11 dezembro 2020

Lição 11 - A teologia de Eliú: o sofrimento é uma correção divina?



TEXTO ÁUREO

“Ao aflito livra da sua aflição e, na opressão, se revela aos seus ouvidos” (Jó 36.15).


VERDADE PRÁTICA

“O sofrimento não deve ser visto apenas sob o aspecto punitivo, mas principalmente, educativo.”


HINOS SUGERIDOS: 363, 380 e 434 da Harpa Cristã.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Jó 32.1-4; 33.1-4; 34.1-6; 36.1-5.


Jó 32

1 — Então, aqueles três homens cessaram de responder a Jó; porque era justo aos seus próprios olhos.

2 — E acendeu-se a ira de Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão; contra Jó se acendeu a sua ira, porque se justificava a si mesmo, mais do que a Deus.

3 — Também a sua ira se acendeu contra os seus três amigos; porque, não achando que responder, todavia, condenavam a Jó.

4 — Eliú, porém, esperou para falar a Jó, porquanto tinham mais idade do que ele.


Jó 33

1 — Assim, na verdade, ó Jó, ouve as minhas razões e dá ouvidos a todas as minhas palavras.

2 — Eis que já abri a minha boca; já falou a minha língua debaixo do meu paladar.

3 — As minhas razões sairão da sinceridade do meu coração; e a pura ciência, dos meus lábios.

4 — O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida.


Jó 34

1 — Respondeu mais Eliú e disse:

2 — Ouvi vós, sábios, as minhas razões; e vós, instruídos, inclinai os ouvidos para mim.

3 — Porque o ouvido prova as palavras como o paladar prova a comida.

4 — O que é direito escolhamos para nós; e conheçamos entre nós o que é bom.

5 — Porque Jó disse: Sou justo, e Deus tirou o meu direito.

6 — Apesar do meu direito, sou considerado mentiroso; a minha ferida é incurável, embora eu esteja sem transgressão.


Jó 36


1 — Prosseguiu ainda Eliú e disse:

2 — Espera-me um pouco, e mostrar-te-ei que ainda há razões a favor de Deus.

3 — Desde longe repetirei a minha opinião; e ao meu Criador atribuirei a justiça.

4 — Porque, na verdade, as minhas palavras não serão falsas; contigo está um que é sincero na sua opinião.

5 — Eis que Deus é mui grande; contudo, a ninguém despreza; grande é em força de coração.

 

INTRODUÇÃO


Na lição passada, estudamos o último discurso de Jó em sua defesa. Vimos que Jó fez uma retrospectiva de sua vida e pôde ver o quanto foi abençoado por Deus. Porém, Jo olhou para o momento presente e viu que contrariava todo o seu passado. Jó fez um discurso com três partes: a lembrança do seu passado feliz; o lamento pelo seu sofrimento no presente; a defesa da sua ética sexual e social e perspectivas em relação ao futuro.


Na lição desta semana, estudaremos a teologia do jovem Eliú, que se mantivera calado, ouvindo as acusações de Elifaz, Bildade e Zofar e as respectivas réplicas de Jó. A teologia de Eliú é exposta em quatro longos discursos e está registrada nos capítulos 32 a 37. O ponto central da teologia de Eliú é que o sofrimento deve ser visto como algo pedagógico e não como uma punição pelo pecado, como disseram os outros amigos de Jó.


I. O SOFRIMENTO COMO UMA FORMA DE REVELAR DEUS


1. Quem era Eliú. Não temos muitas informações sobre Eliú, mas, diferente dos outros amigos de Jó, temos algumas informações familiares de Eliú. Ele é identificado como filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão (Jó 32.2,6) Segundo o texto de  Gênesis 22.21, Buz é um filho de Naor, irmão de Abraão. Sendo assim, Buz era irmão do pai de Rebeca, esposa de Isaque. O texto de Jeremias 25.23,24 mostra que Buz ficava na região da Arábia. 

2. A soberania de Deus (33.14,15). Eliú queixa-se do fato de Jó ter reclamado do silêncio de Deus. Ele destaca a soberania de Deus e diz que o ser humano não deve questionar ao seu Criador. De fato, Deus é Senhor e soberano. Ele não deve satisfação nenhuma dos seus atos. Falando ao profeta Jeremias, no capítulo 18, Deus usa a figura do barro e do oleiro, para mostrar que Ele pode fazer o que quiser: “Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” (Jr 18.6).

