02 abril 2025

O EVANGELHO DE JOÃO

(Comentário do 1° tópico da lição 01: O Verbo que se tornou em carne)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, apresentaremos uma visão panorâmica do Evangelho de João. Inicialmente, veremos as informações sobre a autoria e data deste Evangelho. Na sequência, falaremos do propósito de João ao escrever o Evangelho, com base nos textos de João 1.1-14 e 21.31. Por fim, faremos uma abordagem da natureza de Jesus, com base nos textos joaninos. 


1. Autoria e data. Diferente das Epístolas e do Apocalipse, onde os autores se identificam logo prefácio e identificam também os destinatários (com exceção da Epístola aos Hebreus), nos quatro Evangelhos não temos esta informação, pois nenhum deles se identificou. Entretanto, temos evidências no próprio texto e contamos com as informações advindas dos escritos dos chamados pais apostólicos, que foram aqueles que tiveram contato direto com os apóstolos, ou foram citados por eles nas Epístolas. 


No caso do Evangelho segundo João, temos a informação no próprio texto de que o escritor foi “o discípulo a quem Jesus amava”: “E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair? Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.” (Jo 21.20,24). Este discípulo, conhecido como “o discípulo a quem Jesus amava” é identificado como sendo João, dada a proximidade dele com Jesus, inclusive nos momentos finais da crucificação, ele permaneceu ao pé da Cruz e Jesus o incumbiu da responsabilidade de cuidar da mãe dele (Jo 19.26,27). 


Além desta evidência interna, temos as evidências externas, que são os testemunhos dos pais da Igreja, como: Clemente de Alexandria, Tertuliano de Cartago, Policarpo de Esmirna, Irineu de Gália, entre outros, afirmaram que foi o apóstolo João, filho de Zebedeu e irmão de Tiago, quem escreveu o quarto Evangelho. Não temos uma data precisa para a composição do livro, mas, segundo o testemunho de Irineu, que conviveu com Policarpo, bispo de Esmirna e discípulo do apóstolo João, o livro foi escrito no período em que João vivia em Éfeso, na Ásia Menor, já em idade avançada. Com base em dados históricos, a maioria dos estudiosos colocam como data provável, entre 80 e 90 d.C. 


2. O propósito do Evangelho. Sobre o propósito do livro, encontramos a descrição do propósito no próprio texto: “Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (Jo 20.30,31). O propósito descrito aqui, portanto, é evangelistico, ou seja, levar as pessoas a crer em Cristo. De fato, o Evangelho segundo João tem sido uma excelente ferramenta de evangelização ao longo dos séculos, pois traz informações muito importantes sobre a pessoa de Jesus e sua missão. 


Outro propósito que podemos encontrar neste Evangelho, principalmente no prólogo, é apologético, pois conforme falamos na introdução, ele afirma claramente a preexistência de Jesus, a  sua divindade, a sua distinção do Pai e a sua humanidade. Conforme vimos nos trimestre passado, havia já naquele período, várias heresias referente à Pessoa de Cristo. Desse modo, tanto este Evangelho como as Epístolas de João, tinham o propósito de fornecer material de defesa da cristologia aos cristãos, contra os falsos ensinos, principalmente os do Gnosticismo. 


3. A Natureza de Jesus. Quando falamos de natureza, estamos nos referindo aos atributos, ou qualidades inerentes a um ser. No caso de Jesus, Ele possui duas naturezas: uma divina, pois Ele é plenamente Deus; e outra humana, pois Ele é plenamente humano. Jesus não é meio divino e meio humano. Estas duas naturezas convivem em uma única pessoa, mas não se confundem e não se transformam em uma única natureza.  A união destas duas naturezas é chamada na teologia de União Hipostática. A palavra Hipostática deriva do grego hypostasis, que significa substância. Portanto, a doutrina da União Hipostática de Jesus significa que Ele é uma única pessoa com duas naturezas distintas: a divina e a humana. 


Dos quatro evangelistas, João é o mais contundente sobre a divindade de Jesus. Logo no primeiro versículo, João afirma abertamente que Jesus é: Preexistente (No princípio era o Verbo), é distinto do Pai (O Verbo estava com Deus) e é Deus (O Verbo era Deus). Só neste versículo, João deixa claro a natureza divina de Jesus. Mas há outros textos também que mostram indiretamente que Jesus é Deus, inclusive os judeus procuravam matá-lo por causa disso. 


Entretanto, João nos mostra claramente a natureza humana de Jesus, quando disse que “o Verbo se fez carne habitou entre nós”. (Jo 1.14). Em outras partes do Evangelho, João descreve aspectos da humanidade de Jesus: participando de uma festa de casamento (Jo 2.1-11); cansado do caminho (Jo 4.6); chorando (Jo 11.35); participando de jantar (Jo 12.1-11); tendo sede (Jo 19.28). Estas e outras ações de Jesus comprovam a sua plena humanidade. 


REFERÊNCIAS:


CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 101, p.36.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1410. 

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1410. 

Bíblia de Estudo Plenitude. BARUERI-SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1ª Ed. 2001, p. 1069, 1070.

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