Porém, lá havia também o “jeitinho”, para se transferir o direito da primogenitura para outro, através de negociação. 


Talvez por Esaú ser o seu filho primogênito, Isaque desenvolveu a sua admiração por ele. Para completar, Esaú se tornou um habilidoso caçador e trazia carnes das suas caças para o pai. Percebendo que estava velho e que não duraria muito, Isaque resolveu ministrar a bênção da primogenitura para o seu filho mais velho. Para isso, pediu que Esaú lhe providenciasse o prato preferido dele, para esta ocasião. Esaú saiu à procura da caça para trazê-la ao pai (Gn 27.1-4). Enquanto isso, Rebeca ouviu a conversa e tramou um plano maquiavélico para enganar Isaque e fazê-lo abençoar Jacó, em vez de Esaú (Gn 27.5-10). Rebeca mandou, então, que Jacó lhe trouxesse um cabrito, para que ela o preparasse para Isaque. Em seguida, vestiu Jacó com um couro peludo de animais para ficar parecido com Esaú. Assim, ambos enganaram Isaque. 


Por direito, a primogenitura pertencia a Esaú, porém, ele a havia desprezado e vendido ao seu irmão por um prato de lentilhas. Neste aspecto, Esaú errou por desprezar e vender a sua primogenitura, mas, Jacó também errou ao se aproveitar da fome do seu irmão para tirar proveito. Do ponto de vista cultural, Jacó estava certo. Mas, o que ele fez é moralmente reprovável diante de Deus. A questão da também primogenitura não deve ser confundida com a escolha de Jacó por Deus, para ser o pai da nação de Israel. 


Deus não prometeu a primogenitura a Jacó, mas revelou a Rebeca que, “o maior serviria ao menor” (Gn 25.23), ou seja, Jacó seria mais poderoso do que Esaú. Sabendo desta revelação, Rebeca tentou interferir nos planos de Deus e impedir que Isaque proferisse a bênção sobre Esaú. Isaque também, certamente, sabia desta revelação de Deus em relação ao futuro dos filhos. Mas, por conveniência pessoal, tinha predileção por Esaú. 


2- Jacó, o filho predileto de Rebeca. O segundo filho de Isaque e Rebeca nasceu na sequência do primeiro, agarrado ao calcanhar do seu irmão, por isso, recebeu o nome de Jacó, que significa literalmente “agarrou ao calcanhar”. Alguns dizem que o nome Jacó significa enganador, ou suplantador. Isto acontece porque as consoantes hebraicas das palavras “עקב” (calcanhar) (aqev) e “עקב” (enganar) “'aqav”, são as mesmas. Mas, pelo contexto em que se deu o nome Jacó, está claro que o nome significa “aquele que segura o calcanhar”.


Antes de Jacó nascer, Rebeca soube do futuro dele, pois eles lutavam em seu ventre e ela perguntou ao Senhor, o que isso significava. A resposta de Deus, como vimos acima, foi: “dois povos se dividiriam nas entranhas dela, e um povo seria mais forte do que o outro povo, e o maior seria servo do menor.” (Gn 25.13). Esta revelação deve ter deixado Rebeca confusa, pois, naquela cultura, o filho primogênito era o mais importante e assumia a liderança da família, após a morte do pai. 


Com a informação dada por Deus de que Jacó seria o escolhido para ser o pai da nação mais forte, Rebeca passou a ter preferência por ele. Além disso, Jacó cresceu sempre perto de casa, dando atenção às necessidades da mãe, ao contrário de Esaú, que se dedicava à caça e vivia ausente. Assim como Isaque, por conveniência pessoal preferia Esaú e demonstrava isso, Rebeca preferia Jacó e também não escondia. Evidentemente, há filhos que amam e ajudam mais aos pais do que outros e estão sempre mais perto deles. Isso cria vínculo e afinidades maiores. Entretanto, isso não deve ser motivo para tratamento diferenciado, ou demonstração de preferência dos pais por um dos filhos em detrimento de outros. 


3- O problema da predileção pelos filhos. Todos os nossos filhos são herança do Senhor (Sl 127.3) e devem ser amados por nós. Se por um lado, a Palavra de Deus ordena que os filhos honrem e obedeçam aos pais, por lado, há a recomendação para os pais criarem os seus filhos no temor do Senhor, instruí-los no caminho em que deve andar e não provocar-lhes a ira (Dt 6.7; Pv 22.5; Ef 6.4). Portanto, os pais têm a obrigação de amar aos seus filhos e o amor não busca os seus próprios interesses e não faz acepção de pessoas. Quem dá preferência a um filho em detrimento de outro, por razões pessoais, está sendo egoísta e interesseiro. Esse tipo de atitude é incompatível  com o amor.


A preferência por um dos filhos interfere também na formação da personalidade da criança e pode trazer-lhe sérios problemas. Os filhos preteridos se sentem desprezados e podem desenvolver sentimentos de inveja e ódio pelos que são preferidos pelos pais. Isso os torna rivais e inimigos irreconciliáveis. Jacó, na idade adulta continuou com o mesmo comportamento da sua mãe e demonstrava para os seus filhos que amava a José mais do que aos seus irmãos. Isto despertou a fúria deles contra José, a ponto de não poderem conviver com ele pacificamente (Gn 37.3,4). 