3. O orgulho humano. Mesmo sendo infinitamente superior às suas criaturas, Deus ama o ser humano e se importa com os seus problemas. Eliú argumenta que Deus responde de várias maneiras, seja falando ou através de sonhos e visões. (Jó 33.14,15). O jovem Eliú sugere que Jó seria orgulhoso e, por isso, Deus não o respondia. De fato, o orgulho humano impede que ele se aproxime de Deus. Mas, esse não era o caso de Jó. Vejamos o que disse Jó, em um dos seus discursos: “Como, então, poderei eu discutir com ele? Como achar palavras para com ele argumentar?” (Jó 9.14)


3. O mistério da redenção. Eliú entende que Deus também usa a enfermidade como um canal de comunicação com o ser humano e, por causa dela, envia-lhe um anjo (“Malek”, que significa mensageiro), para anunciar o que o homem deve fazer, ou para interceder por sua cura.  (Jó 33.19-23). Jó havia feito referência a um mediador celeste, que intercedesse por ele diante de Deus: “Eis que também agora a minha testemunha está no céu, e nas alturas o meu testemunho está”. (Jó 16:19); “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25). 

Muitos vêem na figura deste mensageiro, uma teofania do Senhor Jesus Cristo. Teofania é um termo teológico para expressar manifestação divina antes da encarnação do verbo, normalmente através de um personagem que a Bíblia chama “O Anjo do SENHOR”, e pelo contexto, percebemos que trata-se do próprio Deus, como em  Êxodo 3.2, quando Deus falou com Moisés. 


II. O SOFRIMENTO COMO MEIO DE REVELAR A JUSTIÇA E A SOBERANIA DE DEUS


1. A justiça de Deus. Eliú ao defender a Justiça de Deus, acusa Jó de orgulho e insolência, por ter defendido a sua inocência. Assim como fizeram os outros amigos, Eliú parece entender que Jó havia pecado e insistia em sua inocência. Sendo assim, ele defende a Justiça de Deus, argumentando que Deus retribui a cada um segundo as suas próprias obras e não comete injustiça. Logo, o sofrimento de Jó era uma retribuição justa da parte de Deus. Realmente, Deus é justo e não comete injustiças. Ele julga com a mais absoluta justiça. Mas, Jó não estava sendo punido por seus pecados. 

2. O caráter de Deus. Em seu discurso, no capítulo 34, Eliú descreve alguns aspectos do caráter justo de Deus:

a. Deus é justo quando pune o homem (Jó 34.11,12) 

b. Deus é o governante supremo e não deve satisfações a ninguém (Jó 34.13);

c. Deus é o dono da vida e cabe a Ele decidir quem vive e quem morre. (Jó 34.14,15)

d. Deus não faz acepção de pessoas. (Jó 34.16-20) 

e. Deus é onisciente e conhece não apenas as ações, mas também, as intenções das pessoas. (Jó 34.21-25)

f. Deus é justo e não deixará a maldade impune. (Jó 34.25-30).


3. A vontade soberana de Deus. Eliú encerra o capítulo mostrando a Jó que Deus, em sua soberania e livre vontade, não tem a obrigação de agir segundo o querer do homem. (Jó 34. 33). Ao contrário do que pensam os panteistas, que afirmam que Deus é uma energia impessoal, as Escrituras nos mostram que Deus é um ser pessoal. Deus tem intelecto, sentimento e vontade. Além de ter vontade própria, a vontade de Deus é soberana, ou seja, Deus faz o que Ele quer, quando quer e como quer. 

Na opinião de Eliú, Deus jamais age com injustiça e ele está certo neste ponto. Porém, assim como os seus amigos, ele erra quando parte do pressuposto de que Jó pecou e o seu sofrimento é, de certa forma, uma retribuição da parte de Deus. 


