16 abril 2025

O ENCONTRO EM SAMARIA E DUAS PRECIOSAS LIÇÕES

(Comentário do 1° tópico da lição 03: A verdadeira adoração).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico veremos alguns detalhes do encontro de Jesus com a mulher de Samaria e duas preciosas lições que podemos extrair desta conversa. Inicialmente, falaremos da necessidade de Jesus passar por Samaria. Na sequência, falaremos da necessidade que todo ser humano tem, com base na água viva que Jesus ofereceu à mulher samaritana. Por último, falaremos do lugar de adoração a Deus, que era uma questão central entre judeus e samaritanos. 


1. A necessidade de passar em Samaria. Jesus deixou a Judéia e foi para a Galiléia. O texto bíblico nos diz: “era-lhe necessário passar por Samaria”. Esta necessidade não era apenas uma questão de rota, mas uma missão que o Mestre tinha naquela cidade, não apenas com uma pessoa, mas com todo o povo de Samaria. Havia dois caminhos da Judeia a Samaria: uma rota mais curta, que passava por Samaria; e outra rota mais longa, que passava por Jericó e pelo rio Jordão, e não passava pelo território dos samaritanos. Os judeus mais radicais usavam esta segunda rota, embora fosse bem mais longa, para evitar qualquer contato com samaritanos.

Jesus parou junto ao poço de Jacó, enquanto os discípulos foram à cidade comprar comida. Neste intervalo de tempo, veio uma mulher de Samaria, por volta de meio dia, buscar naquele poço. Reconhecendo que Jesus era um judeu, provavelmente pelos traços físicos e vestimentas, a mulher sequer o cumprimentou. Jesus iniciou a conversa com a mulher pedindo-lhe água para beber. Devido à intriga histórica entre judeus e samaritanos, a mulher retrucou questionando a audácia de Jesus, sendo judeu, ao pedir água a uma mulher samaritana. 

Esta animosidade entre judeus e samaritanos vinha de muitos séculos, desde a revolta das dez tribos que formaram o Reino do Norte, seguindo a Jeroboão I, primeiro rei do Norte. Houve guerra entre os reinos do Norte e do Sul, nos primeiros reinados. Somente nos reinados de Acabe, do reino do Norte, e Josafá, do reino do Sul), houve uma união, inclusive com o casamento de Jeorão, filho de Josafá, com Atalia, irmã de Acabe. Depois da dinastia de Acabe, houve guerras novamente entre reis de Israel e de Judá. 

Entretanto, o auge do rompimento das relações entre judeus e samaritanos se deu a partir do cativeiro da Assíria, quando os israelitas do Norte foram levados para o cativeiro e o rei da Assíria trouxe outros povos para habitar na região. Estes povos se misturaram com os filhos de Israel, de sorte que os samaritanos não eram considerados israelitas pelos judeus.

Posteriormente, na época em que judeus retornaram do cativeiro babilônico e Neemias iniciou a reconstrução do templo, os samaritanos se uniram a Sambalate, Tobias e Gesém e tentaram de doas as formas impedir a reconstrução do templo. Fizeram falsas acusações a o rei da Pérsia contra os judeus e a obra foi interrompida (Ed 4.1-24). Depois, a construção foi retomada e concluída. Os samaritanos acabaram construindo um santuário no Monte Gerizin, para competir com o templo de Jerusalém. Este santuário foi destruído no período interbíblico. 


2. A necessidade do ser humano. Diante da negativa da mulher, Jesus falou que se ela conhecesse o dom de Deus e soubesse quem estava lhe pedindo água, ela é que pediria e receberia água viva, ou água corrente, que é uma água mais pura. A mulher, pensando que Jesus estava falando de água em sentido literal, retrucou dizendo que o poço era fundo e que Ele não teria uma vasilha para retirar a água. Jesus, então lhe que qualquer bebesse daquela água voltaria a ter sede, mas a água que Ele ofereceu faria na pessoa uma fonte que salta para a vida eterna e quem dela bebesse, nunca mais teria sede (Jo 4.9-13).

Imediatamente, a mulher se interessou e pediu a Jesus lhe desse daquela água, para que não precisasse mais voltar ali para buscar água (Jo 4.15). Jesus, que conhece tudo, disse à mulher que fosse chamar o seu marido. A mulher respondeu que não tinha marido e Jesus revelou toda a situação conjugal daquela mulher, que já estava no quinto casamento. A mulher compreendeu que Jesus era um profeta e perguntou a respeito do lugar da adoração correto onde se deve adorar. Os samaritanos diziam que era no Monte Gerizim e os judeus, por sua vez, diziam que era em Jerusalém. 

Para a mulher, aquele encontro parecia ter sido mera coincidência. Mas, ele foi minuciosamente planejado pelo Salvador, que conhecia perfeitamente a vida dela e veio saciar a sua verdadeira sede. Aprendemos com este encontro que toda pessoa necessita de Deus, independente da raça, credo, ou condição social. No evangelismo pessoal devemos usar a nossa criatividade e aproveitar as oportunidades para comunicar a mensagem de Salvação aos perdidos. 


3. O lugar de adoração a Deus. No decorrer da conversa, a mulher indagou Jesus, a respeito do verdadeiro lugar da adoração, pois, os seus antepassados samaritanos diziam que era no Monte Gerizim, o lugar onde se deve adorar. Este monte era conhecido como o lugar da bênção, pois foi de lá que Moisés proferiu as bênçãos para os israelitas que obedecessem a Deus (Dt 28.1-14). O Monte Ebal, por sua vez, era o lugar da maldição. Após o retorno dos judeus do cativeiro babilônico e a reconstrução do Templo em Jerusalém, os samaritanos construíram um santuário no alto do Monte Gerizim, para concorrer com o templo dos judeus. Mesmo após a destruição deste santuário, os samaritanos continuavam subindo a este monte para realizar os seus cultos. 

Os Judeus diziam que o lugar da adoração deveria ser no Templo, em Jerusalém. Neste aspecto, os judeus tinham razão, pois Deus escolheu Jerusalém no Antigo Pacto, como o local da adoração. Depois que Salomão edificou o templo e o consagrou a Deus, a glória de Deus se manifestou. Depois do cativeiro, Zorobabel reconstruiu o templo e os judeus voltaram a adorar ali. Herodes, o grande, reformou este templo para agradar os judeus. Todo judeu deveria ir a Jerusalém anualmente, pelo menos em três ocasiões: Na Páscoa, no Pentecostes e na festa dos Tabernáculos.

Entretanto, Jesus veio estabelecer uma Nova Aliança. Nesta Nova Aliança, a adoração não consiste em peregrinações a lugares sagrados, sacrifícios e tradições, mas reside na entrega total do nosso ser “espírito e em verdade”. Por isso, que não faz nenhum sentido um cristão  fazer peregrinações a Israel, em busca de materiais supostamente sagrados, ser batizado no Rio Jordão, ou fazer orações no Monte das Oliveiras, achando que isso fará alguma diferença. As viagens a Israel com o objetivo de conhecer melhor a geografia bíblica e fazer pesquisas são muito importantes, mas é preciso ter cuidado para não cair na idolatria. Da mesma forma, não faz sentido o cristão subir aos montes atualmente para orar, achando que a oração feita em montes é mais poderosa. 


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1422,1423. 

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