(Comentário do 2⁰ tópico da LIÇÃO 6: A BÍBLIA COMO UM GUIA PARA A VIDA).
Os filósofos gregos eram famosos pelo apreço e busca pela sabedoria. Paulo, escrevendo aos Coríntios, disse: “Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria” (1 Co 1.22). Os judeus, por sua vez, davam mais importância aos sinais ou milagres. Muitos deles procuravam Jesus, não pelos seus ensinos, mas pelos milagres que Ele fazia. Escrevendo a Timóteo, Paulo disse: “...Desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” (1 Tm 3.15). Tiago, por sua vez, fez um comparativo entre a sabedoria que vem de Deus e a sabedoria humana e diabólica (Tg 3.13-18). Portanto, há diferentes tipos de sabedoria.
1. O conceito de sabedoria. Devido à relação que há entre conhecimento e sabedoria, muitas pessoas acabam confundindo e acham que são a mesma coisa. É comum as pessoas dizerem que alguém é sábio em virtude do seu grau de instrução, ou depois de ouvir um discurso eloquente. Entretanto, isso é um grande equívoco. Há pessoas detentoras de muito conhecimento que não são sábias. Por outro lado, há pessoas com pouca instrução que tem sabedoria.
O conhecimento é um instrumento que pode conduzir a pessoa a agir sabiamente, assim como a ignorância pode levar alguém a agir de forma tola, não por maldade, mas por desconhecimento. Jesus disse: Errais, não conhecendo as Escrituras e o Poder de Deus. (Mt 22.29). Por outro lado, os escribas e fariseus conheciam as Escrituras profundamente, mas, não eram sábios. Sobre isso, Jesus também falou: “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” (Jo 13.17).
Do ponto de vista do Antigo Testamento, há várias palavras que foram traduzidas por sabedoria:
a. Chokmah ou hokmah: Significa habilidade artística. (Ex 28.3; 31.6). É a habilidade mais elevada de raciocínio, prudência e inteligência (Dt.4.6; 34:9; Pv. 10.1).
b. Sakal. Significa ser prudente, que ver as coisas ao seu redor com muito cuidado. (l Sm 18.30; Jó 22.2).
c. Tushiyah. Significa retidão, bom conselho e compreensão (Jó 11.6; 12.16; Pv. 3.21, etal.).
d. Binah. Significa compreensão, introspecção, inteligência (Pv 4.7; 5.5; 39.26; Dt 4.6; I Cr 12.32; Dn 1.20; 9.22; 10.1).
Segundo o Dicionário bíblico VINE, publicado pela CPAD, em termos gerais, a sabedoria, no contexto do Antigo Testamento, “é o conhecimento e a habilidade de fazer escolhas certas no momento oportuno. A consistência de fazer a escolha certa é indicação de maturidade e desenvolvimento”.
No grego, que é o idioma do Novo Testamento, a palavra “sophia” é a palavra geral para todos os tipos de sabedoria, seja divina ou humana (Lc 1.17; 11.31,49; At 6.3,10; Rm 11.31; I Co 1.17,19; Ef 1.8,17; Tt 1.5; 3.13,15, 17; II Pe 3.15; Ap. 5.12; 13.18; 17.9). Esta palavra deu origem à palavra portuguesa filosofia, que é a junção de dois termos gregos: philos (amor) e sophia (sabedoria). Portanto, filosofia significa “amor à sabedoria”.
2. Deus é a fonte da sabedoria. A sabedoria é um atributo comunicável de Deus. Ou seja, é uma daquelas características que pertencem à natureza divina, mas, Ele compartilha até certo ponto com as suas criaturas. O profeta Daniel, após receber de Deus a revelação de um segredo que o rei Nabucodonosor exigia, sob pena de morte, exclamou: “Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força!” (Dn 2.20). No mesmo sentido, o apóstolo Paulo concluiu a sua Epístola aos Romanos: “Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre.” (Rm 16.27).