III. O SOFRIMENTO COMO UM INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE DEUS

1. Aprendendo com o sofrimento. Conforme vimos em lições anteriores, os outros amigos de Jó acreditavam que o sofrimento é uma punição de Deus para os ímpios e que os justos não passam por tribulações. Segundo criam, se Jó estava sofrendo, só tinha uma explicação: Ele estava em pecado e Deus o estava punindo. Eliú, provavelmente, acreditava também que Jó havia pecado contra Deus. Porém, diferente dos outros, ele não via o sofrimento como uma punição divina e sim como instrumento com um instrumento de ensino. 


2. Adorando a Deus em meio ao sofrimento. No capítulo 36 e versículo 26, Eliú afirma que “Deus é grande, e nós o não compreendemos”. Eliú enaltece a majestade e grandeza de Deus na criação e espera com isso, levar Jó a reconhecê-lo como tal. (Jó 36.24-25). Eliú acha contraditório o fato de Jó exaltar a Deus e por outro lado reclamar dele. De fato, murmuração e adoração não podem andar juntas. Devemos adorar a Deus em qualquer circunstâncias. Algumas ideias absurdas que se prega nas Igrejas neopentecostais de "não aceitar", "determinar" e "exigir", não combinam com adoração ao Deus soberano. 


CONCLUSÃO


O sofrimento é uma realidade que faz parte da vida do Cristão neste mundo. A forma como nós o encaramos faz toda diferença. No sofrimento, Jó conheceu a Deus de perto e não apenas de ouvir falar. O sofrimento na vida do crente não é para destruí-lo e sim para aperfeiçoá-lo e aproximá-lo de Deus. 


Pb. Weliano Pires

Igreja Evangélica de Deus

Ministério do Belém

São Carlos - SP


REFERÊNCIAS: 


Revista LIÇÕES BÍBLICAS. RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020. 

Revista Ensinador Cristão.  RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020.


04 dezembro 2020

Estudo da Lição 10: A última defesa de Jó



Culto online de ensino bíblico com o Pb. Weliano Pires e sua família. Estudamos a lição 10, da nossa Escola Bíblica Dominical, cujo tema é: A última defesa de Jó. 

Nesta lição veremos que Jó faz uma retrospectiva de sua vida. Ele pôde ver o quanto foi abençoado, embora o momento presente contrariasse todo o seu passado. Jó faz um discurso com três partes: a lembrança do seu passado feliz; o lamento pelo seu sofrimento no presente; a defesa da sua ética sexual e social e perspectivas em relação ao futuro. 

É muito importante fazermos esse exercício retrospectivo, mas sem, contudo, perder a esperança. O que Deus fez em nosso passado deve-nos trazer a esperança para o presente.

03 dezembro 2020

Lição 10: A última defesa de Jó

Data: 06 de Dezembro de 2020

TEXTO ÁUREO: 

“Ou não vê ele os meus caminhos e não conta todos os meus passos?” (Jó 31.4).

 

VERDADE PRÁTICA

“Ao olhar retrospectivamente para o passado, lembre o quanto Deus trabalhou nele.”

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Jó 29.1-5; 30.1-5; 31.1-5.

Jó 29

1 — E, prosseguindo Jó em sua parábola, disse:

2 — Ah! Quem me dera ser como eu fui nos meses passados, como nos dias em que Deus me guardava!

3 — Quando fazia resplandecer a sua candeia sobre a minha cabeça, e eu, com a sua luz, caminhava pelas trevas;

4 — como era nos dias da minha mocidade, quando o segredo de Deus estava sobre a minha tenda;

5 — quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo, e os meus meninos, em redor de mim;

Jó 30

1 — Mas agora se riem de mim os de menos idade do que eu, e cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.

2 — De que também me serviria a força das suas mãos, força de homens cuja velhice esgotou-lhes o vigor?

3 — De míngua e fome se debilitaram; e recolhiam-se para os lugares secos, tenebrosos, assolados e desertos.

4 — Apanhavam malvas junto aos arbustos, e o seu mantimento eram raízes dos zimbros.

5 — Do meio dos homens eram expulsos (gritava-se contra eles como contra um ladrão),

Jó 31

1 — Fiz concerto com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem?

2 — Porque qual seria a parte de Deus vinda de cima, ou a herança do Todo-Poderoso desde as alturas?

3 — Porventura, não é a perdição para o perverso, e o desastre, para os que praticam iniquidade?

4 — Ou não vê ele os meus caminhos e não conta todos os meus passos?

5 — Se andei com vaidade, e se o meu pé se apressou para o engano.