A predileção por um dos filhos traz problemas tanto para o filho preferido, quanto para os demais. O filho criado com superproteção e privilégio dos pais, torna-se medroso, inseguro, não aprende que precisa de limites e encontra dificuldade para criar a própria identidade. Por outro lado, os filhos preteridos pelos pais, podem podem ter problemas de autoestima, tornar-se amargurados, agressivos e desenvolver complexo de inferioridade e depressão. Portanto, os pais devem conhecer cada um dos seus filhos, identificar as suas diferenças de temperamento e comportamento, amá-los, respeitá-los e protegê-los indistintamente. Somente assim, proporcionarão um ambiente saudável para o crescimento e desenvolvimento deles. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 39-40.

LOPES, Hernandes Dias. Gênesis, o Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 175.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry: Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pág. 134. 


05 abril 2023

O CONFLITO FAMILIAR


(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 02: A predileção por um dos filhos)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico falaremos sobre o conflito familiar no lar de Isaque e Rebeca. Isaque casou-se com Rebeca aos 40 anos. Após o casamento, no entanto, Isaque descobriu que Rebeca era estéril. Naquela sociedade, aquilo era considerado uma maldição. Além disso, isso inviabilizaria o cumprimento da promessa de Deus a Isaque. Diferente de Abrão e Sarai, que colocaram em prática um plano para ajudar a Deus, Isaque foi orar e Deus ouviu. Falaremos também neste tópico sobre o significado da luta dos filhos no ventre de Rebeca. Por último, falaremos sobre o favoritismo de Isaque e Rebeca por um dos filhos. 


1- A esterilidade de Rebeca. É considerado esterilidade ou infertilidade feminina, a dificuldade da mulher engravidar mesmo fazendo várias tentativas e sem ter usado contraceptivos, durante um ano. As causas da infertilidade são diversas: estresse, alcoolismo, tabagismo, uso de drogas, má alimentação, doenças metabólicas, doenças cardíacas, doenças vasculares, síndrome de ovários policísticos, endometriose (crescimento do tecido que reveste internamente o útero), problemas nas trompas, etc. Hoje, com o avanço da medicina, há tratamentos e muitos destes casos podem ser revertidos. 


Na atualidade, além de haver tratamentos para a esterilidade, não há desprezo ou preconceito por mulheres que não têm filhos. Ao contrário, muitas mulheres optam por não ter filhos e outras, chegam ao cúmulo do absurdo de provocar o aborto, ou abandonar a criança depois que nasce. Na época em que viveram Sara e Rebeca, porém, não era assim. A esterilidade feminina era considerada uma maldição e não um problema de saúde. Naqueles tempos, uma mulher que não tivesse filhos era desprezada e o marido poderia repudiá-la por este motivo. 


Isso, no entanto, não é um problema para Deus cumprir as suas promessas, pois, Ele pode resolver problemas que não teriam nenhuma solução, do ponto de vista humano. Além dos casos de Sara e Rebeca, temos também os casos de Raquel, da mãe de Sansão, de Ana, mãe de Samuel e de Isabel, mãe de João Batista, que eram estéreis e Deus lhes concedeu filhos. 


Eu também sou uma testemunha de que a esterilidade não é um problema para Deus. Eu casei e a minha esposa tinha dificuldades para engravidar. Nós fomos orar e depois de quatro anos de casamento, sem nenhum tratamento, ela engravidou. A gravidez era de risco, pois ela tinha anemia e, mesmo assim, a nossa filha nasceu saudável, grande e extremamente ativa. Louvado seja Deus!  


2- O conflito: Diferente do que aconteceu com os seus pais, Abrão e Sarai, Isaque quando descobriu que a sua esposa era estéril, não duvidou da promessa de Deus e não tentou subterfúgios humanos para "ajudar Deus" a cumprir a promessa. Ele resolveu orar insistentemente por sua esposa. Mesmo orando, a esterilidade de Rebeca durou 20 anos. 


Deus ouviu a oração de Isaque e Rebeca engravidou dos gêmeos, Esaú e Jacó. Próximo ao nascimento, ela percebeu que os bebês "lutavam" (a palavra hebraica significa esmagavam) dentro dela. Sem entender o significado desta luta de bebês, Rebeca foi perguntar ao Senhor. A resposta de Deus foi:  “Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas: um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor”. (Gn 25.23). Deus revelou a Rebeca, o futuro dos seus filhos, que seriam os conflitos entre os descendentes de Esaú e Jacó. Os edomitas eram descendentes de Esaú e eram ferrenhos de Israel, os descendentes de Jacó. Amaleque, o primeiro grande inimigo de Israel, após a saída do Egito, era neto de Esaú (Gn 36.12). Além disso, Esaú casou-se com uma das filhas de Ismael (Gn 36.3) e alguns povos árabes são descendentes dele. Alguns dizem que os atuais palestinos também são descendentes de Esaú. Sendo assim, historicamente, os conflitos entre os descendentes de Esaú e Jacó são muitos. 


