(Comentário do 2º tópico da LIÇÃO 13: O PROPÓSITO DE MISSÕES
Ev. WELIANO PIRES
No segundo tópico, veremos que a responsabilidade de pregar o Evangelho é de todos os cristãos. Faremos uma reflexão, através de várias perguntas, sobre a nossa disposição de pregar o Evangelho a toda criatura. O comentarista alerta-nos de que haverá um duro juízo da parte de Deus para com aqueles que negligenciarem esta responsabilidade.
1- Qual é a nossa disposição? Equivocadamente, muitos crentes imaginam que a responsabilidade de pregar o Evangelho é apenas dos missionários, dos pastores e do departamento de missões da Igreja. Ora, Jesus deu ordem a todos os seus discípulos e não apenas aos apóstolos. O comentarista nos apresenta aqui seis perguntas para a nossa reflexão sobre a nossa responsabilidade de anunciar o Evangelho a toda criatura.
a) Como está a nossa disposição? Disposição é a nossa prontidão para fazer algo. Será que a evangelização encontra espaço em nossa agenda? Antigamente, os crentes falavam de Jesus a todos os que chegavam à sua casa e por onde passavam. Não se importavam de serem tachados de fanáticos. Hoje, em tempos de redes sociais, podemos falar de Jesus, postando reflexões bíblicas, versículos, vídeos e fotos. Infelizmente, muitos cristãos falam sobre vários assuntos que não edificam e nada do Evangelho.
b) Você sabia que a Evangelização tem a ver com a vinda de Jesus? Este será o assunto da nossa próxima lição. Algumas pessoas pensam que Jesus só voltará quando todas as pessoas ouvirem o Evangelho. Afirmam isso com base em Mateus 24.14, que diz: “E este Evangelho Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes e, então, virá o fim”. Neste texto, Jesus está falando do Evangelho do Reino que será pregado durante o Milênio, antes do fim do mundo, quando toda a terra se encherá do conhecimento do Senhor e não do arrebatamento da Igreja. A vinda de Jesus não é o fim. A vinda de Jesus está relacionada à Evangelização, no sentido de que ela é certa e pode acontecer a qualquer momento. Além disso, a morte também é certa e imprevisível. Os que não ouvirem Evangelho até à volta de Jesus ou até à sua morte, inevitavelmente, estarão perdidos. O renomado pastor, teólogo e escritor Ciro Sanches Zibordi, especialista em Escatologia pré-tribulacionista, publicou um vídeo sobre isso, que eu recomendo.
c) O que temos feito em prol da evangelização? Cada um de nós em particular e a Igreja em geral devemos nos fazer esta pergunta. Infelizmente, de uns anos para cá a Igreja em geral, com raras exceções, tem se voltado apenas para o seu público interno. Fazemos congressos, seminários, palestras e festas direcionados aos crentes. Quando se faz evangelismo, geralmente em um domingo a tarde, se restringe a entregar folhetos, sem dizer quase nada, apenas para parecer que estamos evangelizando.
d) Temos formado obreiros para cumprir a grande comissão? A preparação de obreiros, principalmente no meio pentecostal tem deixado muito desejar. Não me refiro ao conhecimento teológico, pois em nossa Igreja é exigido o curso teológico antes da ordenação. É preciso preparar obreiros também no dia a dia da Igreja, treinando - os na prática. Os nossos púlpitos nos domingos à noite e nos congressos estão cheios de obreiros, que não tem nenhum trabalho sob sua responsabilidade. Foram consagrados apenas para agradar ou obter votos em convenções. Antigamente, quando alguém chegava a ser ordenado pastor, tinha uma vida de trabalho na causa do mestre, sendo experimentado em vários trabalhos.
e) Os jovens cristãos enxergam a urgência da Grande Comissão? Se os nossos obreiros, em grande parte não têm consciência da urgência da evangelização, quanto mais os jovens! Eu sou de uma época em que a juventude da Igreja era envolvida na evangelização e cultos nos lares e ao ar livre. A força e alegria da juventude era aproveitada nestes trabalhos. Infelizmente, esta realidade mudou. Em muitas Igrejas, os jovens estudam à noite durante a semana e nos finais de semana, dormem um pouco mais e buscam lazer.
f) Estamos dispostos a dar a nossa vida pela causa do Mestre? Os primeiros cristãos estavam sempre dispostos a morrer por amor a Cristo. Muitos foram presos, torturados e mortos, mas não negaram ao Senhor. Infelizmente, na atualidade, as pessoas estão mais preocupadas com a carreira, com a fama, com a própria felicidade e com retornos financeiros. Quando a liderança da Igreja chama um obreiro para um determinado trabalho, ele coloca uma série de obstáculos e faz uma série de exigências. Paulo escrevendo a Timóteo disse: “Sofre, pois, comigo as aflições, como bom soldado de Cristo”. (2Tm 2.3). Um soldado em serviço não tem vontade própria, mas cumpre ordens do seu superior.
2- “Pois me é imposta essa obrigação”. Em 1 Coríntios 9.16, o apóstolo Paulo faz a seguinte declaração sobre a responsabilidade de anunciar o Evangelho: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!”. Quando lemos o relato da conversão de Saulo no caminho de Damasco, podemos ver que ele não escolheu ser um missionário transcultural, saindo pelo mundo anunciando o Evangelho e sofrendo duras perseguições. Foi o próprio Senhor Jesus quem disse a Ananias: “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel.” (At 9.15). Portanto, ele foi escolhido por Deus para cumprir esta missão, não porque merecesse ou por ser capaz, mas porque Deus assim o quis.
Quando Paulo diz “ai de mim se não anunciar o Evangelho”, o comentarista explica que há dois sentidos nesta afirmação: obrigação e punição. Paulo tinha consciência de que o Senhor Jesus o havia colocado sobre ele esta obrigação. Por isso, não cumpri-la seria desobedecer ao Mestre. Por outro lado, ele sabia que não obedecer à obrigação que Deus lhe confiara seria rebelião contra Deus e isso é gravíssimo.
No livro de apoio, o comentarista explica que a palavra “ai” neste texto, no grego é “ouai”, que expressa dor ou lamento quando usada como uma exclamação. A forma substantivada significa “calamidade”. Portanto, pode indicar a tristeza interior e sentimento de autorreprovação, por não cumprir uma obrigação. Sugere também que Deus reprovaria esta atitude negligente e isso lhe traria tristeza.
Não podemos excluir também a possibilidade de que ele estava se referindo a um julgamento severo da parte de Deus, caso ele descumprisse esta missão. Pregar o Evangelho não é uma opção para a Igreja, que ela pode escolher se fará isso ou não. É uma ordem expressa do Senhor Jesus, que não pode ser negligenciada. O Senhor nos chamou para irmos a Ele (Mt 11.28-30). Depois que nos salvou, ordenou a sair pelo mundo, pregando o Evangelho a toda criatura. A nossa missão não é fazer as pessoas crerem, mas pregar o Evangelho de Cristo com fidelidade.
REFERÊNCIAS:
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 134-142.
Ensinador Cristão. CPAD, Ed. 95, pág. 42.
PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.306)
O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Ed. Candeia, volume 4, p. 139)
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