INTRODUÇÃO

Na lição passada, vimos o tema: Jó e a inescrutável sabedoria de Deus. Estudamos o capítulo 28 do livro de Jó, onde ele faz uma apresentação da verdadeira sabedoria, fazendo um contraste entre a sabedoria meramente humana e a sabedoria que vem de Deus. Jó conclui dizendo que a verdadeira sabedoria é o temor do Senhor.  

Na lição desta semana, veremos que Jó faz uma retrospectiva de sua vida. Ele pôde ver o quanto foi abençoado, embora o momento presente contrariasse todo o seu passado. Jó faz um discurso com três partes: a lembrança do seu passado feliz; o lamento pelo seu sofrimento no presente; a defesa da sua ética sexual e social e perspectivas em relação ao futuro.

É muito importante fazermos esse exercício retrospectivo, mas sem, contudo, perder a esperança. O que Deus fez em nosso passado deve-nos trazer a esperança para o presente. 

I. JÓ RELEMBRA SEU PASSADO DE GLÓRIA

Nesta primeira parte do seu discurso, Jó lembra os tempos passados quando era visto e reconhecido socialmente por todos. Jó era muito rico e espiritualmente próspero. Ele também era socialmente reconhecido pelos jovens, necessitados e anciãos. 

1. Prosperidade material e espiritual (29.1-11). Jó, num sentimento de nostalgia, recorda que no passado Deus protegia a ele é à sua família e recorda que a presença de Deus estava sempre com ele. Isso demonstra que a prosperidade de Jó não era apenas material, como já vimos em lições anteriores, mas também espiritual.

2. Reconhecimento social (29.14-25). Jó, em seus tempos de prosperidade, era um homem extremamente respeitado na sociedade em que vivia, não apenas pelos mais velhos, mas, também pelos jovens. As descrições e linguagem jurídica, contidos no capítulo 29, sugerem que ele fazia parte de um grupo de conselheiros e juízes da comunidade em que vivia. Mesmo sendo rico e influente, Jó era justo e altruísta. Ele ajudava aos pobres, órfãos e viúvas e defendia as causas dos menos favorecidos que não tinham ninguém por eles. (Jó 29.12,13). 

3. Uma ponderação importante. O comentarista faz aqui uma diferenciação importante entre a justiça social e filantropia praticados por Jó e os princípios socialistas de justiça social. Na atualidade, muitos simpatizantes do socialismo distorcem textos bíblicos, com o objetivo de achar apoio bíblico para a sua ideologia. Mas, em momento algum, a Bíblia defende a justiça social, com a divisão de renda mediante a força do estado, tomando de uns para dar a outros. O que a Bíblia recomenda é que o cristão, em particular, dê do que é seu aos necessitados. A mensagem do Evangelho não tem nada a ver com mudança econômica deste mundo. Nós não somos daqui e não fomos chamados para tornar o mundo melhor. 

II. JÓ LAMENTA SEU ESTADO PRESENTE

Nesta segunda parte do seu discurso, Jó trata do momento de sofrimentos que ele estava atravessando. No lugar da riqueza, Jó teve uma imensa perda de bens; no lugar de certezas espirituais, dúvidas e questões; no lugar do respeito e reconhecimento, vergonha e escárnio diante de todos da cidade. Jó, de fato, soube o que foi ter tudo e, em seguida, não ter nada.

1. Desprezo por parte dos jovens e das classes menos favorecidas (30.1-23). No antigo Oriente, os mais velhos eram respeitados e considerados sábios. Além disso, Jó havia conquistado o respeito dos jovens e dos menos favorecidos, por conta da sua conduta justa e humanista. Entretanto, agora com o seu infortúnio, ele era desprezado e escarnecido por estes grupos sociais. Isso nos mostra a ingratidão do ser humano sem Deus. As pessoas valorizam mais o "ter" do que o "ser". Há uma frase que diz: "Quer saber quantos amigos você tem? faça uma festa. Quer saber a qualidade deles? Fique doente ou precise deles."