Esta resposta de Deus a Rebeca mostra mais uma vez, a presciência de Deus e a sua soberania. Neste caso, Deus não apenas conhecia o futuro antecipadamente, mas também escolheu Jacó, antes do seu nascimento, para dele formar a nação de Israel, pela qual viria o Messias, o Salvador do mundo. 


Numa gravidez, os abortistas vêem apenas um amontoado de células e defendem que a mulher deve ter o direito de eliminar a criança que ainda não nasceu, como se fosse uma parte indesejada do seu corpo. Entretanto, Deus que é presciente e soberano, vê ali nações que se formarão, profetas, reis, pastores e até o Salvador do mundo, que foi também um embrião e um feto. Por estas e por outras razões, nós, os cristãos somos radicalmente contrários ao aborto. 


3- O favoritismo do casal pelos filhos. Neste subtópico chegamos finalmente ao assunto principal desta lição, que é a preferência ou predileção por um dos filhos. Abordaremos com mais detalhes este assunto no próximo tópico. Esaú e Jacó, apesar de serem gêmeos, eram muito diferentes, tanto no aspecto físico, como no temperamento, nas habilidades profissionais e no comportamento: Esaú era peludo e Jacó era liso; Esaú tinha um temperamento explosivo e Jacó era mais calmo; Esaú era um valente caçador e Jacó preferia viver mais em casa e cuidar de pequenos rebanhos. 


Não há nada de errado nas diferenças que há entre os filhos. Evidentemente, todos nós somos diferentes e com os nossos filhos acontece a mesma coisa. Mesmo sendo filhos do mesmo casal e trazendo algumas características genéticas do pai, da mãe e de outros ancestrais, além de reproduzirem alguns comportamentos dos pais, os filhos nunca serão iguais. Cabe aos pais ouvir, observar, conhecer a cada um dos seus filhos, entender as diferenças, amar e proteger a todos. 


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 33-34.

CHAMPLIN, Russell Norman.

O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 174.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthehw Henry: Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pág. 133.

MESQUITA, Antonio Neves de. Livro de Gênesis. Editora JUERP.

04 abril 2023

O PLANO DE DEUS PARA A FAMÍLIA E SUA PRESCIÊNCIA


(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 02: A predileção por um dos filhos).


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos do plano de Deus para a família de Isaque e Rebeca e a sua presciência. Assim como aconteceu com Abraão, Isaque também tinha a promessa de ser pai de muitos descendentes, mas a esposa era estéril. Isso, no entanto, não impediu o agir de Deus, pois, ambas milagrosamente foram mães, apesar de serem estéreis e avançadas na idade. Falaremos também do propósito presciente de Deus, ou seja, conhecendo o futuro por antecipação, Deus não é pego de surpresa e nada pode impedir que os seus desígnios sejam realizados. Entretanto, não podemos confundir presciência com determinismo.


1- O Plano divino para a família de Isaque e Rebeca.  Isaque era o filho da promessa de Abraão e Sara. O seu nascimento, como vimos na lição passada, foi um milagre, pois o seu pai tinha 100 anos e a sua mãe, além de ser estéril, tinha 90 anos. O casamento de Isaque também ocorreu de forma atípica. Abraão já estava com 140 anos e chamou Eliezer, o mordomo da sua casa, e o fez jurar que não escolheria uma mulher para Isaque entre as filhas dos cananeus, mas iria aos seus parentes na Mesopotâmia.


O servo jurou e foi buscar uma noiva para Isaque, sem conhecer ninguém lá. Tomou dez camelos e alguns presentes e seguiu viagem. Chegando junto à fonte, onde as mulheres vinham buscar água, ele fez ajoelhar os camelos, ajoelhou-se também e fez um voto com Deus, para que mandasse a pessoa escolhida, combinando com Deus, inclusive o que ele e a moça iriam falar. Assim aconteceu e ele encontrou Rebeca, filha de Betuel, sobrinho de Abraão. A moça se dispôs a ir ao encontro de Isaque, sem o conhecer e se casaram, tendo Isaque 40 anos. Deus sabia quem era Rebeca e a escolheu para cumprir o seu propósito. 


Assim como o seu pai Abraão, Isaque tinha a promessa de Deus de ser pai de uma grande nação. Entretanto, depois do casamento com Rebeca, ele descobriu que ela era estéril. Diferente do que fizeram os seus pais, Isaque não se precipitou e não tentou ajudar a Deus. Isaque esperou em Deus e orou por sua esposa durante 20 anos. Deus ouviu as orações de Isaque e a sua esposa engravidou dos gêmeos Esaú e Jacó. 


Ainda no ventre da mãe, os bebês lutavam dentro dela. Sem entender o que isso significava, Rebeca foi consultar o Senhor. Deus respondeu que havia duas nações em seu ventre e o maior serviria ao menor. Esaú nasceu primeiro e Jacó nasceu agarrado ao calcanhar do seu irmão. 


2- O propósito presciente de Deus. Em todos estes acontecimentos podemos ver a presciência de Deus. A presciência de Deus é parte da onisciência de Deus, que é o atributo incomunicável de Deus, pelo qual Ele conhece tudo. Quando dizemos que Deus é presciente, significa que Ele conhece o futuro antecipadamente e baseado nesse conhecimento, Ele faz os seus planos. É preciso ter cuidado, porém, para não confundir presciência com pré-determinismo que diz que Deus determina tudo o que vai acontecer, inclusive as coisas ruins. Deus conhece tudo antecipadamente e nada escapa do conhecimento dele. Entretanto, isso não significa que Ele anula a liberdade de escolha do ser humano que Ele mesmo concedeu. 


