Data: 15 de Novembro de 2020
TEXTO ÁUREO
“Se teus filhos pecaram contra ele, também ele os lançou na mão da sua transgressão” (Jó 8.4).
VERDADE PRÁTICA
“A existência do sofrimento não quer dizer que haja pecado oculto”.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Jó 8.1-4; 18.1-4; 25.1-6.
Jó 8
1 — Então, respondeu Bildade, o suíta, e disse:
2 — Até quando falarás tais coisas, e as razões da tua boca serão qual vento impetuoso?
3 — Porventura, perverteria Deus o direito, e perverteria o Todo-Poderoso a justiça?
4 — Se teus filhos pecaram contra ele, também ele os lançou na mão da sua transgressão.
Jó 18
1 — Então, respondeu Bildade, o suíta, e disse:
2 — Até quando usareis artifícios em vez de palavras? Considerai bem, e, então, falaremos.
3 — Por que somos tratados como animais, e como imundos aos vossos olhos?
4 — Ó tu, que despedaças a tua alma na tua ira, será a terra deixada por tua causa? Remover-se-ão as rochas do seu lugar?
Jó 25
1 — Então, respondeu Bildade, o suíta, e disse:
2 — Com ele estão domínio e temor; ele faz paz nas suas alturas.
3 — Porventura, têm número os seus exércitos? E para quem não se levanta a sua luz?
4 — Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce da mulher?
5 — Olha, até a lua não resplandece, e as estrelas não são puras aos seus olhos.
6 — E quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um bicho!
ESBOÇO DA LIÇÃO 07
TEMA - A TEOLOGIA DE BILDADE: SE HÁ SOFRIMENTO, HÁ PECADO OCULTO?
I. O PECADO EM CONTRASTE COM O CARÁTER JUSTO E SANTO DE DEUS
1. Deus é justo e reto
2. Uma compreensão limitada da natureza de Deus.
3. A imperfeição humana.
II. O PECADO VISTO COMO QUEBRA DA MORALIDADE TRADICIONAL
1. Moralismo por tradição.
2. A subversão da ordem moral.
3. Contemplando a cruz.
III. O PECADO EM CONTRASTE COM A MAJESTADE DE DEUS
1. A grandeza de Deus.
2. Onipotente, mas não ausente.
COMENTÁRIO
REVISÃO
Na lição passada estudamos o tema: A teologia de Elifaz: Só os pecadores sofrem?
Iniciamos o estudo das teorias que os amigos de Jó começaram a fazer acerca das calamidades que Jó estava sofrendo.
O eixo da teologia de Elifaz é a chamada justiça retributiva.
No primeiro tópico vimos a lei da semeadura e colheita: o ser humano colhe o que planta.
O segundo tópico vimos que a teoria de Elifaz representa a tradição religiosa da época e as palavras de Jó representavam a quebra dessa tradição.
No terceiro tópico, um paralelo entre um Deus transcendente e o homem finito. Segundo a teologia de Elifaz, Deus não se importaria com as queixas humanas, pois Ele está muito acima do homem.
INTRODUÇÃO À LIÇÃO 7
Nesta lição estudaremos os três discursos de Bildade, o suíta, o segundo amigo de Jó, que falou logo após as réplicas de Jó aos discursos de Elifaz, o temanita. Segundo alguns estudiosos, a expressão “suíta” significa que Bildade era filho de Suá, filho de Abraão com a sua segunda esposa Quetura. (Gn 25.1).
Nesta lição estudaremos três tópicos:
No primeiro tópico, Bildade faz um contraste entre um Deus justo e santo, e as imperfeições do ser humano.
No segundo tópico, Bildade mostra o pecado como a quebra da moralidade tradicional, que ele acreditava ser correta e diz que os sofrimentos de Jó ocorreram, porque Jó e os seus filhos teriam atentado contra esta moralidade.
No terceiro tópico, Bildade faz um contraste entre o pecado e a Majestade de Deus, insinuando que Deus é onipotente, mas, ausente do mundo.
I. O PECADO EM CONTRASTE COM O CARÁTER JUSTO E SANTO DE DEUS
1. Deus é justo e reto (Jó 8.1-22). Assim como Elifaz, Bildade insiste no discurso de que todos os sofrimentos são punições de pecados cometidos. Sendo assim, ele argumenta que sendo Deus justo e reto, se Jó está sofrendo é porque cometera pecados e deve confessá-los. Bildade chega ao absurdo de dizer que os filhos de Jó foram mortos por Deus, como punição pelos pecados cometidos. Imaginem a tortura psicológica que isso foi para Jó! Mesmo tendo perdido todos os seus filhos em um dia, perdeu os seus bens e a sua saúde e ainda ter que ouvir esse tipo de acusação!
2. Uma compreensão limitada da natureza de Deus. Bildade, com o seu discurso, demonstra uma compreensão equivocada sobre o caráter e a natureza de Deus. Ele dá enfoque à meritocracia humana, para se justificar diante de Deus. A teologia de Bildade é parecida com o pelagianismo que nega os efeitos do pecado original na raça humana e defende que o homem por seus próprios esforços e obras pode ser salvo. Infelizmente, muitas religiões e até pessoas que se dizem evangélicas adotam este discurso de se obter o favor de Deus pelas obras e esforços humanos. Na opinião de Bildade, Jó estava sendo punido por seus pecados e se houvesse esforço e boas obras da parte dele seria restaurado. (Jó 8.5,6).