2. Abatimento físico e emocional (30.16-31). Jó sentia-se abandonado por Deus e nessa parte do seu lamento, Jó relembra o seu sofrimento físico e emocional. No capítulo 30, versículo 18, Jó olha para as suas vestes desfiguradas e vê a marca do seu sofrimento. Alguns comentaristas dizem que palavra traduzida por "desfigurada", pode ser traduzida por "manchada", dando-nos a ideia de que as vestes de Jó haviam sido manchadas pelos seus ferimentos. 

3. Deus teria abandonado Jó? Jó sentia-se abandonado por todos: sua esposa, seus "amigos" e até por aqueles que ele ajudara nos tempos de prosperidade. Diante de tamanha amargura, Jó achava que Deus estava por trás do seu sofrimento e também o havia abandonado. Mas, isso não era verdade. Em todo o tempo, Deus estava com ele. Jó só compreendeu isso depois. Deus jamais abandona um filho seu. Nas lutas e aflições, temos a impressão de que Deus nos esqueceu e não nos ouve. Mas, isso jamais acontecerá. (Is 49.15). 

III. O FUTURO EM ABERTO DE JÓ

Na terceira e última parte do discurso, Jó defende a sua ética sexual. Não havia nada que manchasse a sua vida nessa área. Ele faz também uma defesa de sua ética social. Jó tinha compromisso com os menos favorecidos, com os seus servos e com as pessoas que tinham contato direto com ele. Diante desse quadro todo, Jó deseja algo: ser inocentado diante de Deus.

1. Jó em defesa de sua ética sexual (31.1-4). Mesmo vivendo antes da Lei mosaica, quando Deus estabeleceu os parâmetros para a sexualidade, Jó tinha uma consciência pura. Jó vivia a monogamia e não se deixar engodar pela impureza sexual. Jesus disse que um olhar malicioso para uma mulher, já é considerado adultério diante de Deus. (Mt 5.27,28). Existem dois pecados nesse sentido: o pecado da lascívia, que é cometido pela pessoa que expõe o próprio corpo para provocar desejos; e o pecado da impureza sexual, que é cometido por quem olha e fica imaginando coisas impuras. 

2. Jó em defesa de sua ética social (31.16-23). Jó tinha um coração amoroso e disposto ajudar o próximo, sem esperar nada em troca, pois, as pessoas que ele ajudava (os pobres, viúvas e órfãos) não tinham com que lhe retribuir. A verdadeira filantropia deve ser feita no anonimato e sem interesses de autopromoção. Há pessoas que até ajudam aos necessitados, mas, fazem questão de tirar fotos, fazer vídeos e divulgar nas redes sociais, com o objetivo de obter vantagens políticas ou elogios à sua religião. Jesus disse que devemos "dar esmolas com a mão direita, sem que a esqueceu saiba."

3. Jó busca a resposta de Deus (31.35-37). Por último, Jó nutre esperança em relação ao seu futuro. Ele está consciente da sua inocência e deseja apresentar-se diante de Deus e ser ouvido por Ele, pois, tem certeza de que seria inocentado. Na verdade, nenhum ser humano tem condições de se justificar diante de Deus, por seus próprios méritos. Mas, Jó não tinha o conhecimento da Graça de Deus, que foi revelada através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Segundo a concepção da sociedade da época, Deus punia os ímpios e poupava os justos. Os amigos de Jó, partindo deste pressuposto, diziam que os sofrimentos eram a punição pelos pecados cometidos. Jó, porém, tinha a consciência tranquila de que não era ímpio. Sendo assim, ele almejava se apresentar diante de Deus e fazer a sua defesa. 

CONCLUSÃO

Não podemos perder a esperança. Quando estamos debaixo de alguma pressão, é necessário olhar para o que Deus fez e confiar que Ele pode fazer hoje. O que Deus fez no passado, pode fazer no presente e no futuro.


Pb. Weliano Pires
Ministério do Belém
São Carlos - SP.

Assembleia de Deus


REFERÊNCIAS:
REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD, 4º Trimestre de 2020. 
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO.  Rio de Janeiro: CPAD, 4º Trimestre de 2020. 



25 novembro 2020

Lição 9: Jó e a inescrutável Sabedoria de Deus


Data: 29 de Novembro de 2020


TEXTO ÁUREO:


 “Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência” (Jó 28.28).


VERDADE PRÁTICA:


A verdadeira sabedoria está associada ao temor do Senhor e não ao mero acúmulo de conhecimento.”