Deus sabia de antemão tudo o que iria acontecer com Esaú e Jacó. Em sua presciência, Deus conhecia o temperamento de cada um deles e as diferenças. Para o seu propósito de formar a nação de Israel, através da qual o Messias viria ao mundo, Deus escolheu Jacó. Isso não tem nada a ver com merecimento, nem tampouco com a Salvação. Deus escolheu Jacó para cumprir este propósito específico, sabendo de antemão tudo o que iria acontecer. Isto não significa que Deus predeterminou tudo o que iria acontecer, inclusive os erros de Jacó e de Israel, como afirmam os monergistas. 


Quando falamos da presciência de Deus há dois extremos que devemos rejeitar. O primeiro é o determinismo que afirma que Deus determinou tudo o que iria acontecer, inclusive o pecado e as coisas ruins. Segundo os adeptos desse pensamento, tudo o que acontece no universo é porque Deus determina que aconteça. O outro extremo é o deísmo que afirma que Deus criou o universo com leis próprias de funcionamento, se afastou dele e não interfere em nada. Também não é assim. Deus é um Ser transcendente e está muitíssimo acima das nossas limitações. Mas, Ele é também um Ser Imanente, ou seja, Ele se envolve com as suas criaturas e usa ou muda circunstâncias, para realizar os seus desígnios.


REFERÊNCIAS:

CABRAL,  Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 29-30.

KIDNER, Derek. Gênesis: Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pág. 140, 141

03 abril 2023

INTRODUÇÃO À LICÃO 02: A PREDILEÇÃO POR UM DOS FILHOS


Ev. WELIANO PIRES


Estudaremos nesta lição, sobre a predileção de filhos pelo casal Isaque e Rebeca. Este preferencialismo no meio da família por parte dos pais produziu um conflito interminável, não apenas no relacionamento entre os filhos Esaú e Jacó, mas também no relacionamento entre o casal, trazendo consequências para as gerações futuras: Os edomitas, que são descendentes de Esaú, e os Israelitas, que são descendentes de Jacó. Este conflito continua na atualidade, com os palestinos, que são descendentes de Esaú, e os israelenses, descendentes de Jacó. 

O comentarista inicia o seu comentário dizendo que a história de Isaque e Rebeca parece uma infeliz repetição da história de Abraão e Sara. Entretanto, há apenas duas semelhanças entre os dois casais: a primeira é a esterilidade de Sara e Rebeca, que esperaram 25 e 20 anos, respectivamente, para gerar filhos. A segunda é a falta de habilidade de Abraão e Isaque para lidar com os conflitos no lar. Tanto Abraão como Isaque não souberam administrar os conflitos no lar.

Vimos na lição passada que Abrão e Sarai agiram por conta própria, de forma precipitada, tentando “ajudar a Deus”, adotando um costume da época de ter filhos de uma escrava com o marido da mulher estéril. Neste aspecto, Isaque e Rebeca, se comportaram de forma muito diferente. Isaque casou-se com Rebeca aos 40 anos. Após o casamento, descobriu que ela era estéril e orou, insistentemente por ela durante 20 anos, até o Senhor lhe abrir a madre. Não vemos este comportamento em Abraão. Embora ambos tivessem a promessa de serem pais de uma grande nação e terem esposa estéril, apenas Isaque orou ao Senhor pela esposa. Outra diferença, é que não vemos em momento algum, Isaque e Rebeca, duvidando ou rindo da promessa de Deus como Sara fez. Quando Rebeca engravidou e os gêmeos lutavam dentro dela, ela perguntou ao Senhor qual era o significado disso. 

No primeiro tópico, falaremos do plano de Deus para a família de Isaque e Rebeca e a sua presciência. Assim como aconteceu com Abraão, Isaque também tinha a promessa de ser pai de muitos descendentes, mas a esposa era estéril. Isso, no entanto, não impediu o agir de Deus, pois, ambas milagrosamente foram mães, apesar de serem estéreis e avançadas na idade. Falaremos também do propósito presciente de Deus, ou seja, conhecendo o futuro por antecipação, Deus não é pego de surpresa e nada pode impedir que os seus desígnios sejam realizados. Entretanto, não podemos confundir presciência com determinismo. 

No segundo tópico falaremos sobre o conflito familiar no lar de Isaque e Rebeca. Isaque casou-se com Rebeca aos 40 anos. Após o casamento, no entanto, Isaque descobriu que Rebeca era estéril. Naquela sociedade, aquilo era considerado uma maldição. Além disso, isso inviabilizaria o cumprimento da promessa de Deus a Isaque. Diferente de Abrão e Sarai, que colocaram em prática um plano para ajudar a Deus, Isaque foi orar e Deus ouviu. Falaremos também neste tópico sobre o significado da luta dos filhos no ventre de Rebeca. Por último, falaremos sobre o favoritismo de Isaque e Rebeca por um dos filhos. 