3. A imperfeição humana. De fato, Deus é absolutamente reto, justo e santo. Deus é santo e não pode conviver com o pecado. Em contrapartida, o ser humano após a entrada do pecado no mundo, teve a sua natureza corrompida e tornou-se inimigo de Deus. Diante desta defesa que Bildade fizera da santidade de Deus, Jó pergunta: “Como se justificaria o homem para com Deus?” (Jó 9.2). Nenhum ser humano na face da terra tem condições de se autojustificar-se diante de Deus. Se não fosse as misericórdias do Senhor, todos nós seríamos consumidos (Lm 3.22). A única forma de humano ser aceito por Deus é através dos méritos de Cristo, o Único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5). A Graça de Deus revelada em Cristo Jesus, o nosso Senhor, é oferecida ao mundo perdido, como um favor não merecido, única e exclusivamente pela bondade de Deus. (Hino 205, Harpa Cristã).
II. O PECADO VISTO COMO QUEBRA DA MORALIDADE TRADICIONAL
1. Moralismo por tradição. Assim como Elifaz, Bildade também defende a tradição religiosa herdada dos seus antepassados. Ele defende o moralismo. Não há nada de errado em defender princípios morais. Entretanto, o moralismo apenas por tradição se torna legalismo. Esta era a conduta dos fariseus. Eles se apegavam tanto à tradição, que em nome dela desprezavam o principal da Lei que era o amor, a justiça e a misericórdia. Eles criavam duras regras que tornavam a lei muito mais rigorosa. Infelizmente, em nossos dias também há Igrejas ditas evangélicas, com esse tipo de comportamento, criando regras e impondo ao povo, sem nenhum fundamento bíblico.
2. A subversão da ordem moral. Bildade entendia que o Universo foi criado por Deus, com leis morais inflexíveis para regê-lo assim como há as leis da física. Os que quebrarem estas leis seriam severamente punidos por Deus. Nesta perspectiva, ele enxerga que se Jó estava sofrendo é porque havia subvetido a ordem moral estabelecida por Deus.
3. Contemplando a cruz. No capítulo 19, Jó decide abandonar as tentativas de se auto justificar e apelar para um mediador divino, que possa dedendê-lo diante de Deus. No versículo 25, ele diz: "Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra.". A palavra traduzida por "redentor" é "goel", que significa alguém que defende um familiar em um tribunal, quando este não pode se defender. De forma profética, Jó prediz a ressurreição de Cristo, quando Ele se levanta do túmulo, sobe aos Céus e assenta-se à destra do pai para interceder por nós. A melhor defesa de um crente, que está sendo acusado injustamente, é apelar para o seu Redentor.
III. O PECADO EM CONTRASTE COM A MAJESTADE DE DEUS
1. A grandeza de Deus. Bildade defende a majestade de Deus, contrapondo-a com a pequenez humana e reforçando a idéia de um suposto distanciamento entre Deus e o ser humano. Esta é a concepção sobre Deus que tinham os deístas, no final do século XVIII. Segundo este pensamento, Deus criou o Universo, com leis inflexíveis para regê-lo e se ausentou dele.
2. Onipotente, mas não ausente. Evidentemente, a Bíblia destaca a transcendência de Deus, ou seja, a sua infinita superioridade em relação às suas criaturas. Mas, revela também o seu amor, compaixão, bondade, misericórdia e cuidado para com o ser humano. Precisamos tomar cuidado para não enfatizar demasiadamente alguns atributos de Deus em detrimento de outros. Deus é onipotente, onipresente, onisciente, soberano e imutável. Mas, Ele é também amoroso, bondoso, compassivo, piedoso e justo.
CONCLUSÃO
Assim o Elifaz, Bildade também tinha uma concepção errada sobre Deus. Em sua opinião, Deus é santo, reto, justo e grande. Neste ponto ele está certo. Porém, ele seguia a tradição religiosa daquela época, que afirmava que Deus pune todos os pecadores com o sofrimento nesta vida. Logo, se alguém está sofrendo é porque está sendo punido por Deus. Partindo deste argumento, Bildade afirmava que a razão do sofrimento de Jó eram pecados que ele cometera em oculto. Chegou ao cúmulo de afirmar que os filhos de Jó foram mortos por causa dos seus pecados.
Este não é o Deus da Bíblia. Embora seja, de fato, santo, justo, reto e todo poderoso, o nosso Deus não tem prazer na morte do ímpio. (Ez 33.11). Ele deseja que todos se arrependam e cheguem ao conhecimento da verdade. (1 Tm 2.4). Se pecarmos, temos um advogado perante Deus, Jesus Cristo, o justo. (1 Jo 2.1).
REFERÊNCIAS:
Revista LIÇÕES BÍBLICAS. RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020.
Revista Ensinador Cristão. RJ: CPAD, 4° Trimestre de 2020.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.92