HINOS SUGERIDOS: 124, 126 e 133 da Harpa Cristã.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Jó 28.1-28.


1 — Na verdade, há veios de onde se extrai a prata, e, para o ouro, lugar em que o derretem.

2 — O ferro tira-se da terra, e da pedra se funde o metal.

3 — O homem pôs fim às trevas e até à extremidade ele esquadrinha, procurando as pedras na escuridão e na sombra da morte.

4 — Trasborda o ribeiro até ao que junto dele habita, de maneira que se não pode passar a pé; então, intervém o homem, e as águas se vão.

5 — A terra, de onde procede o pão, embaixo é revolvida como por fogo.

6 — As suas pedras são o lugar da safira e têm pós de ouro.

7 — Essa vereda, a ignora a ave de rapina, e não a viram os olhos da gralha.

8 — Nunca a pisaram filhos de animais altivos, nem o feroz leão passou por ela.

9 — Ele estende a sua mão contra o rochedo, e revolve os montes desde as suas raízes.

10 — Dos rochedos faz sair rios, e o seu olho descobre todas as coisas preciosas.

11 — Os rios tapa, e nem uma gota sai deles, e tira para a luz o que estava escondido.

12 — Mas onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar da inteligência?

13 — O homem não lhe conhece o valor; não se acha na terra dos viventes.

14 — O abismo diz: Não está em mim; e o mar diz: Ela não está comigo.

15 — Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em câmbio dela.

16 — Nem se pode comprar por ouro fino de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira.

17 — Com ela se não pode comparar o ouro ou o cristal; nem se trocará por joia de ouro fino.

18 — Ela faz esquecer o coral e as pérolas; porque a aquisição da sabedoria é melhor que a dos rubis.

19 — Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode comprar por ouro puro.

20 — De onde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?

21 — Porque está encoberta aos olhos de todo vivente e oculta às aves do céu.

22 — A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.

23 — Deus entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar.

24 — Porque ele vê as extremidades da terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus.

25 — Quando deu peso ao vento e tomou a medida das águas;

26 — quando prescreveu uma lei para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões,

27 — então, a viu e a manifestou; estabeleceu-a e também a esquadrinhou.

28 — Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.

 

COMENTÁRIO


Revisão da lição anterior


Estudamos na lição passada “A teologia de Zofar: os justos não passam por tribulação?”.


Vimos os seguintes tópicos:


  • O discurso de Zofar, o último amigo de Jó a falar na série de debates (Jó 11; 20). 

  • Zofar é mais duro e impiedoso nas acusações contra Jó. Diferente dos seus amigos, ele faz apenas dois discursos (nos capítulos 11 e 20 do livro de Jó), suficientes para derramar todo o seu ressentimento contra o patriarca. 

  • Zofar insiste na tese de que o justo não passa por tribulação, à semelhança do que pensavam os seus amigos Elifaz e Bildade. 

  • Zofar acusa Jó de se levantar contra sabedoria divina e o aconselha a voltar-se para Deus através de arrependimento e conversão baseada em rituais legalistas.


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 9


O livro de Jó encontra-se entre os chamados livros poéticos da Bíblia. Ele tem um estilo literário chamado de “sapiencial”, que consiste em ensinar ou transmitir sabedoria. 

Nesta lição, cujo título é: Jó e a inescrutável sabedoria de Deus, estudaremos o capítulo 28 do livro de Jó. Este capítulo marca o fim dos debates entre Jó e os seus amigos Elifaz, Bildade e Zofar. Jó faz uma apresentação da verdadeira sabedoria, fazendo um contraste entre a sabedoria meramente humana e a sabedoria que vem de Deus e conclui dizendo que a verdadeira sabedoria é o temor do Senhor.  

A palavra inescrutável, contida no título desta lição, significa algo impenetrável, impossível de ser investigado, incompreensível. Assim é a sabedoria de Deus. 


Veremos nesta lição os seguintes tópicos:


  • O ponto central desta lição é que a verdadeira sabedoria consiste no temor do Senhor.

  • O primeiro tópico faz uma comparação entre a busca do ser humano por minérios e a busca por sabedoria, mostrando que apesar de todo o esforço humano o homem não consegue adquirir a verdadeira sabedoria por seus próprios esforços e/ou méritos.