No terceiro tópico falaremos sobre o problema da predileção por filhos na família. O casal Isaque e Rebeca tinha preferências por um dos filhos. Isaque amava a Esaú, que era o primogênito e, como habilidoso caçador, lhe fazia pratos saborosos. Rebeca, por sua vez, preferia Jacó e arquitetou um plano maquiavélico, para que Isaque desse a Jacó a bênção da primogenitura. Quando o casal não respeita a personalidade dos filhos, tratando-os com predileção, infelizmente, o resultado é o conflito entre os membros da família.


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 29-30.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 174.

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 29-30.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 174.

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01 abril 2023

AS CONSEQUÊNCIAS DE UMA DECISÃO PRECIPITADA


(Comentário do 3º tópico da Lição 01: Quando a família age por conta própria)

Ev. WELIANO PIRES


Neste terceiro e último tópico analisaremos as consequências de uma decisão precipitada, tomando como exemplo o caso de Abrão e Sarai. Em primeiro lugar, esta decisão precipitada deles de querer ajudar a Deus trouxe conflito e desarmonia ao lar, antes e depois do nascimento de Ismael. Depois falaremos da fraqueza de Abrão, que depois de tantas experiências com Deus, não teve discernimento e pulso firme para convencer a esposa a abandonar esta idéia estapafúrdia. Por último, falaremos das opiniões equivocadas de Sarai e Abrão, a respeito de Deus. Sarai, deixou o lugar de dependência e submissão à vontade de Deus. Abrão, por sua vez, não instruiu a sua esposa a confiar em Deus e esperar nEle, e também, por aceitar sem questionar, esta decisão que contrariava os propósitos de Deus.


1. O conflito na família de Abrão. Na cultura em que viviam Abrão e Sarai, não ter filhos era considerado uma maldição e uma vergonha para a mulher. Por outro lado, a mulher que tinha muitos filhos era considerada abençoada. Sendo assim, Sarai, já vivia amargurada por ser estéril. Os anos se passaram e ela não via a promessa de Deus de que o seu marido seria pai de uma grande nação, se cumprir. A decisão precipitada dela de entregar a sua escrava Agar para ao seu esposo para gerar um filho, tornou a situação ainda pior, pois a escrava depois que engravidou passou a sentir-se privilegiada, recebendo atenção especial de Abrão por causa da gravidez e desprezou a sua senhora.


A partir de então, Sarai enciumada, passou a afligir e maltratar a sua escrava. A palavra hebraica traduzida por “afligiu” é a mesma palavra usada para se referir à aflição de Israel no Egito, por causa da escravidão. Essa aflição não era apenas verbal, mas também emocional e física (Gn 16.5,6). Com esta aflição provocada por sua senhora, Agar fugiu de casa para o deserto. Mas, o Anjo do Senhor a encontrou, fez-lhe promessas a respeito da criança que iria nascer e orientou que ela voltasse e se humilhasse perante a sua senhora. Ela obedeceu e voltou para casa e o menino nasceu, quando Abrão tinha 86 anos de idade.


Treze anos depois, o Senhor apareceu a Abrão, identificando-se como “Deus Todo-poderoso” (heb. El Shadday) e reafirmou a promessa de que que ele teria um filho, mas deixou claro que seria também filho da sua esposa. Em seguida, mudou o seu nome de “Abrão” que significa “pai da altura”, para Abraão, que significa “pai de uma multidão”. Mudou também o nome de Sarai, que significa “dominante”, para Sara que significa “princesa”. O nome Isaque (riso), se deu porque ela riu da promessa de ser mãe aos 90 anos. Abraão continuou cético, riu em seu coração em relação a esta promessa e respondeu a Deus: “Quem dera, que viva Ismael diante da tua face!”. (Gn 17.8). Deus esclareceu que não estava falando de Ismael, mas de um filho que nasceria da sua esposa e se chamaria Isaque. Após o nascimento de Isaque, o filho da promessa, veio mais um conflito ao lar, por conta do filho da escrava, que agora zombava de Isaque. Por causa disso, Sara exigiu que Abraão expulsasse Agar e o seu filho de casa.


2. A fraqueza de Abrão. Em todo este episódio envolvendo o nascimento de Ismael, podemos notar não apenas os erros de Sara, conforme já falamos, mas também a fraqueza e passividade de Abrão diante de uma situação tão grave. Ora, ele era o líder da família e como já vimos no tópico anterior, naquela sociedade patriarcal, o pai de família tinha autoridade total sobre a sua família. As suas decisões tinham peso de uma lei. Foi a Abrão que o Senhor apareceu e foi a ele que Deus fez as promessas. Cabia a ele, portanto, instruir a sua esposa sobre como deveria proceder. Desde o momento em que a sua esposa veio com esta proposta, de imediato ele deveria rechaçar esta idéia e exortá-la a esperar em Deus. Depois, quando Sarai reclamou de Agar, ele simplesmente lavou as mãos e disse: “A tua serva está nas tuas mãos, procede segundo melhor te parecer.” (Gn 16.6). Isso não é atitude de um líder e muito menos de um homem de Deus. Não podemos ficar em cima do muro, diante de situações complexas da nossa e fazer de conta que não temos nada a ver. O problema teve início com Sarai, mas Abrão também concordou e permitiu aquela situação. Logo, ele também foi responsável por isso.


