11 dezembro 2020

Lição 11 - A teologia de Eliú: o sofrimento é uma correção divina?



TEXTO ÁUREO

“Ao aflito livra da sua aflição e, na opressão, se revela aos seus ouvidos” (Jó 36.15).


VERDADE PRÁTICA

“O sofrimento não deve ser visto apenas sob o aspecto punitivo, mas principalmente, educativo.”


HINOS SUGERIDOS: 363, 380 e 434 da Harpa Cristã.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Jó 32.1-4; 33.1-4; 34.1-6; 36.1-5.


Jó 32

1 — Então, aqueles três homens cessaram de responder a Jó; porque era justo aos seus próprios olhos.

2 — E acendeu-se a ira de Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão; contra Jó se acendeu a sua ira, porque se justificava a si mesmo, mais do que a Deus.

3 — Também a sua ira se acendeu contra os seus três amigos; porque, não achando que responder, todavia, condenavam a Jó.

4 — Eliú, porém, esperou para falar a Jó, porquanto tinham mais idade do que ele.


Jó 33

1 — Assim, na verdade, ó Jó, ouve as minhas razões e dá ouvidos a todas as minhas palavras.

2 — Eis que já abri a minha boca; já falou a minha língua debaixo do meu paladar.

3 — As minhas razões sairão da sinceridade do meu coração; e a pura ciência, dos meus lábios.

4 — O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida.


Jó 34

1 — Respondeu mais Eliú e disse:

2 — Ouvi vós, sábios, as minhas razões; e vós, instruídos, inclinai os ouvidos para mim.

3 — Porque o ouvido prova as palavras como o paladar prova a comida.

4 — O que é direito escolhamos para nós; e conheçamos entre nós o que é bom.

5 — Porque Jó disse: Sou justo, e Deus tirou o meu direito.

6 — Apesar do meu direito, sou considerado mentiroso; a minha ferida é incurável, embora eu esteja sem transgressão.


Jó 36


1 — Prosseguiu ainda Eliú e disse:

2 — Espera-me um pouco, e mostrar-te-ei que ainda há razões a favor de Deus.

3 — Desde longe repetirei a minha opinião; e ao meu Criador atribuirei a justiça.

4 — Porque, na verdade, as minhas palavras não serão falsas; contigo está um que é sincero na sua opinião.

5 — Eis que Deus é mui grande; contudo, a ninguém despreza; grande é em força de coração.

 

INTRODUÇÃO


Na lição passada, estudamos o último discurso de Jó em sua defesa. Vimos que Jó fez uma retrospectiva de sua vida e pôde ver o quanto foi abençoado por Deus. Porém, Jo olhou para o momento presente e viu que contrariava todo o seu passado. Jó fez um discurso com três partes: a lembrança do seu passado feliz; o lamento pelo seu sofrimento no presente; a defesa da sua ética sexual e social e perspectivas em relação ao futuro.


Na lição desta semana, estudaremos a teologia do jovem Eliú, que se mantivera calado, ouvindo as acusações de Elifaz, Bildade e Zofar e as respectivas réplicas de Jó. A teologia de Eliú é exposta em quatro longos discursos e está registrada nos capítulos 32 a 37. O ponto central da teologia de Eliú é que o sofrimento deve ser visto como algo pedagógico e não como uma punição pelo pecado, como disseram os outros amigos de Jó.


I. O SOFRIMENTO COMO UMA FORMA DE REVELAR DEUS


1. Quem era Eliú. Não temos muitas informações sobre Eliú, mas, diferente dos outros amigos de Jó, temos algumas informações familiares de Eliú. Ele é identificado como filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão (Jó 32.2,6) Segundo o texto de  Gênesis 22.21, Buz é um filho de Naor, irmão de Abraão. Sendo assim, Buz era irmão do pai de Rebeca, esposa de Isaque. O texto de Jeremias 25.23,24 mostra que Buz ficava na região da Arábia. 

2. A soberania de Deus (33.14,15). Eliú queixa-se do fato de Jó ter reclamado do silêncio de Deus. Ele destaca a soberania de Deus e diz que o ser humano não deve questionar ao seu Criador. De fato, Deus é Senhor e soberano. Ele não deve satisfação nenhuma dos seus atos. Falando ao profeta Jeremias, no capítulo 18, Deus usa a figura do barro e do oleiro, para mostrar que Ele pode fazer o que quiser: “Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” (Jr 18.6).

3. O orgulho humano. Mesmo sendo infinitamente superior às suas criaturas, Deus ama o ser humano e se importa com os seus problemas. Eliú argumenta que Deus responde de várias maneiras, seja falando ou através de sonhos e visões. (Jó 33.14,15). O jovem Eliú sugere que Jó seria orgulhoso e, por isso, Deus não o respondia. De fato, o orgulho humano impede que ele se aproxime de Deus. Mas, esse não era o caso de Jó. Vejamos o que disse Jó, em um dos seus discursos: “Como, então, poderei eu discutir com ele? Como achar palavras para com ele argumentar?” (Jó 9.14)


3. O mistério da redenção. Eliú entende que Deus também usa a enfermidade como um canal de comunicação com o ser humano e, por causa dela, envia-lhe um anjo (“Malek”, que significa mensageiro), para anunciar o que o homem deve fazer, ou para interceder por sua cura.  (Jó 33.19-23). Jó havia feito referência a um mediador celeste, que intercedesse por ele diante de Deus: “Eis que também agora a minha testemunha está no céu, e nas alturas o meu testemunho está”. (Jó 16:19); “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25). 

