20 fevereiro 2025

HERESIAS QUE NEGAM A HUMANIDADE DE JESUS

(Comentário do 2° tópico da Lição 08: Jesus viveu a experiência humana)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos das heresias que negavam a humanidade plena de Jesus. Falaremos da heresia do Apolinarismo, defendida por Apolinário, que viveu entre 310 e 392 d.C. e foi bispo da Laodicéia da Síria. Na sequência falaremos da reação da Igreja a esta heresia, através do Concílio da Calcedônia em 451 d.C. Por último, falaremos do Monotelismo, que foi uma heresia propagada pelo patriarca Sérgio de Constantinopla e foi considerada heresia no Terceiro Concílio de Constantinopla em 681 d.C. 


1- Apolinarismo. Na lição 03, quando falamos da encarnação do Verbo, estudamos sobre a heresia do Docetismo, que negava a corporeidade de Jesus e dizia que Ele não tinha um corpo real, mas apenas a aparência humana. Falamos também da heresia do Gnosticismo que dizia que a matéria é má e, portanto, Jesus não poderia ter um corpo e ser perfeito. Por fim, falamos do Marcianismo que também negava a humanidade plena de Jesus. 

Na lição 07, quando falamos das naturezas humana e divina de Jesus, vimos a heresia do Nestorianismo que dizia que havia duas pessoas em Jesus, sendo uma divina e outra humana. Vimos também a heresia do Monofisismo que dizia que as duas naturezas de Jesus se fundiram e se transformaram em uma natureza que não era humana, nem divina. Falamos também das heresias do Kenoticismo e da Mariolatria, mas estas não estão relacionadas à humanidade de Jesus. 

Nesta lição, trataremos de outra heresia relacionada à humanidade de Cristo, que é chamada de Apolinarismo, ou Apolinarianismo. Esta heresia recebeu este nome por ter sido defendida por Apolinário, que foi bispo de Laodicéia da Síria (Não era a Laodicéia da Ásia Menor, mencionada em Apocalipse), por volta de 310 d.C. 

O Apolinarismo não negava a corporeidade de Jesus, como os gnósticos e os docetas, mas dizia que Ele não teve um espírito humano. Apolinário admitia que Jesus teve um corpo humano, mas negava que Ele teve um espírito humano. Segundo o ensino de Apolinário, o Verbo assumiu o lugar do espírito  humano em Jesus e ele não tinha pensamentos humanos. Isso equivale a negar a humanidade plena de Jesus. 


2- Reação da igreja. Conforme vimos no primeiro tópico, Jesus viveu plena a experiência humana. Ele não era humano apenas no corpo como defendia Apolinário. No texto de Mateus 26.38, mencionado pelo comentarista, lemos o seguinte: “Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo”. Aqui vemos claramente os sentimentos da alma humana de Jesus. Em outro texto citado, Jesus disse: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. (Lc 23.46). Evidentemente, Ele falava do espírito humano e não da sua divindade, pois esta é inseparável do Pai e do Espírito Santo, visto que não são três deuses. 

A intenção de Apolinário era boa. Ele tinha o objetivo de combater o Arianismo, que negava a divindade plena de Jesus. Mas, no afã de defender a divindade de Jesus, Apolinário acabou diminuindo a sua humanidade. A Igreja reagiu a este ensino e considerou o apolinarismo como heresia no Concílio de Calcedônia, em 451 d.C. Jesus é plenamente humano em espírito, alma e corpo. A única diferença da humanidade de Jesus para a nossa é que a sua natureza não foi corrompida pelo pecado e Ele foi o Homem perfeito. 


3- Monotelismo. Três séculos após o surgimento do apolinarismo, surgiu outra heresia chamada Monotelismo, que não deve ser confundida com monoteísmo, que a crença em um único Deus. Esta heresia foi propagada por Sérgio de Constantinopla. A palavra monoteísmo vem de duas palavras gregas: “monos” (único) e “thelēma” (vontade). O monotelismo ensinava que Jesus tinha apenas uma vontade que era a divina. Sobre os textos bíblicos que mostram claramente as vontades humanas de Jesus, o monotelismo dizia que isso era apenas aparente. 

A Bíblia mostra claramente que Jesus teve vontade humana e vontade humana. Mas essas vontades não são duas pessoas como dizia o Nestorianismo e não são conflitantes. A vontade humana de Jesus submeteu-se à vontade divina, pois Ele foi obediente ao Pai em tudo. Por isso, o monotelismo foi considerado heresia e condenado no terceiro concílio de Constantinopla em 681 d.C.


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