REFERÊNCIAS: 
CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 15-16.
LOPES, Hernandes Dias. Gênesis. O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 123.

31 março 2023

INTERFERÊNCIA NO PLANO DE DEUS

(Comentário do 2º tópico da lição 01: Quando a família age por conta própria).


Ev. WELIANO PIRES


Vimos no tópico anterior que, Abrão teve dúvidas diante da espera pelo cumprimento das promessas de Deus, mas Deus sanou as suas dúvidas e reafirmou as suas promessas. Abrão creu no Senhor e isso lhe foi imputado por justiça. Tudo parecia estar resolvido, mas, o tempo foi passando e Sarai ficando cada vez mais avançada em idade e impossibilitada de gerar filhos. 


Sarai teve a ideia de oferecer ajuda para que as promessas de Deus se cumprissem, adotando um costume daquela época, de oferecer a escrava ao marido para ter filhos dele. Abrão, que no capítulo anterior havia demonstrado a sua fé nas promessas de Deus, agora deu ouvidos à sua esposa e ambos vacilaram na fé. Esta atitude precipitada, no entanto, trouxe graves problemas não apenas para aquela família, mas para os seus descendentes ao longo dos séculos, perdurando até os dias atuais. 


1. A tentativa de Sarai em “ajudar” a Deus. Dez anos se passaram desde que Abrão e Sarai chegaram a Canaã, com a promessa de Deus de que seriam pais de uma grande multidão. Nesta ocasião, Abrão já estava com 85 anos e Sarai com 75. Conforme falamos no tópico anterior, pelos meios naturais seria impossível gerarem filhos. Além da esterilidade que ela tinha, pois, nunca tivera filhos, ainda tinha a idade avançada e o ciclo menstrual encerrado. Diante deste quadro, Sarai entendeu que seria impossível gerar filhos. Ela, então, teve uma ideia, para ajudar a Deus, no cumprimento da promessa e disse ao seu esposo: “E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos dela.” (Gn 16.2). 


Do ponto de vista cultural, legal e humano, a atitude de Sarai era compreensível, pois era um costume daquela sociedade. Entretanto, era algo completamente fora do propósito de Deus, pois Ele não precisa de subterfúgios humanos e “jeitinhos” para cumprir as suas promessas. Em seu desespero, Sarai teve uma interpretação equivocada das promessas de Deus e entendeu que a promessa era de um filho a Abrão e poderia ser, não necessariamente dela. Ela estava convicta da sua decisão e convenceu Abrão de que esta seria a única forma de Abrão ter um filho, que pudesse ser o seu herdeiro. 


A precipitação é a atitude de agir sem pensar e sem medir as consequências. Infelizmente, muitas pessoas, inclusive crentes, causam sérios problemas a si mesmas, à família e à Igreja, atitudes precipitadas. Muitos perdem o casamento, ministério, trabalho e até a própria vida, por tomarem decisões sem consultar ao Senhor e sem pensar nas consequências. 


2. Os dois vacilam na fé. Abrão, sem questionar, deu ouvidos à sua esposa e fez o que ela sugeriu. Sarai errou ao tomar uma atitude precipitada, tentando “ajudar a Deus”. Mas, Abrão também falhou. Primeiro, porque ele era o patriarca da família e foi a ele que fez as promessas. Abrão era um homem de fé, amigo de Deus. Como líder da família, cabia a ele passar as orientações sobre Deus à sua família. Naquela sociedade patriarcal, a palavra do patriarca era uma lei. Portanto, era dele a responsabilidade de ensinar a sua família sobre o caráter de Deus.


É claro que o homem deve conversar com a sua esposa e ouvir as opiniões e queixas dela e vice-versa. Entretanto, quando estas opiniões, sugestões ou decisões contrariarem a Vontade de Deus, devem ser imediatamente rechaçadas. O casal deve sempre conversar e buscar a vontade de Deus, antes de tomar decisões. Um deve encorajar o outro em momentos de crises de fé e não seguir decisões precipitadas sem questionar.

3. O problema da precipitação. Com o passar dos anos, Sarai abandonou a confiança nas promessas de Deus e decidiu agir por conta própria. Foi uma atitude precipitada, pois ela não consultou a Deus e não pensou nas consequências da sua atitude. A precipitação é a atitude de agir sem pensar e sem medir as consequências. Infelizmente, muitas pessoas, inclusive crentes, causam sérios problemas a si mesmas, à família e à Igreja, atitudes precipitadas. Muitos perdem o casamento, ministério, trabalho e até a própria vida, por tomarem decisões sem consultar ao Senhor e sem pensar nas consequências. Na Bíblia temos exemplos de várias pessoas que agiram precipitadamente e as consequências foram terríveis. Um deles foi Aarão, irmão de Moisés. Moisés subiu ao Monte e o povo que ele demorava a voltar, pressionaram Aarão para que fizesse um bezerro de ouro. Sem pensar nas consequências deste ato, Aarão deu ouvidos ao povo e fez este ídolo: “E depressa se desviou do caminho que lhe havia eu ordenado; fez para si um bezerro fundido, e o adorou, e lhe sacrificou, e diz: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito.” (Ex 32.8). O resultado desta ação precipitada de Aarão foi a morte de três mil pessoas. (Ex 32.28).