  • O segundo tópico mostra que o preço da sabedoria é inestimável e que nenhuma riqueza pode comprá-la, pois, somente Deus pode concedê-la;

  • O terceiro tópico mostra que a verdadeira sabedoria é um bem espiritual. Sendo assim, ela tem implicações práticas e não apenas intelectuais. 



I. A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM NATURAL


1. O empenho na busca da sabedoria. Utilizando uma linguagem poética, Jó faz uso de uma metáfora, comparando a intensa busca do ser humano por minérios, nos garimpos, com a busca por sabedoria. (vs. 1-11). Ao longo dos séculos, o ser humano vem buscando sabedoria, através de estudos e experimentos. Assim como os minérios, a sabedoria encontra-se oculta. Entretanto, vale lembrar que aqui trata-se da sabedoria humana e não da sabedoria divina, como veremos no tópico três. 

Existem pelo menos três tipos de sabedoria: sabedoria divina, sabedoria humana e sabedoria diabólica. No capítulo 3, versículos 1 a 17, da Epístola de Tiago, há um contraste entre a verdadeira sabedoria e a sabedoria humana.


2. Como quem explora o minério, assim o homem faz com a sabedoria. O trabalhos de mineração é muito difícil. Além de ser duro e perigoso, requer habilidade e técnica na execução. Muitos morrem soterrados nos garimpos. O comentarista aponta para a necessidade de usar as técnicas corretas como paciência e disciplina, na busca da sabedoria. Em sua poesia, Jó demonstra que apesar de todo esforço humano empreendido na busca pela sabedoria, não tido sucesso. Jó está se referindo à sabedoria espiritual que não pode ser adquirida por méritos humanos.  


3. De onde vem a sabedoria? Jó mostra em seu discurso, os avanços do ser humano para encontrar minério, porém, é incapaz de encontrar a sabedoria em suas buscas. De fato, apesar de tanta busca pela sabedoria e dos avanços tecnológicos e do saber, o ser humano tem se tornado cada vez mais tolo e embrutecido, em relação à verdadeira sabedoria. 

Muitos confundem sabedoria com conhecimento ou capacidade intelectual. Outros ainda confundem sabedoria com boa memória ou eloquência. Já vi pessoas elogiando pregadores ou palestrantes, dizendo que eles têm muita sabedoria, sendo que falaram em seus discursos, muitas coisas que não tem nenhum fundamento. O mesmo vale para escritores. 

A verdadeira sabedoria é dom de Deus, logo só pode ser sábio quem teme a Deus e não está associada diretamente à capacidade intelectual. É possível um analfabeto ser sábio e um doutor ser tolo.


II. A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM COMERCIAL


1. O preço da sabedoria. Há uma grande diferença entre a sabedoria descrita por Salomão, no livro de Provérbios e a sabedoria descrita por Jó, no capítulo 28. Salomão fala de uma sabedoria que pode ser alcançada por esforços humanos, que tem custo e pode ser transmitida de pai para filho. (Pv 4.5,7,23). Jó, no entanto, fala de uma sabedoria incomparável, que não tem preço e dom de de Deus. “Se alguém tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não lança em rosto e ser-lhe-á dada.” (Tg 1.5). 

Salomão foi o homem mais sábio que existiu, além de Jesus, que é Filho de Deus. Mas, apesar de ter sido dada por Deus, a sabedoria dada a Salomão era uma sabedoria natural. Salomão não buscou a sabedoria espiritual e acabou deixando-se corromper por mulheres estrangeiras, entregando-se à idolatria. A verdadeira sabedoria consiste no temor a Deus e nos afasta do pecado. 


2. O valor da sabedoria. Charles Spurgeon, pregador inglês, disse que “a sabedoria é o uso correto do conhecimento.” Ele tem razão, pois, o fato de alguém ter conhecimento não significa que é sábio. Isso vale também para o conhecimento bíblico. O fato de alguém conhecer as Escrituras e ensiná-la corretamente não faz dele um sábio. Jesus ilustrou bem isso, com a parábola dos dois alicerces. Ele disse que aquele que ouve as suas palavras e não as pratica é semelhante ao homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Mas, o que ouve as suas palavra e as pratica que como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. (Mt 7.24-27). Então, é possível alguém conhecer as Escrituras e mesmo assim ser um tolo, se não praticar. 


