(Comentário do 1° tópico da Lição 09: As Histórias e as Poesias falam ao Coração).
O estilo literário destes livros é chamado de narrativa. Este estilo literário é constituído de enredo, trama e personagens. As narrativas humanas, tendem a impor o falso como verdadeiro, seja por razões ideológicas, ou por má fé. Entretanto, a narrativa bíblica é divinamente inspirada e absolutamente verdadeira, pois Deus é o seu autor e principal personagem.
Os chamados livros históricos em nossa Bíblia são compostos por doze livros e abrangem um período de aproximadamente 1000 anos, desde a conquista da terra de Canaã, até o retorno do cativeiro babilônico com Esdras e Neemias. Deus já havia anunciado a Moisés, que ele não entraria na terra prometida e que Josué seria o seu sucessor, na liderança do povo de Israel. A conclusão do Livro de Deuteronômio, que relata a morte de Moisés, deve ter sido escrita por Josué.
1. O livro de Josué. Deus já havia anunciado a Moisés, que ele não entraria na terra prometida e que Josué seria o seu sucessor, na liderança do povo de Israel. A conclusão do Livro de Deuteronômio, que relata a morte de Moisés, deve ter sido escrita por Josué. Após a morte de Moisés, Deus falou com Josué e o animou para liderar o povo na conquista da terra prometida (Js 1.1-9). A partir daí começam os registros das conquistas e das heranças distribuídas às tribos correspondentes. O livro de Josué é o primeiro dos chamados livros históricos.
Os principais acontecimentos descritos no livro de Josué são:
A passagem pelo Rio Jordão e entrada na terra prometida (Js 3);
A queda milagrosa dos muros de Jericó (Js 6);
As guerras na conquista da terra prometida (Js 13.1 a 22.34);
As repartições da terra entre as tribos; os dois discursos de Josué ao povo (Js 23.1-16; 24.1-270;
A morte de Josué (Js 24.29-33)
O livro não menciona o nome do autor, mas segundo o Talmud Josué foi o autor, com alguns comentários adicionais na seção que relata a sua morte. A data da redação foi antes do reinado de Davi, entre 1405 e 1385 a.C.
2. O Livro de Juízes. O livros dos Juízes registra os primeiros 400 anos do povo de Israel na terra prometida. Segundo a tradição judaica, o autor foi Samuel, antes do reinado de Davi, por volta do ano 1004 a.C.
Após a morte de Josué, o povo ficou sem liderança e cada um fazia aquilo que bem entendia (Jz 21.25). Não demorou muito para caírem na idolatria. Por causa disso, o Senhor suscitou vários inimigos contra Israel e quando eles clamavam a Deus por socorro, o Senhor levantava um libertador ou juiz. Assim, o livro narra sete domínios que Israel sofreu e os respetivos livramentos, por meio de 13 juízes: Otniel, Eúde, Sangar, Débora, Gideão, Abimeleque, Tola, Jair, Jefté, Ibsã, Elom, Abdon e Sansão.
Abimeleque não foi um juiz levantado por Deus para libertar o povo. Ele era o filho de Gideão que matou os seus irmãos e se declarou rei. Embora não sejam mencionados no Livro de Juízes, Eli e Samuel também foram juízes, antes da monarquia e aparecem em livros posteriores.
3. O Livro de Rute. O livro de Rute narra a história dramática do casal belemita Elimeleque e sua esposa Noemi, que fugiram da fome em Israel, com os seus dois filhos Malom e Quiliom, para a terra de Moabe. Lá, os seus filhos casaram-se com as moabitas Orfa e Rute. Depois morreram Elimeleque e os seus dois filhos, deixando três mulheres viúvas e sem filhos. Noemi resolveu voltar para a sua terra e a sua nora Rute decidiu firmemente acompanhá-la, tornando-se a partir daí a principal protagonista do livro. Na terra de Israel, a moabita Rute casou-se com o fazendeiro Boaz e foram bisavós do rei Davi. Dessa forma, Rute entrou para a genealogia de Jesus.
4. Os livros de Samuel. Os dois livros de Samuel na Bíblia hebraica são um único livro. Na tradução para o grego, os tradutores da Septuaginta dividiram em dois volumes. A autoria é incerta, mas, a tradição hebraica atribui a autoria a Samuel, Natã e Gade. Não há indicação no livro da data da autoria. Entretanto há muitas evidências internas de que a maior parte foi escrita após a divisão do reino.
O início do primeiro livro de Samuel registra o período final dos juízes, quando Eli era o Sumo Sacerdote e julgava Israel. Os seus filhos eram corruptos e profanos. Naquela época era comum a poligamia. Uma mulher estéril, chamada Ana, era humilhada por sua rival, Penina, que tinha filhos. De forma comovente, Ana fez um voto ao Senhor, dizendo que se Deus lhe desse um filho, ela o daria ao Senhor, por todos os dias da sua vida. Um ano depois ela teve um filho e deu-lhe o nome de Samuel, que significa “ouvido por Deus”.
Samuel passou a morar no tabernáculo com o Sumo sacerdote Eli e ainda criança foi chamado por Deus. Após a morte de Eli e dos seus filhos, Samuel tornou-se juiz, sacerdote e profeta de Israel. Na sua velhice, os seus filhos não andavam como ele e o povo pediu um rei. Seguindo orientações de Deus, Samuel ungiu Saul como o primeiro rei de Israel. Depois de se confirmar no reino, Saul desobedeceu a Deus e o Senhor a Samuel que ungisse a Davi como rei. A partir do capítulo 16 e em todo o segundo livro, Davi passou a ser o principal protagonista.