Muitos vêem na figura deste mensageiro, uma teofania do Senhor Jesus Cristo. Teofania é um termo teológico para expressar manifestação divina antes da encarnação do verbo, normalmente através de um personagem que a Bíblia chama “O Anjo do SENHOR”, e pelo contexto, percebemos que trata-se do próprio Deus, como em  Êxodo 3.2, quando Deus falou com Moisés. 


II. O SOFRIMENTO COMO MEIO DE REVELAR A JUSTIÇA E A SOBERANIA DE DEUS


1. A justiça de Deus. Eliú ao defender a Justiça de Deus, acusa Jó de orgulho e insolência, por ter defendido a sua inocência. Assim como fizeram os outros amigos, Eliú parece entender que Jó havia pecado e insistia em sua inocência. Sendo assim, ele defende a Justiça de Deus, argumentando que Deus retribui a cada um segundo as suas próprias obras e não comete injustiça. Logo, o sofrimento de Jó era uma retribuição justa da parte de Deus. Realmente, Deus é justo e não comete injustiças. Ele julga com a mais absoluta justiça. Mas, Jó não estava sendo punido por seus pecados. 

2. O caráter de Deus. Em seu discurso, no capítulo 34, Eliú descreve alguns aspectos do caráter justo de Deus:

a. Deus é justo quando pune o homem (Jó 34.11,12) 

b. Deus é o governante supremo e não deve satisfações a ninguém (Jó 34.13);

c. Deus é o dono da vida e cabe a Ele decidir quem vive e quem morre. (Jó 34.14,15)

d. Deus não faz acepção de pessoas. (Jó 34.16-20) 

e. Deus é onisciente e conhece não apenas as ações, mas também, as intenções das pessoas. (Jó 34.21-25)

f. Deus é justo e não deixará a maldade impune. (Jó 34.25-30).


3. A vontade soberana de Deus. Eliú encerra o capítulo mostrando a Jó que Deus, em sua soberania e livre vontade, não tem a obrigação de agir segundo o querer do homem. (Jó 34. 33). Ao contrário do que pensam os panteistas, que afirmam que Deus é uma energia impessoal, as Escrituras nos mostram que Deus é um ser pessoal. Deus tem intelecto, sentimento e vontade. Além de ter vontade própria, a vontade de Deus é soberana, ou seja, Deus faz o que Ele quer, quando quer e como quer. 

Na opinião de Eliú, Deus jamais age com injustiça e ele está certo neste ponto. Porém, assim como os seus amigos, ele erra quando parte do pressuposto de que Jó pecou e o seu sofrimento é, de certa forma, uma retribuição da parte de Deus. 


III. O SOFRIMENTO COMO UM INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE DEUS

1. Aprendendo com o sofrimento. Conforme vimos em lições anteriores, os outros amigos de Jó acreditavam que o sofrimento é uma punição de Deus para os ímpios e que os justos não passam por tribulações. Segundo criam, se Jó estava sofrendo, só tinha uma explicação: Ele estava em pecado e Deus o estava punindo. Eliú, provavelmente, acreditava também que Jó havia pecado contra Deus. Porém, diferente dos outros, ele não via o sofrimento como uma punição divina e sim como instrumento com um instrumento de ensino. 


2. Adorando a Deus em meio ao sofrimento. No capítulo 36 e versículo 26, Eliú afirma que “Deus é grande, e nós o não compreendemos”. Eliú enaltece a majestade e grandeza de Deus na criação e espera com isso, levar Jó a reconhecê-lo como tal. (Jó 36.24-25). Eliú acha contraditório o fato de Jó exaltar a Deus e por outro lado reclamar dele. De fato, murmuração e adoração não podem andar juntas. Devemos adorar a Deus em qualquer circunstâncias. Algumas ideias absurdas que se prega nas Igrejas neopentecostais de "não aceitar", "determinar" e "exigir", não combinam com adoração ao Deus soberano. 


CONCLUSÃO


O sofrimento é uma realidade que faz parte da vida do Cristão neste mundo. A forma como nós o encaramos faz toda diferença. No sofrimento, Jó conheceu a Deus de perto e não apenas de ouvir falar. O sofrimento na vida do crente não é para destruí-lo e sim para aperfeiçoá-lo e aproximá-lo de Deus. 


Pb. Weliano Pires

Igreja Evangélica de Deus

Ministério do Belém

São Carlos - SP


REFERÊNCIAS: 


Revista LIÇÕES BÍBLICAS. RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020. 

Revista Ensinador Cristão.  RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020.


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