3. A sabedoria não é um bem comercial. Jó não nega a existência da sabedoria e não está dizendo que ela não pode ser encontrada. Entretanto, ele diz que ela não é um bem comercial e que tem um valor inestimável e como tudo o que provém de Deus, não pode ser comprada. Evidentemente, ele se refere à sabedoria espiritual que provém de Deus, como veremos no terceiro tópico.


III. A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM ESPIRITUAL


1. Uma verdade revelada. Jó perguntou no versículo 20, de onde vem a sabedoria e fez um paralelo entre a busca por minerais e a busca por sabedoria. Usando esforços e técnicas, a humanidade tem encontrado os mais diversos minérios. Mas, a sabedoria espiritual não pode ser encontrada no centro da terra, nem com os sábios ou pela tradição das gerações passadas. 

Conforme dito anteriormente, a verdadeira sabedoria é um dom de Deus. Tem coisas que somente Deus sabe e somente Ele pode revelar. Paulo disse que “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes”. (1 Coríntios 1.27)


2. Uma verdade prática. A verdadeira sabedoria aproxima o homem de Deus e o afasta do pecado. Ela é relacional e não apenas intelectual. Sábio é quem tem teme a Deus. O salmista, nos salmos 14 e 53 chama os ateus de “tolos” ou “néscios”: “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, e cometido abominável iniqüidade; não há ninguém que faça o bem.” (Sl 53.1)


CONCLUSÃO


Estudamos nesta lição, o discurso poético de Jó sobre a inescrutável sabedoria de Deus. Esta sabedoria tem um valor inestimável e não pode ser adquirida mediante esforços e técnicas humanas, como os minérios. Também não pode ser comprada ou herdada, pois, ela tem muito valor, mas, não tem preço. É uma dádiva de Deus àqueles que o temem. "O Temor do Senhor é o princípio da sabedoria." (Sl 111.10).


Pb. Weliano Pires

Igreja Evangélica de Deus

Ministério do Belém

São Carlos - SP


REFERÊNCIAS: 


Revista LIÇÕES BÍBLICAS. RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020. 

Revista Ensinador Cristão.  RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020.

(HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.138).

 

20 novembro 2020

Estudo da Lição 08 - A TEOLOGIA DE ZOFAR: O JUSTO NÃO PASSAM POR TRIBULAÇÃO?


Culto online de estudo bíblico com o Presbítero Weliano Pires e sua família. Estudamos a lição 08, da nossa Escola Bíblica Dominical, que tem como título: A TEOLOGIA DE ZOFAR: O JUSTO NÃO PASSAM POR TRIBULAÇÃO?

Vimos neste estudo os seguintes tópicos:
  • O discurso de Zofar, o último amigo de Jó a falar na série de debates (Jó 11; 20).
  • Zofar é mais duro e impiedoso nas acusações contra Jó. Diferente dos seus amigos, ele faz apenas dois discursos (nos capítulos 11 e 20 do livro de Jó), suficientes para derramar todo o seu ressentimento contra o patriarca.
  • Zofar insiste na tese de que o justo não passa por tribulação, à semelhança do que pensavam os seus amigos Elifaz e Bildade.
  • Zofar acusa Jó de se levantar contra sabedoria divina e o aconselha a voltar-se para Deus através de arrependimento e conversão baseada em rituais legalistas.

A soberania de Deus é um grande mistério. Nem sempre teremos explicações corretas para dar acerca das questões humanas. Muitas vezes, o crente fiel passa por muitas injustiças e provações, mas, contudo, ele não é desassistido por Deus. Jó, mesmo sendo justo, passou por sofrimentos terríveis. Porém, mesmo diante das acusações falsas dos seus amigos e do silêncio de Deus, Jó manteve as suas esperanças em Deus e não blasfemou.


Pb. Weliano Pires 
Igreja Evangélica Assembléia de Deus 
Ministério do Belém
São Carlos - SP
 

A DOUTRINA BÍBLICA DA RESSURREIÇÃO DO CORPO

(Comentário do 3º  tópico da lição 07: “EU SOU A RESSUREIÇÃO E A VIDA”. Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, falaremos da doutrina bíblica ...