Temos também o caso do rei Saul na guerra contra os amalequitas. Deus mandou que ele destruísse tudo, por causa do mal que aquele povo fez a Israel. Chegando lá, Saul agiu por conta própria, feriu apenas o povo e destruiu apenas as coisas sem valor. O rei dos amalequitas e o melhor do gado e das ovelhas, ele poupou, com a desculpa de oferecer sacrifícios a Deus. Quando Samuel retornou, perguntou-lhe porque ele não obedeceu a voz do Senhor. Quando Samuel retornou, perguntou a Saul: "Por que, pois, não deste ouvidos à voz do Senhor, antes te lançaste ao despojo, e fizeste o que parecia mau aos olhos do Senhor?" (1 Sm 15.19). Saul retrucou, dizendo que tinha obedecido e colocou a culpa no povo, dizendo que trouxera aqueles animais para sacrificar ao Senhor. Samuel o repreendeu, dizendo que Deus não tem tanto prazer em sacrifícios, como tem em que se obedeça a Sua Palavra. Disse ainda que a rebelião é com o pecado da feitiçaria. (1 Sm 15.22,23). Esta desobediência e precipitação de Saul custou-lhe o reino, pois Deus o rejeitou para que não fosse mais rei em Israel e escolheu Davi.


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 14-15.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 123.

LOPES, Hernandes Dias. Gênesis, O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.

DEUS FAZ PROMESSAS A ABRÃO.


(Comentário do 1º tópico da Lição 01: Quando a família age por conta própria).

Ev. WELIANO PIRES


Neste primeiro tópico estudaremos três aspectos da promessa de Deus a Abrão. Primeiro veremos como se deu o encontro de Deus com Abrão, em Ur dos Caldeus. Na sequência veremos que Abrão sabendo que as promessas que Deus lhe fizera só poderiam se cumprir se ele tivesse filhos e que, tanto ele como a sua esposa estavam com idade avançada para terem filhos, duvidou do cumprimento das promessas e questionou a Deus. Por último, veremos a garantia de Deus a Abrão de que as Suas promessas estavam de pé e iriam se cumprir. Deus reafirmou a Abrão tudo o que havia prometido no momento da sua chamada.


1. O encontro de Deus com Abrão. Abrão aparece pela primeira vez na Bíblia, no capítulo 11 de Gênesis. Após o relato da confusão das línguas, na tentativa frustrada da construção da Torre de Babel, os descendentes de Noé se espalharam por várias partes do mundo conhecido da época. A partir daí, o relato bíblico traz a genealogia de Sem, filho de Noé e pai dos povos semitas. A genealogia segue desde Sem, até chegar a um homem chamado Terá, que vivia em Ur dos Caldeus e teve três filhos: Abrão, Naor e Harã. Este último morreu em Ur dos Cadeus, antes da morte do seu pai (Gn 11.27). A partir daí, Terá seguiu de Harã, com os seus filhos Naor e Abrão, e o seu neto Ló, filho do seu falecido filho Harã.


O texto bíblico relata os nomes das esposas de Naor e Abrão, respectivamente, Milca e Sarai. Na sequência, a Bíblia registra que Sarai era estéril e não tinha filhos. Estes dados são importantes, para entendermos a sequência dos fatos relacionados à chamada de Abrão. A história de Abrão e Sarai começou em Ur dos Caldeus, uma importante cidade da antiga Suméria. Nesta cidade havia uma diversidade de povos, que eram politeístas, inclusive Terá, o pai de Abrão servia a outros deuses (Js 24.2). Abrão não pertencia à etnia dos sumérios, mas era da etnia dos povos semitas.


Inicialmente vemos que Terá, o pai de Abrão, liderava a comitiva que saiu de Ur dos Caldeus, com os seus filhos Abrão e Naor, e o seu neto Ló, filho de Harã, o seu filho falecido, em Ur dos Caldeus. Após a morte de Terá, Deus chamou Abrão e ordenou que ele deixasse a sua terra e os seus parentes e fosse à terra que Deus iria lhe mostrar. Abrão creu nas promessas de Deus e saiu, sem saber para onde ia. A partir do capítulo 12 de Gênesis, Abrão se torna o principal protagonista da narrativa bíblica, permanecendo até o capítulo 25, que traz o relato da sua morte.


As promessas de Deus a Abrão incluíam: fazer dele uma grande nação, abençoá-lo, engrandecer o seu nome, abençoar os que o abençoassem e amaldiçoar os que lhe amaldiçoarem. Desde que saiu de Ur dos Caldeus, passando por Harã, com o seu pai e o seu irmão Naor, Abrão vinha de uma sequência de prosperidade financeira. Ele creu nas promessas de Deus, mesmo sem entender a dimensão destas promessas e saiu sem saber o que, de fato, lhe aconteceria. Estas promessas, evidentemente, necessitavam que ele tivesse pelo menos um filho, mas, até aquele momento, ele não tinha. Para piorar, a sua esposa era estéril e eles já estavam com a idade um tanto avançada para ter filhos.