Deus é sábio em sua essência e somente Ele pode conceder a verdadeira sabedoria: “Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento.” (Pv 2.6). Paulo orava pelos efésios, para que Deus lhes desse sabedoria: “Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação”. (Ef 1:16,17). Tiago também disse para aqueles que querem sabedoria, pedirem a Deus: “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada”. (Tg 1.5). Segundo a Bíblia, sábios são aqueles que vivem de acordo com os preceitos da Palavra de Deus: “Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória.” (1 Co 2.6,7).
3. O temor é o princípio da sabedoria. Do ponto vista bíblico, os sábios são aqueles que temem a Deus. Tanto em Salmos quanto em Provérbios é dito que o "O temor a Deus é o princípio da sabedoria". (Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10). Por outro lado, na Bíblia, os que não temem ou não crêem em Deus são descritos tolos: “Diz o tolo em seu coração: "Deus não existe". Corromperam-se e cometeram atos detestáveis; não há ninguém que faça o bem.” (Sl 14.1; 53.1).
O conceito de temor em relação a Deus não significa ter medo ou pavor dele. No hebraico, a palavra traduzida por temor é "yir'a" que significa grande temor, respeito e reverência piedosa pela majestade e santidade de Deus. A palavra correspondente no grego é "phobos", que deu origem à palavra portuguesa "fobia". O conceito bíblico de temor é bem mais abrangente do que a palavra temor em português, que está relacionada apenas a medo ou terror. Há temores que são prejudiciais ao ser humano e outros são benéficos.O medo e o pavor excessivos podem levar o ser humano à síndrome do pânico, isolamento e insônia, Além disso demonstram falta de fé e imaturidade. Já o temor a Deus nos faz odiar o mal, governar com justiça, perdoar, fazer o bem e viver de forma a agradar a Deus. Em vários textos dos Salmos a Bíblia diz que aqueles que temem ao Senhor são bem aventurados.
4. Os benefícios da sabedoria. Muitas pessoas que não temem a Deus acham que Deus é uma espécie de estraga prazer, que proíbe uma série de coisas, só porque não quer nos ver felizes. Muitos dizem até que não servem a Deus, porque querem "desfrutar a vida" e quando estiverem velhos, quem sabe poderão servir a Deus. Até pessoas que servem a Deus, chegam a pensar dessa forma. O salmista Asafe, no Salmo 73, falou que “quase se desviou”, por causa da suposta prosperidade dos ímpios. Nos dias de Malaquias também, as pessoas chegaram ao ponto de dizer que era inútil servir a Deus (Ml 3.14,15).
Este é um pensamento equivocado, pois, uma vida de temor a Deus, ou seja, uma vida sábia, traz benefícios à própria pessoa e ao meio em que ela vive. Quando Deus proíbe algo, é porque aquilo não é bom e pode prejudicar a própria pessoa ou aos que o cercam. Por exemplo, uma vida de abstinência de prostituição, adultério, drogas, bebidas, cigarros, jogos e outros vícios, traz inúmeros benefícios à saúde física e emocional, à família e às finanças da própria pessoa. Traz também benefícios à sociedade e ao próprio estado, uma vez que estas práticas são extremamente onerosas ao sistema de saúde, policiamento, etc.
Se toda a sociedade seguisse os padrões bíblicos não haveriam assassinatos, invejas, cobiças, roubos, estelionatos, brigas, agressões, filhos de pais separados, estupros, bebedices, glutonarias, mentiras, corrupção, terrorismo, e outros males que assolam o mundo. Muitas doenças, que são consequências destas práticas pecaminosas também não existiriam.
REFERÊNCIAS:
BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 336.
COMFORT Philip W. e ELWELL, Walter A. Dicionário Bíblico Tyndale. Editora geográfica. pág. 1749-1750.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo A.T. Vol. III. Editora Central Gospel. pag. 641-642,
CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 2447-2448.
LINHART, Terry. Ensinando as Próximas Gerações: O Guia Definitivo do Professor de Jovens. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.51-52.
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Pb. Weliano Pires
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