5. Os Livros dos Reis. Assim como os livros de Samuel, os Livros dos Reis também são um único livro nas Escrituras Hebraicas. O livro narra a história do povo judeu desde a morte de Davi, até o cativeiro do Reino do Sul, um período de 390 anos. O Talmude atribui a autoria a Jeremias. Naturalmente, se o autor foi Jeremias, ele usou registros de outros profetas para completar a obra, pois ele não viveu durante todo o período.
A história da era dos reis é narrada nos livros de 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas. Os livros de Samuel, dentre outros relatos, mostram a ascensão de Saul e de Davi ao trono de Israel. Os livros de Reis registram o reinado de Salomão, e os reis que se sucederam tanto no Reino do Norte como no Reino do Sul.
O primeiro livro traz os relatos de todo o reinado de Salomão, a divisão do reino e os reinados de Israel e Judá até Acazias e Josafá, respectivamente. Os primeiros capítulos narram os últimos dias de Davi e depois o reinado, as riquezas e a sabedoria de Salomão. Depois, trata da divisão do reino e a instabilidade e conspirações dos reinados de Israel. A partir do capítulo 17, o livro narra o confronto entre Elias e o Baalismo de Acabe e Jezabel.
O segundo livro dos reis dá continuidade ao reinado dividido desde a morte de Acabe até a destruição de Jerusalém em 586 d.C. O livro inicia com o episódio da morte de Acazias, filho de Acabe, quando desceu fogo do Céu e consumiu 100 soldados dele. Depois, traz o registro do arrebatamento de Elias ao Céu. Os capítulos seguintes narram o ministério do profeta Eliseu, o sucessor de Elias. Depois, seguem-se as narrativas dos reis de Israel e de Judá com maior ênfase ao reinado do Norte até o cativeiro da Assíria. A partir daí o reino do Norte deixa de existir e a narrativa se volta para os reis de Judá.
6. Os Livros das Crônicas. Os livros das Crônicas também são um único volume nas Escrituras Hebraicas. A autoria é atribuída pela tradição hebraica a Esdras. O livro foi escrito para os judeus repatriados do cativeiro, dando maior ênfase à aliança davídica e o culto no templo. O livro começa com Salomão e cobre o mesmo período dos Livros dos Reis. Entretanto, não menciona a história das dez tribos do Norte, dando destaque à descendência de Davi. O Livro traz também toda a história genealógica de Israel. Na conclusão traz um breve relato do retorno do cativeiro.
7. Os livros de Esdras e Neemias. Os livros de Esdras e Neemias são um único volume nas Escrituras Hebraicas. A tradição judaica atribui a Esdras a autoria. O livro de Esdras começa com o decreto do rei Ciro da Pérsia, autorizando os judeus a retornarem para a sua pátria. Depois narra a reconstrução do templo de Jerusalém sob a liderança de Zorobabel e o restabelecimento do culto e das festas judaicas sob a liderança do sacerdote e escriba Esdras.
O livro de Neemias relata a história de Neemias, o famoso judeu que era copeiro do rei da Pérsia, que foi usado por Deus para liderar o retorno do povo judeu do cativeiro e reconstruir os muros de Jerusalém. Neemias enfrentou forte oposição de Sambalate, Tobias e Gesém, que o acusavam de rebelião contra o rei.
8. O livro de Ester. O livro de Ester é de autoria desconhecida e foi escrito por volta de 465 a.C. Relata a história da sobrevivência do povo judeu no cativeiro sob o domínio dos persas, durante o reinado de Assuero (Xerxes I, que sucedeu Dario I em 485 a.C). O rei fez um grande banquete e convidou todos os seus súditos, grandes e pequenos, para mostrar as suas riquezas e a glória do seu reino. Após sete dias de banquete, embriagado, o rei mandou chamar a rainha Vasti, para mostrar aos seus súditos a sua beleza. A rainha recusou-se a comparecer e o rei ficou tão irado que a destituiu e convocou todas as moças do reino, para que ele escolhesse a nova rainha.
Havia um judeu chamado mardoqueu, que criara uma prima sua que era orfã, chamada Hadassa, a quem ele adotara e lhe deu o nome de Ester, que significa estrela. Ester era muito educada e bela. Diante da convocação do rei Assuero, Ester também compareceu e foi escolhida como a nova rainha do império persa.
Mardoqueu descobriu uma conspiração contra o rei e a denunciou. O fato foi registrado nas crônicas do rei, mas acabou sendo esquecido. O homem mais poderoso do império depois do rei era Hamã. Este homem odiava os judeus, por causa de Mardoqueu, e intentou exterminá-los. Entretanto as suas artimanhas foram denunciadas ao rei por Ester e Hamã acabou sendo enforcado na própria forca que ele preparara para Mardoqueu. O livro termina com a festa dos judeus e a exaltação de Mardoqueu.
REFERÊNCIAS:
BATISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.
HAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. págs. 902, 993, 1338.
MAC ARTHUR, John. Manual Bíblico Mac Arthur: Gênesis a Apocalipse. 2 Ed. Tradução Érica Campos. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019.
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Pb. Weliano Pires