A partir da saída de Abrão, confiando unicamente nas promessas de Deus, sem que lhe fosse revelado como estas promessas se cumpririam, visto que a esterilidade e a idade da sua esposa não lhe favoreciam, ele ainda teve vários problemas. Primeiro Abrão também enfrentou fome e buscou socorro na terra dos Filisteus e no Egito, em mais de uma ocasião. Devido à beleza da sua esposa, ele temendo ser morto por causa dela, mentiu e disse que ela era sua irmã. Ela foi levada por Faraó, rei do Egito, e por Abimeleque, rei de Gerar. Só não foi abusada por causa da intervenção divina.


Depois, os empregados do seu sobrinho Ló se desentenderam com os empregados dele e ele teve que se separar dele. Depois, houve uma guerra de reis da região em que o seu sobrinho foi morar, com outros de outra região e o seu sobrinho levado como prisioneiro. Ele teve que reunir os seus empregados e entrar em guerra para resgatá-lo. Para completar a sequência de problemas, o seu sobrinho Ló foi morar na cidade de Sodoma, em uma região extremamente pecaminosa, e por causa disso, Deus destruiu as cidades da região. Tudo isso acontecendo, o tempo passando e Abrão não via as promessas de Deus se cumprirem em sua vida.


2. A dúvida diante da espera. Depois de passar vários problemas, vendo o tempo passar e ele envelhecendo, sem ver o cumprimento das promessas de Deus em sua vida, Abrão teve uma visão, na qual o Senhor lhe disse: "...Não temas, Abrão, Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão." Gn 15.1b). A dúvida tomou conta de Abrão, por causa dos anos de espera e agora, ele ouviu o Senhor reafirmar as promessas que lhe fizera no momento da sua chamada. Imediatamente, ele indagou a Deus: "Senhor DEUS, que me hás de dar, pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer? Disse mais Abrão: Eis que não me tens dado filhos, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro." (Gn 15.2,3). Este relato nos mostra que a sua fé passava por um momento de crise.

Para nós, que hoje temos os relatos de como a história se desenvolveu e vários exemplos na Bíblia das promessas de Deus sendo cumpridas, fica fácil criticar a dúvida de Abrão em relação ao cumprimento das promessas de Deus. Porém, Abrão não tinha a retrospectiva da história. Ele saiu da sua terra, do meio dos seus familiares, para ir a uma terra que Deus prometeu lhe mostrar, na esperança de que seria pai de uma grande nação, cujo nome seria engrandecido a ponto de todas as famílias da terra serem abençoadas através dele. A realidade, no entanto, é que alguns anos haviam se passado, a sua esposa já havia cessado o ciclo menstrual e eles não tiveram filhos.

Diante das dificuldades, limitações ou mesmo impossibilidades, se olharmos apenas para os meios naturais e lógicos, a dúvida tomará conta de nós. Não existe lógica alguma, um povo desarmado, marchar em direção a mar, com um exército poderoso atrás, acreditando que o mar irá se abrir, quando um homem estender uma vara para ele. Também não há possibilidade natural de cair as muralhas de segurança de uma cidade, com a largura de dois carros um ao lado do outro, só porque um grupo de pessoas rodeou esta cidade, uma vez durante sete dias e sete vezes no sétimo dia, com o toque de buzinas de sacerdotes. Estas e outras atitudes registradas na Bíblia, parecem loucura sob a ótica humana. Se não tivesse uma ordem expressa de Deus para fazerem isso, não faria nenhum sentido. Porém, se Deus mandou, pode fazer tranquilo, pois Ele sabe o que faz e se responsabiliza por suas palavras.

Viver pela fé não significa viver uma vida irresponsável e sair por aí cometendo loucuras em nome da fé. É confiar em Deus em qualquer circunstância, fazendo a nossa parte e descansar, pois Ele tem cuidado de nós. Deus é soberano, justo, fiel e para Ele não existe nada impossível.


3. Deus garante a Abrão o cumprimento da promessa. Neste momento de dúvidas do patriarca, o Senhor reafirma sua promessa a Abrão, dizendo para não temer, pois o seu herdeiro não seria o seu mordomo e sim, um filho seu: "Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro." (Gn 15.4). Numa linguagem mais atualizada, Deus falou que o herdeiro de Abrão teria o DNA dele. Na sequência, Deus o chamou para fora da tenda e mandou que ele contasse as estrelas, se conseguisse, e prometeu que assim seria a sua descendência. Abrão creu no Senhor e isso lhe foi imputado como justiça.

O autor da Epístola aos Hebreus no capítulo 11, que é conhecido como a galeria dos heróis da fé, inicia o capítulo dizendo que "a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem." Isto significa que ter fé é crer naquilo que Deus prometeu, mesmo que todas as circunstâncias estejam em sentido contrário. Ter fé em Deus é ter plena confiança nEle e descansar na Sua fidelidade. A fé não precisa de comprovação ou indícios de que algo pode acontecer. Não existe nada difícil ou impossível para Deus.


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 11-12.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 101-102.

Stamps, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pag. 50. 

SWINDOLL, CHARLES R. Abraão Um homem obediente e destemido. Ed. 2003. Editora Mundo Cristão.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthehw Henry. Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pag. 90.









A RESSURREIÇÃO DE JESUS

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